REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7616022
Mauricio Calderaro Pinheiro1
Ana D’arc Martins de Azevedo2
Jader Duarte Ferreira Soares3
RESUMO
O presente artigo apresenta um relato de experiência sobre a representação gráfica da flora regional e como esta influencia na valorização das plantas da Amazônia através de uma prática pedagógica no ensino de arte, desenvolvidas presencialmente e remotamente durante o período de pandemia do covid-19. O público desta pesquisa foram alunos dos anos iniciais Colégio Tenente Rêgo Barros (CTRB) e o trabalho sobre duas manifestações artísticas nas aulas teóricas e práticas: A arquitetura e o desenho, onde se buscou analisar a representação da flora nas produções dos discentes, relacionando-as as habilidades e competências preconizadas na Base Nacional Curricular Comum (BNCC); as leis que incentivam e determinam esta prática; o contexto onde a ação foi desenvolvida e os suportes para sua elaboração e execução. Pode-se perceber que a representação da vegetação não tem a mesma importância dos outros elementos gráficos como prédios e automóveis e quando há, são representados de maneira estereotipada na forma de macieira.
Palavras-chave: Ensino de arte; modalidades artísticas; Metodologia do ensino.
ABSTRACT
This article aims to carry out an experience report on the graphic representation of the regional flora and how this influences the appreciation of Amazonian plants through a pedagogical practice in art teaching, developed in person and remotely during the period of the covid-19 pandemic. The public for this research were students in the early years of Colégio Tenente Rêgo Barros (CTRB) and the work on two artistic manifestations in theoretical and practical classes: Architecture and drawing, where an attempt was made to analyze the representation of flora in the students’ productions, relating them to the skills and competences recommended in the Common National Curriculum Base (BNCC); the laws that encourage and determine this practice; the context where the action was developed and the supports for its elaboration and execution. It can be seen that the representation of vegetation does not have the same importance as other graphic elements such as buildings and cars and, when there is one, they are stereotypically represented in the form of an apple tree.
Keywords: Art teaching; artistic modalities; Teaching methodology.
1 INTRODUÇÃO
Ao fortalecer a recognição4 da flora amazônica dentro do ensino aprendizagem, há uma evolução positiva na valorização da flora regional. Neste contexto, ao estudar as plantas por meio de instrumentos pedagógicos gráficos, o aluno consegue reconhecer as suas características botânicas dentro do plano de práticas curriculares que irão fomentar a relação da arte com a educação ambiental a ser implementada na formação básica através das ações pedagógicas planejadas para o ensino de arte.
Estas atividades propostas no planejamento, por se tratar do cotidiano do aluno, da presença de seres vivos e do meio ambiente estabelecem relação com a educação ambiental (EA) que, inserida nas disciplinas regulares, perpassa entre os conteúdos e se apresenta de maneira interdisciplinar em dinâmicas e projetos, visando a ressignificação do espaço escolar e social do aluno, transformando a sala de aula em um local vivo de interações, reflexões e de múltiplas possiblidades de dimensões de ensino e aprendizagem (LEITE & ALVARES. 1994).
As possibilidades são abordadas nas propostas estabelecidas na nova Base Nacional Comum Curricular – BNCC, que dispõem de instrumentos para a prática ambiental ainda mais abrangente, possibilitando a regionalização dos conceitos e ações. Estas práticas visam uma aproximação com a realidade dos discentes por meio da relação direta com habilidades e competências desenvolvidas durante a vivência escolar (BRASIL, 2017). Além disso, os objetivos de desenvolvimento sustentável – ODS, elaborados durante a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU, 2020), estabelecem metas a serem alcançadas até 2030, e a educação ambiental nas escolas possui papel fundamental para o sucesso destes objetivos. Neste sentido, o ODS 4 estabelece parâmetros a cerca de uma educação equitativa de qualidade, afim de garantir oportunidades de aprendizagens, acesso as informações e práticas de ensino que irá assegurar um pleno desenvolvimento a todos. Este Objetivo, especificamente o 4.7, trata das ações a serem tomadas a fim de garantir o acesso, a permanência e a segurança para progressão cultural, social e profissional por meio da educação, garantindo que os discentes adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promoverem o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentável (ONU, 2015).
Portanto, além de refletir sobre os temas relacionados à vida, os estudantes realizaram atividades que desenvolveram a coordenação motora, através dos desenhos; a noção de espaço, distribuindo os elementos na imagem; a técnica de desenho, com uso de vários tipos de linhas e a interpretação e valorização do meio, já que os temas abordados foram relacionados ao contexto dos educandos. Como objetivo, buscou-se realizar um relato de experiência sobre a representação gráfica da flora regional e como esta influencia na valorização das plantas da Amazônia através de uma prática pedagógica no ensino de arte.
2-METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada de janeiro a junho de 2020, durante a pandemia do COVID-19. Trata-se de um relato de experiência, cujo o método traz contribuições para o ensino, visando a resolução ou minimização dos problemas evidenciados na prática durante os encontros da disciplina arte, desenvolvido em 2 aulas semanais que, no primeiro trimestre deu-se de forma presencial e, a partir do segundo trimestre, tornaram-se on-lines por motivo de distanciamento social.
Neste sentido, as aulas remotas ocuparam grande parte do cronograma de atividades dos alunos, que passaram a desenvolver seus trabalhos em suas residências e enviarem suas produções por meio de uma plataforma digital adotada pela instituição.
Com isso, o desafio de ministrar aulas de arte tornou-se maior tanto para o professor, que teve que se adequar à nova realidade, quanto para os alunos, que tiveram que superar a ausência dos colegas, a distância do espaço escolar e do professor, as distrações em casa, o uso de diferentes materiais e o acesso dificultoso à internet.
Estas foram algumas dificuldades citadas pelos alunos durantes as aulas de arte que, ao término das atividades semestrais, foram diagnosticadas com um bom aproveitamento discente, representado através das médias que se mantiveram equilibradas ao período anterior a pandemia, as manifestações espontâneas que ocorreram durante as aulas remotas e o retorno positivo de atividades elaboradas com os familiares.
As propostas educativas deste trabalho baseiam-se nas ações de conhecer os conceitos teóricos abordados nas aulas, identificar o contexto e as técnicas artísticas usadas nas produções dos trabalhos e produzir objetos capazes de expressar artisticamente as ideias dos alunos. Esta abordagem triangular estabelece o direcionamento necessário para que o ensino de arte se desligue de uma finalidade formativa regulamentadora, como datas comemorativas e cópias de obras de arte. (BENTO, 2019)
A abordagem triangular, portanto, direciona de modo qualificado as tentativas de superação de práticas que destituem a arte de seu fim formativo, tais como desenho livre, atividades de colorir desenhos prontos, trabalho com datas comemorativas, cópias de obras de arte sendo muitas vezes entendidas como releitura etc. (BENTO, 2019, p. 105)
Estabelecida a base metodológica, a pesquisa teve início no primeiro trimestre de 2020, ainda de forma presencial no CTRB. Os partícipes da pesquisa foram os alunos do 4º ano do ensino fundamental anos finais que tiveram contato com duas manifestações artísticas distintas como objeto de estudo: a arquitetura e o desenho. Definidas no início do ano durante o período de planejamento anual, através da jornada pedagógica promovida pelas coordenações de ensino, antes do início das aulas, estes conteúdos são escolhidos em comum acordo com os professores e as coordenações e possuem bases determinadas na BNCC.
Para isso, foram escolhidas três habilidades a serem trabalhadas em sala de aula durante o processo de elaboração das produções artísticas dos alunos: as habilidades 02, 04 e 05 da área de códigos e linguagem da unidade temática artes visuais.
A primeira habilidade citada permite que o aluno explore e reconheça diversos elementos visuais como o ponto, a linha, a forma e o espaço. Com isso é possível reconhecer os elementos visuais de uma manifestação artística através da experimentação de suas técnicas e materiais.
A habilidade 4 estimula a experiência com várias manifestações artísticas como o desenho, a colagem, quadrinho, fotografia, entre outros. Além de possibilitar o uso sustentável de materiais e habilidade, fomenta uma atitude criadora do discente através da experimentação de novos suportes, procedimentos e ferramentas artísticas.
Por fim, a habilidade 5 incentiva a criação em artes visuais de forma individual e coletiva. Através de trabalhos em equipes, na apresentação de pesquisas e na exposição individual, esta habilidade considera a investigação, as tentativas e as escolhas dos alunos de forma colaborativa para que o discente possa dialogar com novas possibilidades e processos de criação.
Estas habilidades validaram a elaboração de um cronograma, dividido em 2 etapas de acordo com a manifestação artística trabalhada, afim de possibilitar um maior controle sobre os assuntos ministrados e o período de criação e entrega dos trabalhos.
1ª ETAPA – ARQUITETURA
Quadro-01: Arquitetura, tema das aulas e metodologia aplicada.
A primeira etapa da pesquisa foi executada de forma presencial. Nela foi objetivado a apresentação de conceitos básicos de arquitetura, como as formas de estruturas, as funções de cada uma delas, a formatação dos modelos, cores, proporção de tamanhos entre os prédios e de como eles se alocam nos espações urbanos (edifício) e campestres (casas).
Com revistas e jornais, os alunos onde localizaram imagens relacionadas a arquitetura. Em formato de pesquisa, recortaram e colaram nos cadernos as imagens selecionadas. Assim, montaram um pequeno acervo de imagens para as práticas futuras.
No encontro seguinte, houve a elaboração de desenhos em folhas de papel A4 sobre as imagens coletadas anteriormente. Este momento busca a representação das formas arquitetônicas a partir de imagens reais de arquitetura e não abstratas, vindas de outros desenhos ou de outras fontes externas que não a experiência dialética com a realidade das formas (WILSON e WILSON, 1997, p. 64). Esta ação permite que o discente passe por sua própria experiência artística criativa e não experimente um “React” de outras experiências.
Essas fontes eram, entretanto, extremamente variáveis. Elas variavam de imagens tomadas de desenhos que tinham sido feitos pelos pais, irmãos mais velhos, colegas, até imagens dos meios de comunicação populares, especialmente revistas em quadrinhos e televisão, mas também ilustrações e fotografias. (WILSON e WILSON, 1997, p. 64).
O 3º encontro foi pautado nas técnicas das linhas de desenhos. Nele, os alunos trabalharam no exercício de linhas retas, curvas, seccionadas, quebradas, onduladas e em espiral. Com uso de folhas de papel A4 de forma individual e imagens do círculo de Newton, também foi tratado sobre as cores que preenchem os elementos desenhados. Cores quentes, frias, análogas e complementares. Este estudo proporcionou aos alunos a apreensão de maiores recursos gráficos para a elaboração de seus trabalhos.
A partir do 4º encontro, os alunos divididos em grupos, aplicaram as técnicas ministradas no encontro anterior e adentraram na etapa de elaboração de imagens relacionadas a arquitetura. Foi orientado as equipes que pudessem se dividir por funções cabendo a eles a escolha de um líder de equipe que no termino do trabalho fosse o apresentador da produção.
Neste encontro, os alunos puderam afastar as cadeiras e mesas para sentar no chão e ao redor das folhas de papel 40 kg (imagem 01). Esta disposição oportunizou ao discente, maior compreensão do espaço do suporte, melhor interação para construção e organização do espaço trabalho, onde cada membro da equipe possuísse função.
Com o término da tarefa, os alunos puderam apreciar e debater sobre o tema e a distribuição dos elementos na imagem através de apresentações dos resultados. Neste momento, foi notado por um dos alunos que as árvores eram todas iguais e que nem todos os trabalhos representavam a vegetação.
Imagem 01- Representação da cidade.
No 5º encontro, os alunos passaram a tratar da técnica do desenho de planta baixa. Nesta aula, foi exposto em forma de slide imagens de plantas baixas e exemplos de como eram usadas nos trabalhos desenvolvidos pelos arquitetos. Nesta atividade, os alunos puderam simular o trabalho de um arquiteto criando espaços com quartos, salas, banheiros, cozinha e garagem.
Durante este tema da primeira etapa, tivemos as aulas interrompidas por motivo do surto pandêmico do COVID-19. Durante 4 semanas as aulas foram suspensas e os professores e alunos foram direcionados ao uso de uma plataforma digital onde puderam desenvolver e dar continuidade aos trabalhos.
No processo de retorno das atividades, os alunos retomaram os conteúdos suspensos e passaram a ter atividades adaptadas. Em arte, foi realizado um plano de retorno, onde os estudantes revisitaram os encontros anteriores e realizaram um exercício de desenho como revisão onde, individualmente, os alunos deveriam desenhar a planta baixa do colégio, contabilizando o número de salas, os espaços abertos, banheiros e corredores. De maneira adaptada, representaram própria residência e enviaram o produto através de e-mail para possíveis correções da técnica.
Ao iniciar o 7º encontro, os alunos passaram a trabalhar os conceitos e a técnica da construção de maquetes. Através de slides e vídeo, os alunos conheceram as formas e os mecanismos de montagem divididas em 3 grupos: vegetação, edificações de moradia e edificações funcionais. Com primeiro grupo, os alunos conheceram os materiais usados na construção de maquetes de praças e campos; em seguida foram apresentados maneiras e materiais de montagem de casas e edifícios e no terceiro grupo, as construções de hospitais, escolas, igrejas e teatros. No término da atividade, iniciou-se o preparativo do encontro seguinte com a apresentação da proposta de montagem de maquete a partir do uso de materiais cotidianos, como tampas de garrafa, caixa de sapato ou copos plásticos (imagem 02.a).
Encerrada a primeira etapa com a apresentação dos trabalhos de maquetes. O tema para montagem e os recursos utilizados foram definidos pelos próprios alunos que entregaram as produções pela plataforma on-line (imagem 02.b.c.d).
Imagem 02- Materiais utilizados nas maquetes (a) e maquetes prontas (b, c e d).
2ª ETAPA – DESENHO DE CAPAS DE QUADRINHO
Ao iniciar a segunda etapa do plano de ensino, os alunos estavam familiarizados com os procedimentos da base de desenho, com conceitos de manifestação artística, organização e distribuição de elementos no espaço do suporte e a compreensão de organização de tempo para montagem e entrega das atividades.
Quadro-02: Procedimentos de base de desenho.
Fonte: Pinheiro, 2022
A ação para elaboração das capas de histórias em quadrinho (HQ) teve início ainda no primeiro semestre de 2020, quando foi apresentado para os alunos o assunto “arquitetura: conceitos e técnicas”. Pois, estes conceitos arquitetônicos serviriam como base para a montagem do trabalho. Vale ressaltar, a importância do quadrinho na vida estudantil, como forma de compreender o mundo e outras realidades e como expressar ideias e sentimentos de maneira lúdica e artística.
Outro fator que justifica a sua inserção no contexto de ensino é que as histórias em quadrinhos podem possibilitar o “estímulo à criatividade, o interesse pela leitura e escrita”, e ainda, contribuir para a “socialização entre grupos (CORDEIRO; MAIA; SILVA, 2018, p.11).
No primeiro encontro foi apresentado os conceitos de história em quadrinho, a história de como foram criados e as técnicas que são aplicadas na fabricação. Em seguida, os alunos tiveram contato com vários exemplos de capas de quadrinhos por meio de slides apresentados na plataforma.
No segundo encontro os discentes iniciaram os desenhos de personagens baseados em figuras famosas escolhidas por eles. Vale ressaltar que os personagens criados não são oriundos de releitura, mas sim, da criação do próprio aluno que os tinham apenas como base para as criações. Assim, cada aluno elaborou três personagens originais, com nomes e características distintas.
A partir deste ponto, os personagens criados permearam os outros encontros até o término do trabalho e passaram a ser inseridos nos contextos das histórias como protagonistas dos roteiros criados pelos próprios discentes nos encontros 03 e 04 onde, além de interagirem com outros personagens, apresentavam falas nos balões de diálogos e faziam uso de onomatopeias.
Imagem 03- Desenhos de capas de quadrinhos.
No quinto encontro, os alunos iniciariam a montagem das capas dos quadrinhos (imagem 03) respeitando os seguintes elementos trabalhos em sala: Onde, quando e porquê. Sendo que o “onde” definindo o local da ação apresentado no desenho; o “quando” determinando o tempo em que a ação acontece e o “porquê” dos personagens desenvolvem uma ação. Esta trípce fora trabalhada em sala de aula com slides e exemplos práticos com desenhos feitos pelo professor durante o 6º encontro. Estes temas tiveram conclusão com a elaboração e montagem da diagramação das páginas e da capa do quadrinho nos dois últimos encontros com os alunos.
3-RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao propor o estudo da arquitetura e a criação de capas de história em quadrinho foram elaborados 8 painéis em tamanho A0 com representação das cidades e 56 desenhos de capas de história em quadrinho. Este material foi levantado através de aulas teóricas e práticas, presenciais e remotas, em dezesseis encontros semanais entre janeiro e junho de 2020.
Por conta da pandemia do COVID-19, foi ratificada a importância do planejamento e suas possíveis adaptações. Haja vista, que a presença da família era frequente durante as aulas remotas, a participação de parentes tirando dúvidas sobre os trabalhos ou mesmo assistindo as aulas eram rotineiras. Estas ações corroboram ao salientar a valia do planejamento do currículo escolar e a justaposição diante as adversidades durante o processo das etapas da pesquisa.
A primeira etapa resultou em 8 painéis que mostravam as ruas, praças, shoppings, igrejas, hospitais, casas e escolas em formatos e cores diferentes. Contudo, as poucas representações da flora, eram pequenas, discretas, distribuídas em grupos concentradas em posições estratégicas, como praças ou bosques. Vale ressaltar, que estas imagens abstratas de árvores apresentavam em todos os painéis cores, formatos e tamanhos parecidos, sempre relacionados a macieira.
Em nenhum momento foi corrigido ou ponderado sobre as representações feitas. As interferências sobre os trabalhos, buscavam a correção das técnicas artísticas aplicadas em sala de aula como: o uso de linhas retas, a precisão no traço, a higiene do trabalho, o contorno nítido e o colorismo correto no espaço das formas. Pois, o objetivo era propor uma reflexão dos alunos sobre os temas dos trabalhos, através de uma roda de conversa com a apresentação das produções.
Na etapa seguinte, foi realizada a proposta onde os próprios estudantes pudessem visualizar seu contexto e representa-lo de uma maneira mais individual com o uso da técnica da criação de capas de história em quadrinho.
Foram recebidas 56 capas de quadrinhos que apresentaram temas diversos, com o intuito de proporcionar ao discente uma maior liberdade criativa. Entre aventuras, fábulas e retratos sociais, foi notado que grande parte dos trabalhos não apresentavam vegetação e os que possuíam, representavam de maneira abstrata, com poucos detalhes e sem relação com a vegetação local ao contrário dos prédios desenhados na etapa anterior.
Resultado da 1ª Etapa – Painéis das cidades.
Tabela 01- Painéis das cidades.
Atividades | nº |
Números de painéis | 08 |
Com representação de vegetação | 08 |
Sem apresentação de vegetação | 0 |
Com representação da macieira | 08 |
Com representação da macieira e outras vegetações | 1 |
Resultado da 2ª Etapa – Capas de quadrinhos
Tabela 02- Capas dos quadrinhos
Atividades | nº |
Número de capas de quadrinho. | 56 |
Com representação de vegetação | 17 |
Sem apresentação de vegetação | 39 |
Com representação da macieira | 03 |
Com representação de outra vegetação | 14 |
Neves (2019) relaciona este comportamento de “cegueira botânica” a vários fatores. Dentre eles a quantidade de informação processadas pelos indivíduos; a grande influência de mídias e redes de comunicação; a subvalorização da área de botânica dentro do ensino de ciências e o conteúdo descontextualizado da realidade do aluno.
Ao fechamento das etapas os alunos foram orientados a guardarem seus trabalhos com o intuito de organizar uma exposição de arte com as produções após ao término da quarentena de forma presencial no colégio.
4-CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo foi desenvolvido com alunos do 4º ano do ensino fundamental – anos iniciais entre janeiro e junho de 2020. Foram feitos 16 encontros totalizando 32 aulas de arte, com média de 8 aulas por mês. Neste período, foi executado o planejamento elaborado no início do ano letivo, buscando desenvolver 2 formas de manifestações artísticas distintas: a arquitetura e o desenho em quadrinho.
Durante as etapas, o planejamento sofreu adaptação por motivo da pandemia do COVID-19, sendo dividida em 2 partes: aulas presenciais e aulas remotas. Foram 5 encontros antes do distanciamento e 11 encontros via plataforma digital. Vale ressaltar a importância e a flexibilidade do planejamento durante este período que proporcionou perdas mínimas na ação pedagógica em relação ao conteúdo das aulas.
Com isso, foram entregues 64 trabalhos, divididos em painéis e capas de quadrinho. Os painéis foram elaborados ainda de forma presencial em equipes de alunos. As capas, foram entregues de maneira remota e criadas individualmente pelos discentes. Neles, foi notado a baixa quantidade de representação da vegetação, elaboradas de maneira abstrata, com poucos detalhes e com tímido senso de protagonismo nas imagens.
Foi observado que os estudantes do 4º ano apresentam pouca relação com a representação da vegetação local. Seria culpa das tecnologias que os cercam ou dos recursos utilizados em sala de aula? E essa baixa representatividade da vegetação, influencia na recognição da flora regional? Há sempre uma dúvida sobre esta possível “cegueira botânica” por parte dos discentes em suas representações. Contudo, a medida em que as aulas decorrem, os planejamentos podem ser adaptados para a contemplação desta demanda e, consequentemente, para que um número maior de alunos responda satisfatoriamente aos objetivos de uma proposta voltada a esta representação e valorização.
5-REFERÊNCIAS
BENTO, Izabeli Skodowski; DE LARA JAKIMIU, Vanessa Campos. AS POTENCIALIDADES DA ABORDAGEM TRIANGULAR PARA O ENSINO DA ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL. TRABALHO E EDUCAÇÃO, p. 99. 2019.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017. Disponível em: < 568 http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf>. Acesso em: 28 set. 2020.
CORDEIRO, Nilton José Neves; MAIA, Madeline Gurgel Barreto; SILVA, Carina Brunehilde Pinto. O Uso de Histórias em Quadrinhos para o Ensino de Educação Financeira no Ciclo de Alfabetização. Tangram – Revista de Educação Matemática. Dourados, v.2, n. 1, p. 03- 20, 2018.
LEITE, Lúcia Helena Alvares. A pedagogia de projetos em questão. Texto produzido a partir da palestra no curso de direitos da rede Municipal de Belo Horizonte, promovido pelo CAPE/SMED em dezembro de 1994.
NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL – ONU BR. 17 Objetivos para transformar o mundo. Disponível:<https://nacoesunidas.org/pos2015/>. Acessado em: 10 nov. 2020
NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL – ONU BR. A Agenda 2030. Disponível em : <https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/ >. Acesso em: 10 de nov. de 2020
NEVES, Amanda; BÜNDCHEN, Márcia; LISBOA, Cassiano Pamplona. Cegueira botânica: é possível superá-la a partir da Educação?. Ciência & Educação (Bauru), v. 25, n. 3, p. 745-762, 2019.
WILSON, B.; WILSON, M. Teaching children to draw: a guide for teacher and parents. In: LA PASTINA, Camilla Carpanezzi; FAEL, Lapa-PR. Apropriação e cópia no desenho Infantil. Revista Palíndromo, v. 1, p. 131-155, 2009.
4Ato ou efeito de reconhecer; reconhecimento, Reconhecimento do estado de uma pessoa ou da qualidade de algo. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa.
1Graduado em Educação artística pela UFPA. Mestre em Gestão do conhecimento para o desenvolvimento socioambiental pela Universidade da Amazônia 2022
2Dra. em Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP – 2011) e professora do Programa Stricto Sensu em Comunicação, Linguagens e Culturas e do Programa Mestrado Profissional em Gestão de Conhecimentos para o Desenvolvimento Socioambiental da UNAMA
3Dr. em Geografia e Planejamento Regional pela Universidade do Minho. (Uminho – 2017) é professor do Programa Stricto Sensu, Mestrado Profissional em Gestão de Conhecimentos para o Desenvolvimento Socioambiental da Universidade da Amazônia – UNAMA