A SÍNDROME DO ESGOTAMENTO EMOCIONAL: COMPREENDENDO O BURNOUT ENTRE OS ENFERMEIROS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8348844


Andrea Branco Marinho¹
Vanessa Santos da Silva²
Arthur da Rocha Ferreira³
Cláudio Rodrigues de Lima4
Adilson Gomes de Campos5
Jéssica Hilane Bezerra dos Santos6
Karina Nunes Sodré Santos7
Alexandre Montanari Pinto8
Maria Karuline de Sousa Lima9
Amanda Regina Florencio do Nascimento10
Rute Alves Pereira¹¹
Wagner  Charles Soares de Barros¹²
Heberth Almeida de Macedo¹³
Marcilene Maria de Souza Viana14
Maria de Fatima Peixoto Cassimiro15
Yanka Macapuna Fontel.16


RESUMO:

INTRODUÇÃO: A Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome de Esgotamento Profissional, é uma doença mental que surge após um indivíduo passar por situações estressantes, principalmente no ambiente de trabalho. Burnout é caracterizado por exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal. OBJETIVOS: O presente estudo tem como objetivo principal entender como o Burnout afeta a saúde dos enfermeiros. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão de literatura realizada nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) utilizando como descritores “Burnout”, “Enfermagem”, “Saúde”. Para análise, os critérios de inclusão foram textos originais e artigos completos publicados nos anos de 2018 a 2023. Selecionou-se 05 artigos e, excluindo  os que não dissertam sobre o assunto. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Burnout é um problema comum vivenciado por enfermeiros, muitas vezes resultando em exaustão emocional. Esse esgotamento de motivação e energia se deve ao esgotamento dos recursos físicos e emocionais. A exaustão física e emocional é um sintoma comum de esgotamento em enfermeiros devido à natureza do seu trabalho, que pode ser exigente tanto emocional quanto fisicamente. A administração rodoviária, o pessoal inadequado e o apoio de gestão insuficiente também podem contribuir para o esgotamento. É essencial que os enfermeiros reconheçam estes sintomas e procurem ajuda caso estejam a sofrer de esgotamento. Além disso, os sintomas de esgotamento podem incluir distúrbios do sistema imunológico, dores musculares e fadiga. O nível de empatia e ligação emocional exigido pela enfermagem resulta frequentemente em esgotamento e exaustão emocional entre os profissionais. A prevenção e o gerenciamento do esgotamento na enfermagem podem ser alcançados por meio de várias estratégias de enfrentamento, incluindo a busca de apoio social, a prática do autocuidado e a utilização de técnicas de gerenciamento do estresse. Para salvaguardar o bem-estar da enfermagem, as organizações de saúde devem implementar políticas e iniciativas que ajudem a prevenir o esgotamento. Essas medidas podem incluir atividades de formação de equipes, programas de mentoria e programas de assistência aos funcionários. CONCLUSÃO: Portanto, o Burnout apresenta um desafio significativo para a profissão de enfermagem, uma vez que,  a exaustão emocional, a despersonalização e a redução da realização pessoal definem o esgotamento – uma condição desencadeada por uma combinação de fatores individuais, organizacionais e sociais. Estabelecer metas realistas, cuidar da saúde física e mental e buscar apoio de colegas e supervisores são algumas maneiras pelas quais os enfermeiros podem prevenir o esgotamento. As organizações de saúde devem agir para reduzir o impacto do Burnout nos enfermeiros e priorizar formas de prevenir o Burnout, além de estratégias como aconselhamento, gestão do stress e coaching de carreira. Ao abordar o esgotamento, os prestadores de cuidados de saúde não só contribuem para melhorar a satisfação profissional e o bem-estar geral dos enfermeiros, mas também promovem melhores resultados para os pacientes.

ABSTRACT:

SUMMARY:

INTRODUCTION: Burnout Syndrome, also known as Professional Exhaustion Syndrome, is a mental illness that arises after an individual goes through stressful situations, mainly in the work environment. Burnout is characterized by emotional exhaustion, depersonalization and reduced personal achievement. OBJECTIVES: The main objective of this study is to understand how Burnout affects the health of nurses. METHODOLOGY: This is a literature review carried out in the Scientific Electronic Library Online (SciELO) and Latin American Literature in Health Sciences (LILACS) databases using the descriptors “Burnout”, “Nursing”, “Health”. For analysis, the inclusion criteria were original texts and complete articles published in the years 2018 to 2023. 05 articles were selected and, excluding those that do not discuss the subject. RESULTS AND DISCUSSION: Burnout is a common problem experienced by nurses, often resulting in emotional exhaustion. This depletion of motivation and energy is due to the depletion of physical and emotional resources. Physical and emotional exhaustion is a common symptom of burnout in nurses due to the nature of their work, which can be both emotionally and physically demanding. Road administration, inadequate staffing, and insufficient management support can also contribute to burnout. It is essential that nurses recognize these symptoms and seek help if they are experiencing burnout. Additionally, symptoms of burnout can include immune system disorders, muscle aches and fatigue. The level of empathy and emotional connection required by nursing often results in burnout and emotional exhaustion among professionals. The prevention and management of burnout in nursing can be achieved through various coping strategies, including seeking social support, practicing self-care, and using stress management techniques. To safeguard nursing well-being, healthcare organizations must implement policies and initiatives that help prevent burnout. These measures may include team-building activities, mentoring programs and employee assistance programs. CONCLUSION: Therefore, burnout presents a significant challenge for the nursing profession, since emotional exhaustion, depersonalization and reduced personal fulfillment define burnout – a condition triggered by a combination of individual, organizational and social factors. Setting realistic goals, taking care of physical and mental health, and seeking support from colleagues and supervisors are some ways nurses can prevent burnout. Healthcare organizations must act to reduce the impact of burnout on nurses and prioritize ways to prevent burnout, in addition to strategies such as counseling, stress management and career coaching. By addressing burnout, healthcare providers not only contribute to improving nurses’ job satisfaction and overall well-being, but also promote better patient outcomes.

INTRODUÇÃO

A partir de janeiro de 2022,  a lista revisada de doenças ocupacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS) entra em vigor com a inclusão da SB na lista de transtornos crônicos de estresse ocupacional  que não foram gerenciados com sucesso. A partir desta inclusão, podem ser desenvolvidas diretrizes, com base em relatórios e registros nacionais e internacionais, sobre causas de adoecimento e morte, diagnóstico de morbidade e mortalidade, bem como o acesso ao emprego e direitos previdenciários são concedidos a terceiros. Trabalhador. Doença (Ops Brasil, 2019). 

Segundo Lobo et al. (2022), os profissionais de enfermagem enfrentam estressores como: risco de transmissão, altas demandas de trabalho  muitas vezes envolvendo dois turnos, falta de EPI, baixa remuneração e reconhecimento profissional. Ressalta-se que a exposição à dor e aos cuidados com pacientes terminais aumenta o risco de desenvolvimento de transtornos mentais como ansiedade, estresse, depressão, incluindo ideação suicida e morte (Vieira Et Al., 2022; Cappellari Et Al., 2022; Kantorski et Al, 2022). 

A influência do trabalho na saúde mental dos colaboradores é mencionada por Areosa (2018) sob a perspectiva da psicologia do trabalho, mostrando que ele é a base para a construção da identidade, seja ela pessoal ou da sociedade. Contudo, é passiva ao conflito e à resistência, dependente de emoções e sentimentos, bem como repleta de formas de poder e libertação, o que em si é de mão dupla e moralmente contemplativo. É, portanto, um tema de inegável relevância nos dias de hoje, dados os efeitos que o trabalho pode ter nos profissionais (Baldonedo, Mosteiro, Queirós, Borges e Abreu, 2018; Queirós, Borges) Teixeira e Maio, 2018).

Entre os profissionais de saúde, os enfermeiros são a classe profissional mais suscetível ao Burnout (Annaloro et al., 2021). Em diferentes domínios da saúde mental, os dados mostram que os enfermeiros foram significativamente mais afetados pela pandemia de COVID-19 do que os médicos (Kunz et al., 2021). Várias intervenções têm demonstrado ser eficazes na prevenção ou redução do burnout entre os profissionais de saúde, tanto a nível individual como organizacional ou estrutural (Gualano et al. associados, 2021). Os profissionais de saúde (enfermeiros, médicos, assistentes médicos e outros) têm enfrentado uma série de desafios no domínio da saúde mental durante a pandemia da COVID-19, razão pela qual devem ser incentivadas políticas e intervenções  de saúde específicas para estes profissionais em situações de crise no futuro (Chutiyami et al., 2022).

Sabe-se que existe uma estreita relação entre  problemas no trabalho e na vida pessoal, levando a níveis mais elevados de estresse e ansiedade (Zhang H et al., 2020). implementação de  medidas precoces de prevenção, detecção e tratamento  (Alikhani R et al, 2020).

METODOLOGIA:

Trata-se de uma revisão narrativa com abordagem qualitativa, a qual sob o ponto de vista contextual permite a discussão sobre um assunto delineado (ROTHER, 2007). As revisões narrativas são comunidades abrangentes e neutras para descrever e debater o desenvolvimento de determinado tema, sob o ponto de vista teórico e contextual. Esse tipo de revisão possui papel essencial para a educação continuada, visto que permite ao leitor a atualização de conhecimentos sobre assuntos específicos em curto período de tempo. Dessa forma, esse modelo de revisão fundamenta o artigo em uma análise e interpretação dos autores, conduzindo assim à demonstração de novas ideias e aprimoramento sobre a temática em questão (TOLEDO, 2017). Sendo assim, utiliza-se esse tipo de revisão com o intuito de explorar uma temática específica, permitindo evidenciar novos conhecimentos sobre o esgotamento profissional por parte dos enfermeiros.

A busca na literatura ocorreu nos meses de Julho e Agosto. Como essa metodologia não requer métodos específicos para procura de fontes na literatura (CORDEIRO et al. 2007), o processo de coleta foi realizado por meio das bases de dados  Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS)

Além disso, foram incorporados materiais publicados por institutos filantrópicos reconhecidos, principalmente os materiais do ministério da saúde, visto que essa é uma temática com aprendizado limitado.

Para realização da busca utilizou-se os seguintes Descritores em Ciências Saúde (decs): “Burnout” e “Enfermagem” Os critérios adotados para inclusão das publicações foram aqueles que abordaram sobre a temática, disponível na íntegra e online, publicado nos idiomas português, inglês e espanhol. Excluíram-se artigos indisponíveis na íntegra de forma gratuita e que não abordavam a temática. Foram selecionados 5 estudos para compor a revisão.

Por ter como referência bases públicas, não será preciso a submissão ao Comitê de Ética e Pesquisa, respeitando, porém, os preceitos éticos alcançados na resolução número 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2013).

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

A  revisão deste âmbito conduziu às seguintes conclusões principais: a) Os profissionais de saúde apresentam uma elevada prevalência de perturbações mentais; b) Durante a pandemia, os escores de ansiedade e depressão entre os profissionais de enfermagem foram significativamente maiores; c) Os grupos mais próximos dos pacientes infectados apresentam maiores taxas de psicose (SANTOS et al., 2022; SILVA-NETO et al., 2022; CAMPOS et al., 2022).  Os principais fatores de risco associados ao Burnout dos enfermeiros (despersonalização e exaustão emocional) foram sexo, idade, escolaridade, variáveis ​​relacionadas ao trabalho e outros fatores físicos e mentais. O grau de exaustão emocional nas mulheres e  de despersonalização é maior nos homens (Annaloro et al., 2021). Durante as fases iniciais da pandemia, o Burnout  entre os enfermeiros foi superior, especialmente na subfaixa personalizada, devido às longas horas de trabalho, sendo os jovens os mais afetados, em comparação com os profissionais mais velhos e experientes (Chutiyami, 2022).

Tal como esperado na literatura (Chirico F, Nucera G, Magnavita N., 2020.), e embora ainda dentro da norma, o sexo feminino superou em termos de depressão e stress. Por outro lado, e não era isso que esperávamos, encontramos uma maior taxa de Burnout nos homens.

Uma maior vulnerabilidade implica uma maior atenção à facilitação do  acesso ao aconselhamento ou à psicoterapia, bem como ao tratamento da toxicodependência, quando necessário. As estruturas de saúde devem ser capazes de assegurar horários de trabalho adequados e procedimentos operacionais corretos, bem como programas de detecção precoce de problemas de saúde mental nos hospitais e noutras áreas do sistema de saúde.

O sistema de saúde enfrenta uma elevada pressão de hospitalização de pacientes com Covid-19. (Kunz et al., 2021). A saúde mental dos profissionais de saúde não deve ser subestimada. Devem ser tomadas medidas eficazes para prevenir e mitigar a deterioração da saúde mental entre os profissionais de saúde (Aymerich et al., 2022).

A prevalência de SB identificada neste e em outros estudos foi avaliada como elevada pelos autores e representa interesse neste tema, uma vez que o Burnout afeta o adoecimento dos trabalhadores, a relação entre as relações interpessoais e a qualidade dos cuidados de saúde na  comunidade. A alteração de qualquer um destes aspectos sinaliza uma transição para o esgotamento, que pode ser visto como um alerta precoce de um desequilíbrio profissional (Maslach C, Leiter, MP, 2016).

CONCLUSÃO:

Conclui-se que, a questão do esgotamento assola a profissão de enfermagem, resultando em exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal. Suas raízes podem ser atribuídas a uma combinação de fatores nos níveis individual, organizacional e social. Os enfermeiros podem proteger-se do esgotamento através de práticas de autocuidado, objetivos viáveis ​​e confiando em colegas de trabalho e supervisores para obter apoio. Para combater o esgotamento, podem ser empregados tratamentos como aconselhamento, gerenciamento de estresse e orientação profissional. O bem-estar dos enfermeiros, a satisfação no trabalho e os resultados dos pacientes podem melhorar se as organizações de saúde reconhecerem ativamente os efeitos do esgotamento e tomarem medidas preventivas. Abordar o esgotamento deve ser uma prioridade para as organizações garantirem um desempenho ideal entre os enfermeiros.

REFERÊNCIAS:

RAQUEL KIST, D.; GONÇALVES POSSUELO, L.; FRANTZ KRUG, S. B. Síndrome de burnout em enfermeiros de estratégia saúde da família do sul do Brasil. Nursing (São Paulo), v. 25, n. 288, p. 7780–7793, 20 maio 2022. Disponível em: ‌https://revistanursing.com.br/index.php/revistanursing/article/view/2473/3018.

ANTUNES, J. COVID-19 AND BURNOUT IN HEALTHCARE PROFESSIONALS. Psicologia, Saúde & Doença, v. 23, n. 03, p. 591–601, nov. 2022. Disponível em: COVID-19 e Burnout nos profissionais de saúde (scielo.pt)AVALIAÇÃO DO RISCO BIOPSICOSSOCIAL DOS TRABALHADORES EM AMBIENTE HOSPITALAR (scielo.pt)

‌DOMINGUES, M. et al. OS EFEITOS DA PANDEMIA NO BEM-ESTAR DOS ENFERMEIROS BRASILEIROS NO COMBATE AO COVID-19: UMA REVISÃO DE ESCOPO. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, v. 27, n. 2, p. 701–719, 30 mar. 2023. Disponível em: https://ojs.revistasunipar.com.br/index.php/saude/article/view/9376/4568.

BATALHA, E. et al. Satisfação por compaixão, burnout e estresse traumático secundário em enfermeiros da área hospitalar. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, n. 24, dez. 2020. Disponível em: http://www.scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=‌S1647-21602020000200004 & lang=pt. Acesso em:


¹Graduada em Enfermagem- UNESA
andreabmcabm@gmail.com
²Doutoranda em Enfermagem e Biotecnologia-UNIRIO
nessassilva@yahoo.com.br
³Graduado em Enfermagem – UNISUAM
arthur.rochaferreira@hotmail.com
4Graduado em Enfermagem- FTESM
5Mestre em Enfermagem – UFMT
adilson.campos@univag.edu.br
6Especialização em Saúde da Família pelo UNASUS/UERJ/UFMA
jessicahilane@hotmail.com
7Graduanda em Psicologia-UNIFTC
karina-buthielle@hotmail.com
8Graduado em Enfermagem-UNIGRANRIO
montanarifisio@hotmail.com
9Graduada em Psicologia- UNIFSA
mariakarulinelima@outlook.com
10Graduanda em Medicina – FAM
a.regina1907@gmail.com
¹¹Graduada em Psicologia –   USJT
rutepalves@gmail.com 
¹²Graduado em Psicologia- (CEULP-ULBRA)
prof.wagnerdebarros@gmail.com
¹³Graduado em Enfermagem- Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein
hebertham@gmail.com
14Graduada em enfermagem- UFPA
mlv0279@gmail.com
15Graduada em enfermagem- UFF
Mariahfatimap@gmail.com
16Graduada em Enfermagem – UFPA