A SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202412312122


Luiz Junior Breda;
Orientadora: Profa. Carolina Andrade


RESUMO  

A construção civil possui grande índice de acidentes, número esse que  vem crescendo gradativamente. Nota-se que os principais fatores para a  ocorrência desse fato compreendem a rotatividade da mão de obra e a  falta de cultura dos colaboradores quanto à utilização e treinamento do  uso correto de EPI’s e EPCs. A solução para a diminuição desse índice  é a prevenção do acidente. A conscientização por meio de treinamentos,  palestras, concursos de cartazes e afins são um dos fatores  determinantes para o decorrer dos serviços da obra sem a ocorrência de  prejuízos físicos ao trabalhador. Sob esta ótica, o presente estudo versa  sobre o tema “A segurança na Construção Civil”. Assim, no decorrer das  análises deparou-se com o seguinte questionamento: Qual é a  relevância em se utilizar os equipamentos de segurança? É sabido da  grande importância em se utilizar adequadamente os equipamentos de  segurança na prevenção de acidentes e para que se alcancem uma  qualidade de vida melhor nos canteiros de obras. Tem-se como objetivo  geral realizar um levantamento bibliográfico acerca da segurança nos  canteiros de obras do setor de Engenharia Civil, para, por meio dos  objetivos específicos, analisar como é feito o processo de segurança,  quais os equipamentos ideais e os cuidados a serem tomados; verificar  a utilização de EPIs e EPCs na Engenharia Civil; informar e ilustrar a  importância da segurança do trabalho na construção civil, da prevenção  de acidentes e redução de doenças ocupacionais. Para alcançar os  objetivos preestabelecidos, este estudo utilizou como metodologia  científica a pesquisa bibliográfica descritiva, embasada em livros,  revistas e periódicos acerca da temática, descrevendo os fatos  referentes à segurança encontrados nos canteiros de obras.  

Palavras-Chave: Construção Civil. Segurança no Trabalho. Prevenção. 

ABSTRACT  

The civil building has a large number of accidents, a figure that has been  growing gradually. We note that the main factors for the occurrence of  this fact comprises the turnover of workforce and the lack of culture of  employees in the use and training of the correct use of PPE and EPCs.  The solution to the decline of this index is to prevent the accident. The  awareness through training, lectures, contests posters, etc are one of the  determinants for the course of the work without the occurrence of  physical harm to the employee services factors. From this perspective,  the present study deals with the theme “Safety in Construction”. Thus, in  the course of the analyzes was faced with the following question: What is  the relevance of safety equipment be used? It is well known the great  importance in properly use safety equipment to prevent accidents and to  achieving a quality of life better in construction sites. Has the general  objective of performing a literature about the safety at construction sites  of the Civil Engineering sector, for, through specific goals, analyze how  is the security process, which the ideal equipment and precautions to be  taken; verify the use of PPE and EPCs in Civil Engineering; inform and  illustrate the importance of work safety in construction, accident  prevention and reduction of occupational diseases. To reach the  predetermined goals, this study used scientific methodology descriptive  literature, based on BOOKS, magazines and journals on the theme,  describing the facts related to safety found at construction sites.  

Keyword: Civil building. Safety at Work. Prevention 

1 INTRODUÇÃO  

Desde os primórdios se busca meios para se proteger e reduzir os  efeitos dos perigos inerentes às atividades da vida. A construção civil possui  grande índice de acidentes, número esse que vem crescendo  gradativamente. Observa-se que os principais fatores para a ocorrência  desse fato compreendem a rotatividade da mão de obra e a falta de cultura  dos colaboradores quanto à utilização e treinamento do uso correto de EPI’s  e EPCs.  

A solução para a diminuição desse índice é a prevenção do acidente,  uma vez que a partir dessa redução pode-se chegar a uma margem zero de  acidentes.  

Percebe-se que a segurança é uma das condições essenciais para o  desempenho das atividades de maneira mais eficaz. Verifica-se que a  utilização de EPI’s e EPC’s, obrigatoriamente, no início gerou mal estar aos  colaboradores. Porém, cabe salientar que para a empresa e colaborador é  essencial investir e insistir nessa política de segurança, pois também  aumenta a produtividade e melhoria na qualidade de vida.  

A conscientização por meio de treinamentos, palestras, concursos de  cartazes e afins são um dos fatores determinantes para o decorrer dos  serviços da obra sem a ocorrência de prejuízos físicos ao trabalhador. Sob  esta ótica, o presente estudo versa sobre o tema “A segurança na  Construção Civil”.  

Os canteiros de obras estão diariamente sujeitos a acidentes de  trabalho, assim, no decorrer das análises deparou-se com o seguinte  questionamento: Qual é a relevância em se utilizar os equipamentos de  segurança? É sabido da grande importância em se utilizar adequadamente os  equipamentos de segurança na prevenção de acidentes e para que se  alcance uma qualidade de vida melhor nos canteiros de obras.  

Destarte, tem-se como objetivo geral realizar um levantamento  bibliográfico acerca da segurança nos canteiros de obras do setor de  Engenharia Civil, para, através dos objetivos específicos, analisar como é  feito o processo de segurança, quais os equipamentos ideais e os cuidados a  serem tomados; verificar a utilização de EPIs e EPCs na Engenharia Civil; informar e ilustrar a importância da segurança do trabalho na construção civil,  da prevenção de acidentes e redução de doenças ocupacionais.  Tendo em vista a evolução da construção civil e a quantidade de  obras neste período da sociedade, são de suma importância que se conheça  as maneiras de prevenção de acidentes, para que se possa reduzir esta  estatística. Além disso, a construção civil é um dos ramos que mais se  desenvolvem, e para que isso aconteça sem problemas, faz-se necessário  que os colaboradores estejam preparados para qualquer imprevisto referente  à segurança do canteiro de obras.  

A fim de alcançar os objetivos preestabelecidos, este estudo utilizou  como metodologia científica a pesquisa bibliográfica descritiva, embasada em  livros, revistas e periódicos acerca da temática, descrevendo os fatos  referentes à segurança encontrados nos canteiros de obras.  

No decorrer deste estudo serão abordados em capítulos assuntos  acerca de acidentes de trabalho, em especial na construção civil, indicadores  de acidentes, riscos no ambiente de trabalho, bem como os equipamentos de  segurança.  

Além disso, por meio de pesquisa bibliográfica, busca apresentar como  acontece a segurança nos canteiros de obras da construção civil, mostrando  como prevenir acidentes, quais as características e atribuições da Comissão  Interna de Prevenção de Acidentes e o que vem a ser um quase acidente.   

2 ACIDENTE DE TRABALHO  

A concepção de acidente de trabalho leva a imaginar algo relacionado  à destruição, desgraça, fatalidade, oriunda de um caso anormal e fortuito,  ocasionando a destruição parcial ou completa da saúde do trabalhador,  gerando danos materiais.  

A Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, determina em seu em seu art. 19  o que é acidente de trabalho:  

Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a  serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados  referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão  corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou  redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. 

Entretanto, acidente não deve ser analisado somente quando houver  ferimentos, morte ou lesão, pois há situações que não ocorrem esses fatos,  como, por exemplo, quando há queda de energia.  

Ao analisar autores mais antigos em comparação com os mais  contemporâneos, não houve muitas mudanças no que concerne ao acidente de  trabalho, uma vez que é considerado quando, no exercício do trabalho,  acontecem as seguintes circunstâncias, conforme leciona De Cicco (1982, p.  2):  

∙ Doenças profissionais ou do trabalho: aquelas que são  adquiridas em determinados ramos de atividade e que são  resultantes das condições especiais em que o trabalho é realizado;  
∙ Qualquer tipo de lesão, quando ocorre: no local e no horário  de trabalho e quando o caminho ou na volta do trabalho; fora dos  limites da empresa e fora do horário de trabalho; fora do local da  empresa, mas em função do trabalho.  

Verifica-se que o conceito de acidente é amplo e não se limita ao local  de trabalho, abrangendo também o trajeto e os ocorridos em função do  trabalho.  

Os acidentes devem ser evitados em qualquer lugar, haja vista o  tamanho do prejuízo e males que podem causar, tanto para a empresa,  quanto para o colaborador.   

Dos prejuízos para o empregado, os que têm mais impactos são  aqueles que resultam em alguma vítima. Além disso, outra preocupação do  colaborador é o retorno à função após período de afastamento, como  demonstra Zocchio (2002, p. 80):  

Vítima da incapacidade parcial, o mutilado, embora voltando a  trabalhar, poderá sentir-se inferiorizado diante dos demais ou se  sentir piedosamente aceito pela empresa e pouco útil para o trabalho.  Isso ocorre quando não recebe apoio moral necessário após o  acidente ou não lhe é propiciada uma reintegração psicológica  adequada ao trabalho. Pode, mesmo, vir a representar problemas  para a própria segurança do trabalho.  

Um dos aspectos mais enfrentados pelo funcionário acidentado e pela  empresa trata-se do aspecto econômico (ZOCCHIO, 2002). Entretanto, na  maioria das vezes, o acidentado recebe auxílio previsto em lei, porém, tal  acidente pode levá-lo à invalidez, na qual diminuirá a sua renda familiar.  

Para que se possa evitar um acidente, devem-se conhecer as causas  decorrentes de atos e condições inseguras. Muitos acidentes acontecem por  interferência do homem, seja por influência do meio social, pela  personalidade, educação, entre outras características. Segundo o que ensina  Zocchio (2002,p.95):  

Tudo se origina do homem e do meio: do homem por meio de  características que lhe são inerentes, fatores hereditários, sociais e  de educação, que são prejudiciais quando falhos; o meio, com os  riscos que lhe são peculiares, ou que nele são criados, e que  requerem ações e medidas corretas por parte do homem para que  sejam controlados, neutralizados e não transformem em fontes de  acidentes. Assim começa a sequencia de fatores, com o homem e o  meio como os dois únicos fatores inseparáveis de toda a série de  acontecimentos que dá origem ao acidente e a todas as suas  indesejáveis consequências.  

Para ocorrer um acidente de trabalho basta os colaboradores não se  enquadrarem nas condições de saúde, estado de ânimo, temperamento,  preocupação, entre outras condições.   

2.1 ACIDENTE DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL  

Legalmente, a definição de acidente de trabalho está expressa no art.  19 da Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991, no qual dispõe:  

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do  trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos  segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando  lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a  perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o  trabalho.  

Segundo o que afirma Martins (2006), se não houver nexo de  causalidade entre o acidente e o trabalho, não se caracteriza acidente de  trabalho. Porém havendo lesão, mas esta não causar a incapacidade do  segurado para o trabalho, o mesmo não receberá qualquer tipo de benefício.  

Há inúmeros perigos ligados ao trabalho na construção civil. Porém,  existem também várias “boas práticas” que podem ser aplicadas no intuito de  impossibilitar a ocorrência de acidentes. Segundo a FACTS (2010, p. 1):  

O primeiro passo consiste em efetuar a avaliação dos riscos de  forma adequada e suficiente. Deverá ser assegurada uma  verdadeira redução da exposição ao perigo, quer por parte dos  trabalhadores quer de outras pessoas (incluindo os visitantes dos  canteiros de obras ou o público que está de passagem), a avaliação  dos riscos deverá ter em consideração todos os possíveis riscos e  perigos. Assegurar a redução de um risco não implica criar outro.  
Todos os perigos deverão ser identificados, incluindo os que  decorrem de atividades laborais e de outros fatores como, por  exemplo, o planejamento dos canteiros de obras. A esta fase de  identificação segue-se a avaliação da extensão dos riscos existentes  e a avaliação das medidas de prevenção disponíveis. Foram  tomadas medidas suficientes ou é necessário tomar medidas  adicionais? Os resultados da avaliação dos riscos ajudarão a  selecionar as medidas de boas práticas mais adequadas.  

A prevenção aos principais perigos neste setor engloba o trabalho em  altura, os trabalhos de escavação e a movimentação de cargas. Faz-se  necessário priorizar as medidas que reduzam ou extinguem os perigos desde  a sua origem, possibilitando a proteção coletiva.  

As medidas de proteção individual como, por exemplo, o uso de  equipamentos de proteção (EPI) deve ocorrer nos casos em que não seja  possível a redução significativa dos riscos por meio de outros recursos.   

É necessário, também, o acompanhamento constante e a inspeção  regular dos riscos. Acerca dos trabalhos em locais de grandes altitudes, a  queda em altura corresponde a causa mais comum de mortes e lesões na  indústria da construção civil. Tais causas englobam: trabalho em andaimes ou  plataformas que não estão equipados com grades de segurança, ou sem que  o trabalhador tenha um cinto de segurança corretamente colocado; telhados  frágeis; e escadas que não são adequadamente apoiadas, posicionadas e  fixadas (FACTS, 2010).  

Todo o processo de construção deve ser planejado de maneira a  reduzir o risco de quedas. Durante a fase de concepção do projeto pode-se  incluir meios de proteção contra quedas.  

Com o aumento considerável do setor da construção civil, nota-se que  nos últimos anos, em todo o país, o aumento do número de acidentes de  trabalho e de mortes de operários. O setor foi alvo da preocupação de  auditores do trabalho, especialistas da Justiça do Trabalho e de gestores  públicos em uma audiência pública da Comissão de Direitos humanos e  Legislação Participativa (CDH) ocorrida em 11 de março de 2013 (ALTAFIN,  2013).  

Durante o debate, o representante do Tribunal Superior do Trabalho  (TST), o desembargador Sebastião Geraldo de Oliveira, afirmou que a cada  dia de 2011, em média, 50 trabalhadores saíram do mercado de trabalho por  morte ou invalidez permanente, vítimas de acidentes de trabalho. No mesmo  ano, foram registrados cerca de 18 mil acidentes, que resultaram em morte  ou invalidez permanente e. 300 mil, que causaram invalidez temporária. No  entanto, este número pode ser maior, visto que não há registro para o  mercado informal (ALTAFIN, 2013).  

2.2 INDICADORES DE ACIDENTES  

Os indicadores ou índices possibilitam sintetizar as estatísticas de  acidentes, ordenando os fatores, monitorando as evoluções e realizando  comparações. Tais indicadores proporcionam indícios para distinguir os  níveis de risco por área profissional, sendo relevante a avaliação das doenças ocupacionais e dos acidentes de trabalho. É indispensável que se  determine, de maneira eficaz, os programas de prevenção de acidentes e  como promover a melhoria das condições de trabalho em todas as áreas.  

Os indicadores são adquiridos com o auxílio da NBR 14.280 e do  Ministério da Previdência e Assistência Social. A NBR 14.280 tem a  finalidade de determinar a base de cálculo para os Índices de Gravidade e de  Frequência dos acidentes de trabalho, ao passo que o Ministério da  Previdência e Assistência Social estabelece a base de cálculo para os  valores das taxas dos acidentes de trabalho, ou seja, taxa de incidência de  acidentes do trabalho, taxa de incidência específica para acidentes do  trabalho típicos, taxa de incidência específica para doenças do trabalho, taxa  de incidência específica para incapacidade temporária, taxa de mortalidade,  taxa de letalidade.  

Além dos indicadores supramencionados, o Ministério da Previdência  e Assistência Social também sugere: taxa de incidência de acidentes do  trabalho; taxa de incidência específica para doenças do trabalho; taxa de  incidência específica para acidentes do trabalho típicos; taxa de incidência  específica para incapacidade temporária; taxa de mortalidade; taxa de  letalidade;  

2.3 RISCOS DO AMBIENTE DE TRABALHO  

A atividade da indústria da construção civil é considerada,  mundialmente, perigosa, uma vez que expõe os trabalhadores a diversos  riscos ocupacionais, com diversas intensidades e especificidades, de acordo  com cada tipo de construção, da etapa da obra e da maneira como a empresa  conduz as ações e programas de segurança e saúde no trabalho.  

Os colaboradores da indústria da construção civil geralmente são  expostos a condições e atividades físicas intensas. Tais condições com o  tempo ocasionam doenças ocupacionais que, por muitas vezes, levam o  trabalhador a aposentadoria precoce. No intuito de minimizar os riscos e  executando as exigências legais, as empresas fornecem aos trabalhadores  os EPI’s necessários ao processo produtivo. Todavia, há a necessidade de uma gestão direta quanto ao uso, treinamento e manutenção destes  equipamentos junto aos trabalhadores.  

Infelizmente, em geral, na indústria da construção, os acidentes mais  “simples”, bem como as exposições menos intensas não são priorizados. As  maiores preocupações estão diretamente ligadas aos acidentes com trabalho  em altura, soterramento e trabalho com eletricidade. A análise das  características do trabalho e a atuação preventiva por meio da antecipação,  reconhecimento dos riscos, avaliação e controle reduzem acidentes e  doenças ocupacionais no canteiro de obra.  

A aplicação e manutenção de normas, regras, métodos e  procedimentos direcionados a assegurar a segurança e saúde dos  trabalhadores, auxiliam na proteção não apenas das pessoas envolvidas,  mas também do patrimônio da empresa e do entorno do canteiro.  

A Norma Regulamentadora – NR 9 do Ministério do Trabalho e  Emprego (1994, p. 1) que trata do Programa de Prevenção de Riscos  Ambientais, em seu item 9.1.5, define que:  

Para efeito desta NR, consideram-se riscos ambientais os agentes  físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho  que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e  tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do  trabalhador.  

De acordo com a Portaria nº 25 do MTE de 29 de dezembro de 1994,  a classificação dos principais riscos ocupacionais, conforme a sua natureza, são os riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.  

2.3.1 Riscos Físicos  

Na construção civil, os riscos físicos podem se dividir em sete  categorias, tais quais ruídos; vibrações; calor; radiações não ionizantes;  radiações ionizantes e umidade. Estes riscos são encontrados na maior parte  do canteiro de obras, sendo que as vibrações e os ruídos estão mais  presentes nas proximidades de maquinário pesado, fundações cravadas e  locais de concretagem.   

Quanto as radiações, estão presentes na armação, com a utilização  de máquinas de solda e insolação por exposição excessiva ao sol. O calor  pode estar relacionado a exposição ao sol, além de ambientes não  ventilados, como em fundações estilo tubulões, em que também há  problemas inerentes à umidade. Esta última está ligada a ambientes expostos  a constante ação da água, como, por exemplo, vestiários, lavatórios e locais  de contato direto como solo. De acordo com Font (2004), as principais  consequências de cada risco físico, são:  

– Ruídos: podem ter como consequências físicas o cansaço, dores de  cabeça, irritações nos ouvidos, redução da audição, problemas do aparelho  digestivo, aumento da pressão arterial, perigo de infarto e taquicardia;  

– Vibrações: podem ter como consequências físicas o cansaço,  irritações, dores nos membros, na coluna, artrite, doença do movimento,  lesões ósseas, problemas no aparelho digestivo, lesões circulatórias e dos  tecidos moles;  

– Calor: podem ter como consequências físicas o aumento da  pulsação, internação, irritações, prostração térmica, fadiga térmica, choque  térmico, hipertensão e perturbações das funções digestivas;  

– Radiações não ionizantes: podem ter como consequências físicas  queimaduras, lesões na pele, nos olhos e em outros órgãos;  – radiações ionizantes: podem ter como consequências físicas  alterações celulares, fadiga. Câncer, problemas visuais e acidentes de  trabalho;  

– Umidade: podem ter como consequências físicas doenças no  aparelho respiratório, doenças de pele, quedas e doenças circulatórias.  

2.3.2 Riscos Químicos  

Estes riscos dividem-se em quatro categorias: poeiras incômodas,  fumos metálicos, poeiras alcalinas e névoas, gases e vapores. Os riscos  químicos podem ser encontrados em todo o canteiro de obras, os quais são  resultados de agentes nocivos presente na atmosfera da obra, principalmente  em locais em que se utilizam substâncias de pequena granulometria, uma vez que estas substâncias podem ser inaladas ou até mesmo absorvidas pela  pele.  

2.3.3 Riscos Biológicos  

Nas obras é normal encontrar bactérias, bacilos, parasitas, fungos,  vírus, insetos, protozoários, aranhas, ratos, escorpiões e cobras. Estes seres  vivos podem ocasionar doenças como tuberculose, malária, brucelose, febre  amarela, entre outras. As ações desses agentes penetram nas vias  respiratórias e cutâneas dos trabalhadores.  

2.3.4 Riscos Ergonômicos  

Tais riscos dividem-se em:  

– Riscos excessivos, jornadas prolongadas e outras situações que  causam estresse físico e/ou psíquico: estes riscos têm como consequência o  cansaço, hipertensão arterial, dores musculares, diabetes, doenças nervosas,  úlcera, alteração no sono, tensão, asma, ansiedade, comportamento  estereotipado e medo;  

– Trabalho físico, postura incorreta, posição incômoda, transporte e  levantamento manual de material de peso: geram cansaço, fraqueza, dores  musculares, hipertensão arterial, úlcera, diabetes, alterações no sono,  doenças nervosas, acidentes e problemas na coluna.  

2.3.5 Riscos de Acidentes  

Os riscos de acidentes podem se dividir em cinco categorias: arranjo  físico deficiente; máquinas sem proteção; ligações elétricas deficientes;  ferramentas defeituosas; EPI e EPC inadequados.   

– Arranjo físico deficiente: podem acarretar os acidentes e desgaste  físico excessivo;  

– Máquinas sem proteção: as máquinas de corte sem proteção podem  ser responsáveis por acidentes graves, principalmente cegueira e mutilações,  visto que podem lançar objetos contra os olhos do trabalhador;  

– Ligações elétricas deficientes: podem gerar curtos-circuitos,  incêndio, choques elétricos, queimaduras, além de acidentes fatais;  – Ferramentas defeituosas: estas ferramentas podem ocasionar  acidentes e mutilações, principalmente nos membros superiores;  – EPI’s e EPC’s inadequados ou inexistentes: o uso inadequado ou a  falta dos equipamentos de segurança, tanto individuais quanto coletivos,  podem gerar como consequências acidentes e doenças ocupacionais, como,  por exemplo, problemas auditivos, cegueira, quedas de níveis de materiais,  etc.   

3 EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA  

Os equipamentos de segurança se dividem em Equipamento de  Proteção Individual (EPI) e Equipamento de Proteção Coletiva (EPC),  conforme exposto a seguir.  

3.1 EPI – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL  

O Equipamento de Proteção Individual (EPI) compreende todos os  equipamentos de uso individual utilizados para proteger a integridade física e  preservar a saúde do trabalhador. Segundo o que leciona Ayres e Corrêa  (2001), os EPI’s tem importante papel na diminuição das lesões oriundas de  acidentes de trabalho e doenças profissionais.  

Nos canteiros de obra todos os colaboradores devem ser treinados e  orientados a utilizar adequadamente os EPI’s, além de recebê-lo  gratuitamente. De acordo com a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT),  dispõe em seu art. 166 que:  

A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,  equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito  estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de  ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de  acidentes e danos à saúde dos empregados.  

As empresas adotam um sistema para a fiscalização e distribuição  dos EPI’s por meio de uma ficha, a qual busca atender, não apenas as  necessidades de controles administrativos, mas, principalmente, os aspectos  legais. Nesta ficha contém, além do termo de responsabilidade do empregado  e da empresa, os tipos de EPI’s requisitados, seus C.A’s (Certificado de  Aprovação) e as datas de entrega e substituição. Todos os EPI’s utilizados  pelo trabalhador deverão ser anotados nessa ficha. As fichas de Controle de  EPI’s ficarão arquivadas no setor de Segurança do Trabalho enquanto o  empregado estiver trabalhando na empresa, após o seu desligamento, sua  ficha deverá ser enviada ao setor de RH para arquivamento junto ao  prontuário do empregado desligado.   

Outro sistema que pode ser utilizado para a fiscalização e para a  instrução dos funcionários, de acordo com a sua função, é uma planilha em  que constam os riscos de cada função e, principalmente, porque contém o  EPI a ser utilizado na rotina de trabalho ou se a sua utilização é uma  eventualidade. É essencial a fixação desta planilha em vário locais de  trabalho, pois todos os trabalhadores estar instruídos quanto a utilização dos  EPI’s.  

Os EPI’s devem conter o CA (Certificado de Aprovação) expedido pelo  Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os trabalhadores devem se  responsabilizar pela guarda e conservação dos equipamentos, além de  comunicar ao departamento responsável quando estes tornarem impróprios  para o uso.  

Os funcionários são responsáveis pela guarda e conservação dos  EPI’s, bem como comunicar ao setor de segurança quando o EPI estiver  impróprio para o uso. No entanto, é fundamental a sua utilização após o  treinamento e orientação do setor de segurança da empresa.  

Para Ayres e Corrêa (2001, p. 26):  

É importante que o trabalhador tenha em mente que:  

– é necessário que o trabalhador participe dos programas de  prevenção de sua empresa, a fim de que possa, conscientemente,  valorizar o uso dos EPIs;  

– é desejável que o EPI seja confortável, que se adapte ao esquema  corporal do usuário e tenha semelhança com objetos comuns;  

– deve-se deixar ao trabalhador a escolha do tipo de sua  preferência, até mesmo quando a certa característica, como a cor,  quando a empresa tiver selecionado e adquirido mais de um tipo e  marca para a mesma finalidade;  

– a experiência tem demonstrado que se o trabalhador for levado a  compreender que o EPI é um objeto bom para si, destinado a  protegê-lo, mudará de atitude, passando a considerá-lo como algo  de sua estima e, nesse caso, as perdas ou danos por uso  inadequado tendem a desaparecer;  

– empregador e/ou o supervisor deverão ser tolerantes na fase inicial  de adaptação, usando a compreensão e dando as necessárias  explicações ao trabalhador, substituindo a coerção pela atenção e  esclarecimento, de forma que, aos poucos, vá conscientizando o  trabalhador da utilidade do uso do EPI. As ameaças e atitudes  coercitivas provocarão traumas e revoltas do empregado.  

É sabido que a simples utilização de EPI’s não evitam acidentes se  utilizados isoladamente, pois para que haja eficácia no sistema de segurança é preciso também se preocupar em fornecer aos funcionários um ambiente  seguro, EPI’s adequados e eficiente treinamento do mesmo.  Na indústria da construção civil os acidentes ocorrem em maior  número, segundo o ministério do trabalho, pois muitas vezes apenas  fornecem o EPI, mas não há um treinamento e tão pouco uma reposição do  mesmo quando necessário. A segurança para a indústria da construção civil  tem se resumido em fornecer o EPI sem uma preocupação da sua utilização  correta.  

Entretanto, com a grande rotatividade de mão de obra na construção  civil, os empreendedores não investem em equipamentos e muito menos em  segurança, por alegarem que não podem “perder dinheiro” com isso,  

3.1.1 Tipos de EPI’s  

Há uma grande variedade de EPI’s, nos quais os mais utilizados são:  

Figura 1: EPI’s  
Fonte: Rocosta, 2014  

– Capacete de proteção: serve para proteção da cabeça do  trabalhador contra agentes meteorológicos (trabalho a céu aberto) e trabalho  em local confinado, queimaduras, choque elétrico, impactos provenientes de  queda ou projeção de objetos e irradiação solar.   

– Óculos de segurança para proteção: são usados, principalmente,  para evitar perfuração dos olhos por meio de corpos estranhos, como no  corte de arames e cabos, uso de furadeiras, retirada de pregos, no uso de  chave de boca e talhadeiras, partículas sólidas e outros agentes agressivos  que possam prejudicar sua visão, como agentes químicos. Utiliza-se também  óculos com lente de tonalidade escura, protegendo os olhos dos raios  ultravioletas.  

– Protetor auditivo: usado para proteção dos ouvidos nas atividades e  nos locais que apresentem ruídos excessivos, a fim de evitar algumas  doenças causadas pelo ruído como: cansaço físico, perda auditiva, mental,  stress, pressão arterial irregular, fadigas, impotência sexual nos homens e  descontrole hormonal nas mulheres e excesso de nervosismo. Recomenda-se  a utilização desta proteção durante todo o período de trabalho, assim  causando um maior conforto para o trabalho. Na indústria da construção civil  há setores em que o uso desta proteção torna muito necessária, como no  caso do operador da betoneira, utilização de ferramentas elétricas como  serra circular, serra mármore.  

– Respirador purificador de ar: é usado para proteção do sistema  respiratório contra gases, vapores, névoas, poeiras, a fim de evitar  contaminações por via respiratória, complicações nos pulmões e doenças  decorrentes de produtos químicos. Em casos de emergência deverão ser  utilizadas máscaras especiais. Na construção civil a presença de poeira é a  grande dificuldade do ambiente de trabalho, prejudicando a respiração do  trabalhador. Outra dificuldade é na utilização de serra mármore para cortar  paredes que gera uma névoa de pó.  

– Luva de proteção: são utilizadas para proteção mecânica, e contra  produtos abrasivos, escoriantes e rebarbas. Para cada tipo de luva há um  uso correta. Para a construção civil as mais utilizadas são as luvas de raspa  para o transporte de argamassa nos carrinhos e as luvas de látex para  proteger as mãos de agentes químicos como o cimento que pode ocorrer  várias irritações na pele.  

– Cinto de segurança: é usado para a proteção do empregado contra  quedas em serviços em que há diferença de nível. Na indústria da construção  civil é muito utilizado, já que os serviços em altura são frequentes, como na utilização de andaimes, na construção de telhados, etc. Os cuidados a serem  tomados pelo funcionário é a sua correta utilização, pois quando utilizado  frouxo na queda pode ocorrer um acidente. Devem-se verificar todas as  cordas de segurança para que o funcionário fique bem seguro na altura. A  utilização do dispositivo trava-quedas é de estrema relevância, pois impede  que o funcionário na queda possa se chocar com o chão, assim travando o  funcionário e fazendo com que ele fique preso no local.  

– Calçados de segurança: um dos poucos equipamentos de proteção  mais comum na utilização de todos os segmentos empresariais,  principalmente na construção civil, no entanto, ainda há empresas que  ignoram o seu uso. Trata-se de um equipamento utilizado para a proteção  dos pés, dedos e pernas contra cortes, perfurações, escoriações, queda de  objetos, calor, frio, penetração de objetos, umidade, produtos químicos.  

3.2 EPC – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA  

Além do exposto, há também os EPC’s (Equipamento de Proteção  Coletiva), que se refere a dispositivos utilizados para a proteção dos  colaboradores durante a execução de suas tarefas. Serve para neutralizar a  ação dos agentes ambientais, protegendo contra danos, uma vez que o  ambiente de trabalho não pode oferecer riscos à saúde ou à segurança do  funcionário.  

Ao analisar a proteção do trabalhador faz necessário prevenir  coletivamente primeiro, visto que quando o meio não fornece condições  seguras de trabalho adota-se o EPI. Esta ferramenta coletiva, ao contrário do  que se imagina, é um investimento relativamente barato, todavia há EPC de  alta qualidade e de alta tecnologia, como os sistemas sofisticados de  detecção de gases dentro de uma indústria química.  

Piza (1997, p. 33) leciona que:  

Os EPCs para serem perfeitamente definidos e adequados devem  respeitar algumas premissas básicas:  

∙ Ser do tipo adequado em relação ao risco que irão neutralizar;   

∙ Depender de menos possível da atuação do homem para atender  suas finalidades;  

∙ Ser resistentes às agressividades de impactos, corrosão,  desgastes,etc., a que estiverem sujeitos;  

∙ Permitir serviços e acessórios como limpeza, lubrificação e  manutenção;  

∙ Não criar outros tipos de riscos, principalmente mecânicos como obstrução de passagens, cantos vivos,etc.  

Verifica-se que o EPC não atrapalha o funcionário, no qual se trata de  meios que auxiliam o trabalhador, podendo até a aprimorar a sua  produtividade.  

3.2.1 Tipos de EPC’s  

São inúmeros os Equipamentos de Proteção Coletiva, no entanto,  pode-se destacar:  

Figura 2: EPC’s  
Fonte: Logun, 2014.   

– Sinalização: pode ser usada tanto interna quanto externamente com  a função de sinalizar, interditar, balizamento ou demarcação em geral, por  indústrias, transportes, construtoras, órgãos públicos ou empresas que  realizam trabalhos externos. Trata-se de equipamentos de fácil visualização e  de se encontrar no mercado. As fitas sinalizadoras podem conter textos. As  correntes de sinalização e isolamento em plástico ABS são as mais  utilizadas, devido a sua alta resistência mecânica e à altas temperaturas,  além da durabilidade, excelente para uso externo, não perdendo cor ou  descascando com a ação de intempéries;  

– Plataforma de Proteção: ou bandeja, compreende quadros  modulares de tamanhos variáveis, com molduras de aço e chapas de  compensado, as quais são fixadas com auxílio de parafusos nas vigas de aço  reforçadas. Quando instalados, os quadros são fixados entre si,  proporcionando total segurança ao conjunto. Em decorrência de diversos  tamanhos e quadros, as bandejas são adaptáveis aos mais variados  desenhos de lajes existentes. Esse tipo de proteção é fundamental para os  pedestres, uma vez que reduz e evita que detritos de construção atinjam  pessoas passando na calçada.  

– Protetor de Periferia (Tipo Guarda Corpo): conforme expresso na  norma NR-18, há suporte para rodapé, travessão intermediário e travessão  superior. A fixação à forma é realizada por meio de um suporte em tubo  redondo preso nos garfos de madeira, tendo como acessório entre o  travessão intermediário e o superior, dispositivo de passagem de cabo de aço  para amarração dos cintos de segurança dos operários. Este protetor é muito  utilizado nas limitações das lajes para segurança dos trabalhadores.  

– Protetor para Poço de Elevador: compreende um módulo regulável  tipo Guarda-corpo Rodapé (GcR), entre 1,50 m e 2,60 m, com suporte para  rodapé, travessão intermediário e superior. Os módulos são montados em  apoios rigidamente fixados à estrutura ou em montantes. Os apoios fazem  com que o fechamento fique à distância de 0,20 m do poço do elevador, de  acordo com a orientação dos fabricantes de elevadores.  

– Telas de Proteção: essas telas proporcionam uma boa proteção para  as pessoas e, cada tela, tem como características: Tela Fachadeiro – ideal  para proteger prédios em construção e obras de longa duração; Tela Leve –  para proteger prédios em reformas, pintura, recuperação de fachadas, etc.;  Tela Tapume – ideal para cercar canteiros de obras, áreas de risco, desvio de  trânsito e corredor para pedestres.   

4 SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO CIVIL  

A segurança no trabalho deve ser primordial para as empresas, seja  ela de pequeno, médio ou grande porte. Deve ser levada em conta que, por  trás de qualquer máquina ou equipamento, há um trabalhador, e por isso a  segurança não está relacionada apenas a ferimentos, mas a muitos outros  fatores que influenciam o homem, como aspecto social, econômico e  humano.  

Segurança do trabalho nada mais é do que um conjunto de medidas  aplicadas para a prevenção de acidentes nas atividades das empresas. A  segurança do trabalho na construção civil não é tão evidenciada para a  maioria das empresas, pois acreditam ser um alto investimento  desnecessário.  

O julgamento dessas empresas se dá pelo alto índice de rotatividade  da mão de obra, visto que os colaboradores não se comprometem com a  empresa, pois visam apenas o salário do mês. Entretanto, em decorrência  deste pensamento, a empresa e os funcionários são prejudicados, pois  acarreta no aumento de acidentes, consequentemente, no afastamento do  funcionário, que pode até ficar inválido ou, no pior dos casos, perder a vida.  

Para que haja redução desses acidentes faz-se necessário executar  um trabalho de educação do funcionário quanto à segurança do trabalho,  através de palestras, treinamentos e conscientização, porém, não pode ser  realizado de modo compulsivo, mas sim uma conscientização para ele  mesmo. Com isso, o colaborador se sentirá mais seguro com as informações  adquiridas.  

Há inúmeros fatores que levam os colaboradores a se exporem aos  riscos de acidentes, como:  

– Instalações inadequadas;  

– Longas jornadas de trabalho;  

– Falta do EPI – Equipamento de Proteção Individual ou uso incorreto  do mesmo;  

– Falta do EPC – Equipamento de Proteção Coletiva;  

– Falta de treinamento.   

4.1 PREVENÇÃO DE ACIDENTES  

A prevenção de acidentes consiste em técnicas usadas para evitá-los,  nas quais não devem ser analisadas somente após o acidente visando as  consequências e não as causas, haja vista que a maioria dos acidentes  acontecem por desvio de comportamento do indivíduo.  

Quando a empresa aplica o programa de prevenção de acidentes, visa  única e exclusivamente a diminuição dos acidentes e antecipação da ação,  pois não deve esperar que o acidente aconteça para que alguma providência  seja tomada, uma vez que isso pode levar à morte de muitos colaboradores.  

A consciência do funcionário é um dos principais fatores para se  prevenir, assim, percebe-se que a principal ferramenta para a prevenção  evidencia-se em apresentar os riscos que o trabalhador pode correr dentro do  canteiro de obras, no intuito de instruir e orientar o colaborador a se proteger.  Segundo Ribeiro Filho (1974, p. 79):  

A Participação ativa dos trabalhadores no programa de prevenção  de acidentes só será atingida quando os mesmos tiverem  consciência da importância da segurança em sua vida: na fábrica,  no lar, em quaisquer lugares e circunstância. Esse objetivo somente  será atingido através de uma motivação adequada para a segurança  do trabalho.  

Existe uma frase normalmente utilizada pelas empresas para a  motivação e conscientização do trabalhador: “Não há trabalho tão importante  ou urgente que não possa ser feito com segurança”. Uma vez que a  segurança traz grandes benefícios, tanto para a empresa quanto para o  funcionário.  

Com as técnicas e estudos sendo realizados acerca da prevenção de  acidentes torna-se mais fácil a sua aplicação. Segundo Ribeiro Filho (1974),  os meios são ilimitados, cabe ao responsável escolher os métodos  apropriados que, juntos ou não, auxiliarão na prevenção de acidentes.  

Podem ser utilizar algumas técnicas como o Quase Acidente, Analise  de Risco da Tarefa (ART), Treinamento, Permissão de Serviço Seguro (PSS),  Instrução de Segurança do Trabalho (IST), Diálogo Diário de Segurança (DDS), Observação de Risco no Trabalho (ORT), a formação da Comissão  Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), etc.  

As ferramentas supracitadas são aplicadas em diversas empresas, no  entanto, na construção civil ainda são pouco utilizadas e, consequentemente,  se reflete no aumento do número de acidentes na indústria da construção  civil. Quando os donos das obras e construtores fazerem uso dessas  ferramentas, a tendência é ocorrer uma redução de acidentes, uma vez que  elas requerem treinamento a todos os funcionários.  

Em contrapartida, a falta de interesse da empresa na aplicação de  técnicas de segurança e saúde do trabalho faz com que os colaboradores  não desenvolvam a cultura da prevenção de acidentes.  

4.2 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES (CIPA)  

A CIPA tem como objetivo primordial a prevenção de acidentes e  doenças decorrentes do trabalho, de maneira a tornar compatível  permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a melhoria da  saúde do trabalhador.  

A CIPA é composta por representantes dos empregados e do  empregador. Segundo a NR-5 da Portaria n. 3.214, de 08/06/78, do MTE, as  empresas privadas ou públicas e órgãos da administração direta ou indireta,  que tenham 20 (vinte) ou mais trabalhadores regidos pela Consolidação das  Leis do Trabalho (CLT), são obrigados a organizar a Comissão Interna de  Prevenção de Acidentes (CIPA), com as atribuições legais e finalidades  reguladas por esta Norma.  

Na Construção Civil a falta da CIPA é percebida muito claramente,  pois os trabalhadores deveriam expor, coletiva e individualmente, suas  queixas quanto à segurança de seu trabalho, participar dos projetos de  equipamentos de proteção coletiva e na escolha dos EPI’s mais adequados  para a realização de suas atividades.  

De acordo com a NR 5 (MTE, 1999, p. 2-3), as principais atribuições  da CIPA são:   

a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa  de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores,  com assessoria do SESMT, onde houver;  

b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na  solução de problemas de segurança e saúde no trabalho;  

c) participar da implementação e do controle da qualidade das  medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação as  prioridades de ação nos locais de trabalho;  

d) realizar, periodicamente,verificações nos ambientes e condições  de trabalho visando a identificação de situações que venham a  trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores;  

e) realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas  fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco  que foram identificadas;  

f) divulgar aos trabalhadores informações relativas a segurança e  saúde do trabalho;  

g) participar, com a SESMT, onde houver, das discussões  promovidas pelo empregador, para avaliar os impactos de alterações  no ambiente e processo de trabalho relacionados à segurança e  saúde dos trabalhadores;  

h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador,a  paralisação de máquina ou setor onde considere haver risco grave e  iminente à segurança e saúde dos trabalhadores;  

i) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e  PPRA e de outros programas relacionados à segurança e saúde no  trabalho;  

j) divulgar e promover o cumprimento das Normas  Regulamentadoras, bem como cláusulas de acordos e convenções  coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho;  

l) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com  empregador da análise das causas das doenças e acidentes de  trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados;  

m) requisitar ao empregador e analisar as informações sobre  questões que tenham interferido na segurança e saúde dos  trabalhadores;  

n) requisitar à empresa as cópias das CAT’s emitidas;  

o) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver,  a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT;  

p) participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de  Campanhas de Prevenção da AIDS.  

A nova NR-05 dispõe que compete ao empregador proporcionar aos  membros da CIPA os meios necessários ao efetivo desempenho de suas  atribuições, garantindo tempo suficiente para a realização das tarefas de  cipeiros constantes do plano de trabalho prevencionista.  

4.3 QUASE ACIDENTE  

O Quase acidente refere-se a todo e qualquer evento indesejável, não  programado, que tenha capacidade de gerar acidentes. Trata-se de uma ferramenta muito relevante para as empresas utilizarem em seus  empreendimentos, pois o custo para a sua aplicação é muito baixo  comparado ao custo de um acidente. Tal ferramenta não é aplicada somente  em áreas industriais, mas em todo e qualquer setor da organização.  

Faz-se necessário conhecer os quase acidentes e desenvolver planos  que possibilite reduzir ou eliminar a possibilidade dos mesmos. Destarte, os  quase acidentes tendem a ser muito mais corriqueiros que os acidentes,  indicando áreas críticas para melhorias na gestão da segurança.  

Uma maneira didática de apresentar ao funcionário o funcionamento  da ferramenta quase acidente é por meio da pirâmide de Bird, em que nos  anos de 1967 e 1968, o norte americano Frank Bird analisou 297 companhias  nos Estados Unidos da América, as quais englobaram nessa análise 170.000  pessoas de 21 grupos diferentes de trabalho. Durante o período, houveram  1.753.498 acidentes comunicados. De mão desses dados foi criada a  pirâmide de Frank Bird, chegando a conclusão que, para que aconteça um  acidente que incapacite o trabalhador, anteriormente acontecerão 600 quase  acidente.  

Figura 3: Pirâmide de Frank Bird  
Fonte: Adaptado de Ramos, 2009 

É de grande relevância o registro dos quase acidentes, uma vez que  os benefícios conquistados são da própria pessoa que registrou para  colaborar com a redução dos acidentes na empresa. Se o funcionário não  realizar o registro, ele pode ser a próxima vítima de um acidente.  

Os registros são feitos por meio de blocos de anotação distribuídos a  todos os setores da empresa, e este repassam aos colaboradores. A  coordenação acompanha todos os registros e, logo após, encaminha ao setor  de segurança para serem tomadas as devidas providências. É muito comum  que o trabalhador não registre com medo de ser punido pela supervisão, pela  burocracia de escrever no bloco de nota ou ainda pelos erros de português e  a caligrafia. Estes fatos devem ser reparados através de conversas francas  dos gestores com o colaborador, explicando e adaptando a melhor maneira  de registrar.  

4.3.1 Importância do Quase Acidente para a Construção Civil  

Sabe-se que alguns incidentes, dificuldades passageiras e imprevistos  quase se tornam acidentes. Esses quase acidentes são aqueles que não  geram ferimentos somente porque ninguém se encontra em uma situação de  se machucar. Um exemplo de quase acidente é quando você deixa algo  pesado cair e não acerta o próprio pé, este ato caracteriza um quase  acidente, mas sem ferimento.  

Na construção civil a implantação desta ferramenta de prevenção de  acidentes, quando registrados, é capaz de gerar inúmeros benefícios,  minimizando o número de acidentes neste setor, uma vez que é muito  necessitado de prevenção. O principal objetivo do programa é reduzir o  número de acidentes com e sem afastamentos, envolvendo colaboradores e  prestadores de serviços.  

Para que ocorra uma boa implantação do programa, faz necessário  seguir algumas etapas:  

– Apresentação do programa Quase Acidente;  

 Preocupações dos funcionários em registrar os Quase Acidentes;   

– Ajuda aos funcionários quanto à dificuldade em descrever a  ocorrência;  

– Reuniões com os engenheiros, para aumentar os registros;  – Contatos diretos através das reuniões diárias de diálogos sobre  segurança;  

– Feedback do programa.  

Assim, seguindo todos os procedimentos para a implantação do quase  acidente em um empreendimento da construção civil, reduzirá a rotatividade  de funcionários e os custos com despesas decorrentes de acidentes.   

5 CONCLUSÃO  

Os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais são calamidades  que podem e devem ser combatidas, no entanto a garantia de segurança  nunca é certa. Nos canteiros de obras, a segurança é realizada por meio da  prevenção e da conscientização dos colaboradores envolvidos. Com a junção  desses dois fatores, é possível reduzir a ocorrência de acidentes e doenças  ocupacionais.  

Conscientizar os trabalhadores é algo que deve fazer parte do  cotidiano da empresa, sendo realizada por meio de cartazes, jornais  periódicos, quadros de avisos, profissionais responsáveis pela segurança,  bem como através de palestras periódicas a fim de orientar e reforçar o tema  aos colaboradores quanto às medidas coletivas e individuais de prevenção.  

A Construção Civil trata-se de um setor que se caracteriza por ter  comumente aspectos de exclusão social. No entanto, como se sabe, é  frequente deparar com trabalhadores que não tiveram a devida formação  escolar-técnica, não possuem perspectiva de uma melhor qualidade de vida,  além de baixa remuneração.  

No intuito de minimizar a ocorrência de acidentes de trabalho e  garantir a segurança nos canteiros de obras, as Normas Regulamentadores  estabelecem a utilização de EPI’s e EPC’s, no entanto, na prática, nem  sempre isso acontece, haja vista a grande rotatividade de mão de obra e a  falta de informação dos trabalhadores.  

A construção civil está diretamente exposta a perigos no ambiente de  trabalho, uma vez que lida com maquinário pesado, execução de serviços em  altura, além de poeira e outros fatores prejudiciais à saúde. Assim, conclui-se  que a conscientização dos trabalhadores e dos responsáveis pela obra é a  questão-chave para se manter um ambiente de trabalho saudável, capaz de  garantir ao colaborador todo auxílio necessário para a execução de sua  função  

Este trabalho está longe de tentar esgotar o assunto, pelo contrário,  abre oportunidades para novas pesquisas e maior aprimoramento do assunto.   

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