A TERRA E O HOMEM:  RELAÇÃO HUMANIDADE E NATUREZA EM UM PARAÍSO PERDIDO DE EUCLIDES DA CUNHA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249041115


Queila Batista dos Santos1


RESUMO

O presente artigo pretende discutir a relação que se estabelece entre a humanidade e o meio natural da Amazônia brasileira a partir de três ensaios de Euclides da Cunha, publicados no livro póstumo “Um paraíso perdido”. A relação será analisada em duas perspectivas. A primeira será direcionada para os escritos do autor, tendo com ênfase a problemática de como a natureza impactou Euclides em sua passagem pela região Amazônica. E a segunda perspectiva acentua como Euclides da Cunha descreve a relação homem/meio focando na figura do seringueiro, que é inserido dentro da floresta permanecendo nela. Além dos escritos de CUNHA(2000), utilizou-se HARMAN (2009), TOCATINS (1973), PIZZARO (2012), dentre outros autores que analisam essa relação do humanidade e adaptação ao espaço natural inabitado. Percebeu-se que em ambos os contatos a natureza se mostra forte e superior, porém o seringueiro desenvolve formas de habita-la e permanecer nela.

PALAVRAS-CHAVE:  Humanidade. Natureza. Relação. Conflito. Harmonia.

Em 1905, chefiando a Comissão Brasileira de limites do Brasil com o Peru em um período de tensão nessa região fronteiriça, visto que as questões de limites territoriais causavam grandes e iminentes conflitos, Euclides da Cunha é enviado a região amazônica encarregado de fixar os limites entre os dois países.

O relatório da ação traz informações sobre a composição da comissão mista, os instrumentos e atividades realizadas durante os trabalhos de reconhecimento, descreve a viagem e os aspectos gerais do rio Púrus[1] e dos seus afluentes, apresentando coordenadas dos pontos principais, considerações sobre o clima e aspectos gerais da região e seus povoadores.

A viagem de Euclides da Cunha a Amazônia foi a segunda viagem de Euclides fora do território Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. A primeira viagem do escritor foi para o Nordeste onde acompanhou alguns acontecimentos no Arraial de Canudos e da consequente guerra. A partir de suas observações na Bahia escreveu o livro “Os Sertões”, usando sua escrita para fazer denúncias da condição do sertanejo naquela localidade. Com sua inda para a Amazônia, viagem que teve a duração de dois meses, mesmo período de viagem para o Nordeste, Euclides a partir de seus ensaios, afirmava que faria “um segundo livro vingador”, mostrando para o Brasil o homem que enfrentava as ações e reações da natureza adaptando-se ao meio físico, ora sucumbindo frente a sua força, ora triunfando sobre ela em “Um paraíso perdido”. Francisco Foot Hardman afirma que:

Euclides jamais se recuperaria do impacto dessa viagem em seu imaginário e na sua vida pessoal. De volta ao Rio de Janeiro, nos três anos e sete meses que lhe restariam de vida, antes dos tiros fatais na antiga estrada real de Santa Cruz, subúrbio de Piedade, o escritor passou atormentado pelas imagens incorporadas da experiência Amazônica. (HARMAN, 2009, P. 54)

Esse artigo tem como objetivo discutir a relação que se estabelece entre a humanidade e o meio natural na Amazônia brasileira a partir de três ensaios do livro Um paraíso perdido de Euclides da Cunha, que são: Impressões gerais; Rios em abandono e Um clima caluniado. A relação homem/natureza será analisada em dois aspectos. O primeiro será o discurso do próprio escritor que vai a região em 1905, pretendendo-se analisar nesse primeiro aspecto como Euclides descreveu a região amazônica em suas cartas enviadas aos amigos, cartas essas que tornaram-se parte do livro póstumo. No segundo aspecto será analisada a relação homem/meio tendo como agente o “seringueiro”, que diferente do viajante, aventureiro e cientista, constrói uma relação dialética com a natureza, visto que sua permanência na floresta não foi datada, transitória e passageira. Ele insere-se a ela, reinventa-se, adapta suas vivências, suas práticas e sua cultura para conviver com essa e habita-la.

A relação homem/ natureza não dar se somente de maneira conflituosa, onde o homem tenta se sobressair sobre ela, a partir da  ciência e tecnologias, enquanto ela tentar  como reação, expeli-lo afugentá-lo e mostrar sua soberania, mas também numa relação harmoniosa que se constrói nesses espaços, como nos seringais da região amazônica, onde o homem dentro da floresta, usufruir do que ela pode oferecer para sua sobrevivência e contínua existência, transformando esse contato em uma relação simbólica, tornando a natureza a partir dessa  relação, parte da cosmologia das populações amazônicas, tornando-se uma dimensão lendária e mística.

Essas “imagens amazônicas”, que atormentaram Euclides, estavam relacionadas principalmente ao meio natural refletindo em seu desapontamento, pois ele havia realizado leituras sobre a região, informações essas que despertaram inicialmente sua curiosidade e contribuíram em grande parte para o seu desapontamento final.  Logo no início do ensaio “Impressões gerais”, já se pode perceber o sentimento de decepção:  

Ao revés da admiração ou do entusiasmo, o que sobressalteia geralmente, diante do Amazonas, no desembocar do dédalo flórido do Tajapuru, aberto em cheio para o grande rio, é antes um desapontamento. A massa de água é certo, sem par, capaz daquele terror a que se refere Wallace; mas como todos nós desde mui cedo gizamos um Amazonas ideal, mercê das páginas singularmente líricas dos não sei quantos viajantes que desde que Humboldt até hoje contemplaram a Hylae prodigiosa, com um espanto quase religioso – sucede um caso vulgar de psicologia: ao defrontarmos o Amazonas real, vemo-lo inferior a imagem subjetiva há longo tempo prefigurada. (CUNHA, 1986, p. 113).

Ao se referir aos termos “Amazonas Ideal” e “Amazonas real”, Euclides demostra seu desapontamento a partir de uma “imagem” que ele criou da região, a “Amazônia real” não foi aquela que ele tinha imaginado.  Mary Pratt acentua em seu livro “Olhos do Império” que o discurso imagético sobre a Amazônia foi construído a partir dos relatos e narrativas dos viajantes que chegaram à região nos séculos XVII e XVIII, e que esse discurso foi responsável por construir “imagens amazônicas” tanto geográficas quanto sociais. Pratt afirma que:

Tanto em termos de viagem quanto de discurso, portanto, Bolívar, deixa para trás as pegadas de seu predecessor europeu – mas apenas depois de optar por segui-las num primeiro momento. Esta passagem de Bolívar resume de muitas formas o lugar de Humboldt na literatura crioula inicial: como um ponto do qual parte a consciência americanista e além do qual procura ir. O modo estético de Humboldt – tratar os objetos da história natural – reencenou uma América Latina num estado primal do qual ela haveria agora de se erguer para a glória da euro-civilização. No mito que resultou de seus escritos (e pelo qual Humboldt não deve ser tido como único responsável), a América Latina foi imaginada como um terreno desocupado e devoluto; as relações coloniais foram subtraídas e a própria presença do viajante europeu permaneceu inquestionada. Venho chamar esta configuração de ―anticonquista, expressando assim um projeto expansionista incipiente sob uma forma mistificada. Como espero mostrar, esta mesma mistificação é o que tornou os escritos de Humboldt particularmente utilizáveis pelos líderes e intelectuais crioulos, para procurarem reimaginar suas sociedades e eles mesmos. (PRATT, 1999, p. 309)       

 Euclides da Cunha se dirige a Amazônia como um engenheiro á serviço do Itamarati, antes dele e também posteriormente a ele, muitos estudiosos, cientistas e aventureiros passaram pela região, a escolha por Euclides nesse texto, se deve ao fato de o mesmo, narrar em seus ensaios aspectos que acentuam a fisiografia e a geografia amazônica.

No decorrer dos seus ensaios quando fala da Amazônia, Euclides aponta sempre aspectos negativos, estabelecendo relações antagônicas com adjetivos que ressaltam características do “bem” e do “mal”, destacando palavras como: imperfeita grandeza; fauna singular e monstruosa; natureza portentosa e incompleta tem tudo e falta-lhe tudo; surpreendente e desconexa; e paraíso diabólico.

Com relação aos rios Euclides os considera um estranho adversário do homem, afirmando que o Purus seria o menos brasileiro dos rios.  A afirmação de Euclides vai contra o que aponta Leandro Tocantins em O Rio comanda a vida, sendo que para ele o rioestabelece com o homem uma relação bem próxima. Assim Tocantins descreve essa relação. 

O rio, sempre o rio, unido ao homem, em associação quase mística, o que pode comportar a transposição da máxima de Heródoto para os condados amazônicos, onde a vida chega a ser, até certo ponto, uma dádiva do rio, e a água uma espécie de fiador dos destinos humanos. (TOCANTINS, 1973, p. 280).

Na concepção Euclidiana seria necessário a incorporação do rio ao progresso, como o foi essencial para o início da civilização em algumas partes do mundo “como o Hoang-ho que aumentou a China, o Mississipi que se encaixou como um delta e nas suas águas barrentas anda os continentes desenvolvidos” (CUNHA, 1986, p. 119). Euclides ressalta que a partir do rio mudam-se países e reconstituem-se território, porém “no Amazonas é o contrário, o que se destaca é a função destruidora” (CUNHA, 1986, p. 119). Sobre os rios serem a causa preeminente do desenvolvimento das nações Euclides afirmar que     

Precisamos incorporá-lo ao nosso progresso, do qual ele será ao cabo, um dos maiores fatores, porque é pelo seu leito desmedido em fora que se traça, nestes dias, uma das mais arrojadas linhas da nossa expansão histórica. (CUNHA, 1986, p. 144).

Essa ideia de “progresso” de Euclides também aparece quando afirma que para o desenvolvimento da região seriam necessárias “as verdades da arte e da ciência”, para que assim ela fosse povoada e dominada pelo homem, onde a natureza se mostrava uma adversária cruel.  Na relação homem e meio “há o incoercível da fatalidade física, aquela natureza soberana e brutal, em pleno expandir das suas energias, é uma adversária do homem” (CUNHA, 1986, p. 125). Nessa relação antagônica do homem com a natureza o autor atribui superioridade a natureza, citando como exemplo para essa superioridade a função do clima que elimina os homens (incapazes) ou pela morte ou pela fuga, notemos:

Neste caso tiramos de lado, de uma vez, um estéril sentimentalismo e reconheçamos naquele clima uma função superior. Ante as circunstâncias nocivas que originaram e impulsionaram o povoamento do Acre, largos anos aberto a intrusão de todas as moléstias e de todos os vícios favorecidos pela indiferença dos poderes públicos, ele exercitou uma fiscalização incorruptível, libertando aquele território de calamidades e desmandos, que seriam, além de toda a proporção, muito maiores do que os que ainda hoje lá se observam. Policiou, saneou, moralizou. Elegeu para a vida os mais dignos. Eliminou os incapazes, pela fuga ou pela morte. (CUNHA, 1986, p.157).

Para Euclides a natureza deveria ser estudada e compreendida pela ciência, pois somente a ciência seria uma aliada forte para o homem no confronto homem/meio. Queremos fazer um diálogo com o ensaio de Nísia Trindade Lima e André Botelho onde sobre o título: Duas viagens amazônicas e o espectro de Euclides da Cunha: malária e civilização em Carlos Chagas e Mário de Andrade, destacam o papel civilizatório da ciência em duas viagens a Amazônia, a primeira de Carlos Chagas (1912 a 1913) e a segunda de Mário de Andrade (1927).  Atentaremos somente as informações que dizem respeito a viagem do médico Carlos Chagas, pelo discurso cientifico que dialoga com a ideia de Euclides da Cunha, pois para ambos a Amazônica precisaria da ciência para combater a hostil natureza, observemos:

As descrições e analises transcritas no relatório da viagem e posteriormente reelaboradas em textos publicados por Carlos Chagas constituíram uma imagem sobre a região amazônica marcada pela tensão em torno da categoria patologia tropical e pela defesa do papel da higiene na integração da Amazônia um projeto civilizatório para o pais. (LIMA e BOTELHO, 2011, p.142)

O cientista Carlos Chagas veio para a região com uma imagem pré-concebida a partir dos relatos de Euclides, “Carlos Chagas lidou com essas imagens buscando na medicina a saída para a construção de uma civilização nos trópicos” (LIMA e BOTELHO, 2011, p. 145).  Essas imagens negativas da natureza onde o homem era fraco e indefeso dentro dela, foi o que atraio Carlos Chagas para a região, que com as “bases científicas” foi para a localidade para estudá-la e tentar modifica-la, combatendo assim as moléstias naturais do ambiente para que ali o homem pudesse povoar.

Os autores do artigo mencionado anteriormente relacionam essa expedição científica de Carlos Chagas à medicina tropical, indicando a importância desse campo de estudo no contexto das relações coloniais, pois o olhar negativo que era lançado pelos médicos sobre os trópicos, atribuía as doenças sinônimos de atraso, como se observa:

Também podemos inserir essas expedições científicas na tradição da medicina tropical, (…) ainda que a criação da medicina topical date dos fins do século XIX e tenha sido proposta pelo médico inglês Patrik Manson, a atenção médica quanto aos “climas quentes” remonta aos primeiros anos da conquista europeia de outros continentes. (…) desde então os textos médicos foram veículos privilegiados do olhar negativo sobre os trópicos que seriam vistos como regiões atrasadas e propícias a doenças.  (LIMA e BOTELHO, 2011, p. 145)

Carlos Chagas como cientista se dirige para a Amazônia para estudá-la, é adepto da medicina tropical, neste sentido tentará combater a considerada grande moléstia da região, a malária. Nesse campo de estudo da medicina existem ideias imperialistas, pois o homem com sua ciência tentará adaptar o local “inóspito” para sua ocupação e povoamento. Os autores do artigo afirmam acerca da utilização das fontes no estudo de Carlos Chagas que elas foram diversas, e esse método assemelhou a expedição a outras expedições científicas, e que a utilização de variadas fontes é uma característica dos estudos da medicina tropical. Como método para coleta de informações na expedição de Carlos Chagas eram desenvolvidas variadas atividades como:

Atendimento a doentes; realização de exames com microscópio; aplicação de medicamentos, a exemplo de tártaro emético para o tratamento da leshimaniose; registro fotográfico; observações dos parasitos; realização de autopsia; além de entrevistas com autoridades locais sobre a organização e dados epidemiológicos. (LIMA e BOTELHO, 2011, p. 145)

É interessante notar que Carlos Chagas destina grande parte de seus estudos à doença da malária, que segundo ele era o mal que impossibilitava o desenvolvimento da região, consequência do clima. Fazemos novamente um diálogo com Euclides, pois para ele o homem se tornava ainda mais fraco com as doenças da região, onde somente os “bons” os “fortes” sobreviviam. No relatório de viagem escrito por Carlos Chagas sobre a Amazônia o cientista aponta a forma de vencer a natureza e seus males a partir do uso da ciência, Lima e Botelho indicam que:

Apresentadas no relatório e também o texto mais livre da conferencia, Permeando o relato que fez da viagem e as prescrições sanitárias duas categorias ocupam lugar central nos escritos de Carlos Chagas sobre a Amazônia: a patologia anarquizada dos trópicos – com tudo o que surpreende o cientista, especialmente a ideia da ocupação do território pela imigração –  o homem na Amazônia em substituição a população nativa. O papel dos cientistas, especialmente do campo médico se daria na busca de condições de salubridade que viabilizassem a ocupação social e econômica daquele território. (LIMA e BOTELHO, 2011, p. 152)

Nessa natureza “impenetrável pelo homem” e “dominada pela doença”, é onde os cientistas tentarão com suas técnicas científicas possibilitar o povoamento. Referente ao povoamento na região se faz necessário destacar o capitulo Ideias gerais sobre a ecologia do homem na Amazônia, presente no livro Amazônia cultura e sociedade de Djalma Batista. O autor aponta uma série de fracassos do homem frente à dominação da natureza para colonização e povoamento. Destacaremos cinco exemplos de fracassos referente à dominação da natureza apresentados por ele. O primeiro fracasso que Djalma Batista nos aponta é referente à colonização americana em Santarém, que se deu após a guerra de Secessão. De acordo com o autor os que vieram “para viver numa nova pátria, ás margens do Mississipi sul-americano, nada produziam, terminando acabados em seus remanescentes” (BATISTA, 2006, p. 109). Sobre a segunda tentativa de colonização descrita na obra, temos a colonização nordestina na Zona Bragantina, que segundo Djalma foi uma experiência dolorosa, por ser realizada em uma das melhores regiões da Amazônia, tanto pela fertilidade do solo, quanto pela proximidade com a cidade de Belém, sendo que a cidade aparecia como um potencial “mercado natural” para toda produção e exportação dos produtos agrícolas. Segundo Batista o mau uso do solo e o desmatamento imoderado foram os responsáveis pela introdução de uma grave doença parasitária nesta tentativa de colonização. Destaca que:

O desmatamento imoderado e as culturas malconduzidas criaram uma extensa área de terras degradadas, onde os colonos introduziram uma grave doença parasitária: a esquistossomose, que assola o Nordeste brasileiro. Na bragantina sucedeu, aliás, um fato de suma importância científica: Sioli, com a sua percuciência de investigador, estudando as águas dos rios e igarapés da região, previu a possibilidade da irrupção de um foco da grave doença, por ter encontrado águas alcalinas e ricas em calcário. Poucos anos depois foram encontrados os primeiros caramujos e um número apreciável de enfermos autóctones (BATISTA, 2006, p. 109-110).

Ainda sobre a tentativa de colonização e de dominação da natureza, Batista nos relata um dos maiores empreendimentos quando se fala de uso de técnicas “científicas” para a região, que foi a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Para ele a tentativa de realização do projeto custou tão caro, em dinheiro em vida e em sacrifícios, e ainda não teve a importância econômica e colonial que se esperava, pois ela entrou em decomposição, sendo sugada e coberta em grande parte pela natureza. Seguindo os escritos de Batista, temos também outra tentativa de colonização na Amazônia, que foi à criação de colônias agrícolas federais, talvez a menos conhecidas dessas tentativas de colonização na região. Segundo ele a implementação das colônias se deu após uma série de fracassos, onde o governo federal institui três colônias, uma no Amazonas (Boa Vista), outra no Pará (Monte Alegre) e a última no Maranhão (Barra da Corda), sendo a principal causa para o insucesso dos projetos à localização geográfica.

A última tentativa de colonização presente do texto de Batista diz respeito as Plantações da Ford no Tapajós, atribuindo ao fracasso da plantação à tentativa de reprodução da seringueira de maneira sistemática, vejamos o que argumenta:

Henry Ford seja qual for a razão, intentou a grande empresa, seguindo o sistema das grandes plantações orientais. Mandou técnicos, mandou dinheiro, mandou equipamentos: Fordlândia falhou inteiramente entre outras causas pela ação da Douthidella, o fungo que inutiliza a folha da seringueira. Recomeçando em Belterra, plantou 3 milhões de árvores, das quais metade vingou sadia e é hoje o documento de uma experiência, em muitos casos para atestar de como não se deve fazer haveicultura. (Batista, 2006, p. 111).  

Nos exemplos apresentados acima, vemos a ação da natureza ao afugentar o homem que pretende dominá-la e modifica-la, e ela se sobressaindo sobre o homem com suas “artes”, “técnicas” e “ciência”. O reino vegetal a Hileia se mostra superior.

Voltemos a nossa atenção a Euclides da Cunha que é objeto de análise na relação homem/meio a qual nos propomos, ou melhor, seus escritos acerca da região amazônica. Segundo Ana Pizarro “em Euclides da Cunha, o meio e a natureza aparecem também como sujeitos” (PIZARRO, 2012, p. 137), onde ambos interagem formando assim uma relação dialética.

  Euclides quando escreve seus ensaios amazônicos também recorre ao tema da transformação da natureza assim como fez em Os Sertões. Como dito anteriormente a reunião de seus ensaios resultaria em um futuro livro que para o autor, seria seu segundo livro vingador. Indagamos, vingador por quê? Vingar-se-ia de quem? Francisco Foot Hardmam (2009) ao tentar responder à pergunta argumenta que em sua segunda viagem vingadora, a vingança de Euclides não se completou ficando a meio fio, notemos o que diz:

Sua vingança, a meio-fio, não se completou. Seria a segunda, já que aludia a obra-prima Os Sertões, livro vingador das paragens perdidas de Canudos e de sua gente e de sua guerra. Aqui, tenho convicção de que a luminosidade de sua grande narrativa épico-dramática, como sol impiedoso da cantiga, ofuscou a trajetória do escritor. E, de outra parte, o enredamento na obscuridade úmida da selva enorme, suas populações nômades, sua história violenta e apartada do resto da nação impediram a unidade espaço-temporal da hileia a ser representada por Euclides. Foi esta que se vingou dos homens que ousaram a penetrá-la. O escritor também teria sorte igual. (HARDMAM, 2009, p. 38).

De acordo com a afirmação acima, podemos relacionar essa vingança euclidiana à relação do homem com seu meio, precisamente seus desertos, seja no deserto do sertão, onde o sertanejo sofre com as mazelas que assolam a região, mazelas naturais e sociais, seja no sertão amazônico que o homem também sertanejo, que migrou, sofre novamente com a interferência das forças “superiores da natureza”. Contraditoriamente como afirmou Foot Hardmam, a selva é que vingou- se do homem que almejou penetrá-la, e Euclides da Cunha não teve sorte diferente dos demais. 

Para Euclides o homem na selva era um impertinente intruso que adentrava na natureza em um momento importuno, momento em que a natureza ainda não estava preparada para recebê-lo ou então já se tinham passado o momento dessa recepção.  Fazendo o autor alusão a gênese (início) e apocalipse (fim), notemos como ressalta:

A impressão que tive, e talvez correspondente a uma verdade positiva, é esta; o homem, ali, é ainda um intruso impertinente. Chegou sem ser esperado nem querido – quando a natureza ainda estava arrumando o seu mais vasto luxuoso salão, e encontrou uma opulenta desordem (CUNHA, 1986, p. 116)

            Como se observa a floresta Amazônica para Euclides, era um espaço ainda desconhecido, um habitat que embora pertencendo ao Brasil parecia ser de outra era geológica, ele aponta que sua flora era abundante e imperfeita, e dentro da floresta a noite ouvia-se ruídos fantasmagóricos o que dava a impressão de que suas folhas, arbustos e troncos estivessem recuando no progresso da evolução. Com relação à fauna, o ensaísta acentua também que a mesma era única, mas ao mesmo tempo “monstruosa”, que marcava então sua presença pela quantidade de seres vivos que lhe dava a impressão de ainda serem seres paleozoicos.

Nesse contato de Euclides com a natureza é relevante ressaltar o seu sentimento de monotonia diante da paisagem amazônica que para ele se repetia. Logo no início do ensaio Impressões gerais, ele já fala da fadiga e monotonia, fazendo uma comparação com os mares, onde por muito tempo se observa somente a mesma paisagem. Notemos o que diz:

E como lhe falta a linha vertical, preexcelente na movimentação da paisagem, em poucas horas o observador cede ás fadigas de monotonia inaturável e sente que o seu olhar, inexplicavelmente, se abre nos sem-fins daqueles horizontes vazios e indefinidos como os mares (CUNHA, 1986, p. 15-16).

Na afirmação de Euclides onde na movimentação da paisagem, falta a linha vertical, como se ela fosse somente na horizontal, somos levados a dialogar com o pensamento de Luciana Murari, presente no livro Natureza e Cultura no Brasil. Onde citando o cronista Mateus Albuquerque que parafraseou Lord Beaconsfield, Murari argumenta que no Brasil, fora Rio e São Paulo tudo seria Paisagem. Luciana está fazendo uma comparação dos “espaços” cosmopolitas, considerando, por eliminação o restante como paisagem. Murari segue afirmado que “qualificar um espaço como “paisagem” significava defini-lo a partir do domínio da natureza sobre os signos da civilização, do poder, da técnica, e da modernidade” (MURARI, 2009, p.15). Continua a autora do livro analisando o Cronista Mateus Albuquerque, que no início do século XX, definiu a situação brasileira a partir do contraste de duas realidades, observemos:

Mateus de Albuquerque escreveria posteriormente um texto no qual, demostrava, ao contrário desse olhar blasé em direção ao que restava à margem da civilização moderna, um profundo interesse por aquele “tudo o mais” que englobava, na verdade, a maior parte do território brasileiro e da população: a natureza selvagem, o mundo rural, os territórios incultos e as fronteiras da civilização. Em seu balanço de segunda década republicana o cronista definia a situação brasileira a partir do contraste entre duas realidades que se mostravam cada vez mais distanciadas no conjunto da vida nacional: o movimento ruidoso de atualização dos incipientes centros humanos, notadamente da capital da República, contrapunha-se a imenso deserto que ainda se estendia por grande parte do território e que não havia sido tocado pela mão da civilização (MURARI, 209, p. 16).

É pertinente notamos que Euclides é oriundo justamente desses centros urbanos e vai pra região amazônica carregando esse discurso civilizatório em uma missão oficial, levando consigo sua curiosidade de intelectual e escritor.  No seu contato com o meio físico da região (fauna, flora, hidrografia) ele dar características negativas para a região, sendo que, segundo ele, a floresta era “dominadora” com um clima “angustiante” com horizontes “vazios”, onde se sentia uma monotonia da paisagem “inaturável” com fauna e flora de outras eras geológicas. Com esses adjetivos percebemos que para Euclides a selva amazônica, era sinônimo de algo negativo “paragens malditas” e “miniatura trágica do caos” (CUNHA, 1986).

Dentro dos escritos de Euclides também temos destacada a figura do seringueiro, o homem que vai para a região amazônica e é condicionado a permanecer nela por uma série de fatores. Em sua descrição do meio físico sobre a região Euclides confere destaque especial a esse ser humano em meio ao reino vegetal. Em seus ensaios vemos uma forma de denúncia a situação degradante que se encontram alguns brasileiros, abandonados pelo poder público à própria sorte, onde tentam se estabelecer e sobreviver na região, considerado estes por ele o “homúnculo da civilização” (CUNHA, 1986).

No ensaio Clima Caluniado, falando da viagem desses homens para a região, Euclides diz que teriam migrado tentando fugir das mazelas que sofriam que também (juntamente com o descaso social) eram oriundas do meio natural. Notemos como ressalta esse movimento migratório de uma grande massa populacional que sai de uma região assolada pela natureza para outra também assolada por ela, mostrando-se a natureza também de forma brutal, assim diz ele:

Tem um reverso tormentoso que ninguém ignora: as secas dos nossos sertões do Norte, ocasionando o êxodo em massas das multidões flageladas. Não o determinou uma crise de crescimento, ou excesso de vida desbordante, capaz de reanimar outras paragens, dilatando-se em itinerários que são o diagrama visível da marcha triunfante das raças, mas a escassez de vida e a derrota completa as calamidades naturais. As suas linhas baralham-se nos traçados revoltos de uma fuga. Agravou-se uma seleção natural invertida: todos os fracos, todos os inúteis, todos os doentes e todos os sacrifícios expedidos a esmo, como o rebotalho das gentes do deserto. Quando as grandes secas de 1879-1880, 1889-1890,1900-1901 flamejavam sobre os sertões adustos, e as cidades do litoral se enchiam em poucas semanas de uma população adventícia, de famintos assombrosos, devorados das febres e das bexigas – a preocupação exclusiva dos poderes públicos consistia no libertá-las quanto antes daquelas invasões de bárbaros moribundos que infetavam o Brasil, abarrotavam-se, ás carreiras, os vapores, com aqueles fardos agitantes consignado a morte. Mandavam-nos para a Amazônia – vastíssima, despovoada. Quase ignota – o que equivalia a expatriá-los dentro da própria terra. (CUNHA, 1986, p. 150). 

Dois aspectos chama a atenção nessa descrição de Euclides, a primeira é na figura do sertanejo que vai para a Amazônia, numa atitude de fuga de um também meio natural hostil, onde passa por uma seleção natural ao inverso, saindo de seus lugares de origem somente os “fracos, “doentes” e “flagelados”. Euclides no decorrer de seus ensaios acentua que a natureza (na Amazônia) seleciona os fortes dos fracos, os bons dos maus, os capazes dos incapazes, o que nos leva a apontar que esses homens que migraram de uma região a outra passaram por dupla seleção.  Na primeira o homem deveria ser a parte fraca, doente, impotente, na segunda ele deveria se a parte forte, resistente, capaz de passar pelos desígnios da natureza e resistir a ela. O outro aspecto que nos chama a atenção na citação acima de Euclides se referte ao patriotismo presente em seu argumento, em que aponta que o homem mesmo estando dentro da sua própria pátria, parece expatriado, isso nos leva a uma consideração. Se ele parecia não pertence a pátria, era porque o poder público o esqueceu isolado no “seringal”, e a natureza consequentemente contribui para essa sensação de não pertencimento, com sua flora, fauna, e outros elementos diferentes do que esse homem estava familiarizado, causando nele a sensação de estar em outo país, talvez até em outro mundo.

Euclides em seus ensaios aponta a presença de um médico na região – dr. Luigi Bascalione – que teria dado características a duas fases iniciais da influência do clima sobre o forasteiro. Em princípio seria “sob a forma de uma superexcitação das funções psíquicas e sensuais acompanhadas depois, de um lento enfraquecer- se de todas as faculdades a começar pelas mais nobres” (CUNHA, 1986, p.126). Para o médico e também para  Euclides, o clima seria o responsável por tirar as qualidades nobres dos homens que foram inicialmente como forasteiro e acabavam ali permanecendo. Porém, no ensaio um rio caluniado, Euclides afirma que “ao cabo verifica-se algumas vezes que não é o clima que é mau: é o homem” (CUNHA, 1986, p. 152). Os dois apontamentos nos levam a uma possível contradição em Euclides, pois se inicialmente o homem é bom e o clima lhe tira as qualidades mais nobres, posteriormente o autor alega que o clima não seria mau, mas o sim o homem, e o clima por ele muitas vezes criticado se torna bom.

Ainda sobre a influência do clima sobre o homem na região, gostaria de trazer a discussão o que diz Djalma Batista em seu Livro Amazônia cultura e sociedade, precisamente o capitulo que fala sobre Ideias gerais sobre a ecologia do homem amazônico, onde aponta que fatores ecológicos explicam a demografia do lugar e sua inexpressiva população. Para ele são quatro fatores que demostram esse pouco povoamento na região. O primeiro seria justamente o clima, que faz o homem adapta-se a sua ação, principalmente referente ao seu horário de trabalho, observemos o que fala sobre o assunto:

Teríamos então perfeitamente justificados dois horários de atividade: um no princípio da manhã, e outro no fim da tarde, completando o número de horas exigidas dos homens produtivos no mundo inteiro. Outra modificação imprescindível, imposta pelo meio, está no abrigo da família ou do grupo humano que trabalha, e no abrigo do próprio corpo humano: isto é, uma revolução se exige, na casa e no vestuário. (BATISTA, 2006, p. 102).

Percebemos com a afirmação de Djalma que o homem teve que se adequar a região, mudar e criar novos hábitos para que pudesse aqui permanecer, trabalhar e viver, estabelecendo com o meio uma troca simbólica, se reinventando, para assim viver “harmonicamente”. Ainda sobre os quatro motivos ecológicos que explicam o pouco povoamento na região, Djalma afirma que juntamente com o fator climático, temos: o fator topográfico (onde elege a Amazônia como a maior planície do mundo); o fator pedológico (referente ao solo, onde destaca a pobreza do mesmo, agravada pela imensidão de aguas que o leva a erosão fatal) e o fator biológico (causa que impede a população amazônica de se multiplicar, por conta da escassez de alimentos, doenças e pragas).  Apesar de apontar esses fatores, Djalma ainda alega que “o homem influi sobre o meio, domina-o, dirige-o: isto é, porém quando quer, ou quando pode… também é verdade que na Amazônia o homem tem influído negativamente sobre o meio, e nem sonhou de dominá-la quando mais de dirigi-lo” (BATISTA, 2006, p.99-100).

Voltemos para Euclides, onde para ele o homem no “seringal”, local que ele chama de “paraíso diabólico”, trabalha para seu próprio mal, como na frase celebre do livro que diz: “é o homem que trabalha para escravizar-se” (CUNHA, 1986, p.127), e esses homens se destacam para ele pela bravura, por adentrarem uma região onde parece haver vida extraterrestre, notemos como relata acerca da floresta e esses homens:

Desaparecem as formas topográficas mais associadas à existência humana. Há alguma coisa extraterrestre naquela natureza anfíbia, misto de águas e de terras, que se oculta, completamente nivelada, na sua própria grandeza. E sente-se bem que ela permaneceria para sempre impenetrável se não se desentranhasse em preciosos produtos adquiridos de ponto sem a constância e a continuidade das culturas. As gentes que a povoam talham-se lhe pela braveza. (CUNHA, 1986, p.146)

Segundo Euclides o colono ou o emigrante seria então um “pupilo” do estado, pois o mesmo entraria na região, com seus hábitos que se referem a vestimentas e alimentações.  Porém achamos que a ideia de pupilo do estado da parte de Euclides é um tanto quanto romântica, pois em grande parte eles ficavam completamente esquecidos pelo poder público, talvez fossem um pupilo só que, sem o estado saber de sua existência, ou até mesmo sabendo, mas a ignorando.

Um outo aspecto que chama a atenção nessa relação “homem do seringal” e meio ambiente é referente às transformações físicas que o homem passa a partir da influência climática da região. De acordo com Euclides o homem passaria por uma adaptação a um meio cósmico, onde “a musculatura se desfibra e a própria fortaleza da alma de espirito se deprime” (CUNHA, 1986, p.146). Somando a todas as características violentas e brutais da natureza descritas por Euclides, temos também o fator isolamento que o “homem do seringal” é acometido, que lhe afeta psicologicamente e agrava ainda mais seu sentimento de impotência dentro da natureza, notemos o que diz Euclides referente ao isolamento do homem:

E vê-se completamente só na fina dolorosa. A exploração da seringa, neste ponto pior que a do caucho, impõe o isolamento. Há um laivo siberiano naquele trabalho. Dostoiévski sombrearia as suas páginas mias lúgubres com essa tortura: a do homem constrangido a calcar durante a vida inteira a mesma “estrada”, de que ele é o único transeunte, trilha obscura, estreitíssima e circulante, ao mesmo ponto de partida. Nesta empresa de Sísifo a rolar em vez de um bloco o seu próprio corpo – partindo, chegando e partindo – nas voltas constritoras de um círculo demoníaco (CUNHA, 1986, p.153). 

Euclides nos aponta um grande isolamento do “seringueiro” de outros homens e da parte “civilizada” do país, o que o leva a um sentindo de solidão, e que em algumas atitudes mostram sinais de autopunição frente a sua situação, é o caso do ensaio Judas-Ahsverus[2], onde metaforicamente o “seringueiro” se vinga da natureza e de si mesmo, ensaio que deixaremos para analisar em outra situação.

Na relação homem/meio percebemos que ela se mostra de forma diferente em   sujeitos históricos que mantem contato também diferentes com a natureza, o que vai a região amazônica como aventureiro, cientista, explorador e que depois volta a seu lugar de origem, e o que vai e nela permanece. Nas duas formas de contato a natureza sempre se mostra grandiosa e brutal, porém no último caso, o homem começa a estabelecer relações de troca com a mesma, onde começar a se reinventar, e conviver com ela em um possível relacionamento “harmônico”. Tanto Euclides, como os outros aventureiros e cientistas que se dirigiram à região, ressaltam o lado opressor e voraz da natureza que sempre tentou traga-los, afugentá-los e fazer com que os mesmos desaparecessem dentro de seus domínios naturais.

O homem que se adapta, que apesar de todas as divergências e adversidades se insere no meio hostil é, nessa relação homem/meio o agente que construiu uma verdadeira relação simbólica, atuando no meio natural a partir de seu conhecimento adquirido na vivência com o mesmo, transforma-o em lugar habitável dentro do que a natureza permite e autoriza, ele lhe confere um status de entidade que precisa ser respeitada, consultada e obedecida.

REFERÊNCIAS

BATISTA, Djalma. Amazônia: cultura e sociedade. 3ª edição. Manaus: Valer, 2006.

CUNHA, Euclides. Um paraíso perdido: reunião de ensaios amazônicos. Coleção Brasil 500 anos. Brasília: Senado Federal, 2000.

HARDMAN, Francisco Foot.  A vingança da Hileia: Euclides da Cunha, a Amazônia e a literatura moderna. São Paulo: Editora UNESP, 2009.

LIMA, Nísia Trindade de e BOTELHO. André. “Duas viagens amazônicas e o espectro de Euclides da Cunha: malária e civilização em Carlos Chagas e Mário de Andrade”, pp. 139-178. In BASTOS, Elide Rugai e PINTO, Renan Freitas (orgs.). Vozes da Amazônia II. Manaus: Valer/Edua, 2014. 

TOCANTINS, Leandro. O rio comanda a vida:uma interpretação da Amazônia. Rio de Janeiro: Bibliex, 1973.

PIZARRO, Ana. Amazônia: as vozes do rio. Tradução Rômulo Monte Alto. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.

MURARI, Luciana. Natureza e cultura no Brasil. São- Paulo: Alameda, 2009.


[1] Púrus é uma rio muito importante para o Acre e para a região norte em geral, ele é um grande rio trafegável que liga vários municípios do estado do Acre e do estado do Amazonas.

[2] Segundo Hardman, Euclides reconstitui o sábado de Aleluia entre os seringueiros do Alto Purus, quando estes “desforram-se”, ou “vingam-se ruidosamente, dos seus dias tristes”, da paralisia de uma existência imóvel que parece o prolongamento de uma sexta-feira da Paixão pela existência e ano todo afora.


[1] Mestre em Linguagem e Identidade, Secretaria de Educação Cultura e Esportes do estado do Acre. batista.queila@gmail.com