A TOXICIDADE E O USO INDISCRIMINADO DA DIPIRONA NA INFÂNCIA.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8121645


Danielly Maia de Sousa:
Guilherme Lorencini Schuina.


RESUMO

Introdução: A dipirona é atualmente um dos medicamentos mais prescritos para dor e febre em crianças, mas é proibido em alguns países porque pode causar toxicidade e levar a agranulocitose e anemia aplástica. Objetivo: Descrever como acontece a intoxicação medicamentosa em crianças, apresentar a farmacologia do metamizol e as consequências de seu uso inadequado, mostrar como a atuação do farmacêutico pode melhorar a qualidade de vida evitando assim as reações adversas medicamentosas. Metodologia: Esta monografia trata-se de uma revisão bibliográfica descritiva qualitativa, citando referências de bases de dados científicas como Scielo, Pubmed, DrugBank, NCBI e revistas científicas que continham informações sobre o tema proposto. Resultados e Discussão: As intoxicações medicamentosas ocorrem com frequência devido à falta de informação dos responsáveis ​​em crianças, por isso é importante orientar os pais e cuidadores dessas crianças sobre o uso adequado dos medicamentos infantis. Conclusões: Nota-se que o uso indiscriminado de medicamentos por automedicação e também pelo desconhecimento dos pais e cuidadores pode levar a problemas de intoxicação medicamentosa em crianças, uma vez que, a dipirona é um dos medicamentos mais prescritos para febre e dor, o uso deste medicamento deve ser cauteloso devido poder provocar agranulocitose. Dessa forma é importante a orientação do farmacêutico para a população sobre o uso seguro dos medicamentos.

ABSTRACT

Introduction: Dipyrone is currently one of the most prescribed drugs for pain and fever in children, but it is prohibited in some countries because it can cause toxicity and lead to agranulocytosis and aplastic anemia. Objective: To describe how drug intoxication occurs in children, to present the pharmacology of metamizole and the consequences of its inappropriate use, to show how the pharmacist’s performance can improve the quality of life, thus avoiding adverse drug reactions. Methodology: This monograph is a qualitative descriptive bibliographic review, citing references from scientific databases such as Scielo, Pubmed, DrugBank, NCBI and scientific journals that contained information on the proposed topic. Results and Discussion: Drug intoxications occur frequently due to lack of information from those responsible for children, so it is important to guide parents and caregivers of these children about the proper use of children’s medicines. Conclusions: It is noted that the indiscriminate use of medicines by self-medication and also by the lack of knowledge of parents and caregivers can lead to problems of drug intoxication in children, since dipyrone is one of the most prescribed medicines for fever and pain, the use of this medicine should be cautious as it may cause agranulocytosis. Thus, it is important for pharmacists to guide the population on the safe use of medicines.

1 INTRODUÇÃO

As crianças sempre foram consideradas um grupo diferenciado ao se tratar de medicamentos, pois possuem alterações fisiológicas durante o seu desenvolvimento corporal, que podem ser afetadas pelo uso de fármacos. Por isto, deve ser levado em consideração as especificações em formulações que o medicamento apresenta, como, por exemplo, o manuseio adequado para ser utilizado (CASTRO et al., 2018).

Em relação à prática de manusear as doses dos medicamentos baseado no peso corporal e o uso de medicações diluídas. Estas podem acarretar consequências na população infantil por intoxicações e reações adversas a medicamentos, o que reforça a necessidade do uso criterioso dos medicamentos em crianças (MARTINS et al., 2016).

A administração destes medicamentos em crianças pode ocasionar em riscos à saúde das crianças que ainda são desconhecidos, especialmente em crianças que se encontram na primeira infância, uma vez que nenhum desses medicamentos mostram estudos significativos e/ou suficientes em relação à segurança, eficácia, toxicidade e existência de efeitos adversos para ao público infantil. Dessa forma, torna-se importante o acompanhamento quanto a administração desses medicamentos em crianças (PANDE; AMARANTE; BAPTISTA, 2020).

Com o aumento da automedicação, crianças são propensas a apresentar alergias e intoxicações medicamentosas devido à falta de orientações dos pais e cuidadores, podendo apresentar reações adversas ao medicamento administrados, uma vez que a automedicação pode apresentar riscos à saúde (ALVEZ; MAGALHÃES; JÚNIOR, 2021).

Dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico – Farmacológicas (SINTOX), mostraram que mais de 20 crianças apresentam por dia intoxicações, tendo como consequência a administração inadequada do medicamento, isso mostra que os pais, muitas vezes, não possuem as informações necessárias sobre como armazenar e administrar as doses necessárias do medicamento, ocasionando assim a intoxicação intencional ou acidental (ALVEZ; MAGALHÃES; JÚNIOR, 2021). 

Atualmente, a dipirona é um dos analgésicos mais administrados no Brasil, sendo muito utilizado para tratamentos de cefaléia, febre, neuralgia entre outros sintomas. Novalgina, que tem como princípio ativo a dipirona, está no mercado há 90 anos, sendo comercializada no Brasil inseto de prescrição. Entretanto, em alguns países a dipirona é proibida a sua comercialização devido a efeitos adversos que ela pode ocasionar (GUIMARÃES et al., 2021).

Diante disto, o objetivo deste trabalho foi elaborar uma revisão bibliográfica sobre intoxicação medicamentosa em crianças, evidenciando principalmente as ocorridas pelo uso da dipirona.

2 METODOLOGIA

Esta pesquisa caracteriza–se por meio de uma revisão bibliográfica descritiva qualitativa referente ao assunto da intoxicação medicamentosa que a dipirona pode causar, apresentando como as reações se manifestam e como é possível reverter o quadro de intoxicação medicamentosa. 

Para isto, serão coletados artigos científicos disponíveis nas bases de dados Scielo, Pubmed, NCBI, além de outras revistas científicas com informações referentes ao tema proposto. 

Os descritores “Dipirona’’, “Toxicologia’’, “Farmacologia da Dipirona”, “Medicamentos na população infantil” e “Atenção Farmacêutica na Toxicidade”, foram utilizados para seleção dos artigos estudados, os quais foram empregados nos idiomas português, inglês e espanhol. 

Passaram pelos critérios de exclusão, onde os que não preenchiam os critérios de elegibilidade e foram excluídos tais como, trabalhos sem a temática abordada, os que continham somente resumo e os que eram repetidos nas bases de dados. Os critérios de inclusão foram: Artigo coerentes ao tema disposto, estudos completos e de acesso livre, dessa forma deu-se seguimento da revisão.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 

3.1 INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA EM CRIANÇAS

A intoxicação por medicamentos pode ocorrer por vários fatores, entre eles estão a administração acidental, tentativas de suicídio e abuso, além dos erros de administração. Dessa forma a intoxicação se deve por uma série de sintomas causados pelo medicamento ingerido, injetado, inalado ou em contato com a pele, olhos ou membranas mucosas em doses elevadas (SOUZA; ANDRADE, 2021).

Hoje em dia, as crianças estão constantemente ligadas a intoxicações medicamentosas, especialmente crianças na faixa etária menores de cinco anos, onde representam aproximadamente 27% das vítimas intoxicadas por medicamentos (GONÇALVES et al., 2017). 

Dados mostram que internações por intoxicação medicamentosa em crianças menores de cinco anos no Brasil são de 6,5%, sendo desencadeados por analgésicos/antitérmicos não opiáceos quando administrados para dor, febre e cólica infantil devido à automedicação dos pais, acarretando assim risco a saúde da criança (SOUZA et al., 2020).

A intoxicação pelo uso indiscriminado de medicamentos pode acontecer de duas formas, primeira a aguda, na qual pode decorrer de um único contato com o fármaco, de maneira imediata ou após alguns dias após seu uso, segundo pela toxicidade crônica, ocorrendo após a exposição prolongada de doses cumulativas da droga, podendo variar de três meses a alguns anos (RODRIGUES et al., 2021).

É importante ressaltar que a possibilidade de a dipirona ser o agente indutor de discrasias sanguíneas, sobretudo a agranulocitose, tem sido amplamente discutido com o transcorrer dos tempos, o que irá exigir que seja encontrado um parecer definitivo, embasado em evidências científicas comprovadas, sobre o potencial risco de toxicidade e segurança, pois, este é um tema de grande relevância para o mundo. Existem diversos estudos sobre este tema extremamente polêmico com resultados controversos e metodologias enviesadas, não podendo ser considerados conclusivos (GUIMARÃES et al., 2021).

4 PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS NA POPULAÇÃO INFANTIL 

Os medicamentos destinados para o público adulto são produzidos após a realização de ensaios clínicos quanto à qualidade, eficácia e segurança da indústria farmacêutica. No entanto, o mesmo não se verifica nos medicamentos que são destinados a crianças. Pesquisas mostram que mais de 50% dos medicamentos administrados na população infantil nunca foram realmente estudados em crianças. Fato que se mostra preocupante, uma vez que as crianças apresentam uma maior vulnerabilidade e diferenças fisiológicas e psicológicas em relação a um indivíduo adulto (LIBERATO et al., 2008).

Pesquisas mostram que no Brasil os anti-inflamatórios mais vendidos são o Ibuprofeno como anti-inflamatório mais comprado sem prescrição, com 23% de escolha, seguido da Dipirona (22%); Diclofenaco Sódico (17%); Nimesulida (14%); compostos com Diclofenaco Sódico, Paracetamol, Carisoprodol e Cafeína (10%); Paracetamol (5%); Piroxicam (4%); Meloxicam (2%) e Ácido Acetilsalicílico (2%). Pode-se ressaltar que a dipirona e o ibuprofeno são responsáveis por 45% da preferência do consumidor dos analgésicos usados para automedicação, o que evidencia uma preocupação maior sobre estes medicamentos (SILVA; QUINTILIO, 2021).

Um estudo comparativo das propriedades, indicações, efeitos adversos e posologia dos analgésicos mais utilizados vem de encontro a subsidiar uma melhor assistência farmacêutica aos pacientes (MOITA; SANTOS; QUINTILIO, 2022).

Apesar de sua venda ser livre e dispensar a apresentação de receita médica, sua administração não dispensa cuidados e orientação do profissional farmacêutico, sob risco de seu uso prejudicar a saúde do paciente, mesmo a curto prazo. Cuidados são necessários quanto à possibilidade de reação cruzada com outros medicamentos. É importante que esses medicamentos isentos de prescrição sejam administrados de acordo com orientação de um farmacêutico (MOITA; SANTOS; QUINTILIO, 2022).

5 AÇÃO FARMACOLÓGICA DA DIPIRONA EM CRIANÇAS

Hoje em dia os medicamentos analgésicos e antipiréticos, são muito usados em crianças e adolescentes para combater febre e dor aguda e crônica. Dentre esses medicamentos, a dipirona é um analgésico prescrito em crianças para aliviar a febre, dor de cabeça, cólica abdominal e sintomas gripais. No Brasil a dipirona é comercializada na classe de medicamentos de venda livre, sendo comercializados sob orientações médicas, farmacêuticos e balconistas de farmácias e drogarias (ALVES et al., 2011).

Pesquisas revelam que aproximadamente 80% da população faz uso de algum medicamento com atividade analgésica, sem prescrição médica (ARAUJO; TESCAROLLO; ANTÔNIO, 2020).

O metamizol (dipirona) apresenta um potente efeito farmacológico analgésico e antipirético, uma vez que pertence à classe dos não opióides não ácidos e é um derivado da pirazolona, é muito administrado para dor e febre intensa persistentes. Sendo apresentado nas formulações de comprimido, líquido oral e injetáveis com propriedades antiespasmódicas, anti-inflamatórias e anti trombóticas, uma vez que não possui o mesmo mecanismo de ação dos anti-inflamatórios convencionais (PIGOZZO, 2014). 

Apesar de ser um medicamento que pertence à classe dos medicamentos isentos de prescrição no Brasil, o metamizol hoje é proibida sua comercialização em alguns países devido a efeitos colaterais que apresentam risco de vida (PIGOZZO, 2014).

Com o manuseio do tratamento farmacológico de maneira correta é possível que a farmacoterapia contribua para a recuperação e manutenção da saúde, dessa maneira os medicamentos tendem a apresentarem segurança e eficácia terapêutica durante o tratamento quando utilizado dentro das doses recomendadas.

Porém, o uso indiscriminado dos medicamentos pode oferecer risco à saúde, principalmente ao público pediátrico devido à farmacocinética e farmacodinâmica serem diferentes em crianças. As crianças possuem uma fisiologia em crescimento de maior sensibilidade quando comparadas a adulto. Dessa forma é necessário que se tenha uma maior atenção na prescrição e administração de fármacos para garantir maior segurança e eficácia terapêutica (NUNES; VILELA; SIQUEIRA, 2022).

5. 1 Mecanismo de ação da dipirona

A dipirona sódica apresenta em sua estrutura química o ácido 1-fenil-2,3-dimetil-5-pirazolona-4-etilamino metanossulfônico, que também pode ser nomeado como noramidopirinio metanossulfonato (Figura 1). Dessa forma a dipirona apresenta em seu mecanismo de ação a inibição da síntese das prostaciclinas e prostaglandinas, apresentando assim sensibilidade aos nociceptores. Portanto, a inibição dos tromboxanos, do ciclo – oxigenase e suas isoformas, quando associadas devem atuar regulando a resposta do organismo em relação à dor, a lesão, a inflamação e a febre. 

Dessa forma, esse processo deve ocorrer no Sistema Nervoso Central e no Sistema Nervoso Periférico. A inibição da COX–1 apresentam efeitos fisiológicos como gastrointestinais e homeostase vascular, enquanto na COX–2 atuam inibindo o processo inflamatório no organismo, interligada a produção de prostaglandinas, resultando nos efeitos antitérmicos, analgésicos e anti-inflamatório (RODRIGUES et al., 2021). 

Figura 1 – Estrutura química da dipirona 

Fonte: GUIMARÃES et al. 2021.

A dipirona apresenta seu início de ação entre 30 minutos e 1h, seu pico de ação ocorre entre 4 a 6h, possui meia vida de metabolização entre 2 a 5h e sua excreção é renal. No caso de crianças, a dose recomendada é de 20mg/kg a cada 6 ou 8h (PEREIRA, 2012).

5.2 Efeitos adversos do uso da dipirona – agranulocitose 

Hoje temos um aumento constante do arsenal terapêutico disponível no mercado mundial e isso tem proporcionado vantagens incomparáveis aos usuários devido à otimização dos tratamentos por meio de medicamentos com eficácia comprovada. No entanto, uma ampla variedade de medicamentos pode provocar reações adversas que se manifestam clinicamente por discrasias hematológicas com diferentes graus de gravidade, sendo uma dessas a agranulocitose. (FERREIRA, 2010).

A dipirona em doses inapropriadas de acordo com o perfil fisiológico e bioquímico podem ocasionar os efeitos adversos. Faz-se necessário ressaltar que qualquer bula medicamentosa apresenta os possíveis efeitos adversos para que os laboratórios e as indústrias farmacêuticas se preservem judicialmente, principalmente nesta época de judicialização da saúde, na qual vivemos (FREITAS, 2020).

Atualmente, as pesquisas mostram que a agranulocitose é uma reação adversa rara e pouco frequente nos pacientes tratados com metamizol, mostrando que a dipirona é um medicamento seguro apesar dos episódios raros que acontecem de agranulocitose. É provável que o aparecimento dessa reação adversa seja ocasionado nas primeiras semanas de tratamento, para reverter a agranulocitose são prescritos medicamentos em amplas classes farmacêuticas como colônias granulocítica, corticoides, antibióticos, antifúngicos e corticosteroides, devendo seguir prescrições médicas de acordo o diagnóstico para realizar um tratamento eficaz (ZAMBRANA et al., 2005).

A agranulocitose medicamentosa é definida pela redução total da quantidade de granulócitos circulantes no sangue periférico, essa redução se deve a células de neutrófilos, eosinófilos, basófilos e monócitos, sendo essas células importantes contra agentes infecciosos, sendo esses uma discrasia aguda do sangue ao qual submete ao indivíduo, altas chances de adquirir infecções, contra o organismo fragilizado, não estando pronto para se defender. 

Quando esses níveis dessas células ficam baixas ocorrem as complicações de agranulocitose que causam infecção orofaringe em especial na mucosa oral e periodontal, nessa região ocorrem contaminação por bactérias oportunistas, infecções por Gram negativo é mais comum, já por infecções de Pseudomonas aeruginosa evoluem para sepse, o que aumenta a taxa de mortalidade em até 49% dos casos (PIRES; OLIVEIRA, 2015).  

Nesses casos, a contagem de neutrófilos é feita quando o paciente que administrou a dipirona apresentou agranulocitose. Dessa forma a agranulocitose é induzida pelo metamizol ocasionando o desenvolvimento dos antineutrófilos que são dependentes de drogas que precisam de ligação covalente dos neutrófilos ao metamizol e seus derivados, o mecanismo etiopatogênico pelo qual a Dipirona provoca a agranulocitose ainda é desconhecido (GENNARO, 2014).

A aminopirina que é um dos componentes da Dipirona, atua como hapteno onde a substância que se ligada a uma proteína carreadora no organismo, é capaz de induzir uma resposta imunológica, com proteínas plasmáticas, dessa forma é possível verificar que há produção de anticorpos dirigidos contra o complexo-droga-proteína. O complexo anticorpo-droga-proteína adere aos granulócitos e fixa o complemento. O leucócito é removido da circulação pelo baço. A princípio, com a destruição aumentada dos leucócitos, a produção também aumenta, mas consequentemente a medula óssea torna-se incapaz de acompanhar esse ritmo (GENNARO, 2014) 

6 ORIENTAÇÕES FARMACÊUTICAS NO USO DOS MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO

Atualmente, é essencial que o farmacêutico oriente o paciente para o uso correto dos medicamentos, pois, mesmo os medicamentos isentos de prescrição podem, em algum momento, ocasionar reações adversas ao paciente. Uma das maiores causas de reações adversas medicamentosas são a automedicação. Hoje a automedicação deve ser observada como um ato de potencial risco à saúde, uma vez que ela pode ocasionar dependência, sangramento digestivo, resistência bacteriana e reações de hipersensibilidade entre outros problemas (SANTOS; ALBUQUERQUE; GUEDES, 2022).

Uma vez que o paciente apresentar sinais de reações adversas ao medicamento, devem ser investigados como a reação medicamentosa é ocasionada pela suspeita clínica, a relação temporal entre o consumo do medicamento e como são apresentados os sinais e sintomas do diagnóstico precoce, são avaliados também a história clínica e o exame do paciente, devendo ser correlacionados ao início dos sintomas, cronologia do acontecimento e tipo das manifestações das reações adversas (BERND, 2005).

Neste sentido, a atuação do farmacêutico clínico tem uma importante relevância para a prática da orientação farmacêutica, auxiliando sempre que necessário o paciente sobre o melhor tratamento a ser realizado para os problemas que saúde que apresenta naquele momento, sempre orientando dos riscos que podem ocorrer com o uso do medicamento (OLIVEIRA, 2021).

Os medicamentos isentos de prescrição (MIPs) são medicamentos indicados nos casos de dor leve e moderada. Para dor leve, são indicados MIPs como dipirona, paracetamol, anti-inflamatórios não esteroidais e seus derivados como os inibidores seletivos do ciclo – oxigenase (COX-2) e ácido acetilsalicílico (AAS), já os medicamentos de dor moderada, eles são recomendados nos casos em que o paciente utilizou os para dores leves e eles não atingiram o alvo terapêutico desejado ou o quadro clínico do paciente evoluiu para uma dor mais avançada (SANTOS, 2022). 

Dessa forma, é essencial que o farmacêutico reconheça a intensidade e duração da dor que o paciente apresenta, além do tempo limite de automedicação, devendo sempre se ter uma comunicação clara entre o farmacêutico e o paciente, uma vez que a orientação farmacêutica garante o uso racional dos medicamentos, especialmente os MIPs, sendo o farmacêutico o principal meio de informação segura para administrá – los (SANTOS, 2022)

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se perceber que o uso indiscriminado de medicamentos por meio da automedicação, e também devido à falta de conhecimento de pais e cuidadores pode levar a problemas de intoxicação medicamentosa em crianças.

Por ser um dos medicamentos mais empregados no controle de dor e febre em crianças, deve-se ter uma atenção ainda maior à dipirona, visto que a intoxicação medicamentosa pode levar a problemas sérios, como a agranulocitose.

Por fim, ressalta-se a importância do profissional farmacêutico para orientação da população sobre o uso seguro de medicamentos.

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