A saúde meNtal do profissional enfermeiro que atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10228742


Beatriz Bezerra Muniz1
Nayara Élen de Oliveira Carneiro Pereira2
Alexandre Soares3


RESUMO

A presença de estresse tem sido verificada em diferentes profissionais e principalmente entre enfermeiros de UTI, pelo fato de ser grande sua proximidade com os pacientes em sofrimento e com risco de morte. Tal fato demonstra que o estresse, mesmo sendo discutido desde longa data, ainda acomete esses profissionais, e as instituições ainda não tratam a saúde mental com a devida seriedade e não oferecem atenção especial aos enfermeiros no sentido de promover sua saúde integral. Trata- se de uma revisão integrativa com estudo de coleta de dados, obtidos através de fontes secundárias por meio de levantamento bibliográfico que objetivou identificar os fatores geradores de estresse, seus efeitos, sinais e sintomas, presentes nos profissionais enfermeiros que atuam em unidades de terapia intensiva. Como metodologia, utilizou-se de artigos publicados na base PubMed, LILACS, Medline e Scientific Eletronic Library Online (SciELO) entre os anos 2013 e 2023. Os resultados mostraram que os fatores que desencadeiam o estresse são: sobrecarga de trabalho, conflito de funções, desvalorização e condições de trabalho. Os sinais e sintomas foram: taquicardia, falta de apetite, ansiedade e dores articulares. Conclui-se que é necessário a realização de reuniões de equipe, planejamento das atividades, participação ativa nas decisões da equipe multiprofissional, em prol da saúde dos trabalhadores.

Palavras-chave: Estresse psicológico; Unidades de terapia intensiva; Cuidados de enfermagem.

ABSTRACT

The presence of stress has been verified in different professionals and mainly among ICU nurses, due to the fact that they are very close to patients in suffering and at risk of death. This fact demonstrates that stress, even though it has been discussed for a long time, still affects these professionals, and institutions still do not treat mental health with due seriousness and do not offer special attention to nurses in order to promote their comprehensive health. of an integrative review with data collection study, obtained through secondary sources through a bibliographic survey that aimed to identify the factors that generate stress, their effects, signs and symptoms, present in professional nurses who work in intensive care units. As a methodology, we used articles published in the PubMed, LILACS, Medline and Scientific Eletronic Library Online (SciELO) databases between 2013 and 2023. The results showed that the factors that trigger stress are: work overload, role conflict, devaluation and working conditions. The signs and symptoms were: tachycardia, lack of appetite, anxiety and joint pain. It is concluded that it is necessary to hold team meetings, plan activities, and actively participate in the decisions of the multidisciplinary team, in favor of workers’ health.

Keywords: Psychological stress; Intensive care units; Health care nursing.

INTRODUÇÃO

A UTI é um local da área hospitalar que recebe pacientes em estado grave que necessitam de tratamento especializado que podem e devem ser tratados por uma equipe qualificada obtendo as melhores condições possíveis: coordenação de atividades e principalmente centralização de esforços, sendo o fator principal o relacionamento interpessoal, ou seja, nesse setor é necessário que além de conhecimentos técnicos, todos os seus colaboradores estejam bem psicologicamente para melhor atender esses clientes e suas famílias.(Silva; Batista, 2017)

É indiscutível que a saúde mental é parte indissociável da nossa saúde e que temáticas relativas à saúde mental vêm despertando atenção da população, de instituições e gestores. É certo também que o cotidiano dos profissionais de saúde em suas atividades assistenciais é permeado por preocupações incertezas, tensões e angústias. Esses trabalhadores têm se mostrado suscetíveis ao sofrimento psíquico, ao enfrentarem seus afazeres profissionais com inúmeras dificuldades, aliadas à própria desestabilização emocional diante de seus medos e de tanta dor e consternação das pessoas que estão cuidando.(Esperidião; Saidel e Rodrigues, 2020)

O cansaço e o estresse físico e mental vêm como consequências da jornada exaustiva vivenciada por muitos profissionais enfermeiros e que exige muita dedicação em tempo integral. Independentemente da área que o profissional de enfermagem atua, suas atividades estão sempre englobando o tema da terminalidade, casos graves ou avançados e situações de crise, portanto, sempre será estressante. Logo, se tratando da unidade de terapia intensiva isso não seria diferente, levando em consideração as incertezas desse ambiente, os profissionais necessitam de uma boa saúde mental para saber lidar e agir de forma acolhedora no cuidado com o paciente crítico. (Melo et al., 2013).

Com base nesse cenário, repercutem-se as estatísticas crescentes de depressão, síndromes variadas de ansiedade, comportamento suicida, síndrome de burnout, surtos psicóticos, uso problemático de álcool e outras drogas, estresse, fadiga e esgotamento profissional. Todas essas situações demonstram o processo de sofrimento e adoecimento mental entre profissionais de saúde, sobretudo na equipe de enfermagem.( Esperidião; Saidel e Rodrigues, 2020)

Vários são os fatores que podem afetar a saúde psíquica dos profissionais enfermeiros. O constante contato com as doenças é um deles, pois muitas vezes

possui o risco de contaminação, o que faz com que o profissional fique sempre em alerta em relação aos cuidados para sua proteção, outro fator é a complexidade de muitos procedimentos, o que deixa o profissional apreensivo e a falta de profissionais e a jornada dupla que muitos enfermeiros se submetem, por conta dos baixos salários que são insuficientes para o sustento da família, o que os fazem buscar por novas fontes de renda. (Andrade et al., 2013)

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por se tratar de um ambiente hostil, com muitos ruídos, alarmes e onde se tem a realização de procedimentos invasivos, acaba tornando o ambiente ainda mais depressor e estressor para os profissionais. Os sintomas mais comuns do esgotamento físico e mental são: ansiedade elevada, irritabilidade, distúrbios de sono, frustração constante, dores de cabeça frequente, alterações no apetite e entre outros sintomas. (Ministério da Saúde, 2020).

Algumas mudanças nas condições de trabalho e no estilo de vida são muito positivas. Pois, os cuidados com a saúde estão diretamente ligados a qualidade de vida e longevidade, a atividade física regular, os exercícios de relaxamento, uma boa alimentação e alguns minutos de lazer são indicados para aliviar o estresse e controlar os sintomas da doença. (Andrade et al., 2013)

A pesquisa tem como tema principal “A saúde mental do profissional enfermeiro que atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, o indice de profissionais que vem sendo acometidos por distúrbios que afetam a saude psiquica tem aumentado gradativamente, por vários motivos. É um problema atual, e que vem preocupando muitos estudiosos, pois apresenta risco para o equilíbrio normal do ser humano. A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exige muito do enfermeiro intensivista, eles enfrentam como desafio a promoção de cuidado em um ambiente de trabalho marcado pela pressão, levando ao ápice do esgotamento físico, mental e emocional. E esse trabalho tem como foco entender as causas, os sintomas e de que forma esse distúrbio afeta a vida do profissional enfermeiro.

2       OBJETIVOS
2.1  Objetivo Geral

Discutir os fatores estressantes que afetam a saúde mental dos profissionais de enfermagem que atuam na Unidade de Terapia Intensiva.

• Investigar, por meio de revisão de literatura, os fatores que afetam a saúde psiquica dos profissionais de enfermagem na unidade de terapia intensiva.
• Descrever os sinais de alerta que os profissionais de enfermagem devem observar em relação ao estresse e esgotamento profissional.

3       REFERENCIAL TEÓRICO
3.1  ESTRESSE

O primeiro cientista a definir o termo stress no campo da saúde foi Hans Selye, um austríaco-canadense e médico endocrinologista, em 1956, que descreveu como: “o resultado inespecífico de qualquer demanda sobre o corpo, seja de efeito mental ou somático e estressor, todo agente ou demanda que evoca reação de estresse, seja de natureza física, mental ou emocional”

É a resposta do organismo a determinados estímulos que representam circunstâncias súbitas ou ameaçadoras. Para se adaptar à nova situação, o corpo desencadeia reações que ativam a produção de hormônios, entre eles a adrenalina. Isso deixa o indivíduo em “estado de alerta” e em condições de reagir. Em instantes, esses harmônios se espalham por todas as células do corpo, provocando aceleração da respiração e dos batimentos cardíacos, dentre outros sintomas, denominados “reação de luta ou fuga”. Problemas financeiros, profissionais, familiares, situações de vida, doenças, álcool, drogas, acidentes, correria, insegurança, dificuldades com chefes, colegas, etc., fazem nosso corpo produzir excesso de dois hormônios, Adrenalina e Cortisol. (Secretaria de Estado da Saúde, 2019).

O trabalho diário dos profissionais de saúde intensivistas, exige conhecimento técnico qualificado, habilidades, atenção, raciocínio rápido e controle emocional para lidar com as adversidades, além de atualização científica contínua, tendo em vista o desenvolvimento dessa especialidade ao longo dos últimos anos. Consequentemente, a UTI é considerada por diversos autores como o ambiente mais estressante do hospital, o que contribui para o sofrimento psíquico dos profissionais de saúde que atuam nesse ambiente (De Carvalho, 2017).

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (2019) o estresse está associado à liberação de hormônios que, além de alterar vários aspectos da fisiologia, têm ainda um efeito modulador das defesas do organismo. Em humanos, o principal hormônio com essas funções é o cortisol (glicocorticóide). Os níveis de cortisol no sangue aumentam drasticamente após a ativação do eixo hipotálamohipófise-adrenal, que ocorre durante o estresse e a depressão clínica. A reação ao estresse é uma atitude biológica necessária para a adaptação às situações novas.

Existe dois tipos de estresse, o agudo que é mais intenso e curto, sendo causado normalmente por situações traumáticas, mas passageiras, como a depressão na morte de um parente e o estresse crônico que afeta a maioria das pessoas, sendo constante no dia a dia, mas de uma forma mais suave. O estresse pode manifestar- se por uma variedade de razões, incluindo acidente traumático, morte ou situação de emergência. Há também o estresse associado à vida cotidiana, ambiente de trabalho e responsabilidades familiares. É difícil dizer para ficar calmo e relaxado em nossas vidas agitadas. Porém, é importante encontrar formas de aliviar o estresse. (OMS, 2020)

Enfermeiros estressados estão mais propícios a episódios de acidentes e padecimentos referentes ao trabalho e podem ainda, amplificar suas ocupações de maneira ineficiente, resultando em efeitos negativos ao individuo /ou a população assistida. Soma-se esse conjunto de problemas e questão da alta carga horaria que os trabalhadores da área de saúde, abrangendo a enfermagem, costumam cumprir, instituindo trabalhar de modo excedente (Muniz; Andrade e Santos, 2019) O exagero de trabalho favorece o adoecimento mental e/ou físico, além de simplificar acontecimentos de absenteísmo, acidentes de trabalho, erros de medicação, exaustão, sobrecarga laboral e ausência de lazer. Enfermeiros, no objetivo de superar incômodos do seu trabalho, buscam encorajamento como o dinheiro e o conhecimento, para conseguir trajeto de duplo trabalho, estimulando os motivos convencionais que ocorrem frequentemente (Muniz; Andrade e Santos, 2019)

3.1  SÍNDROME DE BURNOUT

Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um disturbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho. Esta síndrome é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como médicos, enfermeiros, professores, policiais, jornalistas, dentre outros. (OMS, 2022)

De acordo com o Ministério da Saúde, (2020) traduzindo do inglês, “burn” quer dizer queima e “out” exterior. A Síndrome de Burnout também pode acontecer quando o profissional planeja ou é pautado para objetivos de trabalho muito difíceis, situações

em que a pessoa possa achar, por algum motivo, não ter capacidades suficientes para os cumprir. Essa síndrome pode até resultar em estado de depressão profunda.

O termo burnout é definido, segundo um jargão inglês, como aquilo que deixou de funcionar por absoluta falta de energia, ou seja, aquilo ou aquele que chegou ao seu limite, com prejuízo a seu desempenho físico ou mental. (Aragão et al., 2021)

Entre os possíveis acometimentos psicológicos gerados no serviço prestado na UTI, a síndrome de Burnout, motivada principalmente por estressores no local de trabalho, consiste em três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional. Esta pode ser caracterizada por dificuldades de adaptação psicológica, psicofisiológicas e comportamentais que acometem, principalmente, profissionais que exercem suas funções diretamente com pessoas expostas às situações de estresse. (Bruyneel et al, 2021)

Tanto o stresse no trabalho, quanto o Burnout são varáveis de contínua preocupação em enfermagem, afetando tanto os indivíduos e organizações (Davey et al., 2016)

O Burnout não só tem apresentado impactos negativos na saúde mental e o bem-estar dos enfermeiros, mas também no desempenho e na qualidade da assistência ao paciente, no funcionamento e no comprometimento com a organização (Coates & Home, 2015). No entanto, combater o Burnout não é apenas uma questão de reduzir o número de aspectos negativos, pois, nalgumas situações não há muito que se possa fazer nestes aspectos. Assim, na maioria das vezes é mais eficaz pensar em estratégias para aumentar o número de aspectos positivos, nomeadamente os que possam estar relacionados com o trabalhador.

3.1  FATORES ESTRESSORES PARA O ENFERMEIRO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Embora a equipe de enfermagem que atua em UTIs seja composta por profissionais qualificados, engajados na promoção, prevenção, proteção e recuperação da saúde no âmbito individual e coletivo, nem sempre significa satisfação plena desses profissionais com o trabalho. Em contextos assim, o ambiente pode ser responsável pelo desenvolvimento de muitas doenças (Silva; Batista, 2017)

Para Barboza (2013), Os trabalhos ofertados na UTI têm como objetivos: concentrar recursos humanos e materiais para o atendimento de pacientes graves que exigem assistência permanente, além da utilização de recursos tecnológicos apropriados para a observação e monitorização contínua das condições vitais do paciente e para a intervenção em situações de descompensações.

Os recursos materiais e humanos têm sido apontados como um dos principais fatores inerentes à manifestação de sintomas de estresse nas UTIs. Estudo qualitativo realizado por Barboza et al. (2013) com sete enfermeiras que trabalhavam em UTI, no ano de 2011, concluiu que a estrutura física e recursos materiais, o relacionamento interpessoal e o gerenciamento foram apresentados como causa de estresse.

Outro fato que implica diretamente no estresse é a nessecidade da dupla jornada de trabalho, que se faz necessária aos trabalhadores de enfermagem, principalmente pela situação econômica emque a área da saúde se encontra. Em um estudo de revisão bibliográfica realizado por Ferreira (2016), constatou-se que dentre os fatores de risco estressores abordados nas publicações investigadas, os que são constantemente mencionados são: a dupla jornada de trabalho, a exigência de responsabilidade, sobrecarga de trabalho e rotações de escalas. De acordo com o Ministério da Saúde (2020), em virtude da constante expectativa de situações de emergência, da alta complexidade tecnológica e da concentração de pacientes graves, sujeitos a mudanças súbitas no estado geral, o ambiente de trabalho caracteriza-se como estressante e gerador de uma atmosfera emocionalmente comprometida, tanto para os profissionais como para os pacientes e seus familiares.

4       MATERIAIS E MÉTODOS

Para atingir os objetivos propostos foi realizado um estudo em forma de revisão bibliográfica, que tem por finalidade reportar e avaliar o conhecimento produzido em pesquisas prévias, destacando conceitos, procedimentos, resultados, discussões e conclusões relevantes para seu trabalho acerca da saúde mental dos enfermeiros e suas principais causas e consequências para o trabalho dos profissionais de enfermagem, tendo como meios de fundamentação teórica as revistas acadêmicas científicas, além do uso de artigos científicos disponíveis on-line publicados nos ultimos 10 anos (2013 a 2023), reunindo os principais fatores que levam a exaustão e o cansaço físico e mental do profissional enfermeiro na unidade de terapia intensiva. A busca foi realizada por meio da consulta aos sites de busca da Biblioteca virtual de saúde (BVS); LILACS (Base de dados da Literatura Latino- Americana em Ciência da Saúde), aBDENF (Biblioteca de Enfermagem) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO). Os critérios de inclusão foram: artigos que enquandrassem nos estudos que respondessem ao objetivo do trabalho com resultados de pesquisas brasileiras. Critérios de exclusão: artigos incompletos, resumos, fuga da temática, acesso restrito (pagos), dissertações, produções em outros idiomas exceto inglês e artigos publicados antes do ano de 2013. Foram utilizados os descritores associados “Saúde mental”, “Bournout” ou “Burnout”, “enfermagem”, “estresse”, “estresse na unidade de terapia intensiva”, “terapia intensiva”.

5  RESULTADO E DISCUSSÃO

Para esta revisão integrativa foram selecionados no quadro a baixo os 10 artigos mais relevantes estudados, que atenderam os objetivos e responderam a questão norteadora.

Quadro 01: Caracterização dos artigos selecionados para análise

TEMAAUTORANOREVISTAOBJETTIVO
Preditores da síndrome de burnout em enfermeiros de unidade de terapia intensivaVasconcelos EM, De Martino MMF.2017Revista Gaúcha de EnfermagemIdentificar a prevalência e analisar a existência de fatores preditores da síndrome de burnout em enfermeiros de unidade de terapia intensiva.
Burnout e resiliência em profissionais de enfermagem de terapia intensiva frente à COVID-19: estudo multicêntricoVieira LS, Machado WL, Dal Pai D, Magnago TSBS, Azzolin KO, Tavares JP.2022Revista Latino- Americana de EnfermagemAnalisar a relação entre as dimensões do Burnout e a resiliência no trabalho dos profissionais de enfermagem de terapia intensiva na pandemia de COVID- 19, em quatro hospitais do Sul do Brasil.
Saúde mental: foco nos profissionais de saúde  Esperidião E, Saidel MGB, Rodrigues J.2020Revista Brasileira de Enfermagem (REBEn)Análisar, de forma recursiva e complexa, os fatores responsáveis pelo comprometimento da saúde psíquica dos profissionais de saúde.
Burnout e sintomatologia depressiva em enfermeiros  Vasconcelos EM, De Martino MMF, França SPS.2018Revista Brasileira de Enfermagem (REBEn)Analisar a existência de relação entre o burnout e a sintomatologia depressiva em
de terapia intensiva: análise de relação   enfermeiros de unidade de terapia intensiva.
A saúde do enfermeiro com a sobrecarga de trabalhoMuniz DC, Andrade EGS, Santos WLS.2019Revista de iniação cientifíca e extensão (REICEN)Alcançar a forma em que o enfermeiro vivencia a relação de cuidado, a qualidade do seu envolvimento emocional com o paciente, os reenvio pessoais que este envolvimento pode lhe trazer, as proporções aplicadas para o acareamento e prevenção ao adoecimento e acidentes de trabalho.
Análise de parâmetros funcionais relacionados aos fatores de risco ocupacionais da atividade de enfermeiros de UTINery D, Toledo AM, Júnior SO, Taciro C, Carregaro R.2013Fisioter PesquisaO objetivo foi avaliar a necessidade de descanso, prevalência de desconfortos musculoesqueléticos, capacidade de trabalho e esforço físico de enfermeiros de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Estresse e ansiedade em trabalhadores de enfermagem no âmbito hospitalarSena AFJ, Lemes AG, Nascimento VF, Rocha EM.2015Journal of Nursing and HealthIdentificar sintomas relacionados ao estresse e ansiedade de profissionais de enfermagem que atuam em setor de clinica medica de um hospital público.
O estresse nos profissionais de saúde: uma revisão de literaturaSantos EKM, Durães RF, Guedes MS, Rocha MFO, Rocha FC, Vieira JDRV, Barbosa HA.2019HU RevistaIdentificar, na literatura, situações que podem causar estresse ou síndrome de Burnout em profissionais da saúde e suas possíveis consequências.
Sofrimento psíquico no trabalhador de enfermagem: uma revisão integrativaFerreira DKS, Medeiros SM, Carvalho IM.2017Revista Online de Pesquisa: cuidado é fundamentalAnalisar a produção sobre o sofrimento psiquico no traballhor de enfermagem, a fim de identificar os fatores que o influenciam.
O corpo fala: aspectos físicos e psicológicos do estresse em profissionais de enfermagem.Rodrigues CCFM, Santos VEP.  2016Revista Online de Pesquisa: cuidado é fundamentalIdentificar os efeitos do estresse no corpo físico e mental dos profissionais de enfermagem que atuam na UTI de um hospital universitario em Natal.

Fonte: novembro de 2023

Os artigos analisados para a elaboração deste estudo, descreveram alguns agentes que podem ser considerados estressores dentro da Unidade de Terapia Intensiva no que diz respeito à Saúde Mental dos Enfermeiros.

No contexto do trabalho na área da saúde, destaca-se o enfermeiro, o profissional que coordena e gerencia os cuidados prestados por técnicos e auxiliares de enfermagem e presta assistência aos pacientes que demandam cuidados intensivos. A enfermagem oferece cuidados e conforto ao paciente em todo âmbito da pratica. Ilustra-se a orientação consistente dada ao enfermeiro, para que promovam um cuidado que valorize o bem-estar de seus pacientes, individualmente ou em grupos da sociedade. O enfermeiro tem autonomia, um atributo necessario que envolve intervenções de enfermagem, independente de ordens médicas. O enfermeiro trabalha com outros profissionais para obter o melhor plano de saúde para o paciente ( Muniz DC, Andrade EGS e Santos WLS, 2019)

Conforme demonstrado no estudo de Inoue et al. (2013) em cinco instituições hospitalares da região Oeste do estado do Paraná, com 58 enfermeiros intensivistas assistenciais, entre maio e julho de 2010, constatou que a maioria (65,5%) apresentou nível de estresse médio.

Embora a equipe de enfermagem que atua em UTIs seja composta por profissionais qualificados, engajados na promoção, prevenção, proteção e recuperação da saúde no âmbito individual e coletivo, nem sempre significa satisfação

plena desses profissionais com o trabalho. Em contextos assim, o ambiente pode ser responsável pelo desenvolvimento de muitas doenças, como, por exemplo, o estresse ocupacional (Inoue et al., 2013).

Os sintomas do estresse se divide em três fases, sendo elas: fase de alarme, resistência e esgotamento. A primeira fase é a reação de defesa ou alarme, que tem como sintomas taquicardia, palidez, fadiga, insônia, falta de apetite.Nesta fase o corpo e mente se preparam para a preservação da própria vida, e pode apresentar alguns sintomas como dificuldade para dormir, aumento na libido, grande produtividade, podendo virar a noite, sensação de corpo tenso, sudorese, falta de fome ou sono e euforia.(Santos et. al. 2019)

A segunda fase do estresse é chamada de resistência ou adaptativa, ela se inicia quando o organismo tenta uma adaptação, e nesta fase as reações são opostas as que surgem na primeira fase e muitos destes sintomas desaparecem e surgem a sensação de desgaste e cansaço, outros sintomas podem ser o isolamento social, irritabilidade excessiva, diminuição da libido e incapacidade de desligar do trabalho, o sono começa a normalizar bem como a produtividade e criatividade no trabalho e falha na memória. (Santos et. al. 2019)

A terceira fase é mais conhecida como de exaustão e esgotamento, nesta fase se o agente estressor for contínuo e o profissional não possuir estratégias para lidar com o estresse, o organismo esgota a sua reserva de energia e a fase se inicia, é quando o profissional começa a apresentar doenças como hipertensão arterial, depressão, ansiedade, problemas sexuais e dermatológicos como vitiligo, urticárias e alergias, podendo ainda causar infarto ou até mesmo morte súbita.(Santos et al., 2019)

Estudo realizados por Esperidião; Saidel e Rodrigues, (2020), evidenciaram que a dimensão das condições laborais, essas colaboram para a pressão psicológica e sintomas psicossomáticos nos profissionais de saúde destacando-se: sobrecarga de trabalho; equipamentos e suporte organizacional escassos; política frágil de cargos e salários; inexistência de piso salarial da categoria; elevada carga horária; baixa remuneração; duplos vínculos empregatícios; vínculos precários nos contratos de trabalho; responsabilidade elevada; lida cotidiana com a dor, sofrimento, morte. Há um agravante neste panorama, quando tais condições são compreendidas como inerentes à profissão ou ao contexto empobrecido do trabalho, trazendo como consequencia uma naturalização ou banalização do cenário.

É importate salientar, o momento histórico-sanitário da pandemia, em todo o mundo, com repercussões na saúde mental nas pessoas em geral e especialmente aos trabalhadores de saúde, que se sentem ainda mais vulneráveis. (Esperidião; Saidel; Rodrigues, 2020)

Devido ao desgaste físico e emocional a que estão sujeitos estes profissionais apresentam maior disposição para a Síndrome de Burnout e a outros sintomas como fadiga, insônia, ansiedade, depressão, obesidade, doenças coronarianas, diabetes, câncer, uso de drogas e distúrbios psicossomáticos. Como consequência destes sintomas, o atendimento de qualidade pode estar comprometido e aumento na insatisfação dos pacientes com a atenção prestada.(Ratochinski et al., 2016)

Como mencionado em um estudo desenvolvido por Vasconcelos, De Martino e França(2018), na enfermagem, o burnout tem sido objeto de estudo há vários anos por sua elevada prevalência e por ser reconhecido como um risco ocupacional. Estudos revelam que os profissionais com aumento do burnout tendem a ter um aumento da sintomatologia depressiva. A exaustão emocional, considerada o núcleo do burnout, apresentou uma correlação mais forte com a sintomatologia depressiva do que a despersonalização, esta que é considerada a segunda dimensão do burnout. Em um estudo desenvolvido por Aragão et al. (2021), os resultados revelaram elevada prevalência da sindrome de burnout, 53,6%, resultado preocupante, tendo em vista que os profissionais estudados atuam na assistência direta a pacientes graves, em que um erro na execução dos procedimentos pode representar sequelas graves

ou até mesmo o óbito de pacientes.

É fundamental que sejam adotadas estratégias de enfretamento contra o burnout e a sintomatologia depressiva no âmbito ocupacional, uma vez que isso pode refletir em prejuízos na qualidade da assistência prestada, assim como na taxa de absenteísmo.( Vasconcelos; De Martino e França, 2018)

Santana et al. (2014) afirmam que a equipe de saúde no ambiente hospitalar está frequentemente exposta a fatores que comprometem sua saúde física e mental, a exemplo da proximidade com situações de dor, sofrimento e morte, além do sistema de turnos ininterruptos de revezamento e prestação de serviços durante 24 horas, sete dias da semana, associado a transição entre turnos para passagem do plantão.

A busca constante pela realização de outras atividades provoca ao homem uma sobrecarga psíquica, emocional e física. Temos o trabalho como uma das formas de

interagir com a sociedade e realidade, mais que isso, um meio que oferece satisfazer as necessidades internas do individuo.( Muniz; Andrade e Santos, 2019)

Mais uma vez a psicanálise vem nos auxiliar, visto que Freud (1930) havia nos alertado que não se pode desconsiderar as pulsões e desejos do homem:

“Não é fácil entender como pode ser possível privar de satisfação um instinto. Não se faz isso impunemente. Se a perda não for economicamente compensada, pode-se ficar certo de que sérios distúrbios decorrerão disso”

Na observação dos fatores relacionados em pacientes em UTI, o papel da enfermagem, uma vez que seu local de trabalho há uma grande demanda de atividades dos enfermeiros, e exige ações rápidas e observação continua por parte do profissional, as condições de trabalho de enfermagem é caracterizada pela sobrecarga de trabalho e jornadas de plantões, que por vez são fatores de risco para a segurança do paciente (Muniz; Andrade e Santos, 2019)

Por fim, conforme Bertoncello et al. (2017) afirmam que a saúde mental dos profissionais está diretamente relacionada com o suporte organizacional recebido por eles no ambiente de trabalho. Pois quanto maior o suporte, menor será o estresse, resultando, consequentemente, em uma melhor saúde mental com menos Risco de Transtornos Mentais.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo evidenciou as dificuldades enfrentadas pelo enfermeiro na unidade de terpia intensiva, dificuldades essas capazes de desencadear vários transtornos psicológicos se não identificados e tratados precocemente. O ato de cuidar e zelar por vidas em sua totalidade já é uma tarefa muito estressante e desafiadora, porém, especificamente falando sobre as UTIs, são muito mais estressantes, por se tratar de pacientes em estado grave e lidar com o sofrimento do próximo quase sempre desencadeia, no cuidador, sentimentos de compaixão, sofrimento, impotência, e muitas vezes estresse e depressão.

Considerando o teor tratado na pesquisa, acredita-se que os objetivos propostos foram alcançados, tendo em vista que a pesquisa discutiu as consequências de tais transtornos e também possibilitou a reflexão e a compreensão das dificuldades vivenciadas pelo profissional enfermeiro. Foi observado que os profissionais enfrentam grandes problemas causados pelo fato de alguns membros não saberem atuar em equipe desencadeando o estresse e a frustração no grupo de trabalho. Muitos relatam que se sentem desmotivados, e isso produz relações de trabalho inadequadas. Quanto à estrutura, os relatos dos profissionais apontam para a falta de recursos materiais, que dificulta e interfere na qualidade da assistência prestada ao paciente crítico. No que diz respeito à ações sociopolíticas, cabe manisfestar a importância de adotar medidas protetivas no contexto da promoção de saúde mental, no âmbito das políticas públicas, ainda frágeis, voltado aos profissionais que mais cuidam do que são cuidados, tendo em vista as evidências no âmbito do trabalho como sendo responsáveis pelo adoecimento mental dos profissionais enfermeiros. Por fim, para que seja possível um controle dos fatores estressantes em unidades de terapia intensiva, e assim reduzir o estresse nos profissionais de enfermagem, sugere-se a realização de reuniões de equipe, planejamento das atividades e a valorização dos saberes com ênfase nas experiências dos profissionais. Deve-se buscar a autonomia, ter participação nas decisões da equipe multiprofissional e, o mais importante, obter melhorias para evitar a sobrecarga de trabalho, tendo assim uma tríade de: bom ambiente de trabalho (relacionado a equipe), trabalhador sadio (autocuidado) e assistência de qualidade (possuir subsídios para ofertar uma assistência de qualidade).

7   REFERÊNCIAS

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