A VACINAÇÃO CONTRA PAPILOMAVÍRUS HUMANO: UMA VISÃO DA ESTRATÉGIA DA COBERTURA VACINAL NO BRASIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8057016


Méllory Nétaly de Oliveira Magalhães¹
Beatriz Fonseca Botero²
Jesus Eden Bezerra da Costa³
Pablo Henrique Freitas de Almeida⁴
Fernanda Moreira Pereira⁵
Rafael da Costa Melo⁶
Alysson Bastos Sena⁷


RESUMO: O presente estudo teve como objetivo buscar, reunir e examinar os resultados de pesquisas nacionais relacionadas à cobertura vacinal contra o Papilomavírus Humano (HPV) e as possíveis complicações decorrentes da baixa cobertura vacinal. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura sobre a cobertura vacinal contra o HPV e as razões para a falta de cobertura abrangente. A coleta de dados foi realizada entre março de 2023 e junho de 2023, e para a seleção dos artigos foram utilizadas as bases de dados eletrônicos Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS), US National Library of Medicine (PubMed) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Foram empregados Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) relacionados a Vacinas, Papilomavírus Humano, Cobertura Vacinal e Recusa de Vacinação. A literatura analisada demonstrou que a cobertura vacinal para o HPV está muito abaixo dos níveis recomendados pelo Ministério da Saúde, sendo que os principais motivos para a baixa adesão à vacina estão relacionados à falta de informação, especialmente sobre a eficácia e os possíveis efeitos colaterais, além das dificuldades de acesso à vacinação. Os resultados evidenciaram a necessidade de políticas públicas de educação em saúde mais claras, com o objetivo de informar de maneira impactante a população sobre os benefícios da vacina, a fim de aumentar a adesão tanto do público-alvo quanto de seus familiares.

Palavras-chave: Vacinas, Papilomavírus Humano, Cobertura Vacinal, Recusa de Vacinação.

ABSTRACT: The present study aimed to search, gather, and examine the results of national research related to vaccination coverage against the Human Papillomavirus (HPV) and the possible complications arising from low vaccination coverage. This is an integrative literature review on HPV vaccination coverage and the reasons for the lack of comprehensive coverage. Data collection was conducted between March 2023 and June 2023, and the electronic databases Latin American Literature in Health Sciences (LILACS), US National Library of Medicine (PubMed) and Scientific Electronic Library Online (SciELO) were used to select the articles. Descriptors in Health Sciences (DeCS) related to Vaccines, Human Papillomavirus, Vaccination Coverage and Vaccination Refusal were used. The literature analyzed showed that the HPV vaccination coverage is far below the levels recommended by the Ministry of Health, and the main reasons for low adherence to the vaccine are related to lack of information, especially about the efficacy and possible side effects, in addition to difficulties in access to vaccination. The results highlighted the need for clearer public health education policies, with the goal of informing the population about the benefits of the vaccine in an impactful way, in order to increase adherence by both the target audience and their families.

Keywords: Vaccines, Human Papillomavirus, Vaccine Coverage, Vaccination Refusal.

1. INTRODUÇÃO

O papilomavírus humano (HPV) é reconhecido mundialmente como um importante agente causador de doenças relacionadas ao trato genital. A infecção por HPV é a doença sexualmente transmissível mais comum em todo o mundo, afetando tanto homens quanto mulheres, além disso, o HPV está associado a diversos tipos de câncer, incluindo o câncer de colo do útero, que representa uma significativa carga para a saúde pública (FIOCRUZ, 2020; PAHO, 2023).

Os HPV podem ser divididos em dois grupos com base em seu potencial oncogênico: baixo risco e alto risco. Os tipos de baixo risco incluem o HPV 6, 11, 40, 42, 43, 54, 61, 70, 72, 81 e CP6 108, os quais geralmente estão associados ao desenvolvimento de condilomas (verrugas genitais) e lesões de baixo grau. Já os tipos de alto risco compreendem o HPV 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73 e 82, que estão fortemente associados ao desenvolvimento de lesões de alto grau e câncer (FEBRASGO, 2017; INCA, 2020).

Foram estimadas aproximadamente 291 milhões de mulheres infectadas e portadoras do HPV no mundo, sendo os tipos 16 e 18 responsáveis por 32% dessas infecções. No Brasil, após excluir os tumores de pele não melanoma, o câncer de colo do útero ocupa a terceira posição entre os tipos de câncer mais incidentes em mulheres. Para o ano de 2022, estima-se que ocorreram 16.710 novos casos, representando um risco significativo de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres (LOPES et al., 2023; INCA, 2020).

Em 2020, na região norte do Brasil, a taxa padronizada de mortalidade por câncer do colo do útero, ajustada pela população mundial, foi de 9,52 óbitos a cada 100 mil mulheres, essa taxa alarmante evidencia que o câncer do colo do útero se tornou a principal causa de óbito por câncer feminino nesta região. Destaca-se que o câncer de colo de útero é uma doença evitável de fácil prevenção e que o rastreamento contínuo de lesões precursoras juntamente com a vacinação contra o HPV são as principais estratégias para a redução dos casos e mortes por esta condição (INCA, 2022; SILVEIRA et al., 2022).

Diante dessa realidade, a vacinação contra o HPV tem se mostrado uma intervenção crucial para a prevenção e controle dessas doenças, a vacinação oferece a oportunidade de proteger a população contra os tipos de HPV mais comuns e agressivos, diminuindo a incidência de infecções, lesões pré-cancerígenas e cânceres associados ao vírus (ZARDO et al., 2014).

No contexto brasileiro, a estratégia da cobertura vacinal contra o HPV tem sido um tema de grande relevância. O Ministério da Saúde do Brasil implementou um programa nacional de imunização contra o HPV em 2014, as iniciativas foram tomadas pelo Distrito Federal e o estado do Amazonas que possui em Manaus o índice mais alarmante do país com estimativa para o ano de 2023 de 420 novos casos por 100 mil habitantes, tendo o objetivo de ampliar a proteção contra o vírus para adolescentes do sexo feminino na faixa etária de 9 a 14 anos, posteriormente, a vacinação também foi estendida para meninos na mesma faixa etária, com o intuito de promover a igualdade de gênero na prevenção do HPV e seus desfechos relacionados (DENARDIN, 2021; INCA, 2022; UNA-SUS, 2017).

No entanto, a estratégia da cobertura vacinal enfrenta desafios complexos, que vão desde questões logísticas até barreiras sociais e culturais. A efetividade da vacinação contra o HPV depende de uma série de fatores, como o acesso equitativo às vacinas, a conscientização da população sobre a importância da imunização e a adesão às diretrizes de vacinação (NASCIMENTO et al., 2021).

Considerando a elevada prevalência da infecção pelo HPV no estado do Amazonas e no Brasil, assim como a associação direta com o câncer de colo do útero, torna-se imprescindível o desenvolvimento de estratégias eficazes para ampliar a cobertura vacinal nesses contextos. Este trabalho tem como objetivo demonstrar a urgência de implementar medidas específicas que visem aumentar a adesão à vacinação contra o HPV no estado do Amazonas e no país como um todo. Através dessa abordagem, busca-se não apenas diminuir o risco de infecção e as consequências associadas ao HPV, mas também reduzir significativamente a incidência do câncer de colo do útero, contribuindo assim para a saúde e o bem-estar das populações afetadas.

2. METODOLOGIA

Esta pesquisa consiste em uma busca literária, caracterizada por uma abordagem metodológica, buscando integrar discussões encontradas em estudos anteriores sobre a abordagem vacinal. Realizou-se uma avaliação sistemática da estratégia de vacinação no Brasil sempre com a visão em verificar as estratégias adotadas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), com o potencial de abranger diversos entendimentos e achados sobre a cobertura vacinal, já que em um único estudo, o leitor tem acesso a várias pesquisas científicas com aprofundamento de um tema específico (WHITTEMORE et al., 2014).

Para manter a confiabilidade deste estudo, foi utilizado como estratégia avançada a utilização de artigos científicos indexados na base de dados eletrônicos Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), U.S. National Library of Medicine (PubMed) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), com os descritores: Vacinas, Papilomavírus Humano, Cobertura Vacinal, Recusa de Vacinação.

O período temporal de corte para a seleção dos artigos escolhidos foi os últimos 4 anos, ou seja, de 2019 a 2022 das bases de dados citadas anteriormente, com texto completo sobre a importância da vacina contra a infecção por HPV no Amazonas.

Os critérios de inclusão para esta pesquisa foram estudos de coorte prospectivos e retrospectivos, publicados nos idiomas português e inglês e os critérios de exclusão foram artigos editoriais, resumos de congressos, teses, artigos repetidos e artigos que não se enquadravam no tema escolhido, compondo assim a amostra final por 08 artigos científicos (FIGURA 1). O quadro amostral foi realizado e apresentado com os respectivos dados: autor/ano de publicação, nome do artigo, base de dados, tipo de estudo, objetivos e principais considerações (QUADRO 1), posteriormente, verificou-se a interpretação dos achados e discussão deste estudo, proporcionando então clareza dos resultados. 

Foram selecionados 25 artigos inicialmente, porém após a seleção conforme os critérios de elegibilidade, 15 foram considerados elegíveis para análise, sendo 08 escolhidos. Dos artigos selecionados, os 08 são pesquisa de campo. O fluxo de estudos do processo de seleção é apresentado na Figura 1. 

Mediante os estudos sobre esta temática, foi possível formular 02 categorias para a discussão: Cobertura vacinal no Brasil e estratégia de vacinação de crianças entre as faixas etárias preconizadas pelo Ministério da Saúde.

3. RESULTADOS

Esta revisão foi conduzida por meio da análise de oito artigos que abordaram a relevância da cobertura vacinal em conjunto com o rastreamento do câncer de colo do útero como estratégias fundamentais para a prevenção da infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) e das lesões que podem levar ao desenvolvimento do câncer cervical, conforme apresentado no Quadro 01.

Quadro 01 – Caracterização dos artigos selecionados.

AUTOR ANOARTIGOBASE DE DADOSTIPO DE ESTUDOOBJETIVOSPRINCIPAIS CONSIDERAÇÕES
ALMEIDA, R.C.A.A. et al., 2020
Cobertura vacinal ANTI-HPV e motivos de não vacinação
ScieloRetrospectivo
Buscar, reunir e sistematizar resultados de investigações científicas nacionais e internacionais, relacionadas à cobertura vacinal contra o Papiloma Vírus Humano (HPV) e os motivos de recusa à vacinação.
Demonstrou-se que a cobertura vacinal anti-HPV encontra-se abaixo dos níveis recomendados e que os principais motivos de recusa vacinal estão relacionados à falta de informação sobre a vacina, principalmente sobre a eficácia e efeitos colaterais e dificuldades de acesso à vacinação.
NASCIMENTO, J.S.M. et al., 2021
Análise crítica da cobertura vacinal anti-hpv em meninas de 09 a 13 anos de idade, no Brasil e na Paraíba – 2019: um desafio da saúde pública
ScieloRetrospectivo
Verificar as coberturas vacinais anti-HPV em meninas de 09 a 13 anos de idade, no Brasil e no estado da Paraíba, no ano de 2019 e analisá-las sob um contexto crítico-comparativo.
Identificou-se possíveis falhas de coberturas, como por exemplo: falha na busca ativa das faltosas, falha na cobertura da atenção básica, falha na alimentação do sistema de informação ou no registro de vacinação, população-alvo subestimada ou superestimada, desinformação/mitos por parte das adolescentes e pais ou responsáveis, falha nas ações de educação em saúde e informações errôneas das mídias sociais.
GLEHN, M.P.V. et al., 2023Cobertura da vacinação contra papilomavírushumano no Nordeste do Brasil, 2013-2021: estudodescritivoPubMedDescritivoDescrever a cobertura da vacina contra papilomavírus humano (HPV) na região Nordeste do Brasil, no período de 2013 a 2021.Verificou-se que coberturas vacinais apresentadas para o sexo masculino foram mais baixas do que para o sexo feminino, em todos os estados e em ambas as doses. Estratégias de melhoramento das coberturas vacinais voltadas para o público adolescente, não apenas nas unidades de saúde, mas também em contextos extramuros, especialmente aquelas realizadas no ambiente escolar, podem aumentar a adesão dos adolescentes às ações de prevenção e promover a melhoria das coberturas vacinais.
CASTRO, B.T. et al., 2022Cobertura de doses da vacina contra HPV e variação por nível de privação materialdos municípios brasileiros, 2012 a 2018LilacsRetrospectivoCaracterizar a cobertura das doses de HPV em adolescentes brasileiros e seus padrões de variação de acordo com as características geográficas e o nível de privação material dos municípios, entre 2012 e 2018.Evidenciou-se maiores números de doses durante o período da campanha nacional, entre mulheres e com tendência de redução desse número ao longo dos anos. Esses achados são alarmantes, uma vez o HPV traz consequências severas à saúde e a vacinação é a melhor forma de prevenção. No sexo masculino observou-se um pico na vacinação no período de 2017, devido ao programa de imunização contra o HPV. Além disso, foi possível analisar a privação dos municípios menos desenvolvidos, justificando-se pelas iniquidades sociais, as quais caracterizam-se pela má adesão, falta de acesso ao serviço de saúde, baixa escolaridade e socioeconômica.
OLIVEIRA, P.S. et al., 2021Cobertura vacinal contra o papilomavírus humano (HPV) e fatores associadosem acadêmicas de uma universidade dosudoeste goianoScieloDescritivoVerificar a cobertura da vacina contra o HPV em mulheres matriculadas em cursos da área de saúde de uma universidade do sudoeste do Estado de Goiás e os fatores associados à vacinação.A pesquisa revelou extensa possibilidade para intervenções com o objetivo de atingir maior cobertura vacinal entre as universitárias. Mesmo mulheres com mais conhecimento e de estrato econômico elevado apresentaram baixa cobertura vacinal, sugerindo que resultados de cobertura vacinal maior podem ser obtidos com a vacinação realizada em ambiente escolar.
COSTA, B.S.R. et al., 2022

Uma revisão bibliográfica acerca da vacina contra o HPV e seus desafios
ScieloRetrospectivoAnalisar os benefícios da vacina contra o HPV e sua correlação com o desenvolvimento de cânceres do trato genital feminino e masculino, a eficácia da vacina em relação a quantidade de doses aplicadas e os desafios para obter uma cobertura vacinal satisfatória.Concluiu-se que existem vários dilemas enfrentados no seio familiar e pela falta de informação que interferem na adesão à vacinação contra o HPV. Estas envolvem questões éticas, culturais e religiosas, que devem ser trabalhadas pelos profissionais da atenção básica à saúde, da educação escolar, das políticas públicas e da mídia, em busca de maior educação e responsabilização pela saúde de cada indivíduo.
DE OLIVEIRA, L.G.R. et al., 2021
Cobertura vacinal do HPV Quadrivalente no estado do Piauí
LilacsTransversalDescritivo
Analisar a cobertura vacinal do HPV Quadrivalente em adolescentes no estado do Piauí.
Verificou-se que a cobertura vacinal está insuficiente, e existe uma adesão vacinal maior na primeira dose com relação à segunda dose, em ambos os sexos. Percebeu-se uma regressão na cobertura vacinal ao passar dos anos.
FLORIANO E FONTENELE, 2022

Descrição da cobertura vacinal do HPV na região Sul do Brasil
PubmedDescritivo
Descrever a cobertura vacinal de doses aplicadas da vacina contra o HPV em população de 11 a 14 anos de idade na Região Sul do Brasil.
Apesar do enorme benefício da vacina, percebe-se que ainda há muita resistência para a vacinação dos adolescentes. Portanto, o estudo evidencia a necessidade de ampliação da cobertura vacinal no Brasil e melhor atuação da relação da Atenção Básica com a comunidade escolar, público-alvo desta campanha.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2023).

4. DISCUSSÃO

O Brasil por ter uma vasta dimensão territorial pode-se fazer um comparativo entre as diversas regiões nacionais. Verificou-se que a realidade da cobertura vacinal na maioria dos estados da federação enfrenta problemas de diversas ordens que envolvem questões éticas, culturais e religiosas, que devem ser trabalhadas pelos profissionais da atenção básica à saúde, da educação escolar, das políticas públicas e da mídia, em busca de maior educação e responsabilização pela saúde de cada indivíduo (COSTA et al. 2022; NASCIMENTO et al, 2021).

Além disso, pode-se perceber que os diferentes nichos tanto de ensino fundamental, médio e universitários possuem baixa adesão aos programas de imunização contra o HPV. Demonstrando que estratégias direcionadas não somente às unidades de saúde, mas também às instituições de ensino sejam elas em diferentes esferas (OLIVEIRA et al., 2021)

Além disso, analisando a privação dos municípios menos desenvolvidos pode-se observar iniquidades sociais, as quais caracterizam-se pela má adesão, falta de acesso ao serviço de saúde, baixa escolaridade e relação a fatores socioeconômicos. Fator esse que aumenta, mas não exclui a necessidade de políticas públicas de inclusão de todas as classes sociais e estratégias inovadoras para a compreensão da importância da adesão à vacinação e de políticas educacionais extramuros e familiares (CASTRO et al., 2022; FLORIANO E FONTENELE, 2022; GLEHN et al., 2023).

No que concerne a falhas sistemáticas identificou-se também possíveis falhas que impactam também na cobertura como por exemplo: falha na busca ativa das mulheres que deixam de comparecer à unidade de saúde, falha na alimentação do sistema de informação ou no registro de vacinação, população-alvo subestimada ou superestimada, desinformação/mitos por parte das adolescentes e pais ou responsáveis, falha nas ações de educação em saúde e informações errôneas das mídias sociais (NASCIMENTO et al., 2021; ALMEIDA et al., 2020). 

No âmbito das mídias sociais, é preocupante observar que o Brasil e diversos países ao redor do mundo estão expostos à desinformação sobre vacinas, devido à falta de regulamentação criminal para combater a propagação de informações falsas. Essas informações são disseminadas por pessoas que desconhecem os inúmeros benefícios das vacinas. Em vez de auxiliar na conscientização sobre os efeitos benéficos das vacinas, tais indivíduos comprometem a disseminação de informações que podem salvar vidas (NASCIMENTO et al., 2021). 

As vacinas aplicadas no Brasil são as vacinas quadrivalentes que combatem os genótipos do HPV de baixo risco 6 e 11 e os de alto risco 16 e 18. Apesar da campanha Nacional de vacinação em meninas e meninos ter sido iniciada em 2014, verificou-se que a cobertura vacinal está insuficiente, e existe uma adesão vacinal maior na primeira dose com relação à segunda dose, em ambos os sexos. Percebeu-se uma regressão na cobertura vacinal ao passar dos anos (OLIVEIRA et al., 2021).

No entanto, é importante ressaltar que ainda existem outros tipos de vacinas disponíveis para combater diferentes genótipos do HPV. Diversos estudos ao longo dos anos têm comprovado a existência de genótipos prevalentes em determinadas regiões, como na Amazônia, que são distintos daqueles abrangidos pela vacina quadrivalente. Essa informação suscita a reflexão sobre a necessidade de ajustar a estratégia vacinal para a utilização da vacina nonavalente, que tem o potencial de eliminar quase que em sua totalidade diversos tipos de genótipos do HPV de alto risco.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Este estudo proporcionou o conhecimento acerca da importância da vacinação em todos os estados da federação e no Amazonas. Pode-se observar que diversos estudos apontam a baixa adesão da população por diversos fatores que deverão ser estudados pela estratégia do programa nacional de vacinação do Brasil. 

Outro ponto importante foi a forma de abordagem para minimizar a baixa cobertura vacinal em todos os estados visando uma estratégia de saúde pública que impacte a sociedade e sensibilize para os dados que são vistos acerca do câncer de colo de útero que pode ser prevenido em todo Brasil.

Além disso, chama atenção das autoridades sanitárias acerca do HPV, oferecendo à população um outro tipo de vacina que contenha mais genótipos, assim, possibilitando a eliminação em todos os sentidos dos diferentes genótipos que causam o câncer de colo de útero. 

E não menos importante demonstrar para os órgãos de controle da mídia a desinformação a respeito do tema e a real informação através de todos os veículos de comunicação, da educação em família, na escola, trabalho e na atenção básica de saúde.

Este estudo conseguiu atingir os diversos pontos de apoio que podem melhorar a cobertura vacinal no Brasil. Sugere-se, portanto, a realização de novas pesquisas no sentido de aprimorar, listar e executar as estratégias aqui definidas, pois somente assim será possível aumentar a adesão vacinal e diminuir a prevalência do câncer do colo do útero no Amazonas, Brasil e no mundo.

REFERÊNCIAS

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CASTRO, Beatriz Tianeze et al. Cobertura de doses da vacina contra HPV e variação por nível de privação material dos municípios brasileiros, 2012 a 2018. Research, Society and Development, v. 11, n. 13, p. e271111335484-e271111335484, 2022.

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DE OLIVEIRA, Lucília Graziele Rodrigues et al. Cobertura vacinal do HPV Quadrivalente no estado do Piauí. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 1, p. e5510-e5510, 2021.

DENARDIN, Juliana Caroline. CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E A MÁ ADESÃO DA VACINA CONTRA O PAPILOMA VÍRUS HUMANO (HPV): Uma revisão bibliográfica. Dê Ciência em Foco, v. 5, n. 1, p. 34-51, 2021.

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FLORIANO, Laufercem Ferreira; FONTENELE, Raquel Malta. Descrição da cobertura vacinal do HPV na região Sul do Brasil. VITTALLE-Revista de Ciências da Saúde, v. 34, n. 1, p. 36-43, 2022.

GLEHN, Mateus de Paula von et al. Cobertura da vacinação contra papilomavírus humano no Nordeste do Brasil, 2013-2021: estudo descritivo. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 32, p. e2022790, 2023.

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¹ ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4819-441X
Universidade Nilton Lins, Brasil
E-mail: mellorynetalydeoliveiramagalha@gmail.com

² ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6977-7035
Universidade Nilton Lins, Brasil
E-mail: boterobiia@gmail.com

³ ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7263-7452
Universidade Nilton Lins, Brasil
E-mail: jesuseden33@gmail.com

⁴ ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2013-3498
Universidade Nilton Lins, Brasil
E-mail: henrique0187@gmail.com

⁵ Aluna de graduação do curso de Farmácia
Universidade Nilton Lins, Brasil

⁶ Aluno de graduação do curso de Farmácia
Universidade Nilton Lins, Brasil
E-mail: h4ck3rn3l0@gmail.com

⁷ ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0562-8433
Professor Orientador
Universidade Nilton Lins, Brasil
E-mail: alyssonsena@hotmail.com