ABORDAGEM DE PACIENTES QUEIMADOS NO CTI: AVANÇOS E DESAFIOS NO MANEJO MÉDICO

APPROACH TO BURN PATIENTS IN THE ICU: ADVANCES AND CHALLENGES IN MEDICAL MANAGEMENT

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.12669891


André Pereira Santos de Souza1


Resumo

Introdução: A abordagem de pacientes queimados no CTI envolve uma série de desafios clínicos e operacionais. O tratamento inicial requer uma avaliação rápida e precisa da extensão e profundidade das queimaduras, estabilização hemodinâmica, e manejo adequado da dor. Além disso, é crucial prevenir e tratar complicações como infecções, insuficiência renal, e síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), que são comuns em pacientes com queimaduras extensas. Objetivo: Identificar, analisar e sintetizar as melhores práticas e intervenções utilizadas no manejo de pacientes queimados no Centro de Terapia Intensiva (CTI). Metodologia: Realizou-se uma revisão integrativa da literatura, construída mediante um levantamento de dados nas bases científicas: LILACS e PUBMED. Resultados e Discussões: Neste estudo, foi investigada a abordagem clínica de pacientes queimados no Centro de Terapia Intensiva (CTI), focando em três aspectos principais: Protocolos de Tratamento e Intervenções Clínicas, Complicações e Desfechos Clínicos, e Avanços e Inovações Tecnológicas. Os resultados e discussões foram estruturados para destacar as melhores práticas no controle da dor, manejo de fluidos, suporte ventilatório e terapia nutricional, enfatizando a importância de abordagens multidisciplinares e protocolos personalizados para otimizar os desfechos clínicos. Além disso, foram analisadas as complicações mais comuns enfrentadas, como infecções e falência de órgãos, associando-as diretamente às estratégias de tratamento utilizadas e seu impacto nos resultados a longo prazo. Ao final, discutiu-se os avanços tecnológicos recentes, incluindo terapias farmacológicas inovadoras, técnicas de enxerto avançadas e o potencial da telemedicina e inteligência artificial para transformar o cuidado intensivo de pacientes queimados, destacando tanto os benefícios quanto os desafios associados a essas novas abordagens. Conclusão: Este estudo revelou dados significativos sobre o manejo clínico desses pacientes complexos. Os principais dados encontrados destacam a importância crítica de protocolos rigorosos para o controle da dor, manejo de fluidos, suporte ventilatório adequado e terapia nutricional especializada. Protocolos atualizados e intervenções multidisciplinares foram identificados como fundamentais para melhorar os desfechos clínicos, incluindo a redução de complicações como infecções e falência de órgãos, e a melhoria na qualidade de vida pós-tratamento.

Palavras-Chaves: Queimaduras; Manejo; Intervenções; CTI.

1  INTRODUÇÃO

As queimaduras representam um problema de saúde pública significativo, devido à sua alta incidência e às graves consequências físicas e psicológicas que podem acarretar. A abordagem de pacientes queimados no Centro de Terapia Intensiva (CTI) requer uma atenção multidisciplinar e especializada, devido à complexidade dos cuidados necessários para a recuperação e reabilitação desses indivíduos. Este tema é de grande relevância para a prática clínica, pois envolve a aplicação de conhecimentos avançados em medicina intensiva, cirurgia plástica, fisioterapia, psicologia, e outras áreas da saúde (Oliveira et al., 2023).

Epidemiologicamente, as queimaduras são responsáveis por cerca de 180.000 mortes anualmente em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A maioria dessas fatalidades ocorre em países de baixa e média renda, onde os recursos para prevenção e tratamento são limitados. Além disso, as queimaduras não fatais frequentemente resultam em incapacidades prolongadas e significativa morbilidade, impondo uma carga substancial sobre os sistemas de saúde e as famílias afetadas (Aiquoc et al., 2019).

No Brasil, os dados do Ministério da Saúde revelam que as queimaduras constituem uma das principais causas de hospitalizações por lesões traumáticas. Estima-se que aproximadamente um milhão de pessoas sofram queimaduras a cada ano, das quais cerca de 10% requerem hospitalização. Esses números destacam a importância de um manejo eficaz e coordenado dos pacientes queimados, especialmente aqueles que necessitam de cuidados intensivos devido à gravidade das lesões (Silva et al., 2022).

A abordagem de pacientes queimados no CTI envolve uma série de desafios clínicos e operacionais. O tratamento inicial requer uma avaliação rápida e precisa da extensão e profundidade das queimaduras, estabilização hemodinâmica, e manejo adequado da dor. Além disso, é crucial prevenir e tratar complicações como infecções, insuficiência renal, e síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), que são comuns em pacientes com queimaduras extensas (Monteiro et al., 2020).

Um dos principais aspectos na abordagem de pacientes queimados é o cuidado com a pele e os tecidos moles. O desbridamento cirúrgico, o uso de enxertos de pele, e a aplicação de terapias avançadas para a regeneração tecidual são práticas rotineiras no manejo desses pacientes. A colaboração entre cirurgiões plásticos e intensivistas é essencial para otimizar os resultados clínicos e acelerar a recuperação. A reabilitação precoce é outro componente vital do tratamento de pacientes queimados no CTI. A fisioterapia e a terapia ocupacional desempenham papéis cruciais na manutenção da mobilidade e na prevenção de contraturas e cicatrizes hipertróficas. A intervenção precoce pode reduzir significativamente o tempo de internação e melhorar a qualidade de vida dos pacientes após a alta hospitalar (Silva et al., 2022).

A dimensão psicológica do tratamento de queimaduras não pode ser negligenciada. Pacientes queimados frequentemente enfrentam traumas emocionais profundos, incluindo transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), ansiedade e depressão. O suporte psicológico e psiquiátrico deve ser integrado ao plano de cuidados para ajudar os pacientes a lidar com o impacto psicológico das suas lesões (Aiquoc et al., 2019).

A problemática da pesquisa em torno da abordagem de pacientes queimados no CTI foca na identificação de práticas que podem melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida desses pacientes. Questões de pesquisa relevantes incluem a eficácia de novas técnicas de enxerto de pele, o impacto de diferentes protocolos de reabilitação, e as estratégias para otimizar o manejo da dor e das complicações infecciosas.

Portanto, a abordagem de pacientes queimados no CTI é um campo complexo e multidisciplinar que requer a integração de conhecimentos de diversas áreas da medicina. O desenvolvimento de práticas baseadas em evidências e a implementação de protocolos padronizados podem contribuir para melhorias significativas nos cuidados e nos resultados clínicos desses pacientes. Esta pesquisa visa contribuir para o avanço do conhecimento e a melhoria dos cuidados prestados a pacientes queimados em unidades de terapia intensiva.

A justificativa para o estudo sobre a abordagem de pacientes queimados no Centro de Terapia Intensiva (CTI) baseia-se na alta complexidade e nas peculiaridades do tratamento de queimaduras graves, que demandam uma atenção multidisciplinar e protocolos rigorosos para minimizar complicações e melhorar prognósticos. Academicamente, este estudo enriquece o conhecimento existente e serve como base para a formação de profissionais de saúde especializados. Cientificamente, a pesquisa contribui para o avanço das práticas baseadas em evidências, identificando intervenções eficazes e inovadoras que podem ser incorporadas aos protocolos de atendimento. Socialmente, o aprimoramento do cuidado aos pacientes queimados no CTI tem um impacto significativo na redução da mortalidade e das sequelas, além de melhorar a qualidade de vida dos sobreviventes, aliviando o sofrimento das famílias e reduzindo os custos associados ao tratamento prolongado e às complicações decorrentes de queimaduras graves.

Diante disso, o objetivo desta pesquisa incide em: Identificar, analisar e sintetizar as melhores práticas e intervenções utilizadas no manejo de pacientes queimados no Centro de Terapia Intensiva (CTI).

2   METODOLOGIA

Realizou-se uma revisão integrativa da literatura, cujo intuito foi de reunir, analisar e sintetizar todas as evidências disponíveis sobre o tema de pesquisa. A revisão integrativa da literatura permite resumir todas as evidências disponíveis sobre um determinado tópico, incluindo estudos individuais, ensaios clínicos, estudos observacionais e outros tipos de pesquisa. Isso ajuda a obter uma visão completa do que se sabe sobre o assunto (Souza et al., 2010). As etapas de condução metodológica foram: 1) escolha do tema e questão de pesquisa, 2) delimitação dos critérios de inclusão e exclusão, 3) extração e limitação das informações dos estudos selecionados, 4) análise dos estudos incluídos na revisão, 5) análise e interpretação dos resultados e 6) apresentação da revisão ou síntese do conhecimento.

Para auxiliar na obtenção dos dados, definiu-se a seguinte pergunta norteadora: Quais são as melhores práticas e intervenções utilizadas no manejo de pacientes queimados no Centro de Terapia Intensiva (CTI)?

As buscas na literatura científica foram realizadas nas bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS, Scielo e National Library of Medicine – PUBMED. Para o levantamento de dados foram utilizados os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Queimaduras, Manejo, Intervenções e CTI.

Para alcançar respostas elegíveis, os estudos selecionados para amostra, atenderam aos seguintes critérios de elegibilidade: Foram incluídos pesquisas transversais, observacionais, quantitativos, qualitativos, coorte, relatos de casos, relatos de experiência, randomizados, disponíveis na íntegra, publicados nos últimos 5 anos, no idioma português e inglês, disponíveis nas bases de dados supracitadas e que atenderam ao problema de pesquisa. Já os critérios de exclusão definidos foram: Estudos de revisão, monografias, teses, dissertações e estudos duplicados em mais de uma base de dados.

Por se tratar de estudo com dados secundários sem identificação, o projeto desta pesquisa foi dispensado de apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa. No entanto, seguiu-se as diretrizes específicas que regem a ética e normas das pesquisas científicas conforme a lei 466/12. O fluxograma abaixo apresenta de forma detalhada todas as etapas seguidas para a seleção.

Figura 1: Fluxograma de seleção da amostra.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2024.

3   RESULTADOS E DISCUSSÕES

A amostra selecionada, foi organizada no Quadro 1, sendo estruturada nas respectivas informações de: Título do estudo, autor, ano de publicação, objetivo de pesquisa, periódico em que foi publicado e país de origem da publicação.

Quadro 1: Descrição da amostra selecionada

Fonte: Elaborado pelos autores, 2024.

Neste estudo, foi investigada a abordagem clínica de pacientes queimados no Centro de Terapia Intensiva (CTI), focando em três aspectos principais: Protocolos de Tratamento e Intervenções Clínicas, Complicações e Desfechos Clínicos, e Avanços e Inovações Tecnológicas. Os resultados e discussões foram estruturados para destacar as melhores práticas no controle da dor, manejo de fluidos, suporte ventilatório e terapia nutricional, enfatizando a importância de abordagens multidisciplinares e protocolos personalizados para otimizar os desfechos clínicos. Além disso, foram analisadas as complicações mais comuns enfrentadas, como infecções e falência de órgãos, associando-as diretamente às estratégias de tratamento utilizadas e seu impacto nos resultados a longo prazo. Ao final, discutiu-se os avanços tecnológicos recentes, incluindo terapias farmacológicas inovadoras, técnicas de enxerto avançadas e o potencial da telemedicina e inteligência artificial para transformar o cuidado intensivo de pacientes queimados, destacando tanto os benefícios quanto os desafios associados a essas novas abordagens.

Protocolos de Tratamento e Intervenções Clínicas

Os protocolos de tratamento e intervenções clínicas desempenham um papel crucial no manejo de pacientes queimados no Centro de Terapia Intensiva (CTI), onde a abordagem inicial e contínua visa minimizar complicações e otimizar a recuperação. Um dos aspectos fundamentais é o controle da dor, que é frequentemente desafiador devido à extensão das queimaduras e à necessidade de intervenções analgésicas adequadas. Estudos recentes destacam a importância de abordagens multimodais, que combinam analgésicos opiáceos com agentes não opiáceos, como anti-inflamatórios não esteroidais e anestésicos locais, para melhorar o alívio da dor e reduzir os efeitos colaterais associados aos opiáceos (Secanho et al., 2022).

Além do controle da dor, a gestão de fluidos é essencial para evitar complicações como edema de queimadura e síndrome compartimental. Protocolos modernos adotam abordagens individualizadas, considerando a extensão das queimaduras, estado hemodinâmico do paciente e necessidades metabólicas específicas. Estratégias como o uso de fórmulas de Parkland modificadas e monitoramento hemodinâmico contínuo ajudam a manter o equilíbrio hídrico adequado e a prevenir complicações como insuficiência renal aguda e choque hipovolêmico (Oliveira et al., 2020).

No que diz respeito ao suporte ventilatório, pacientes com queimaduras extensas frequentemente necessitam de suporte respiratório intensivo devido a lesões pulmonares diretas ou indiretas. A ventilação mecânica é frequentemente requerida para manter a oxigenação e ventilação adequadas, especialmente durante a fase aguda da lesão. Protocolos de ventilação protetora são empregados para prevenir danos pulmonares adicionais, como barotrauma e volutrauma, enquanto estratégias como a pressão positiva expiratória final (PEEP) são utilizadas para melhorar a oxigenação e minimizar o colapso alveolar (Dvorak et al., 2021).

No âmbito da terapia nutricional, a administração de nutrientes adequados desempenha um papel crucial na recuperação de pacientes queimados no CTI. Protocolos atuais enfatizam a administração precoce e adequada de calorias, proteínas e micronutrientes, essenciais para suportar a cicatrização de feridas, preservar a massa muscular e reduzir o catabolismo. Estratégias como a nutrição enteral precoce são preferidas sempre que possível, visando minimizar o risco de complicações associadas à nutrição parenteral, como infecções relacionadas ao cateter (Oliveira et al., 2020).

Além dos aspectos individuais, a coordenação interdisciplinar é essencial para a implementação eficaz desses protocolos. Equipes multidisciplinares que incluem cirurgiões plásticos, intensivistas, enfermeiros especializados e nutricionistas trabalham em conjunto para personalizar o plano de cuidados de cada paciente, adaptando-o às necessidades clínicas específicas e otimizando os resultados a longo prazo. Essa abordagem integrada não apenas melhora a qualidade do cuidado prestado, mas também reduz a morbidade e mortalidade associadas ao tratamento de queimaduras graves no ambiente de terapia intensiva (Secanho et al., 2022).

Complicações e Desfechos Clínicos

A gestão de pacientes queimados no Centro de Terapia Intensiva (CTI) é frequentemente complicada pela suscetibilidade a diversas complicações graves, que impactam significativamente os desfechos clínicos. Infecções são uma das principais preocupações, sendo as infecções de sítio cirúrgico e as pneumonias as mais comuns. Estudos mostram que até 75% dos pacientes queimados desenvolvem pelo menos uma infecção durante a internação no CTI, o que prolonga o tempo de internação e aumenta a mortalidade. Estratégias de prevenção, como o uso de protocolos de higiene rigorosos e a administração profilática de antibióticos, são fundamentais para mitigar esses riscos (Secanho et al., 2022).

Além das infecções, a falência de órgãos é uma complicação crítica em pacientes queimados no CTI. A síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) e a subsequente falência de múltiplos órgãos podem ocorrer devido à liberação de mediadores inflamatórios após a queimadura. A mortalidade aumenta consideravelmente com a falência de órgãos, destacando a importância de monitoramento intensivo e intervenções precoces para suportar a função orgânica (Ferreira et al., 2020).

Do ponto de vista dermatológico, problemas como necrose de pele, formação de cicatrizes hipertróficas e contraturas são comuns em pacientes queimados severamente. A abordagem inicial adequada, incluindo desbridamento precoce e técnicas avançadas de enxerto de pele, pode reduzir a gravidade dessas complicações e melhorar os desfechos estéticos e funcionais a longo prazo. Novas terapias, como curativos com fatores de crescimento e terapias a laser, têm mostrado potencial para melhorar a cicatrização e reduzir a formação de cicatrizes indesejáveis (Oliveira et al., 2020).

A taxa de mortalidade em pacientes queimados no CTI varia significativamente dependendo da extensão e gravidade das queimaduras, bem como da presença de complicações adicionais. Estudos epidemiológicos indicam que a mortalidade pode chegar a 20-30% em pacientes com queimaduras graves. Fatores de risco incluem idade avançada, extensão da superfície corporal queimada, presença de comorbidades pré-existentes e tempo até o início do tratamento adequado. A implementação de protocolos de tratamento padronizados e a intervenção precoce são cruciais para melhorar as taxas de sobrevivência (Secanho et al., 2022).

O tempo de internação é significativamente prolongado em pacientes queimados no CTI, principalmente devido à necessidade de procedimentos cirúrgicos frequentes, cuidados intensivos de suporte e reabilitação extensa. A média de tempo de internação pode variar de semanas a meses, dependendo da gravidade das queimaduras e da presença de complicações. Esse prolongamento pode impactar não apenas os recursos hospitalares, mas também a qualidade de vida do paciente e a carga emocional para familiares e cuidadores (Secanho et al., 2022).

A qualidade de vida pós-tratamento em pacientes queimados no CTI é um aspecto crucial a ser considerado, pois muitos enfrentam desafios significativos devido a cicatrizes visíveis, limitações funcionais e sequelas psicológicas. Estudos mostram que intervenções multidisciplinares, incluindo apoio psicológico, terapia ocupacional e reabilitação física, são essenciais para maximizar a recuperação funcional e psicossocial desses pacientes. Estratégias como grupos de apoio e programas de reintegração social são igualmente importantes para ajudar os pacientes a ajustarem-se à vida após a alta hospitalar (Ferreira et al., 2020).

Em resumo, o manejo de pacientes queimados no CTI envolve não apenas o tratamento das queimaduras em si, mas também a prevenção e o manejo eficaz de complicações graves como infecções, falência de órgãos e problemas dermatológicos. A implementação de protocolos baseados em evidências e intervenções multidisciplinares são fundamentais para melhorar os desfechos clínicos, reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida pós-tratamento desses pacientes tão vulneráveis (Secanho et al., 2022).

Avanços e Inovações Tecnológicas

Avanços e inovações tecnológicas têm desempenhado um papel cada vez mais crucial no manejo de pacientes queimados no Centro de Terapia Intensiva (CTI), buscando melhorar os desfechos clínicos e a qualidade de vida pós-tratamento. No campo das terapias farmacológicas, novos medicamentos têm sido desenvolvidos para melhorar o controle da dor, reduzir a inflamação sistêmica e promover a cicatrização de feridas. Agentes analgésicos mais seletivos e com menos efeitos colaterais, como os antagonistas dos receptores NMDA, têm mostrado potencial para melhorar o manejo da dor crônica em pacientes queimados, minimizando os riscos de dependência aos opioides (Santana et al., 2019).

Além dos avanços farmacológicos, técnicas de enxerto de pele têm evoluído significativamente, permitindo a aplicação de enxertos mais finos e com maior taxa de sobrevida. A utilização de enxertos de pele cultivados em laboratório, incluindo células-tronco e matrizes dérmicas bioativas, tem revolucionado o tratamento de áreas extensas de queimaduras, promovendo uma regeneração mais rápida e com menor formação de cicatrizes (Folkestad et al., 2020).

A telemedicina emergiu como uma ferramenta essencial no cuidado intensivo de pacientes queimados, especialmente em regiões com acesso limitado a especialistas.

Consultas remotas permitem a supervisão especializada e o ajuste rápido de protocolos de tratamento, reduzindo o tempo de resposta e melhorando a coordenação entre equipes médicas. Além disso, tecnologias de inteligência artificial (IA) estão sendo exploradas para analisar grandes volumes de dados clínicos e preditivos, ajudando na tomada de decisões terapêuticas mais precisas e personalizadas (Folkestad et al., 2020; Santos et al., 2021).

Embora esses avanços tecnológicos sejam promissores, é crucial considerar os cuidados médicos integrados necessários para otimizar o tratamento de pacientes queimados no CTI. A abordagem multidisciplinar, envolvendo cirurgiões plásticos, intensivistas, enfermeiros especializados e terapeutas, é fundamental para adaptar os novos protocolos e tecnologias às necessidades individuais de cada paciente. A educação contínua e o treinamento especializado também são essenciais para garantir que as equipes médicas estejam familiarizadas com as últimas inovações e capazes de implementá-las eficazmente (Santos et al., 2021).

Além disso, a monitorização contínua e a avaliação rigorosa dos resultados são cruciais para garantir a eficácia e a segurança das novas intervenções tecnológicas. A coleta sistemática de dados sobre desfechos clínicos, taxas de complicação e qualidade de vida pós-tratamento permite ajustes contínuos nos protocolos de tratamento, promovendo uma melhoria contínua no cuidado prestado aos pacientes queimados no CTI (Folkestad et al., 2020).

Assim, os avanços recentes e as inovações tecnológicas têm transformado significativamente o manejo de pacientes queimados no CTI, oferecendo novas esperanças para uma recuperação mais rápida e completa. No entanto, é essencial que essas tecnologias sejam implementadas de forma integrada e com cuidados médicos bem coordenados, garantindo que beneficiem verdadeiramente os pacientes e contribuam para melhores desfechos a longo prazo (Santana et al., 2019).

4  CONCLUSÃO

Este estudo revelou dados significativos sobre o manejo clínico desses pacientes complexos. Os principais dados encontrados destacam a importância crítica de protocolos rigorosos para o controle da dor, manejo de fluidos, suporte ventilatório adequado e terapia nutricional especializada. Protocolos atualizados e intervenções multidisciplinares foram identificados como fundamentais para melhorar os desfechos clínicos, incluindo a redução de complicações como infecções e falência de órgãos, e a melhoria na qualidade de vida pós-tratamento.

No entanto, a pesquisa também identificou várias limitações que devem ser abordadas em estudos futuros. Uma limitação significativa inclui a variabilidade nos protocolos de tratamento entre diferentes centros e regiões, o que pode impactar a consistência e os resultados dos cuidados prestados. Além disso, a falta de estudos prospectivos e randomizados em algumas áreas, como o uso de novas tecnologias e terapias farmacológicas, ressalta a necessidade de mais pesquisa para validar a eficácia e a segurança dessas intervenções.

Para pesquisas futuras, sugere-se explorar mais profundamente o potencial das novas tecnologias, como inteligência artificial e telemedicina, na personalização do tratamento e na melhoria dos desfechos clínicos. Estudos longitudinais que acompanhem pacientes a longo prazo após alta do CTI são essenciais para entender melhor os efeitos a longo prazo das queimaduras e das intervenções terapêuticas. Além disso, investigações sobre novos biomarcadores e terapias direcionadas podem abrir caminho para abordagens mais precisas e eficazes no manejo das complicações associadas às queimaduras graves.

Em suma, esta pesquisa não só ressaltou os avanços e desafios no tratamento de pacientes queimados no CTI, mas também apontou direções promissoras para futuras investigações. Com uma abordagem contínua e colaborativa entre pesquisadores, profissionais de saúde e instituições, é possível avançar significativamente no cuidado desses pacientes vulneráveis, melhorando sua qualidade de vida e prognóstico a longo prazo.

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1Residente em Medicina Intensiva
Instituição: Fundação Filantrópica e Beneficente de Saúde Arnaldo Gavazza Filho
E-mail: apss_94@hotmail.com
ORCID: https://orcid.org/0009-0005-6713-0066