A TRANSDISCIPLINARIDADE NA INTERVENÇÃO E PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO GLOBAL DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

TRANSDISCIPLINARITY IN THE INTERVENTION AND PROMOTION OF THE GLOBAL DEVELOPMENT OF CHILDREN WITH AUTISM SPECTRUM DISORDER

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202506180511


Gicelia Ventura de Souza1
Dra. Elisandra Santos Mendes Garcia2
Dra. Andrea Gonçalves3


Resumo

Este artigo propõe apresentar e analisar os principais métodos de intervenção voltados ao desenvolvimento global de crianças com Transtorno do Espectro Autista, trazendo luz à transdisciplinaridade. Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, com dados publicados entre os anos de 1998 e 2024, nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico, PubMed e Lilacs. Os achados indicam que não há uma metodologia transdisciplinar capaz de atender, de forma universal, todas as crianças com Transtorno do Espectro Autista – TEA. No entanto, estratégias como a ciência ABA, o programa TEACCH, o sistema PECS, o Método de Integração Global (MIG) e as práticas baseadas na integração sensorial podem ser aplicados de forma transdisciplinar e se destacam por seus resultados positivos, especialmente quando personalizadas de acordo com as necessidades individuais. O estudo chama atenção para a intervenção e desenvolvimento no âmbito educacional, no que tange o Plano Educacional Individualizado (PEI), reconhecendo os desafios enfrentados na sua implementação, como a falta de formação específica dos profissionais e a carência de infraestrutura adequada nas instituições de ensino. Conclui-se que a integração sensorial e a ciência da Análise do Comportamento Aplicada despontam como pilares importantes na intervenção e promoção do desenvolvimento global. Além disso, uma abordagem terapêutica e educacional transdisciplinar, pautada em evidências e respeitando a singularidade de cada criança, é essencial para fomentar a autonomia e garantir a inclusão psicossocial de crianças com TEA. 

Palavras – chave: Intervenção. Transtorno do Espectro Autista. Metodologia Transdisciplinar. Estimulação Cognitiva. Desenvolvimento Global.

Abstract

This article aims to present and analyze the main intervention methods focused on the global development of children with Autism Spectrum Disorder (ASD), highlighting the importance of transdisciplinarity. An integrative literature review was conducted using data published between 1998 and 2024, sourced from Scielo, Google Scholar, PubMed, and Lilacs databases. The findings indicate that there is no single transdisciplinary methodology capable of universally addressing the needs of all children with ASD. However, strategies such as Applied Behavior Analysis (ABA), the TEACCH program, the PECS system, the Global Integration Method (GIM), and sensory integration-based practices can be applied in a transdisciplinary manner and have shown positive results, especially when tailored to individual needs. The study draws attention to intervention and development within the educational context, particularly regarding the implementation of the Individualized Education Plan (IEP), acknowledging challenges such as the lack of specialized training among professionals and insufficient infrastructure in educational institutions. It concludes that sensory integration and the science of Applied Behavior Analysis emerge as key pillars in intervention and global development promotion. Moreover, a therapeutic and educational transdisciplinary approach, grounded in evidence and respecting each child’s uniqueness, is essential for fostering autonomy and ensuring the psychosocial inclusion of children with ASD.

Keywords: Intervention; Autism Spectrum Disorder; Transdisciplinary Methodology; Cognitive Stimulation; Global Development.

1. Introdução

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição complexa do neurodesenvolvimento que impacta profundamente a forma como a criança se comunica, interage e percebe o mundo ao seu redor. Caracteriza-se, principalmente, por desafios na comunicação, nas relações sociais e pela presença de comportamentos repetitivos ou padrões de interesse restritos (APA, 2013). No entanto, cada criança com TEA é única, e as manifestações do transtorno variam amplamente, o que exige intervenções personalizadas e sensíveis às suas necessidades específicas.

Nas últimas décadas, avanços significativos em pesquisas e discussões acerca dos direitos das pessoas com deficiência têm impulsionado o surgimento de práticas mais inclusivas e respeitosas à diversidade. (Choto, 2007; Gonçalves e Castro, 2013). No campo da intervenção terapêutica e educacional, diversas metodologias vêm sendo propostas e analisadas, com destaque para aquelas que incorporam abordagens integradas e centradas na criança (Balbino et al., 2021; Almohalha, Pagnan e Santos, 2021). No entanto, ainda é evidente a necessidade de consolidar práticas transdisciplinares como eixo estruturante das ações clínicas e pedagógicas.

Enfrentar os desafios que o TEA apresenta requer mais do que a atuação isolada de um profissional, é preciso que ocorra a intersecção de saberes, integração de técnicas e ciências e a construção de caminhos em conjunto entre criança, família e profissionais. Nesse cenário, a fonoaudiologia pode ocupar um lugar central, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento da linguagem, da comunicação funcional e das habilidades sociais. No entanto, a complexidade dos casos demanda a contribuição de diferentes áreas do conhecimento, o que evidencia a importância de uma abordagem transdisciplinar. 

Nicolescu (1999) nos lembrou que a transdisciplinaridade surge como uma resposta à complexidade dos fenômenos humanos.  Como o Transtorno do Espectro Autista é complexo devido sua diversidade, a proposta transdisciplinar propõe a articulação de saberes vindos da educação, da psicologia, da terapia ocupacional, da neurociência, entre outros campos, para compor planos de intervenção mais integrados e eficazes.

Reconhecendo a transdisciplinaridade como um pilar essencial para a efetividade das práticas terapêuticas e escolares inclusivas, o objetivo central do presente artigo foi apresentar e analisar os principais métodos de intervenção voltados ao desenvolvimento global de crianças com Transtorno do Espectro Autista, trazendo luz a transdisciplinaridade.

A importância desta apresentação e análise justifica-se pela necessidade de discussões atuais sobre o tema e para contribuir com os autores responsáveis pela intervenção clínico/terapêutica e educacional de crianças com TEA. Assim, o estudo almeja contribuir com reflexões e propostas para o aprimoramento das intervenções transdisciplinares, considerando as particularidades e potencialidades de cada indivíduo. 

2. Metodologia

Este estudo foi conduzido por meio de uma revisão integrativa da literatura, com o propósito de apresentar e analisar os métodos de intervenção voltados ao desenvolvimento global de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), em paralelo aos aspectos da intervenção transdisciplinar. A busca compilou publicações que ocorreram entre os anos de 1998 e 2024, nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico, PubMed e Lilacs.

Para direcionar a pesquisa, foram utilizados descritores como “Intervenção”, “Metodologia Transdisciplinar”, “Transtorno do Espectro Autista (TEA)” e “Desenvolvimento Global”. A aplicação de operadores booleanos AND, possibilitou uma combinação entre os termos, refinando os resultados encontrados.

Os critérios de inclusão privilegiaram estudos que abordavam a relação entre o TEA e diferentes formas de intervenção terapêutica, com atenção especial à estimulação cognitiva, comunicação funcional, comportamento verbal e práticas educacionais inclusivas. Foram excluídas da análise produções com forte viés ideológico, estudos de natureza puramente teórica e materiais voltados exclusivamente à regulamentação profissional, por se distanciar do foco desta investigação. A seleção foi feita com base em critérios de rigor científico, conforme proposto por Choto (2007), em sua análise sobre publicações acadêmicas voltadas ao autismo infantil.

A leitura e análise do material coletado seguiram um organograma, composto pelas etapas de leitura analítica e interpretação dos dados. Essa abordagem permitiu uma visão abrangente das práticas atuais, bem como a identificação de lacunas que ainda precisam ser preenchidas. 

3. Resultados

Os resultados obtidos a partir da revisão integrativa revelaram que os métodos mais utilizados, e com maior rigor científico, no apoio ao desenvolvimento global de crianças com TEA são aqueles que seguem abordagens estruturadas, baseadas em evidências e adaptadas às necessidades individuais de cada criança, conforme demonstraram os estudos de Balbino et al., (2021) e Gonçalves e Castro (2013).

Os resultados da revisão indicam que o desenvolvimento global de crianças com TEA é mais efetivo, em relação à promoção do desenvolvimento, quando os métodos de intervenção são aplicados alinhados à uma abordagem transdisciplinar. (Franco, 2007; Brito et al., 2015; Almohalha, Pagnan e Santos, 2021; Iribarry, 2003). A seguir, serão apresentados os principais métodos identificados para intervenção e desenvolvimento de crianças com TEA, com destaque para o potencial de integração, ou seja, capacidade de ancorar e agregar diversas áreas do conhecimento. Dentre os principais métodos identificados ao longo da pesquisa, destacam-se:

a) Análise do Comportamento Aplicada (ABA)

A Análise do Comportamento Aplicada (ABA), amplamente reconhecida enquanto ciência, na literatura científica, como uma abordagem eficaz no desenvolvimento de habilidades sociais, cognitivas e comunicativas em crianças com TEA. Pesquisas como as de Andalécio et al. (2019) e Balbino et al. (2021) reforçam sua importância, especialmente na aquisição da linguagem, no aprimoramento das habilidades adaptativas e na promoção de interações sociais mais significativas.

O diferencial da ABA está na forma como organiza o processo de aprendizagem mediante os comportamentos, bem como passos de aprendizagem, que são cuidadosamente divididos em pequenas etapas, facilitando a compreensão e a assimilação por parte da criança. A utilização de reforçadores positivos e a sistematização das intervenções contribuem para a eficácia dos resultados.

Essa abordagem pode ser utilizada tanto como uma ciência analítica do comportamento quanto como um método estruturado, sempre com planos de ensino individualizados, ajustados às necessidades específicas de cada criança, respeitando seu ritmo e seu potencial de desenvolvimento.

Observou-se que a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e a transdisciplinaridade são abordagens que podem ser combinadas para tratar pacientes, promovendo a eficiência e a personalização do tratamento.

b) Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (PECS)

O PECS (Picture Exchange Communication System) é um sistema de comunicação alternativa e aumentativa que pode ser usado de forma transdisciplinar. O sistema tem se mostrado uma ferramenta valiosa no desenvolvimento da comunicação funcional, especialmente para crianças com TEA que ainda não utilizam a linguagem verbal. Conforme apontado por Balbino et al. (2021), esse sistema contribui de forma significativa para que essas crianças consigam expressar suas necessidades e desejos de maneira mais clara e compreensível. 

Ao incentivar a troca de figuras como meio de comunicação, o PECS promove a expressão de vontades e também o fortalecimento da interação social. Com isso, é possível reduzir comportamentos disruptivos, inadequados ao ambiente e contexto nos quais ocorrem, frequentemente relacionados à frustração causada pela dificuldade em se comunicar. Trata-se, portanto, de um recurso que amplia possibilidades de diálogo com o mundo ao redor, respeitando o tempo de resposta e as formas próprias de cada criança se fazer entender.

c) Modelo TEACCH

O modelo TEACCH é reconhecido como uma abordagem estruturada que busca se moldar ao jeito único de aprender da criança com TEA. Trata-se de um modelo generalista e transdisciplinar que pode servir de suporte para qualquer Ciência. Segundo Bosa (2006), essa intervenção valoriza a organização do ambiente físico como uma estratégia para tornar o cotidiano mais previsível e acolhedor, o que favorece o engajamento da criança em atividades pensadas especialmente para seu perfil. 

Uma das contribuições do TEACCH é a ênfase nas rotinas visuais, dando previsibilidade e clareza às propostas elencadas, o que ajuda a reduzir a ansiedade e aumentar a compreensão das tarefas. Ao oferecer um ambiente bem organizado, com atividades que respeitam o ritmo e as preferências do aluno, o método promove maior autonomia e incentiva a adaptação funcional da criança ao seu entorno, preparando-a para lidar com os desafios do dia a dia com mais segurança e independência.

d) Método de Integração Global (MIG)

O MIG é uma proposta mais recente, que aposta em uma atuação intensiva e transdisciplinar voltada aos aspectos neurossensoriais, motores, cognitivos e emocionais da criança com TEA. É um programa que reúne várias práticas terapêuticas para tratar o autismo, baseando-se em princípios como a interdisciplinaridade, a terapia centrada na família e a intensidade do treino. 

Conforme destacado por Haase et al. (2022), o método busca reorganizar a base neurofuncional da criança por meio de estímulos integrados e significativos, favorecendo o desenvolvimento da autonomia e da autorregulação. Ao reunir diferentes saberes e práticas terapêuticas, o MIG constrói caminhos para uma intervenção mais ampla, respeitosa e eficaz, centrada nas necessidades do indivíduo.

Com este programa, a equipe trabalha em conjunto para construir um Plano de Intervenção com objetivos mensuráveis e preza pela colaboração entre os profissionais, visando promover a tomada de decisões conjuntas.

e) Estimulação Cognitiva e Integração Sensorial

As práticas de estimulação cognitiva aparecem com frequência associadas a atividades lúdicas, simbólicas e motoras, promovendo o fortalecimento de funções executivas, da linguagem e da socialização. Segundo Almohalha, Pagnan e Santos (2021), essas estratégias favorecem o desenvolvimento global por meio de experiências sensoriais mediadas e interações significativas com o ambiente. As abordagens mais eficazes são estruturadas, com metas claras e uso de reforçadores motivacionais. Jogos digitais interativos, atividades visuais e tarefas que desafiam a resolução de problemas têm sido utilizados com sucesso. Além disso, a cognição social, que envolve o reconhecimento de emoções, empatia e teoria da mente, é alvo de programas específicos, com resultados promissores na promoção da compreensão social e comportamentos adaptativos.

Já a integração sensorial, inspirada nos estudos de Ayres (1972, apud Haase et al., 2022), destaca-se por seu papel essencial na regulação do comportamento, na manutenção da atenção e no acesso a habilidades mais complexas, abrindo caminho para aprendizados mais profundos e duradouros. Por meio do uso de balanços, texturas, brinquedos vibratórios, estímulos táteis, visuais e proprioceptivos, busca-se melhorar a modulação sensorial, o planejamento motor e a atenção sustentada. Estudos têm demonstrado que crianças submetidas a esse tipo de intervenção apresentam melhorias na autorregulação, na interação social e na participação em atividades diárias (Schaaf et al., 2014).

A integração entre estimulação cognitiva e terapia de integração sensorial é considerada altamente benéfica para crianças com TEA, pois aborda tanto os déficits neurocognitivos quanto os desafios sensoriais. Programas transdisciplinares que combinam essas estratégias, especialmente quando aplicados em contextos naturais (como casa e escola), promovem ganhos funcionais significativos. A individualização das intervenções e o envolvimento familiar são fatores críticos para o sucesso terapêutico.

f) Plano Educacional Individualizado (PEI)

O Plano Educacional Individualizado (PEI) se mostra como um recurso fundamental para adaptar o ensino às particularidades de cada aluno com TEA e favorecer o desenvolvimento global. Na legislação brasileira, o Plano Educacional Individualizado (PEI) e a transdisciplinaridade estão ligados ao direito à educação inclusiva e são orientados por uma série de normas, como a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) – Lei nº 13.146/2015, Art. 28, §1º: Garante projetos pedagógicos individualizados para atender às necessidades específicas do aluno com deficiência. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC, 2008) que incentiva a elaboração do PEI como instrumento pedagógico de planejamento das ações voltadas para o desenvolvimento das potencialidades dos estudantes público-alvo da educação especial, e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que reconhece a necessidade de currículos flexíveis e adequados às especificidades dos alunos, reforçando a importância do PEI como prática pedagógica. Vale ressaltar que a Resolução CNE/CEB nº 4/200 prevê articulação entre professores, profissionais de apoio e famílias, o que fundamenta a ação transdisciplinar, embora o termo não apareça literalmente.

No entanto, sua efetividade ainda enfrenta desafios importantes, como a formação insuficiente de profissionais da educação, como professoras, por exemplo, a escassez de recursos e a fragilidade do apoio institucional. A literatura reforça que, para que o PEI cumpra sua função, é essencial que as intervenções sejam científicas, personalizadas e construídas em diálogo com equipes de vários profissionais diferentes (fonoterapeuta, terapeuta ocupacional, psicóloga, pedagoga apoio, neuropsicopedagoga, etc) e com as famílias — fortalecendo o vínculo terapêutico e a inclusão escolar de forma eficaz e afetiva (Gonçalves e Castro, 2013; Almohalha, Pagnan e Santos, 2021).

4. Conclusão

A partir da análise dos dados encontrados na literatura, observou-se que as intervenções mais eficazes para o desenvolvimento global de crianças com TEA são aquelas que adotam uma abordagem transdisciplinar, que articula diferentes saberes, enquanto alinhamentos (como a Fonoaudiologia, a Análise do Comportamento Aplicada, a Integração Sensorial, entre outros) de forma integrada e complementar. Este artigo, portanto, elucidou como essa articulação contribui e direciona práticas mais eficazes, humanas, inclusivas, sensíveis e personalizadas (voltada cuidadosamente para a criança em questão). A articulação entre diferentes áreas do saber, aliada ao respeito pela singularidade de cada criança, tem se mostrado fator sine qua non para promover avanços terapêuticos e educacionais consistentes.

Os métodos analisados e descritos nesta revisão apontam para demanda por formação continuada dos profissionais que atuam com as crianças com autismo, em especial de zero a seis anos de idade.  cronológica, Faz-se importante analisar a idade, considerando o período crítico de plasticidade cerebral, sobretudo no contexto da educação infantil, colocando em questão a eficácia da educação especial e intervenção para o desenvolvimento global nos primeiros anos. Estratégias como o PEI ainda esbarram em desafios concretos, como a falta de capacitação docente, a ausência de suporte técnico especializado e a escassez de políticas públicas que garantam, de fato, uma inclusão de qualidade.

Além disso, os dados revelam que intervenções voltadas ao desenvolvimento da linguagem e da comunicação funcional — como a ABA e o uso das PECS — tornam-se ainda mais eficazes quando integradas a práticas que considerem os aspectos sensoriais e emocionais da criança. Modelos como o MIG vêm ser importante, justamente, por enxergar o ser humano em sua totalidade, promovendo avanços não apenas em habilidades específicas, como também no fortalecimento emocional e relacional.

Desta forma, vale considerar que não apenas a transdisciplinaridade é um fator crucial para a melhoria dos métodos de intervenção, mas por vezes, a combinação entre eles também pode ser chave para otimizar o desenvolvimento global, enfatizando seus objetivos, respeitando cada proposta e coordenando a forma de aplicá-los. 

Portanto, o desenvolvimento global de crianças com TEA exige uma abordagem flexível, ancorada em fortes arcabouços teóricos, centrada na criança e sustentada por práticas transdisciplinares. É importante salientar a importância do apoio de políticas públicas voltadas para a atuação transdisciplinar do público-alvo e a atenção e fomento às novas propostas e aos contínuos estudos na área. 

Estratégias como a ciência ABA, o programa TEACCH, o sistema PECS, o Método de Integração Global (MIG) são métodos de intervenção que podem ser aplicados de forma transdisciplinar quando o objetivo é o desenvolvimento global de crianças com TEA. O PEI é parte fundamental no processo transdisciplinar com foco na educação. É possível afirmar que a Integração Sensorial e a Ciência da Análise do Comportamento Aplicada despontam como pilares importantes na intervenção e promoção do desenvolvimento global. Além disso, uma abordagem terapêutica e educacional transdisciplinar, pautada em evidências e respeitando a singularidade de cada criança, é essencial para fomentar a autonomia e garantir a inclusão psicossocial de crianças com TEA. 

Referências

ALMEIDA, A. F.; CARRARA, G. M. Fonoarticulatória: Teoria e Prática. São Paulo: Editora Linguagem, 2019.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

ALMOHALHA, Lucieny; PAGNAN, Katiane Beatriz da Silva; SANTOS, Lidiane de Souza. O Inventário Portage Operacionalizado na avaliação e no processo de intervenção precoce. 2021. Disponível em: https://www.editoracientifica.com.br/articles/code/210906085. Acesso em: 20 dez. 2024.

ANDALÉCIO, A. C. G. S. A. M.; GOMES, C. G. S.; SILVEIRA, A. D.; OLIVEIRA, I. M.; CASTRO, R. C. Efeitos de 5 anos de intervenção comportamental intensiva no desenvolvimento de uma criança com autismo. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 25, n. 3, 2019.

BALBINO, E. M. S.; LISBOA, M. F. L. S.; OLIVEIRA, N. C. S.; MAXIMIANO-BARRETO, M. A. Efeitos do ensino do comportamento verbal para pessoas com transtorno do espectro autista: uma revisão sistemática. Distúrbios da Comunicação, v. 33, n. 4, p. 651–658, 2021. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/article/view/51726. Acesso em: 04 abr. 2024.

BOSA, C. A. Autismo: intervenções psicoeducacionais. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 28, supl. 1, p. 47-53, maio 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/FPHKndGWRRYPFvQTcBwGHNn/abstract/?lang=pt. Acesso em: 12 out. 2024.

BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 7 jul. 2015.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=12255-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-12255&category_slug=dezembro-2014-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 6 maio 2025.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, Modalidade Educação Especial. Brasília: MEC/SEB, 2009.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/CEB nº 4, de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 5 out. 2009.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: Ministério da Educação, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 6 maio 2025.

BRITO, Diwlay Anne Silva. Et al. A Transdisciplinaridade na construção da prática psicológica e no campo da clínica. Revista Húmus, São Luís, v. 3, n. 5, p. 52-67, 2013. Disponível em: https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/revistahumus/article/view/3969. Acesso em: 15 abr. 2025.

CHOTO, M. C. Autismo infantil: el estado de la cuestión. Revista Ciencias Sociales, Universidad de Costa Rica, v. 116, n. 2, p. 169-180, 2007. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/153/15311612.pdf. Acesso em: 12 out. 2024.

FRANCO, Vitor. Dimensões transdisciplinares do trabalho de equipe em intervenção precoce. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 41, n. 144, p. 484-499, maio/ago. 2011. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/233922138. Acesso em: 15 abr. 2025.

GONÇALVES, C. A. B.; CASTRO, M. S. J. Propostas de intervenção fonoaudiológica no autismo infantil: revisão sistemática da literatura. Revista Distúrbios da Comunicação, v. 25, n. 1, p. 15–25, 2013.

HAASE, V. G.; BATISTA, L. T.; CRUZ, T. K. F.; LOFFI, R. G. Desafios do tratamento psicossocial do autismo: Métodos Intensivos da Treni Biotecnologia Limitada, p. 01–16, 2022. Disponível em: https://www.metodosintensivos.com.br/wp-content/uploads/2023/01/Haase-2022_Desafios-do-Tratamento-Psicossocial-do-Autismo-_-atual.pdf. Acesso em: 06 maio 2024.

IRIBARRY, Isac Nikos . Aproximações sobre a transdisciplinaridade: algumas linhas históricas, fundamentos e princípios aplicados ao trabalho de equipe. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 25, n. 1, p. 23-31, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/prc/a/D4YgwJqvQh495Lgd6JGSHLz. Acesso em: 15 abr. 2025.

NICOLESCU, B. O manifesto da Transdisciplinaridade. São Paulo: TRIOM, 1999.

OLIVEIRA, M. A. de; SILVA, R. M. M. da; ZILLY, A. Plano educacional individualizado para a inclusão da criança autista na Educação Infantil. Revista Psicopedagogia, v. 39, n. 118, p. 40-53, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.51207/2179-4057.20220004. Acesso em: 20 dez. 2024.

PIAGET, J. L’épistémologie des relations interdisciplinaires. In: L’interdisciplinarité: Problèmes D’enseignement Et De Recherche Dans Les Universités, 1, 1970. Nice. Paris: OCDE, 1972.

SCHAAF, R. C. et al. An intervention for sensory difficulties in children with autism: A randomized trial. Journal of Autism and Developmental Disorders, v. 44, n. 7, p. 1493–1506, 2014.

SEVERO, Silvani Botlender. Integralidade e transdisciplinaridade em equipes multiprofissionais na saúde coletiva. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 429-438, 2006. Disponível em: https://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/integralidade-e-transdisciplinaridade-em-equipes-multiprofissionais-na-saude-coletiva/3077. Acesso em: 15 abr. 2025.

SILVA, Antonio Waldimir Leopoldino da. Et al. Consciência da situação em equipes transdisciplinares. Psicologia: Teoria e Prática, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 62-73, 2012. Disponível em: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212012000200010. Acesso em: 15 abr. 2025.

WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70, 1971.


1Discente do Curso Superior de Mestrado em Speeach Language Pathologist pela Uninq Christian University. E-mail: somensino@gmail.com. https://orcid.org/0009-0000-5059-7894
2Docente da Uninq Christian University. E-mail: tutora@uninq.com.brhttps://orcid.org/0000-0001-9161-6481
3Diretora Geral da Uninq Christian University. E-mail: andreag.psicologia@gmail.com. https://orcid.org/0009-0004-8002-0550