ABORDAGEM DO ENFERMEIRO FRENTE ÀS MEDIDAS DE PROTEÇÃO A VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO: REVISÃO INTEGRATIVA

APPROACH OF THE NURSE IN FRONT OF PROTECTION MEASURES AGAINST VIOLENCE AGAINST THE ELDERLY: INTEGRATIVE REVIEW.

APROXIMACIÓN DEL ENFERMERO FRENTE A LAS MEDIDAS DE PROTECCIÓN CONTRA LA VIOLENCIA AL ANCIANO: REVISIÓN INTEGRATIVA.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8007895


Erica Fernanda De Carvalho Santos1
Rubia Silva Dos Santos2
Ercilaide Lisboa3


RESUMO:

Diante os diversos casos, e sendo eles bastantes recorrentes a violência contra idosos necessitam de cuidados especiais, dentro dessa perspectiva, os profissionais de enfermagem devem garantir a total assistência a essas vítimas, permitindo-lhes melhor qualidade de vida, além de prevenir que esta violência venha ocorrer. Assim, objetivou-se refletir acerca de como se dá a abordagem da enfermagem aos idosos vítimas da violência, e como são desenvolvidos os programas relativos de atenção à saúde para resguardar o processo de envelhecimento no cenário da Atenção Básica. Trata-se de um estudo de revisão literária, realizado a partir da análise de artigos científicos, leis, portarias e documentos oficiais que compõem as políticas públicas de enfrentamento à violência contra idosos. E com isso, são apresentados os fundamentos sobre a violência contra idosos na perspectiva da atenção básica de saúde, e suas implicações para a assistência e cuidados da enfermagem. A existência de dispositivos legais não é suficiente para enfrentar este problema, faz se necessário a construção e implantação de políticas públicas mais concretas e eficientes, que tenham como eixos estruturantes a busca da qualidade de vida de idosos e do envelhecimento saudável, resguardando, assim, segurança dos mesmos. A enfermagem deve resguardar os direitos da pessoa idosa, assim como conhecer todas as leis que promovem a vida e a saúde dessa população e tentar colocá-las em prática.

Palavras-chave: Enfermagem; Maus-Tratos ao Idoso, Proteção integral, Idoso.

ABSTRACT:

Faced with the various cases, and since they are quite recurrent, violence against the elderly requires special care, within this perspective, nursing professionals must guarantee full assistance to these victims, allowing them a better quality of life, in addition to preventing this violence will occur. Thus, the objective was to reflect on how nursing approaches elderly victims of violence, and how relative health care programs are developed to safeguard the aging process in the Primary Care scenario. This is a literary review study, based on the analysis of scientific articles, laws, ordinances and official documents that make up public policies to combat violence against the elderly. And with that, the fundamentals of violence against the elderly are presented from the perspective of primary health care, and its implications for nursing assistance and care. The existence of legal provisions is not enough to face this problem, it is necessary to build and implement more concrete and efficient public policies, which have as structuring axes the pursuit of quality of life for the elderly and healthy aging, thus safeguarding their safety. Nursing must protect the rights of the elderly, as well as know all the laws that promote the life and health of this population and try to put them into practice.

Keywords: Nursing; Elder Abuse, Integral protection, Elderly.

RESUMEN:

Ante los diversos casos, y dado que son bastante recurrentes, la violencia contra el anciano requiere un cuidado especial, dentro de esta perspectiva, los profesionales de enfermería deben garantizar la asistencia integral a estas víctimas, permitiéndoles una mejor calidad de vida, además de prevenir esta ocurrirá la violencia. Así, el objetivo fue reflexionar sobre cómo la enfermería aborda a los ancianos víctimas de violencia y cómo se desarrollan programas de atención a la salud de los familiares para salvaguardar el proceso de envejecimiento en el escenario de la Atención Primaria. Se trata de un estudio de revisión literaria, basado en el análisis de artículos científicos, leyes, ordenanzas y documentos oficiales que conforman las políticas públicas para combatir la violencia contra las personas mayores. Y con eso, se presentan los fundamentos de la violencia contra el anciano en la perspectiva de la atención primaria de salud, y sus implicaciones para la asistencia y el cuidado de enfermería. La existencia de disposiciones legales no es suficiente para enfrentar este problema, es necesario construir e implementar políticas públicas más concretas y eficientes, que tengan como ejes estructurantes la búsqueda de la calidad de vida de los ancianos y el envejecimiento saludable, salvaguardando así su seguridad. La enfermería debe proteger los derechos de las personas mayores, así como conocer todas las leyes que promuevan la vida y la salud de esta población y tratar de ponerlas en práctica.

Palabras llave: Enfermería; Maltrato a mayores, Protección integral, Mayores.

  1. INTRODUÇÃO:

À medida que as pessoas vivenciam o envelhecimento, sente que seu organismo passa por várias transformações, sendo elas nas estruturas físicas, cognitiva e mental, com isto gerando assim o aumento da dependência, tendo por consequências mais susceptíveis as situações de violência, seja ela vivida em casas de apoio, na rua ou até mesmo em sua própria residência. Violência esta que pode ocorrer por pessoas próximas ou por seus familiares (CASTRO; RISSARDO; CARREIRA, 2018).

Os casos de violência com relação ao idoso necessitam de cuidados especiais que eles exigem, dentro dessa perspectiva, os profissionais de enfermagens devem garantir uma assistência e cuidados a essas vítimas, permitindo-lhes melhor qualidade de vida. Além disso, se faz necessário que os enfermeiros estejam sempre atentos aos idosos vulneráveis para poder prevenir que a violência aconteça, sendo assim constitui-se um grande desafio para a enfermagem (ALVES, 2020).

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2031 o número de idosos no Brasil será maior que o de crianças e adolescentes até 14 anos. Em 2018 foi relatado pelo governo federal que houve um eventual aumento de 13% comparado a 2017 no número de denúncias sobre violência contra o idoso. Com uma averiguação mais profunda dessas notificações afirma que a maioria das agressões foi cometida na própria residência das vítimas (85,6%) e seu agressor na maioria dos casos são os filhos (52,9%) e em segundo lugar netos (7,8%) (BRASIL, 2020). Por se fazerem presentes e indispensáveis em diversos níveis de atenção à saúde, a enfermagem é fundamental com relação na identificação e na prevenção de violações contra integridade do idoso. Por tanto, os mesmos estão aptos na identificação de qual quer sinais de violência sendo ela física ou mental, podendo monitorar e cuidar da vítima de violência (PAULO et al, 2019).

Com o aumento da longevidade e a redução das taxas de mortalidade fazem parte da realidade de nossa atual sociedade, sendo o Brasil um país crescente quanto ao número de pessoas idosas. Este processo de envelhecimento é uma realidade sem retrocesso, tendo isto vem preocupando vários países em desenvolvimento, sobretudo o Brasil, que vem aumentando o seu número de idosos, entretanto, não a uma melhoria na qualidade de vida dessa população (RIBEIRO et al., 2020).

Dentro deste contexto, sugere ser que haja uma medida de providências no âmbito da enfermagem para que o planejamento de ações seja focado na promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida diária dessas pessoas, com atendimento da crescente demanda pela assistência e cuidados para idosos, neste caso, vítimas de maus tratos vivenciados pelos mesmos (MORAES et al, 2020).

Durante toda a sua história a enfermagem em sua busca constante em consolidar-se com a ciência, enfrentou inúmeros desafios onde conseguiram os transformar para gerar novas práticas e conhecimentos. Isso acontece especialmente quando a situações que vão além dos olhares que não se esgotam durante um plantão exaustivo de trabalho, tendo como eixos seus instintos de humanidade, como escuta vínculo e acolhimento (CASTRO; RISSARDO; CARREIRA, 2018).

Destacando-se, neste sentido o cuidado diante do enfrentamento da violência ao idoso nesta geração, a qual se constitui um dos problemas que exige uma reestruturação das capacidades emocionais de todos os profissionais de saúde, em particular os da enfermagem por serem os primeiros a receber o paciente (ALVES, 2020).

Dentre toda esta complexidade da violência que os enfermeiros se deparam constantemente durante sua atuação como profissional, visto que a violência não está somente relacionada aos cuidados físicos, mas também se diz respeito à segurança pública e da justiça que resguardam os direitos dos idosos, diante disso surgiu a necessidade de refletir a respeito da assistência de enfermagem no enfrentamento a violência contra os idosos. Este estudo teve como objetivo refletir sobre a abordagem do enfermeiro frente às medidas de proteção a violência contra o idoso, e de como são desenvolvidos os programas que atuam na atenção à saúde por parte dos profissionais de enfermagem.

Diante da necessidade de prevenir e reconhecer os atos de violências que vem acometendo a população idosa, e com isto surgiu a importância de torna lá visíveis não só aos olhos dos profissionais de saúde, mas também aos das sociedades. Por isto surgiu o interesse de aborda este tema tendo vivencia diariamente com este grupo de idosos em meu local de trabalho percebo a dificuldade deles de poder conversar ou até mesmo de denunciar esses maus tratos que geralmente vem de seus acompanhantes que os traz a unidade básica de saúde como também por familiares que tem sua tutela. Diante disso, surgiu a preocupação com esse tipo de abordagem com a população idosa, privadas de liberdade uma vez que o ambiente em que as mesmas estão inseridas poderia dificultar mais ainda o trabalho da equipe de saúde.

Objetivos gerais: Descrever a atuação e dos profissionais de enfermagem que atuam em unidades Básicas de Saúde quanto à detecção e prevenção de idosos que sofreram violência doméstica. Objetivos específicos: • conceituar os tipos de violências domestica ao idoso. • Conhecer como é através da literatura realizada a abordagem do profissional de enfermagem mediante uma violência doméstica ao idoso.

  1. METODOLOGIA:

O trabalho foi realizado como uma pesquisa de revisão bibliográfica da literatura a respeito à violência contra os idosos, maus tratos e negligência. Procurando explicar e discutir o tema com bases em referências na literatura, sendo assim um dos objetivos da pesquisa bibliográfica é colocar o pesquisador em contato com tudo que foi escrito e explorado acerca do tema escolhido.

O levantamento de dados relevantes à pesquisa foi elaborado através de bibliografias, ou seja, a partir de material já elaborado, constituído de livros, sites e artigos científicos na literatura acadêmica, sendo realizadas nas bases de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SCIELO (Scientific Eletronic Library Online). Utilizaram-se os seguintes descritores: Idoso, Violência, Assistência de Enfermagem.

Os artigos selecionados foram analisados individualmente para garantir veracidade da revisão. Os dados extraídos foram colocados em quadros, contendo as seguintes informações: nome da pesquisa, autores, tipo de publicação, detalhamento metodológico, detalhamento amostral, intervenção, resultados e recomendações. Os dados serão discutidos de forma descritiva, possibilitando uma melhor compreensão dos resultados obtidos. Para construção da amostra realizou-se uma busca no período de fevereiro, abril e maio de 2022, com leitura do título e resumo do material encontrado, selecionando os artigos que continham dados que respondiam à temática do estudo. Obteve-se um total de 130 artigos sendo que, destes, apenas 32 foram analisados, por satisfazerem o critério de inclusão, ou seja, abordar a temática violência contra a pessoa idosa.

  1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

Conceitos de violência doméstica ao idoso e concepção no Brasil. Foi observado que há um consenso sobre este conceito de violência é “o uso da força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade (PEREIRA et al., 2019).

A violência é relatada como uso intencional e racional de quem a pratica sendo ela de força física, verbal, psicológica, sexual com violação dos direitos humanos ou mesmo ameaças que resultam em possíveis acidentes como: morte, torturas, conflitos, fome ou trauma psicológico com um indivíduo em sua integridade (SILVA; DIAS, 2016).

As denúncias de violência contra idosas em 2019 eram de 30% de acordo com o disque 100, disponibilizado pelo governo federal, o que se somou em torno de 48,5 mil registros. Já em 2018, o serviço recebeu por volta de 37,4 mil denúncias de crimes contra idosos (Oliveira et al. 2018).

Durante o período de isolamento social imposto pela pandemia de covid-19, foi observado em 2019 um aumento 53%, passando assim para 77,18 mil denúncias. No primeiro semestre de 2021, o disque 100 registrou mais de 33,6 mil casos de violações de direitos humanos contra o idoso, no Brasil (VIEGAS; BARROS, 2016).

  1. TIPOS DE VIOLÊNCIA:

Partindo assim desta premissa institucional e estrutural, sabe se que a violência contra o idoso caracteriza-se e manifesta-se em vários espaços, desde as ruas, com a falta de adaptação, maior segurança; no trânsito, na falta de sinalização, priorização de ferramentas que demandem facilidade no acesso e locomoção nos diversos espaços sociais. As instituições públicas e privadas, como os órgãos de convênios e planos de saúde, têm sido motivo de insatisfação para os idosos, pelos expressivos preços cobrados e a falta de amparo em momentos decisivos (SAMPAIO, et al., 2017).

A violência Física: também conhecida como abuso físico ou mais tratos físicos, são formas de tratar a imposição da força em pessoas idosas para que elas façam o que não desejam, ou até mesmo com a finalidade de provocar dor que pode culminar a morte (LOPES, et al. 2018).

Violência psicológica corresponde a agressões com palavras, ou gestos com intuito de deixar a pessoa idosa com medo e acuada, tirando-a a sua liberdade do convívio social, menosprezando-os ou tratando-os de forma indiferente (PEREIRA et al., 2019).

Tortura: ato de coagir alguém com emprego de força, para obter algum tipo de benefício como confissão, informações. Sendo que a tortura também pode ser imposta de maneira discriminatória por não respeito a cultura ou religião do idoso (SILVA; DIAS, 2016).

Tráfico de seres humanos: compreende o recrutamento, o rapto, a transferência, o alojamento de pessoas, recorrendo à ameaça, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade, ao uso da força ou a outras formas de coerção, ou à situação de vulnerabilidade, para exercer prostituição, ou trabalho sem remuneração, escravo ou de servidão, ou para remoção e comercialização de órgãos, com emprego ou não de força física (Oliveira et al. 2018).

Violência financeira (econômica): este tipo de violência incide na apropriação não autorizada dos recursos dos idosos tanto patrimoniais como financeiros, como aposentadoria e benefícios, bem como a exploração de tais para obter algum tipo de recurso por meio de chantagem emocional ou até mesmo física (VIEGAS; BARROS, 2016).

A violência por abandono: esta violência é caracterizada pela ausência de proteção e assistência, tanto por parte do estado como por parte da familiar, contudo a comunidade pode ser os olhos e ouvido do estado (SAMPAIO, et al., 2017).

Negligência: é a forma de violência que apresenta o maior número de situações em todo o país, é caracterizada pela omissão ou recusa ao que se refere aos cuidados de que necessitam os idosos (LOPES, et al. 2018).

Intervenção legal: ato violento praticado durante intervenção por agente legal público, isto é, representante do Estado, polícia ou de outro agente da lei no uso da sua função (PEREIRA et al., 2019).

Violência Medicamentosa: é administração por familiares, cuidadores e profissionais dos medicamentos prescritos, de forma errônea, aumentando, diminuindo ou excluindo os medicamentos que o idoso necessita para o controle e qualidade de sua saúde (LOPES, et al. 2018).

Violência institucional: refere-se a um tipo de relação existente nos abrigos e instituições de serviços, privadas ou públicas, nos quais se negam ou atrasa o acesso, não se leva em conta a prioridade legal (LOPES, et al. 2018).

Por fim, a violência contra ao idoso sempre é um desafio que precisa ser superado com o apoio de toda a sociedade. Onde se deve ser criado uma cultura em que envelhecer seja aceito como um ato natural do ciclo de vida, as atitudes antienvelhecimentos e cultas à juventude sejam desencorajadas, para que assim, as pessoas idosas tenham o direito de viver com dignidade, livres de abuso e exploração e seja dada a elas a oportunidade de participar plenamente da vida social (PEREIRA et al., 2019).

3.3. O PAPEL DA ENFERMAGEM FRENTE À VIOLÊNCIA DA PESSOA IDOSA:

A atenção primária, saúde funciona como uma porta de entrada para alguns serviços públicos da saúde, configurando-se como importante estratégia na identificação de casos de violência, entretanto, mesmo que seja evidenciada a incorporação para a efetivação de políticas públicas em suas rotinas de trabalho, muitos destes profissionais sentem bastantes dificuldades em sua execução, muitas vezes por sua falta de preparo e o sentimento de impotência, que surge quando o mesmo se depara com a questão e não se sente suficientemente capacitado para abordá-la (PEREIRA et al., 2019).

A enfermagem atua no suporte a família e, são deste modo, os primeiros cuidados aos idosos. De caráter a compreender todas as nuances dos relacionados aos maus-tratos provocados por essa esfera familiar, há de se levar em consideração o acolhimento ao idoso. É responsabilidade dos profissionais, favorecer uma atmosfera de confiança para o idoso e respeitar as suas decisões, levando em consideração também se o mesmo apresentar pleno exercício de sua capacidade mental, é mais fácil prestar o encaminhamento correto a cada situação, atentando para a satisfação das necessidades físicas, sociais e emocionais de cada vítima (RIBEIRO et al., 2020).

Apesar de a enfermagem ser importantes agentes para a minimização dos casos de violência contra idosos é válido ressaltar que a violência se configura como um fenômeno interacional e complexo. É plausível compreender que a violência está inserida em um problema epidemiológico, socioeconômico e cultural, que necessita de cuidados nos demais setores, e de profissionais competentes na promoção e prevenção dos riscos que podem levar o idoso a ser vítima desse tipo de violência (PEREIRA et al., 2019).

Identificar a violência contra as pessoas idosas é frequentemente negligenciado no ato do atendimento à saúde, pela dificuldade que os profissionais têm em detectar sinais indicativos. Sobre a abordagem profissional da violência familiar contra idosos em uma Unidade de Saúde mostra que os profissionais possuíam dificuldades no manejo dos casos de violência familiar contra ao idoso durante o rastreamento e acompanhamento dos casos. A dinâmica de funcionamento das Unidades tem como ênfase rotinas mais voltada à saúde física e à ausência de uma assistência com abordagem interdisciplinar, desfavorecia a atuação eficaz durante a identificação das situações de violência (SILVA; DIAS, 2016).

As visitas domiciliares tem um papel fundamental junto ao registro de ocorrências de violência pelo profissional da Estratégia Saúde da Família – ESF, pois, por meio desta, possibilita ao mesmo vivenciar a situação no contexto familiar, identificando os riscos potenciais, o que não aconteceria em serviços de saúde (LOPES, et al. 2018).

O profissional de enfermagem necessita considerar todos os fatores e motivos que possam desencadear as agressões, para que desta forma venha desenvolver estratégias para que aja um acolhimento, acompanhamento e que a dignidade dessa pessoa idosa venha a ser restaurada (SAMPAIO, et al., 2017).

Há uma determinada dificuldade do enfermeiro em perceber ou compreender o ato de violência em idosos com capacidade limitada ou reduzida. Uma vez que esses idosos sofrem com a humilhação, a autocensura, a incapacidade e o medo de represálias, bem como o receio em expor um integrante da família. Dessa forma particularidades culturais são barreiras que são capazes de fazer com que alguns idosos se tornem pouco propensos a manifestar possíveis abusos (PAULO et al, 2019).

Uma das grandes dificuldades em classificar a idosa vítima de violência está no feito de que nem sempre o próprio idoso possui percepção ou percebe que certos comportamentos abusivos caracteriza uma violência. Similarmente segue nos relatos que mesmo que o idoso tenha consciência de que está sento vítima de violência, ele as vezes omite o feito por medo de confessar ou incriminar o agressor, especificamente visto que é um indivíduo próximo, ou componente da família (CASTRO; RISSARDO; CARREIRA, 2018).

Durante a sua formação profissional não só os enfermeiros, mas sim todos os profissionais de saúde necessitam ser instruídos a sempre se basear em valores éticos e morais, pois é extremamente importante que tais despertem a sua sensibilidade quanto ao próximo, principalmente aos que de forma indefesa sofram violência e injustiças praticada contra a vida (ALVES, 2020).

É necessário que o profissional de saúde não se comporte de forma negligente para evitar problemas com familiares dos que sofrem a violência, ou até mesmo superiores com práticas de negligência e abuso, pois este é um fato que acontece com frequência no meio da saúde (PAULO et al, 2019).

Há muitos profissionais de saúde que se sentem inseguros em confirmar um caso de violência, principalmente quando esta não deixa lesões aparentes. A omissão por meio do idoso e, por muitas vezes, da família faz com que o julgamento do profissional seja baseado, sobretudo, em fatores subjetivos (psicológicos), o que leva à insegurança na tomada de decisão uma vez que existe uma tendência à valorização das lesões físicas como comprovação de ato violento.

  1. RESULTADOS E DISCUSSÃO.

Constata-se que a violência relacionada aos idosos, é uma pauta pouco discutida e pontuada. A violação contra o mesmo tornou-se um problema de saúde pública e as publicações científicas sobre o tema são escassas. Saber identificar as vítimas, ou em que meio estão e quais as suas particularidades, tanto no que se refere ao qual tipo de violência está sendo submetidos, como também na identificação dos seus agressores, é informações essenciais para a ação do Estado, a criação de políticas públicas e até mesmo para garantir um atendimento de saúde adequado por parte dos profissionais dessa área (MACHADO et al, 2020).

Enfatiza-se uma necessidade de ações Inter setoriais nos coletivos urbanos e a sensibilização dos profissionais que atuam no âmbito da saúde, para que possam atender as vítimas de forma clara e interdisciplinar, e que venham a ter métodos claros de participação para proteger os idosos e punir os responsáveis. Neste sentido, a capacidade do sistema de saúde também ajuda a reverter o alto índice de mortalidade assim causado por essa condição e suas consequências: medo, alienação, estresse pós-traumático e até mesmo a depressão (FACCIO et al,2020).

Durante toda a sua trajetória a enfermagem vem em sua busca constante para consolidar-se como ciência, ao longo de sua história sempre enfrentou grandes desafios e estes podem se transformar para gerar novas práticas e conhecimentos (ALMEIDA et al,2020).

Este processo ocorre especialmente quando as situações que vão além dos olhares destes profissionais da enfermagem que não se esgotam numa clínica mesmo com a amplitude do local, tendo como eixos balizadores as tecnologias, em especial as tecnologias interacionistas, como escuta, vínculo e acolhimento (ALLARCON et al, 2020). Destacando-se, assim neste sentido o olhar cuidadoso diante do enfrentamento da violência ao idoso, a qual se constitui um dos problemas que exige reestruturação das capacidades estruturadas e estruturantes dos profissionais de saúde, em particular os enfermeiros (PEREIRA et al, 2020).

Diante desta complexidade e da violência que os enfermeiros se deparam constantemente durante sua atuação profissional, visto que as questões de violência não estão apenas relacionadas somente aos cuidados físicos, mas também se diz a respeito segurança pública e da justiça em se, que resguardam os direitos dos idosos, por tanto foi a partir daí que surgiu a necessidade de refletir a respeito da assistência de enfermagem no enfrentamento a violência contra idosos na Atenção Básica (BARROS et al, 2019).

Portanto, não só o cuidado, mas a assistência dada pela enfermagem ao idoso violentado devem ser bem planejados e organizados, sendo necessário o conhecimento de todos os seus profissionais que compõe a equipe sobre este caso, e com isso, é imprescindível que haja implantação de ações concretas, eficientes e eficazes dentro da unidade de saúde atuante por esta equipe, atuando em todo o contexto familiar que o idoso está inserido, para que não haja interrupção do plano de cuidados (MEIRELLES et al, 2019).

Entretanto as atuações dos enfermeiros podem estar limitadas e voltadas para as práticas técnicas e somente para os aspectos biológicos do ser humano. Porém, na conjuntura atual de práticas criativas, percebe-se que o indivíduo é composto por várias dimensões, podendo assim trabalhar todas elas, sendo necessário resgatar o cuidado humanizado e integral, elementos estes que contribuem para o cuidado sensível e ético que o idoso necessita (MARQUES, CAROLINE DOS SANTOS, 2019).

Dentre todas as ações que o enfermeiro pode realizar e que possa contribuir no alcance desses cuidados supracitados, destaco a consulta semanal feita pela enfermagem ao idoso, a qual constitui o principal instrumento em seu cotidiano assistencial. Com esta atividade proporciona ainda a esse profissional uma autonomia maior, além de propor oportunidade de construir o cuidado específico a cada indivíduo controlando e prevenindo atos de violência (ALLARCON et al, 2020).

As visitas constantes no domiciliar também podem ser uma ótima estratégia e importante, já que favorece a busca por esses idosos vulneráveis e que lhes permite estabelecer relações de vínculo e acolhimento a este sujeito. São diversos os fatores que contribuem para a violência contra idosos e que dificilmente os enfermeiros possam intervir de maneira individual, mesmo que executem ações preconizadas para o enfrentamento deste problema, sendo que uma vez que, para modificar as circunstâncias de vida destas pessoas ou o contexto social ou mesmo cultural em que um grupo vive, deve-se ser trabalhando a partir de um olhar interdisciplinar, dado que estas questões amplificam a violência. Constituindo assim, um grande desafio na condução desses casos (BARROS et al, 2019).

O preparo destes profissionais da enfermagem precisa vir desde sua formação profissional ainda dentro das universidades e tendo como inclusão da violência contra a pessoa idosa em suas pautas. Elevando esta educação permanente, para reuniões semanais das equipes de unidades de saúde e do enfrentamento prático no campo de trabalho (FACCIO et al,2020).

Há, sem dúvida, muitos aspectos sendo eles éticos e legais envolvidos, entretanto, cabe aos profissionais da enfermagem estar atentos e saber quando e onde identificar todos os casos de violência contra idosos, proporcionar o suporte adequado a eles, a orientação, o atendimento, a notificação e o encaminhamento direcionado frente à cada situação que deverá ser avaliada de forma particular.

  1. CONCLUSÃO:

Dentre os documentos e artigos analisados para esta revisão, é notório que a profissional enfermagem necessita está sempre em busca de estudos para assim poder oferecer melhor assistência à pessoa idosa, com tudo buscando assim contribuir melhor na identificação e condução dos casos de violência praticada contra os mesmos, podendo oferecer uma atenção de forma integral a esta população, tentando desmistificar o envelhecer e os preconceitos que ainda cercam esses indivíduos.

Sendo assim é fundamental que os enfermeiros sejam sempre estimulados a construir estratégias compatíveis que favoreçam para harmonizar o ambiente que o idoso está inserido, promovendo saúde e qualidade de vida para todos que habitam neste contexto familiar.

Por fim, a existências de dispositivos legais não são suficientes para enfrentamento desses problemas, para isso faz-se necessário a construção e implantação de mais Políticas Públicas que sejam eficientes, e que tenham como eixos estruturantes a busca da melhor qualidade de vida para os idosos e envelhecimento saudável, resguardando, assim, segurança dos mesmos.

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1ERICA FERNANDA DE CARVALHO SANTOS

Orcid:https//orcid.org/0009-0000-5301-5212

Faculdade São Vicente de Pão de Açúcar, Brasil

E-mail: ericaassistente1802@gmail.com

2RUBIA SILVA DOS SANTOS

Orcid:https//orcid.org/0009-0003-2062-4574

Faculdade São Vicente de Pão de Açúcar, Brasil

E-mail: rubiasilvadossantos29@gmail.com

3ERCILAIDE LISBOA

Orcid:https//orcid.org/0009-0005-6287-6379

Faculdade São Vicente de Pão de Açúcar, Brasil

E-mail: erclisboa@gmail.com