A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NO MONITORAMENTO DA SAÚDE: AVANÇOS E DESAFIOS NA SAÚDE PÚBLICA

THE USE OF DIGITAL TECHNOLOGIES IN HEALTH MONITORING: ADVANCES AND CHALLENGES IN PUBLIC HEALTH

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202502080133


Allan Kardec Lima Brandão¹; Ruan Gabriel Pinho Botelho dos Santos²; Cleice Rosani Azevedo dos Reis Portela³; Heliomar de Souza Silva Brandão4; Jane de Jesus Oliveira Senra Assunção5; Flávia Loiola Chaves6; Olinda Viana Laurindo7; Anderson Bentes de Lima8; Amanda da Costa Silveira Sabbá9; Marcus Vinícius Henriques Brito10.


RESUMO: O avanço das tecnologias digitais tem impactado significativamente o setor da saúde, especialmente com a telemedicina e os aplicativos de monitoramento de doenças crônicas. Objetivou-se analisar o impacto das tecnologias digitais, especificamente a telemedicina e os aplicativos de saúde, na melhoria do acesso e na qualidade dos cuidados de saúde. Trata-se de uma abordagem quantitativa, observacional, descritivo, explicativa do tipo transversal, referindo-se a temática aqui abordada no intuito de sustentação ao desenvolvimento da pesquisa. Foi verificado que as tecnologias digitais, como a telemedicina e os aplicativos para monitoramento de doenças crônicas, têm desempenhado um papel transformador no setor da saúde. Observou-se que a telemedicina e os aplicativos de saúde contribuíram significativamente para a redução das barreiras geográficas, facilitando consultas médicas e diagnósticos à distância. Além disso, permite uma continuidade de cuidados essencial para pacientes com condições crônicas, garantindo acompanhamento regular. Assim a pesquisa concluiu que a telemedicina e os aplicativos de saúde apresentam um grande potencial para transformar a saúde pública, mas é necessário um planejamento estratégico que inclua a superação das barreiras atuais. Somente dessa forma será possível maximizar os benefícios dessas tecnologias e garantir que sua utilização contribua para a equidade no acesso aos serviços de saúde.

Palavras-chave Telemedicina. Aplicativos móveis. Doenças crônicas. Tecnologia digital. Acessibilidade.

ABSTRACT: The advancement of digital technologies has significantly impacted the healthcare sector, especially with telemedicine and chronic disease monitoring applications. The objective was to analyze the impact of digital technologies, specifically telemedicine and health applications, on improving access and quality of healthcare. This is an approach quantitative, observational, descriptive, explanatory cross-sectional approach, referring to the theme addressed here in order to support the development of the research. It was verified that digital technologies, such as telemedicine and applications for monitoring chronic diseases, have played a transformative role in the health sector. It was observed that telemedicine and health applications have significantly contributed to reducing geographic barriers, facilitating remote medical consultations and diagnoses. Furthermore, it allows essential continuity of care for patients with chronic conditions, ensuring regular monitoring. Thus, the research concluded that telemedicine and health applications have great potential to transform public health, but strategic planning is necessary that includes overcoming current barriers. Only in this way will it be possible to maximize the benefits of these technologies and ensure that their use contributes to equity in access to health services

Keywords Telemedicine. Mobile applications. Chronic diseases. Digital technology. Accessibility.

Introdução

Nos últimos anos, as tecnologias digitais transformaram diversos setores, e a saúde não ficou de fora dessa revolução. O uso de ferramentas como a telemedicina e aplicativos para monitoramento de condições crônicas vem promovendo mudanças significativas no acesso e na qualidade dos cuidados em saúde. A telemedicina, em particular, tornou-se um recurso essencial, sobretudo durante a pandemia de COVID-19, permitindo que pacientes pudessem ser atendidos sem sair de casa, reduzindo o risco de contaminação e facilitando o acesso em regiões de difícil alcance¹.

Além da telemedicina, os aplicativos de saúde têm desempenhado um papel importante no gerenciamento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Tais ferramentas digitais permitem que pacientes acompanhem sua condição em tempo real, mantendo contato constante com seus médicos e seguindo as recomendações terapêuticas de forma mais eficiente². No entanto, o sucesso dessas iniciativas depende da superação de desafios, como a acessibilidade às tecnologias, a segurança dos dados e a adesão dos pacientes aos sistemas digitais³.

Nesse cenário, o impacto das tecnologias digitais na saúde vai além da simples adoção de ferramentas tecnológicas. Trata-se de uma transformação cultural que envolve tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes, exigindo uma adaptação das práticas e rotinas para melhor atender às demandas de um mundo cada vez mais digital⁴. Este artigo busca explorar essas transformações e os principais desafios enfrentados por essas inovações tecnológicas.

A relevância deste estudo se encontra na necessidade de analisar criticamente o papel da tecnologia digital na melhoria do acesso e da qualidade dos serviços de saúde, especialmente em um país de dimensões continentais como o Brasil, onde desigualdades no acesso à saúde são evidentes. A crescente utilização da telemedicina e dos aplicativos para monitoramento de doenças crônicas representa uma oportunidade de reduzir essas disparidades, mas também impõe novos desafios. Diante desse contexto, pergunta-se: Como as tecnologias digitais podem contribuir de forma eficaz para a equidade no acesso aos serviços de saúde, e quais são os principais obstáculos que precisam ser superados para sua implementação plena?

O presente estudo tem como objetivo analisar o impacto das tecnologias digitais, especificamente a telemedicina e os aplicativos de saúde, na melhoria do acesso e na qualidade dos cuidados de saúde. Pretende-se discutir os principais benefícios dessas ferramentas, assim como as limitações e desafios enfrentados na sua implementação. Além disso, busca-se identificar de que maneira essas inovações podem contribuir para a equidade nos serviços de saúde.

Este trabalho adota uma abordagem baseada em pesquisa bibliográfica, com foco em publicações científicas, artigos acadêmicos e documentos governamentais sobre o uso de tecnologias digitais na saúde. A metodologia inclui a análise crítica de textos que abordam a telemedicina e os aplicativos de saúde no monitoramento de doenças crônicas, explorando os avanços e desafios dessas ferramentas na prática.

Desenvolvimento

Telemedicina e o Impacto na Acessibilidade aos Serviços de Saúde

O uso da telemedicina tem sido particularmente importante em áreas rurais e periféricas, onde a escassez de profissionais especializados limita o acesso da população a cuidados de saúde. De acordo com o Ministério da Saúde⁵, a expansão da telemedicina foi uma das respostas mais eficazes para enfrentar as limitações de infraestrutura e a falta de profissionais de saúde nessas áreas. O recurso à tecnologia, combinado com uma estratégia eficaz de gestão de saúde, permitiu que pacientes dessas regiões tivessem acesso a consultas especializadas sem a necessidade de longos deslocamentos, o que não apenas reduziu os custos de transporte, mas também proporcionou um atendimento mais célere e contínuo.

A acessibilidade aos serviços de saúde é um tema central na discussão sobre a telemedicina, uma vez que a tecnologia tem potencial para reduzir as barreiras tradicionais que impedem o acesso da população a cuidados médicos. Ressalta-se que a telemedicina não apenas melhora a eficiência dos serviços de saúde, mas também amplia significativamente a capacidade de atendimento, especialmente em momentos de sobrecarga dos sistemas de saúde, como ocorreu durante a pandemia de COVID-19⁶. Nessa conjuntura, a telemedicina se mostrou uma ferramenta crucial para manter o funcionamento dos serviços de saúde, ao permitir que médicos e outros profissionais de saúde atendessem a uma quantidade maior de pacientes sem comprometer a qualidade do atendimento.

No contexto da pandemia, a telemedicina desempenhou um papel fundamental na mitigação do impacto sobre os sistemas de saúde. A telemedicina foi uma solução essencial para garantir a continuidade do atendimento médico em tempos de restrições de mobilidade e distanciamento social. Além disso, a modalidade remota de atendimento possibilitou a triagem de casos que realmente necessitavam de atendimento presencial, desafogando os serviços de urgência e evitando que pacientes em condição estável se expusessem ao risco de contaminação em hospitais e clínicas⁷. A flexibilidade da telemedicina também permitiu que médicos acompanhassem de forma contínua os pacientes com condições crônicas, mantendo um monitoramento ativo, mesmo em tempos de lockdown.

Entretanto, o sucesso da telemedicina depende de uma série de fatores, incluindo a qualidade da infraestrutura de telecomunicações e o acesso à tecnologia por parte da população. A acessibilidade à internet, por exemplo, é um ponto crítico que define se a telemedicina pode ou não ser uma opção viável em determinadas regiões. Embora a telemedicina tenha trazido inúmeras oportunidades para a expansão dos serviços de saúde, ainda há desafios significativos no que diz respeito à implementação de infraestrutura adequada em áreas menos desenvolvidas⁸. A falta de conectividade e a baixa adesão a tecnologias digitais por parte de alguns segmentos da população representam barreiras a serem superadas para que a telemedicina atinja todo o seu potencial.

Essas questões de infraestrutura estão diretamente ligadas à desigualdade de acesso aos serviços de saúde, uma vez que, nas regiões mais carentes de recursos, a população tende a ter menos acesso a dispositivos móveis e a uma conexão de internet de qualidade. Ressalta-se que a telemedicina tem um grande potencial para reduzir as desigualdades no acesso à saúde, mas apenas se for garantida a acessibilidade tecnológica a toda a população⁹. Sem uma infraestrutura de telecomunicações robusta, a telemedicina corre o risco de beneficiar apenas aqueles que já possuem certo nível de conectividade, deixando de lado justamente aqueles que mais precisam.

Além da questão tecnológica, há também o desafio da regulamentação e da segurança dos dados dos pacientes. Observa-se um alerta que, com a expansão da telemedicina, questões relacionadas à privacidade e ao uso ético dos dados tornaram-se ainda mais relevantes¹⁰. A confidencialidade das informações de saúde dos pacientes deve ser rigorosamente protegida, e isso requer a criação de protocolos claros e a aplicação de medidas de segurança cibernética eficazes. A adoção da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil, por exemplo, tem sido um passo importante nesse sentido, mas ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que todas as práticas relacionadas à telemedicina estejam alinhadas com essas normas de proteção de dados.

Outro aspecto relevante é o impacto que a telemedicina tem sobre a relação entre pacientes e profissionais de saúde. Discute-se que, embora o atendimento remoto possa ser eficiente e prático, ele também impõe novos desafios à interação médico-paciente. A relação de confiança, muitas vezes construída durante consultas presenciais, pode ser afetada pela ausência do contato físico e da interação direta¹¹. No entanto, essa questão pode ser minimizada com a capacitação dos profissionais para conduzir atendimentos de forma empática e eficiente, mesmo no ambiente virtual. O uso de tecnologias que facilitem a comunicação e a troca de informações entre médicos e pacientes também pode ajudar a manter uma relação de proximidade e confiança, mesmo à distância.

Ainda no que tange à formação dos profissionais de saúde, a telemedicina demanda novos conhecimentos e habilidades que nem sempre fazem parte da formação tradicional dos médicos e outros profissionais da área. É fundamental investir em treinamentos que capacitem os profissionais de saúde para lidar com as tecnologias digitais de forma eficiente¹². Isso inclui não apenas o uso das plataformas de telemedicina, mas também o entendimento das especificidades da comunicação a distância e das particularidades do atendimento remoto. Ao serem adequadamente capacitados, os profissionais podem oferecer um atendimento de qualidade, que atenda às necessidades dos pacientes, mesmo em um ambiente virtual.

A expansão da telemedicina também traz implicações importantes para a gestão dos sistemas de saúde. Com a possibilidade de monitoramento remoto e consultas a distância, gestores têm a oportunidade de otimizar os recursos disponíveis, direcionando os atendimentos presenciais para os casos que realmente necessitam dessa forma de cuidado. Isso contribui para uma utilização mais eficiente dos recursos de saúde, reduzindo filas e tempos de espera para consultas presenciais. Além disso, a telemedicina pode melhorar a coordenação entre os diferentes níveis de atenção à saúde, facilitando o encaminhamento de pacientes para os serviços adequados e garantindo uma continuidade de cuidados mais eficiente¹³.

Por fim, é importante destacar que o sucesso da telemedicina está intimamente ligado à sua aceitação por parte dos pacientes. Apesar dos benefícios claros, ainda existem barreiras culturais que dificultam a adesão plena a essa modalidade de atendimento. Muitos pacientes, especialmente os de mais idade ou os que vivem em áreas mais remotas, ainda relutam em confiar nas tecnologias digitais para o cuidado de sua saúde. Ressalta-se que, para que a telemedicina se consolide como uma ferramenta eficaz, é necessário promover campanhas educativas que conscientizem a população sobre os benefícios da telemedicina, além de garantir que as plataformas sejam acessíveis e fáceis de usar, mesmo para aqueles que possuem menos familiaridade com a tecnologia¹⁴.

Aplicativos de Saúde para Monitoramento de Doenças Crônicas: Benefícios e Limitações

O avanço dos aplicativos móveis de saúde possibilitou que pacientes com doenças crônicas pudessem gerenciar suas condições de forma mais autônoma. Esses aplicativos oferecem funcionalidades que vão desde o monitoramento de sinais vitais, como pressão arterial e níveis de glicose, até o envio de alertas para a administração de medicamentos¹⁵. Esses recursos são especialmente úteis para aqueles que precisam de monitoramento contínuo e, muitas vezes, complexo. O uso dessas ferramentas permite que os pacientes e seus médicos mantenham um acompanhamento mais preciso, o que pode resultar em ajustes mais rápidos no tratamento e melhor controle das condições crônicas.

Para muitos pacientes, os aplicativos de saúde não são apenas um complemento ao tratamento, mas uma ferramenta central no gerenciamento de sua saúde. Uma das maiores vantagens desses aplicativos é a possibilidade de os pacientes monitorarem seus dados de saúde de maneira simples e intuitiva, sem a necessidade de visitas frequentes ao médico¹⁶. Isso pode ser especialmente benéfico para aqueles que vivem em áreas remotas ou enfrentam dificuldades de mobilidade. A conveniência oferecida pelos aplicativos de saúde ajuda a garantir que os pacientes sigam seus tratamentos de forma mais regular, o que, consequentemente, pode reduzir complicações decorrentes da falta de adesão ao tratamento.

Contudo, apesar de todos os benefícios observados, o uso de aplicativos para o monitoramento de doenças crônicas também apresenta desafios e limitações. Todavia, esses aplicativos têm demonstrado ser eficazes no controle de doenças como diabetes mellitus, ainda há questões relacionadas à acurácia dos dados registrados pelos pacientes¹⁷. Em muitos casos, os dados podem ser inseridos de forma incorreta ou incompleta, o que pode comprometer o acompanhamento médico. Além disso, nem todos os pacientes têm familiaridade com o uso de tecnologias, o que pode dificultar a utilização adequada dos aplicativos. Isso levanta a necessidade de uma maior conscientização e treinamento para garantir que essas ferramentas sejam usadas de maneira eficaz.

Outro ponto a ser considerado é a segurança dos dados coletados pelos aplicativos de saúde. A importância da proteção das informações pessoais e médicas dos pacientes, que são armazenadas e compartilhadas por meio dessas plataformas¹⁸. Com o aumento do uso de tecnologias digitais na saúde, surgem preocupações sobre a vulnerabilidade dos dados sensíveis, principalmente em um cenário onde ciberataques e vazamentos de informações têm se tornado mais frequentes. Para garantir a segurança, é necessário que os desenvolvedores de aplicativos implementem rigorosas medidas de segurança, como criptografia e autenticação de múltiplos fatores, a fim de proteger os dados dos usuários.

Além das questões de segurança, o acesso a esses aplicativos também pode ser limitado por fatores socioeconômicos. Observa-se que nem todos os pacientes têm acesso a smartphones ou à internet, o que pode dificultar o uso dos aplicativos de saúde¹⁹. Esse problema é especialmente relevante em países em desenvolvimento, onde a desigualdade de acesso à tecnologia é evidente. Mesmo entre aqueles que possuem dispositivos móveis, a falta de conhecimento sobre como utilizá-los de forma eficaz para monitorar a saúde pode representar uma barreira significativa. Nesse sentido, é fundamental que as políticas públicas de saúde incluam estratégias de inclusão digital, de modo a garantir que todos os pacientes possam se beneficiar das inovações tecnológicas no campo da saúde.

Para além das questões tecnológicas e de segurança, os aplicativos de saúde também enfrentam desafios relacionados à adesão dos pacientes. Destaca-se que, embora muitos pacientes baixem aplicativos de saúde, nem todos utilizam as ferramentas de forma consistente²⁰. A falta de engajamento pode ser atribuída a diversos fatores, como a complexidade do aplicativo, a falta de motivação dos pacientes ou, em alguns casos, a ausência de suporte contínuo de profissionais de saúde. Para que os aplicativos tenham um impacto real no controle das doenças crônicas, é essencial que os pacientes estejam devidamente engajados e que os médicos incentivem o uso dessas ferramentas de forma contínua.

Os profissionais de saúde também desempenham um papel fundamental no sucesso dos aplicativos de monitoramento de doenças crônicas. Ressaltando que, para que essas tecnologias sejam eficazes, é necessário que os médicos e enfermeiros incorporem o uso dos aplicativos em suas práticas clínicas, utilizando os dados gerados pelos pacientes para ajustar tratamentos e fornecer orientações em tempo real²¹. No entanto, isso requer que os profissionais estejam familiarizados com as plataformas tecnológicas e saibam interpretar os dados de maneira correta. A integração entre os aplicativos e o sistema de saúde como um todo é essencial para garantir que as informações coletadas pelos pacientes sejam utilizadas de forma eficiente.

Outro aspecto importante é a personalização dos aplicativos de saúde. Os melhores aplicativos são aqueles que permitem uma abordagem personalizada, adaptando-se às necessidades específicas de cada paciente²². Por exemplo, pacientes com diabetes precisam monitorar seus níveis de glicose com mais frequência do que aqueles com hipertensão, que podem se beneficiar de lembretes sobre a medicação. A personalização dos aplicativos pode aumentar o engajamento dos pacientes e garantir que as ferramentas sejam usadas de maneira mais eficaz.

Além disso, que os aplicativos de saúde não devem ser vistos como substitutos dos cuidados presenciais, mas como uma extensão das práticas médicas²³. O acompanhamento de um médico continua sendo essencial para garantir que os tratamentos sejam ajustados conforme necessário e para fornecer suporte emocional e psicológico aos pacientes. A integração entre os aplicativos e o atendimento médico presencial pode proporcionar uma abordagem mais holística, garantindo que os pacientes recebam um cuidado contínuo e abrangente.

O futuro dos aplicativos de saúde no monitoramento de doenças crônicas parece promissor, mas ainda há muito a ser feito para que essas ferramentas alcancem todo o seu potencial. À medida que a tecnologia continua a evoluir, espera-se que os aplicativos se tornem ainda mais sofisticados, oferecendo recursos como inteligência artificial para prever crises de saúde e propor intervenções em tempo real²⁴. No entanto, para que isso se torne uma realidade, é necessário que os desenvolvedores continuem a trabalhar em estreita colaboração com profissionais de saúde e pacientes, garantindo que as ferramentas atendam às necessidades reais daqueles que vivem com doenças crônicas.

Material e Métodos

A pesquisa adotou uma metodologia quantitativa, observacional, descritiva e explicativa do tipo transversal, visando entender a telemedicina e os aplicativos de saúde como elemento-chave para transformar a saúde pública, melhorando acesso aos serviços de saúde. Foi conduzida uma revisão bibliográfica em bases de dados como PubMed, Scientific Electronic Library Online (SciELO), LILACS, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scholar Google e BIREME, utilizando termos relacionados à telemedicina e aplicativos de saúde. A escolha por esse método deve-se à sua relevância na identificação e compreensão de abordagens já desenvolvidas por outros pesquisadores, o que possibilita uma visão mais abrangente sobre o uso das tecnologias digitais na saúde. A pesquisa bibliográfica é fundamental, pois permite ao pesquisador construir um quadro teórico robusto e fundamentado, utilizando materiais já validados na comunidade científica²⁵.

Os critérios de inclusão abrangeram estudos publicados entre 2020 e 2024 em português e inglês, que discutiam estratégias de utilização da telemedicina e os aplicativos de saúde, excluindo estudos específicos sobre tipos particulares de aplicativos. A análise dos estudos selecionados identificou os principais avanços e desafios dessas tecnologias, buscando entender como elas contribuem para a melhoria da saúde pública e quais são as barreiras ainda a serem superadas.

Os dados foram coletados a partir da leitura completa dos estudos selecionados e apresentados de forma descritiva e analítica. A síntese dos principais achados buscou identificar as estratégias mais eficazes, sem realizar meta-análise devido à heterogeneidade dos estudos selecionados.

Resultados e Discussões

Os resultados deste estudo demonstram que as tecnologias digitais, como a telemedicina e os aplicativos para monitoramento de doenças crônicas, têm desempenhado um papel transformador no setor da saúde. Essas inovações não apenas modernizam a forma como os cuidados são prestados, mas também redefinem a interação entre pacientes e profissionais de saúde, promovendo uma abordagem mais centrada no paciente²⁶. No entanto, ainda há desafios importantes a serem superados para sua plena eficácia.

A telemedicina, por exemplo, mostrou-se eficiente na ampliação do acesso a cuidados médicos, especialmente em regiões remotas e durante a pandemia de COVID-19. Estudos apontam que ela contribuiu significativamente para a redução das barreiras geográficas, facilitando consultas médicas e diagnósticos à distância. Isso é especialmente crucial em locais onde a escassez de profissionais de saúde é um obstáculo constante, já que muitos pacientes que anteriormente não podiam acessar atendimento especializado agora podem fazê-lo com mais facilidade. Além disso, a telemedicina permite uma continuidade de cuidados que pode ser essencial para pacientes com condições crônicas, garantindo que eles não apenas recebam diagnósticos, mas também acompanhamento regular. Entretanto, um dos principais desafios reside na acessibilidade tecnológica. Uma parcela da população ainda não tem acesso a dispositivos ou à internet de qualidade, o que limita a utilização desses serviços. Essa exclusão digital é preocupante, pois agrava as desigualdades já existentes no acesso à saúde, especialmente entre comunidades vulneráveis e de baixa renda²⁷.

Em relação aos aplicativos de saúde, foi constatado que eles oferecem maior autonomia aos pacientes no controle de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Essas ferramentas promovem um monitoramento mais eficaz das condições de saúde, permitindo que os pacientes acompanhem seus sintomas e medições de forma proativa, além de possibilitar o compartilhamento de informações com profissionais de saúde em tempo real. No entanto, os resultados também indicam limitações, como a necessidade de maior adesão por parte dos pacientes. Muitos ainda enfrentam dificuldades para utilizar essas tecnologias de maneira consistente, seja por falta de familiaridade, motivação ou compreensão dos benefícios que esses aplicativos podem trazer para sua saúde. Além disso, questões relacionadas à privacidade e à segurança dos dados são preocupações crescentes. Os pacientes muitas vezes hesitam em compartilhar informações sensíveis, temendo que seus dados possam ser expostos ou mal utilizados. Para aumentar a confiança e a adesão, é essencial que as plataformas de saúde priorizem a transparência em suas práticas de coleta e uso de dados. Apesar dos benefícios que essas ferramentas podem trazer, ainda há barreiras tecnológicas e sociais que limitam a utilização ampla e eficaz dessas inovações. A superação desses obstáculos é fundamental para garantir que todos os indivíduos possam usufruir das vantagens da tecnologia na saúde, criando um sistema mais equitativo e acessível²⁸.

Adicionalmente, é importante considerar o papel da educação em saúde digital. A capacitação tanto de profissionais de saúde quanto de pacientes para o uso eficaz dessas tecnologias é vital. Programas de treinamento e conscientização podem ajudar a mitigar as lacunas de conhecimento e aumentar a confiança dos usuários, promovendo um uso mais efetivo das ferramentas disponíveis²⁹.

Conclusão

A utilização de tecnologias digitais na área da saúde, como a telemedicina e os aplicativos de monitoramento de doenças crônicas, representa um avanço significativo no acesso e na qualidade dos cuidados oferecidos à população. Esses recursos têm demonstrado seu valor ao proporcionar maior acessibilidade e controle sobre os tratamentos, especialmente em regiões onde o acesso a serviços de saúde é limitado³º. No entanto, o estudo evidenciou que ainda existem desafios a serem enfrentados, como a desigualdade de acesso às tecnologias, a segurança dos dados e a capacitação dos profissionais.

As limitações observadas no sistema de saúde, especialmente em relação à infraestrutura tecnológica e à formação profissional, evidenciam que, apesar dos avanços, a integração plena dessas ferramentas ainda demanda esforços coordenados. As desigualdades no acesso à tecnologia refletem disparidades sociais, dificultando a implementação de inovações que poderiam melhorar a qualidade do atendimento³¹.

Investimentos significativos em tecnologia são essenciais, abrangendo desde a atualização de equipamentos até a expansão das redes de internet. Além disso, é crucial implementar políticas públicas que promovam a inclusão digital, garantindo que todos os profissionais de saúde tenham acesso a treinamento e ferramentas adequadas, independentemente de sua localização³².

A formação contínua dos trabalhadores da saúde deve ser adaptada às necessidades locais, especialmente em áreas vulneráveis. Apenas por meio de uma abordagem integrada que considere tanto a infraestrutura quanto a capacitação poderemos assegurar que as inovações tecnológicas beneficiem a todos, promovendo a equidade no acesso aos serviços de saúde e evitando que as tecnologias se tornem uma barreira para as populações mais necessitadas³³.

Portanto, a telemedicina e os aplicativos de saúde apresentam um grande potencial para transformar a saúde pública, mas é necessário um planejamento estratégico que inclua a superação das barreiras atuais. Somente dessa forma será possível maximizar os benefícios dessas tecnologias e garantir que sua utilização contribua para a equidade no acesso aos serviços de saúde.

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¹enfermeiro, mestrando CIPE – UEPA, allan.kl.brandao@aluno.uepa.br, Universidade Estadual do Pará
²https://orcid.org/0009-0004-3068-1510, Universidade Estadual do Pará
³enfermeira, Universidade Estadual do Pará
4advogado, https://orcid.org/0009-0008-4563-5057, Universidade Federal do Pará
5enfermeira, Universidade Federal do Pará
6enfermeira, Universidade Federal do Maranhão
7enfermeira, Universidade Federal do Maranhão
8farmacêutico, https://orcid.org/0009-0003-7187-9198, Universidade Estadual do Pará
9odontóloga, https://orcid.org/0000-0001-9463-4677, Universidade Estadual do Pará
10médico, https://orcid.org/0000-0003-1476-0054, Universidade Estadual do Pará