THE USE OF HANDS-ON ACTIVITIES IN ART EDUCATION: A CASE STUDY OF PINHOLE CAMERA MAKING BY ELEMENTARY SCHOOL STUDENTS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/10202407300508
Adriana Andrade da Cunha
Resumo
O presente artigo explora a eficácia das atividades práticas na educação artística, com foco específico na fabricação de câmeras pinhole por estudantes do ensino fundamental. Através de um estudo de caso realizado em uma escola particular em Formoso do Araguaia, Tocantins. Observou-se que a construção e o uso das câmeras pinhole aumentaram o interesse dos alunos por fotografia e ciência, facilitando uma compreensão integrada de conceitos artísticos e físicos. Os resultados sugerem que atividades práticas não só engajam os estudantes, mas também promovem um aprendizado significativo e interdisciplinar. Além disso, relaciona-se com a revalorização do laboratório didático como veículo para o ensino de ciências, conforme discutido na tese de José de Pinho Alves Filho (2000). E a proposta triangular de Ana Mae Barbosa para o ensino de arte é utilizada como base metodológica, integrando produção artística, leitura de imagens e contextualização histórica e cultural, além de promover o protagonismo juvenil.
Palavras chaves: Atividades práticas; Educação artística; Câmeras pinhole; Aprendizado interdisciplinar; Fotografia.
Abstrat
This article explores the effectiveness of practical activities in art education, with a specific focus on the creation of pinhole cameras by elementary school students. Through a case study conducted at a private school in Formoso do Araguaia, Tocantins, it was observed that the construction and use of pinhole cameras increased students’ interest in photography and science, facilitating an integrated understanding of artistic and physical concepts. The results suggest that practical activities not only engage students but also promote meaningful and interdisciplinary learning. Additionally, this aligns with the revaluation of the didactic laboratory as a vehicle for teaching science, as discussed in the thesis by José de Pinho Alves Filho (2000). Ana Mae Barbosa’s triangular approach is used as the methodological basis, integrating artistic production, image reading, and historical and cultural contextualization.
Keywords: Hands-on activities; Art education; Pinhole cameras; Interdisciplinary learning; Photography.
INTRODUÇÃO
A educação artística desempenha um papel crucial no desenvolvimento integral dos alunos, promovendo habilidades cognitivas, emocionais e criativas. As atividades práticas são especialmente eficazes nesse processo, pois permitem que os estudantes experimentem e apliquem conceitos de maneira tangível. A proposta triangular de Ana Mae Barbosa, que integra produção artística, leitura de imagens e contextualização histórica e cultural, oferece uma metodologia robusta para o ensino da arte.
Neste contexto, a fabricação de câmeras pinhole por estudantes do ensino fundamental se apresenta como uma atividade prática interdisciplinar que combina arte e ciência. A câmera pinhole, uma forma primitiva de dispositivo fotográfico, utiliza princípios básicos da física da luz para capturar imagens, proporcionando aos alunos uma compreensão prática desses conceitos.
Além de ensinar técnicas fotográficas e princípios científicos, essa atividade ajuda os alunos a compreenderem a evolução da fotografia, desde a tecnologia analógica até a digital. Ao contrastar a fotografia instantânea digital com o processo mais demorado e reflexivo da fotografia pinhole, os alunos desenvolvem uma apreciação mais profunda das mudanças tecnológicas e culturais.
Este artigo apresenta um estudo de caso sobre a construção de câmeras pinhole por estudantes, analisando o impacto dessa atividade no aprendizado e no interesse dos alunos. Além disso, discute a relevância dos laboratórios didáticos e como a metodologia de Ana Mae Barbosa pode enriquecer a educação artística.
DESENVOLVIMENTO
A câmera pinhole é uma forma simples de câmera fotográfica, sem lente, onde a luz passa por um pequeno orifício e projeta uma imagem invertida no interior da caixa. Esta técnica utiliza os princípios básicos da física da luz para capturar imagens, sendo uma ferramenta eficaz para ensinar tanto arte quanto ciência.
O Que é a Máquina Pinhole e Como Funciona
A câmera pinhole, ou câmera de orifício, é um dispositivo fotográfico simples que consiste em uma caixa escura com um pequeno orifício em um dos lados. Quando a luz passa por este orifício, ela projeta uma imagem invertida da cena externa na parede oposta dentro da caixa. Não há lentes envolvidas, e a nitidez da imagem depende do tamanho do orifício: quanto menor o orifício, mais nítida será a imagem, porém menos luz entrará, exigindo um tempo de exposição maior.
O funcionamento da câmera pinhole baseia-se na formação de imagens através de um pequeno ponto de luz. Ao passar pelo orifício, os raios de luz que refletem de diferentes pontos de um objeto atravessam o orifício e se cruzam, formando uma imagem invertida na superfície oposta. O papel fotográfico ou filme colocado nesta superfície captura a imagem projetada. Este processo permite que os alunos compreendam conceitos fundamentais de óptica, como a retidão dos raios de luz e a formação de imagens.
Atividade Prática na Escola
Essa atividade prática foi introduzida com os alunos do 7º ano do colégio COOPEFA em Formoso do Araguaia, Tocantins em abril de 2023 afim de ensinar os alunos sobre os princípios básicos da fotografia e da física da luz. A atividade foi planejada para ser interdisciplinar, envolvendo conhecimentos de arte, ciência e tecnologia. Conforme destacado por Alves Filho (2000), o laboratório didático desempenha um papel crucial no ensino de ciências, oferecendo um ambiente para a aplicação prática dos conceitos teóricos.
A metodologia utilizada baseia-se na proposta triangular de Ana Mae Barbosa, que promove a integração de três componentes: fazer artístico (produção), leitura de imagens (apreciação) e contextualização histórica e cultural (reflexão). Os alunos foram divididos em grupos e receberam materiais básicos para a construção das câmeras, como caixas de papelão, papel fotográfico, alumínio e fita adesiva. Durante o processo, foram discutidos conceitos como a formação da imagem, exposição à luz e desenvolvimento de fotografias em câmara escura. A atividade culminou com os alunos utilizando suas câmeras pinhole para capturar imagens ao redor da escola, que posteriormente foram reveladas e expostas na própria unidade escolar.
Evolução da Fotografia e Tecnologia Analógica
Além de aprender sobre a câmera pinhole, os alunos foram introduzidos à evolução da fotografia, desde a invenção da câmera obscura até as modernas câmeras digitais. A câmera pinhole representa uma das formas mais primitivas de captura de imagens. Durante a atividade, os alunos exploraram a transição da fotografia analógica para a digital, entendendo como a tecnologia analógica, que utiliza filmes fotográficos e processos químicos para a revelação de imagens, deu lugar à fotografia digital, caracterizada por sensores eletrônicos e processamento de imagens em computadores.
Essa transição tecnológica trouxe mudanças significativas na maneira como capturamos e compartilhamos imagens. Com a fotografia analógica, o processo de captura e revelação era mais demorado e exigia uma compreensão dos processos químicos envolvidos. Com a fotografia digital, a captura de imagens tornou-se instantânea, permitindo edições rápidas e a disseminação imediata através da internet e das redes sociais.
Contraste entre Fotografia Analógica e Digital
Ao vivenciarem a construção e utilização da câmera pinhole, os alunos experimentaram um contraste significativo com o mundo instantâneo proporcionado pela fotografia digital. Este exercício prático exigiu paciência, planejamento e uma compreensão profunda dos princípios físicos e químicos subjacentes ao processo fotográfico. A revelação das imagens na câmara escura, um processo que pode levar vários minutos, contrasta fortemente com a gratificação instantânea fornecida pelas câmeras digitais e smartphones.
Essa experiência proporcionou aos alunos uma apreciação mais profunda do desenvolvimento tecnológico e das mudanças culturais associadas à evolução da fotografia. Eles puderam refletir sobre a transformação dos processos de captura de imagem ao longo do tempo e como essas mudanças influenciam nossa percepção e interação com o mundo visual.
METODOLOGIA
O estudo de caso foi conduzido com a participação de 30 estudantes do ensino fundamental em uma escola particular. A atividade de construção das câmeras pinhole foi realizada ao longo de três semanas, com sessões de 50 minutos cada. Nessas sessões, os alunos pintaram suas latas, em sua maioria de leite em pó reutilizadas, com spray preto e as decoraram com tinta de tecido para personalizar e identificar suas câmeras, desenvolvendo criatividade e identidade.
Em um encontro noturno, em uma sala apropriada com luz vermelha, os alunos inseriram suas folhas fotossensíveis, previamente cortadas. Na terceira sessão, os alunos capturaram as imagens e, na última sessão, em outro encontro noturno em sala apropriada com luz vermelha, fizeram a revelação com produtos químicos previamente preparados pelo professor.
Os dados foram coletados através de observações, entrevistas semi-estruturadas com os alunos e análises das fotografias produzidas. As observações focaram no engajamento dos alunos durante a atividade e nas discussões subsequentes. As entrevistas buscaram captar as percepções dos alunos sobre a experiência e sua compreensão dos conceitos abordados. As fotografias foram analisadas em termos de qualidade e criatividade.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Os resultados indicam que a atividade prática de construir e utilizar câmeras pinhole teve um impacto positivo no aprendizado dos alunos. Observou-se um alto nível de engajamento e entusiasmo durante as sessões de construção e fotografia. As entrevistas revelaram que os alunos apreciaram a experiência prática, destacando a satisfação de verem suas próprias fotografias reveladas. Muitos alunos relataram uma compreensão mais clara dos princípios de formação da imagem e da exposição à luz. Além disso, as fotografias produzidas demonstraram criatividade e uma aplicação eficaz dos conceitos aprendidos. A atividade também fomentou a colaboração entre os alunos, uma vez que trabalharam em grupos para construir e utilizar as câmeras.
Conforme Alves Filho (2000), a revalorização do laboratório didático e sua implementação em projetos inovadores no ensino de ciências têm um impacto significativo na qualidade da educação. Este estudo de caso confirma que laboratórios e atividades práticas são fundamentais para o aprendizado efetivo, permitindo que os alunos relacionem teoria e prática de maneira significativa. A integração da proposta triangular de Ana Mae Barbosa mostrou-se eficaz na promoção de um aprendizado holístico, onde os alunos não apenas produzem arte, mas também desenvolvem a capacidade de ler e contextualizar imagens. A compreensão das mudanças tecnológicas e culturais proporcionada pela atividade com a câmera pinhole ajudou os alunos a apreciar a evolução da fotografia e a refletir sobre o impacto das tecnologias digitais no mundo contemporâneo.
CONCLUSÃO
Conclui-se que a inclusão de atividades práticas, como a fabricação de câmeras pinhole, é uma estratégia eficaz para enriquecer a educação artística no ensino fundamental e médio. Esta abordagem não apenas engaja os alunos, mas também facilita uma compreensão integrada de conceitos artísticos e científicos. A prática interdisciplinar promovida por esta atividade pode ser aplicada em outras áreas do currículo, incentivando um aprendizado significativo e colaborativo.
O trabalho de José de Pinho Alves Filho (2000) destaca que, ao contrário das demonstrações feitas pelo professor, as atividades práticas realizadas pelos próprios alunos promovem o protagonismo e a vivência. Segundo Alves Filho, “a demonstração feita pelo professor coloca o aluno em uma posição passiva, enquanto o fazer pelo próprio aluno traz o protagonismo e a vivência para a vida, transformando o aprendizado em uma experiência significativa e duradoura.”
Este estudo de caso confirma que laboratórios e atividades práticas são fundamentais para o aprendizado efetivo, permitindo que os alunos relacionem teoria e prática de maneira significativa. A integração da proposta triangular de Ana Mae Barbosa mostrou-se eficaz na promoção de um aprendizado holístico, onde os alunos não apenas produzem arte, mas também desenvolvem a capacidade de ler e contextualizar imagens. A compreensão das mudanças tecnológicas e culturais proporcionada pela atividade com a câmera pinhole ajudou os alunos a apreciar a evolução da fotografia e a refletir sobre o impacto das tecnologias digitais no mundo contemporâneo.
Pesquisas futuras poderiam explorar a aplicação desta metodologia em diferentes contextos educativos e com outras tecnologias simples. A proposta triangular de Ana Mae Barbosa proporciona uma estrutura robusta para a educação artística, integrando produção, apreciação e contextualização de maneira eficaz. Além disso, o contraste entre a fotografia analógica e digital permite aos alunos uma compreensão mais profunda das transformações tecnológicas e culturais que moldam o mundo contemporâneo.
REFERÊNCIAS
Alves, P. A. (2000). Atividades Experimentais: Do Método à Prática Construtivista. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Santa Catarina.
Barbosa, A. M. (1997). Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. São Paulo: Cortez.
Marina Turati. Explorando o Mundo Através da Câmera: Introdução à Prática Fotográfica em Ambiente Escolar (2023)
Silva R.W. (2020) Educação Científica Como Abordagem Pedagógico e Investigativa de Resistência. Universidade Federal do Tocantins.