THE USE OF ESSENTIAL OILS AS AN INTEGRATIVE PRACTICE IN THE CONTEXT OF OBSTETRIC NURSING DURING LABOR: AN INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10689573
Rayelle Tássia Azevêdo de Caldas¹; Rafaela Pereira de Medeiros Rodrigues2; Rosângela Guimarães de Oliveira3; Aline de Alcântara Correia4; Mabelly Pessoa de Lima Oliveira5; Patrícia de Vasconcelos Medran Moreira6; Luanna Toscano de Theorga Bodziak7; Andréa Correia Nóbrega de Sá8; Selda Gomes de Sousa9.
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo analisar a ação dos óleos essenciais como prática integrativa durante o trabalho de parto quando utilizados pela enfermagem obstétrica. Metodologicamente trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, do tipo revisão integrativa da literatura, realizada no período de agosto a novembro de 2022, nas bases de dados Pubmed, Web of Science, Scopus e Cochrane, com a seleção de estudos que foram publicados entre 2018-2022, disponíveis na íntegra, nos idiomas inglês, espanhol e português. Após o processo de seleção obteve-se como resultado a seleção de nove artigos que apontam a aromaterapia como prática terapêutica de excelente mecanismo para alívio da dor, redução da ansiedade durante o trabalho de parto e parto, mas também demais benefícios como promoção de conforto, relaxamento e melhora na qualidade do sono. Desta forma, os óleos essenciais de Camomila, Boswellia Carteri, Lavanda, Gerânio Rosa, Cítricos, Jasmim, Rosa Damascena e Frangipani auxiliam na redução da intensidade da dor isoladamente, já os óleos de Néroli e Rosa Damascena atuam tanto na redução da dor como na redução da ansiedade durante o trabalho de parto. Diante do exposto, recomendamos a ampliação de estudos referente aos benefícios da aromaterapia na assistência obstétrica, bem como a necessidade de pesquisas randomizadas no Brasil e no mundo para a expansão do reconhecimento da importância deste método terapêutico.
Palavras-chave: Aromaterapia; Óleos Essenciais; Práticas Integrativas; Trabalho de Parto; Enfermagem Obstétrica.
ABSTRACT
The article aimed to analyze the action of essential oils as an integrative practice during labor when used by obstetric nursing. Methodologically, it is a descriptive study, with a qualitative approach, of the integrative literature review type, carried out from August to November 2022, in the Pubmed, Web of Science, Scopus and Cochrane databases, with the selection of studies that were published between 2018-2022, available in full, in English, Spanish and Portuguese. After the selection process, the result was the selection of nine articles that point to aromatherapy as a therapeutic practice with an excellent mechanism for pain relief, reduction of anxiety during labor and delivery, but also other benefits such as promoting comfort, relaxation and improved sleep quality. In this way, the essential oils of Chamomile, Boswellia Carteri, Lavender, Rose Geranium, Citrus, Jasmine, Damask Rose and Frangipani help to reduce the intensity of pain alone, while neroli and damask rose oils act both in reducing pain and in reduced anxiety during labor. In view of the above, we recommend the expansion of studies regarding the benefits of aromatherapy in obstetric care, as well as the need for randomized research in Brazil and in the world to expand the recognition of the importance of this therapeutic method.
Keywords: Aromatherapy; Essencial oils; Integrative Practices; Labor of Childbirth; Obstetric Nursing.
1 INTRODUÇÃO
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) definem 2020 o Ano Internacional da Enfermagem e Obstetrícia, reconhecendo a importância da força de trabalho realizado por estes profissionais no âmbito mundial, além de pontuarem investimentos necessários para melhora nas condições de trabalho e desenvolvimento profissional (OLIVEIRA et al., 2021).
O trabalho ofertado pela categoria foi documentado pelo Relatório State of the World’s Midwifery 2021 (SoWMy 2021), conduzido pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), OMS e Confederação Internacional de Parteiras (ICM), destacando a necessidade de mais profissionais na área e da importância do cuidado oferecido pela categoria profissional na saúde e na redução significativa de mortes maternas, de recém-nascidos e natimortos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2021).
Diante disso, a prática assistencial da Enfermagem Obstétrica (EO) traz mudanças significativas nos indicadores de saúde e na forma de oferta de cuidado. Afirma-se que esta especialidade contribui para garantia dos princípios atuais nacionais e internacionais na atenção à saúde da mulher, especialmente no parto e nascimento, diante da utilização de boas práticas em saúde e redução de intervenções desnecessárias no trabalho de parto, oportunizando a mulher experiência positiva em relação ao processo de parto e nascimento (DE MOURA ALVES et al., 2019).
Assim, dentre as estratégias positivas no cuidado terapêutico ofertado pela EO como exercício das boas práticas em saúde, há a aromaterapia, norteada pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), por meio da Portaria GM/MS nº 971/2006, estabelecida no Sistema Único de Saúde (SUS), e alterada pela Portaria de Consolidação nº 2/GM/MS, nº702/2017 incluindo a técnica terapeuta supracitada nas Práticas Integrativas e Complementares (PICS) (BRASIL, 2018).
Neste sentido, a aromaterapia além de estar inserida em Políticas de Saúde no Brasil, trata-se de tecnologia de baixo custo com finalidade de proporcionar conforto, segurança, apoio emocional materno e contribuição para uma vivência respeitosa à mulher em trabalho de parto (PRATA et al., 2021).
Assim, o estudo aqui apresentado tem como objetivo analisar a ação dos óleos essenciais como prática integrativa durante o trabalho de parto, quando utilizados pela EO, por meio de revisão integrativa da literatura. Além disso, esse trabalho justifica-se diante da necessidade do entendimento sobre a utilização e ação dos óleos essenciais durante o trabalho de parto das gestantes, visto que tal prática está cada vez mais utilizada, enquanto recurso terapêutico, por profissionais da Enfermagem Obstétrica no Brasil e no Mundo.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Aromaterapia como Recurso Terapêutico das Práticas Integrativas na Enfermagem Obstétrica
A aromaterapia trata-se do uso de óleos essenciais através de aplicação tópica, inalatória ou olfatória, objetivando na prevenção, cura e diminuição de sintomas corporais (PESSOA et al., 2021). Historicamente, o uso das ervas aromáticas é de conhecimento milenar, pois há 60 mil anos os povos da antiguidade as usavam com a finalidade medicinal e religiosa.
No século XIX, a Enfermeira Florence Nightingale, em 1853, aplicou o óleo essencial de lavanda na testa dos soldados, na Guerra da Criméia, para acalmá-los, fazendo com que a aromaterapia fosse considerada objeto de estudo científico para base nas Teorias de Enfermagem (MOHAMMADI F et al., 2021).
Em 1920, o químico francês Maurice René de Gattefossé denominou o termo “aromaterapia”, impulsionada por uma experiência pessoal quando, acidentalmente ele queimou o braço em laboratório de perfume e na tentativa de apagar o fogo, mergulhou o membro em barril com NOx Ph232, ou óleo de lavanda, tendo o alívio da dor sem sinais e sintomas detectados habitualmente em queimaduras: vermelhidão, calor, inflamação, bolhas e cicatrizes (LICHTINGER, 2006).
Segundo Macedo (2018), na década de 1930, a França e a Inglaterra passaram a pesquisar o uso terapêutico dos óleos essenciais, sendo considerada prática integrante da aromatologia. No Brasil, a aromaterapia é reconhecida como prática integrativa e complementar com amplo uso individual ou coletivo, associada a outras práticas a exemplo da talassoterapia e naturopatia.
As Práticas Integrativas e Complementares (PICs), onde a aromaterapia está inserida, contribui sensivelmente com a qualidade de vida da população, considerando o ser holístico e integral. Esta abordagem colabora com a prevenção e tratamento de doenças (PESSOA et al., 2021).
Assim, a Aromaterapia é um tema relevante para a Enfermagem Obstétrica por se tratar de prática não invasiva que proporciona gestação e trabalho de parto de qualidade. Além disso, tem se destacado na Saúde da Mulher por fazer parte de práticas alternativas, gerando humanização no cuidado e proporcionando várias possibilidades durante a assistência (RIEGEL et al., 2018).
Especificidades dos Óleos Essenciais como prática da Aromaterapia no Trabalho de Parto
Os óleos essenciais são compostos químicos concentrados e voláteis extraídos de plantas aromáticas e medicinais por meio de processos específicos com objetivo terapêutico de recuperar, harmonizar o equilíbrio do organismo, promover bem-estar físico e mental (BRASIL, 2018). Tal modalidade de óleos é utilizada na aromaterapia, que é uma prática de cuidado em saúde e beleza que utiliza o óleo essencial como ativo principal para realização da técnica com finalidade de obter efeitos físicos e emocionais (AMARAL, 2015).
Na Inglaterra, Marguerite Maury, Enfermeira e Bioquímica, idealizou a aromaterapia e em seus estudos indicou as vias inalatória e dermatológica como possíveis formas de administração dos óleos essenciais (BUCKLE, 2019). Independente da via de administração, as técnicas de aplicação do óleo essencial podem obter relaxamento, redução da ansiedade, liberação das vias respiratórias, melhora da circulação, eliminação de toxinas pelo corpo e dentre outros efeitos (NASCIMENTO; PRADE, 2020).
Segundo Amaral (2015), as técnicas de aplicação dermatológica como massagens, banhos e fricções são mecanismos de tratamento da musculatura e circulação, pois as moléculas são absorvidas, entram na circulação sanguínea e são transportadas para os tecidos e órgãos do corpo. Já as técnicas de tratamento emocional são realizadas por meio da via olfatória: as moléculas são absorvidas pelos nervos olfativos que estão interligados ao sistema nervoso central e levam o estímulo ao sistema límbico cerebral, responsável pelas respostas emocionais do ser humano.
Conforme a Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal, a aromaterapia é indicada como mecanismo de alívio da dor no trabalho de parto, sendo utilizada por meio de massagens ou por difusão aérea para promoção da redução do processo de trabalho de parto (BRASIL, 2017). Dessa forma, é fundamental compreender as ações dos óleos essenciais em cada fase de trabalho de parto, respeitando a tolerância de cada mulher mediante suas particularidades.
As especificidades dos óleos essenciais influenciam em cada fase de trabalho de parto devido princípios ativos naturais. Na primeira fase, fase de dilatação, os óleos com função calmante e sedativa são recomendados: Camomila e Lavanda. Em continuidade, os óleos que promovem relaxamento como o Líbano são indicados durante a fase de transição. Já para o alívio da dor, os óleos, Sálvia sclarea e Lavanda, que possuem ação analgésica são alternativas excelentes. Na segunda fase de trabalho de parto, o expulsivo, os compostos fortes e apimentados, Jasmim, auxilia no aumento de contrações uterinas, diminuindo o tempo do processo (SILVA et al., 2019).
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, do tipo revisão integrativa da literatura. Este tipo de trabalho determina o conhecimento atual sobre uma temática específica, já que é conduzida de modo a identificar, analisar e sintetizar resultados de estudos independentes sobre o mesmo assunto, contribuindo, pois, para uma repercussão benéfica na qualidade dos cuidados prestados às gestantes com uso de aromaterapia.
Este tipo de revisão é composta por seis fases do processo de elaboração, a saber: 1. elaboração da pergunta norteadora; 2. busca ou amostragem na literatura; 3. coleta de dados; 4. análise crítica dos estudos incluídos; 5. discussão dos resultados; e 6. apresentação da revisão integrativa (SOUZA et al., 2010).
Para o desenvolvimento deste manuscrito foram respeitadas as etapas citadas, iniciando pela elaboração da pergunta norteadora da pesquisa, obtendo o seguinte questionamento: Qual a ação dos óleos essenciais durante o trabalho de parto, quando utilizados pela enfermagem obstétrica, junto às gestantes, como recurso terapêutico reconhecido nas Práticas Integrativas?
A busca de artigos potenciais ocorreu entre os meses de agosto e novembro de 2022, nas seguintes bases de dados: Pubmed, Web of Science, Scopus e Cochrane. Para seguimento da coleta de dados estabeleceu-se a seleção de descritores após consulta aos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS)/Medical Subject Headings (MeSH). Os termos escolhidos foram utilizados juntamente com operadores booleanos nas seguintes combinações: Aromatherapy OR Oils, Volatile AND Pregnancy AND Parturition AND Postpartum Period. Foram utilizadas também combinações com um ou outro termo, dentre estes, para tentar abarcar ao máximo as publicações existentes.
Quanto aos critérios de elegibilidade para a inclusão dos artigos na pesquisa foram considerados todos aqueles que abordam sobre a ação dos óleos essenciais durante o trabalho de parto, quando utilizados pela Enfermagem Obstétrica, que tenham sido publicados nos últimos cinco anos, disponíveis na íntegra e que estejam nos idiomas inglês, espanhol ou português.
Entretanto, foram tomados como critérios de exclusão dos estudos pesquisados, estudos que abordam a ação dos óleos essenciais durante o trabalho de parto por Enfermeiros Obstétricos, porém que foram publicados nas seguintes modalidades: editoriais, opiniões, comentários, monografias, dissertações, teses ou revisões.
Figura 1. Fluxograma prisma da seleção das publicações para a revisão integrativa. João Pessoa, PB, Brasil, 2022.
Fonte: Pubmed, Web of Science, Scopus e Cochrane (2023).
Após a seleção dos estudos que atendiam aos critérios de elegibilidade, foram extraídas informações como: autor, ano, país, título do artigo, objetivo do estudo, método empregado, população, óleo essencial utilizado e desfecho/resultado. Essas informações foram adicionadas em formulário adaptado para esta revisão.
4 RESULTADOS
Os nove artigos selecionados discorrem sobre o uso de óleos essenciais em mulheres em trabalho de parto. Os cenários das pesquisas foram na Tailândia, Indonésia, Itália, Chipre e Irã, sendo todos os estudos em idioma inglês estando disponíveis nas bases de dados, conforme apresentado na Tabela 1. Os resumos dos estudos incluídos na referida tabela citam os seguintes itens: autores, título, objetivos, população, metodologia, óleo essencial e principais resultados sobre a aromaterapia no trabalho de parto.
Majoritariamente, as pesquisas eram do tipo ensaio clínico randomizado (ECR) em que os trabalhos avaliaram a eficácia do óleo para redução da dor no parto e ansiedade, comparando entre o uso do óleo com placebo e comportamento clínico do trabalho de parto (duração, quantidade e intensidade das contrações uterinas).
Os estudos supracitados tiveram como cenário de pesquisa o ambiente hospitalar e primíparas, baixo risco, gestação a termo, em trabalho de parto ativo com dilatação de colo uterino de no mínimo três centímetros. Ademais, outros tipos de estudos foram incluídos na revisão como os trabalhos quasi-experimental com perfil de amostra idêntico ao dos estudos randomizados.
Nos artigos analisados, o uso dos óleos foi avaliado durante as fases do trabalho de parto, em sua maioria na primeira fase. Além disso, utilizaram como instrumento de pesquisa para identificar a redução da dor no trabalho de parto: Escala Visual Analógica de Dor; Escala Numérica de Avaliação de Dor e Questionamento de dor MCGill
A Escala Visual Analógica de dor (EVA) é utilizada para avaliar a dor a partir da percepção real do sujeito; enquanto a Escala Numérica de Avaliação de dor (NRS-11) compreende a dor por meio da mensuração numérica; já o questionário de dor MCGill (MPQ) oferece medidas qualitativas da dor e avalia qualidades sensoriais, afetivas, temporais e miscelânea desse sinal.
Para os artigos com intenção de investigar o uso do óleo essencial para reduzir a ansiedade utilizaram o questionário de ansiedade Spielberger, composto por duas escalas que avaliam a ansiedade-traço e ansiedade-estado. Demais investigações utilizaram questionários próprios e fichas de histórico clínico e obstétrico semiestruturados.
Os óleos essenciais escolhidos para serem estudados foram de Lavanda (Lavandula), Gerânio Rosa (Pelargonium graveolens), Cítricos, Jasmim (Jasminum sambac), Rosa damascena (Rosa damascena), Jasmim-manga/Frangipani (Plumeria L.), Camomila (Matricaria chamomilla L.), Olíbano (Boswellia carteri), e Néroli/Laranja amarga (Citrus aurantium L.) sob a administração por inalação (aderido a um difusor de ambiente ou gaze embebida) e método de massagem (ação dermatológica).
Quadro 01: Estudos incluídos na revisão integrativa. João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2022.
Fonte: Pubmed, Web of Science, Scopus e Cochrane (2023).
5 DISCUSSÃO
Os achados do presente estudo mostraram que o uso dos óleos essenciais no trabalho de parto indica redução da dor e ansiedade. Além disso, apresenta benefícios como a promoção de conforto, relaxamento e melhora da qualidade do sono. Considerando as propriedades terapêuticas dos óleos essenciais e a prática da aromaterapia, constata-se nos estudos analisados nesta pesquisa que a beneficência da tecnologia de cuidado durante o trabalho de parto foi majoritariamente o alívio da dor e a redução da ansiedade.
No estudo de Heidari-fard (2018) examinou-se o efeito do aroma de Camomila em alguns parâmetros da gravidez. O investigador registrou a duração, número, intensidade das contrações e o nível de satisfação após o parto. Além disso, foi observado que o óleo essencial de Camomila diminui a intensidade das contrações na dilatação de 5-7 cm. Os resultados mostram maior satisfação em mulheres que receberam intervenção com Camomila, embora não se tenha identificado efeito sobre a duração e o número de contrações.
Já no estudo de Esmaelzadeh-Saeieh et al. (2018) articulado às evidências de Heidari-fard (2018), comprova que o uso do óleo essencial de Boswellia carteri em mulheres nulíparas no primeiro estágio de trabalho de parto reduz significativamente a intensidade da dor. Além disso, os achados das pesquisas revelaram que a Camomila não tem efeito sobre a duração e o número de contrações durante o trabalho de parto. Ademais, a terapia com Boswellia carteri não mostrou diferenças em relação ao Apgar do 1º e 5º minuto de vida do recém-nascido.
Conforme o estudo de Tanvisut et al. (2018), realizado em 104 mulheres, dividiu-as em dois grupos, comportando 52 mulheres em cada grupo. O grupo que relatou menor dor durante parto recebeu a aromaterapia usando os óleos essenciais de Lavanda, Gerânio Rosa, os Cítricos e Jasmim. Assim, mostrou que a aromaterapia é útil na redução da dor na fase latente e ativa precoce e, provavelmente, pode ser usada como método adjuvante para o controle da dor do trabalho de parto sem efeitos colaterais graves.
O estudo de Chughtai et al. (2018) também utilizou o óleo de lavanda para investigação como Tanvisut et al. (2018), dessa forma testaram 120 mulheres primíparas com os óleos de Rosa Damascena, lavanda e sua combinação com a finalidade de diminuir a intensidade da dor do trabalho de parto. Assim, o achado apontou que o óleo de rosa damascena obteve maior efeito analgésico em comparação à Lavanda. Além disso, esta essência se mostrou mais eficaz isolada do que a fórmula combinada com Rosa Damascena.
A investigação de Sriasih et al. (2018) estudou a influência do óleo de frangipani na primeira etapa do trabalho de parto em primíparas por meio da massagem do períneo materno. Foi observado que as condições do períneo no grupo que recebeu o óleo, em sua maioria, não sofreram laceração do períneo, enquanto que no grupo que não recebeu, a maioria sofreu lesão de grau 1. Mostrou-se assim que existe influência deste óleo essencial na massagem perineal.
A massagem com óleo essencial de Frangipani foi estudado posteriormente por Sriasih et al. (2019), neste estudo foi evidenciado que as mulheres que fizeram uso da massagem com este óleo sentiram diminuição da dor nesta fase. Corroborando com este estudo, a massoterapia foi avaliada juntamente com a inalação do óleo essencial de lavanda por Karatopuk (2022). Neste estudo, três grupos de mulheres foram avaliados: grupo controle, grupo de inalação de essência de lavanda e grupo massagem com essência de lavanda. Enquanto resultado, foi observado que os dois métodos contribuíram para o alívio da percepção da dor do parto.
Já no trabalho de Hamdamian et al. (2018) quanto aos efeitos da rosa damascena na dor do trabalho de parto e ansiedade inerente a esta fase, observou-se que das 110 mulheres estudadas, o grupo que recebeu aromaterapia obteve redução na intensidade da dor e ansiedade no primeiro estágio do trabalho de parto durante a primeira fase.
A redução da ansiedade pela utilização da aromaterapia também foi observada no estudo de Scandurra et al. (2022), que comungou com a investigação de Hamdamian et al. (2018) quando mostrou alívio no sintoma com a utilização do óleo de Néroli, que, por difusão de ambiente, indicou um efeito positivo tanto na ansiedade quanto na dor durante todas as fases de trabalho de parto.
Embora, recentemente, a aromaterapia foi uma das Práticas Integrativas inseridas na política em 2018, no cenário brasileiro é pouco utilizada na assistência à saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), fazendo-se necessário ampliar a prática para compor as ações de saúde pública, bem como estimular aprofundamento da temática por meio de pesquisas científicas. Reitera-se que a ferramenta terapêutica possui um efeito potencializador para a assistência obstétrica e autonomia do Enfermeiro Obstetra nos cenários de saúde.
6 CONCLUSÃO
A revisão integrativa apresentada neste trabalho demonstrou que a utilização dos óleos essenciais como prática integrativa durante o trabalho de parto tem sido inserida como recurso terapêutico em maternidades de vários lugares do mundo. No entanto, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão deste trabalho, a maioria dos estudos aqui revisados foram realizados no continente asiático, e não se obteve nenhum estudo realizado no Brasil.
Também se constatou que a utilização dos óleos essenciais pode ter ação positiva na redução da dor, do estresse e da ansiedade das gestantes, assim como na promoção de conforto, relaxamento e melhora da qualidade do sono. Porém, é importante destacar que a utilização dos óleos essenciais deve ser feita com cuidado e orientação de profissionais capacitados, pois podem apresentar riscos e interações com medicamentos utilizados durante o trabalho de parto.
Assim, a Enfermagem Obstétrica tem papel importante na orientação das gestantes sobre a utilização segura e adequada dos óleos essenciais durante o trabalho de parto, fazendo-se necessário o estímulo da atuação deste profissional, juntamente com a equipe multiprofissional, frente às práticas integrativas a que se insere a aromaterapia.
Nesse sentido, recomenda-se ampliação de estudos referentes aos benefícios da aromaterapia na assistência obstétrica, particularmente, pela Enfermagem Obstétrica que está em cuidado contínuo à mulher durante o trabalho de parto, parto e puerpério. Além disso, apontamos a necessidade de estudos brasileiros e demais localidades do mundo para evidenciar a importância e reconhecimento do método não farmacológico como ferramenta de boas práticas de assistência à mulher.
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¹Residente do Programa de Residência em Enfermagem Obstétrica pela Escola de Saúde Pública da Paraíba- ESP/PB (SES-PB). Graduada em Enfermagem (UEPB). E-mail: rayelle.tassia@gmail.com;
2Residente do Programa de Residência em Enfermagem Obstétrica pela Escola de Saúde Pública da Paraíba- ESP/PB (SES-PB). Graduada em Enfermagem (UFPB). E-mail: rafamedeirosr7@gmail.com;
3Doutora e Mestre em Educação (UFPB). Especialista em Traumato-Ortopedia (COFFITO). Especialista em Recursos Fisioterápicos. Especialista em Acompanhamento, Monitoramento e Avaliação em Educação na Saúde Coletiva (UFRGS). Graduada em Fisioterapia (UFPB). Tutora do Eixo Transversal da Residência em Enfermagem Obstétrica – ESP/PB (SES-PB). E-mail: fisioro9@gmail.com;
4Doutora em Ciências da Saúde (Instituto Michelle Sales). Mestre em Modelos de Decisão e Saúde (UFPB). Especialista em Enfermagem Obstétrica (Faculdade Play). Graduada e Licenciada em Enfermagem (UFPB). Tutora do Eixo Específico da Residência em Enfermagem Obstétrica – ESP/PB (SES-PB). E-mail: alinealcorreia1@gmail.com;
5Residente do Programa de Residência em Enfermagem Obstétrica da Escola de Saúde Pública da Paraíba – ESP/PB (SES-PB). Graduada em Enfermagem (UFPB). E-mail: mabellypessoa@outlook.com;
6Especialista em Enfermagem Obstétrica (FASER). Especialista em Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (FIOCRUZ). Especialista em Linhas de cuidado: Saúde Materna, Neonatal e o Lactente (UFSC). Especialista em Educação na Saúde para Preceptores do SUS (Hospital Sírio Libanês). Graduada em Enfermagem (UNISINOS). Preceptora da Residência em Enfermagem Obstétrica – ESP/PB (SES-PB). E-mail: patriciamedranmoreira@hotmail.com;
7Especialista em Enfermagem Obstétrica (FASER). Especialista em Educação na Saúde para Preceptores do SUS (Hospital Sírio Libanês). Graduada em Enfermagem (FASER). Preceptora da Residência em Enfermagem Obstétrica – ESP/PB (SES-PB). E-mail: luabodziak@gmail.com;
8Especialista em Ginecologia e Obstetrícia (FAMENE). Pós-graduanda em Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia e Terapeuta Sexual (GENUS). Graduada em Medicina pela FAMENE. E-mail: andreacorreiago@gmail.com;
9Doutora em Saúde Pública (FIOCRUZ). Mestre em Enfermagem (UFRN). Especialista em Gestão de Serviços de Saúde (UFRN). Graduada em Enfermagem (FSM). Coordenadora da Residência em Enfermagem Obstétrica -ESP/PB (SES-PB). E-mail: seldagsa@gmail.com.