A RELAÇÃO ENTRE MICROBIOTA INTESTINAL E O CÉREBRO: ANSIEDADE E DEPRESSÃO

THE RELATIONSHIP BETWEEN THE INTESTINAL MICROBIOTA AND THE BRAIN: ANXIETY AND DEPRESSION

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8436214


Marcela Gabriela Fonseca Coelho¹
Raquel Pereira de Souza1
Vanuza Monteiro Lopes1
Francisca Marta Nascimento de Oliveira Freitas²
Rosimar Honorato Lobo³


RESUMO 

A interação entre microbiota e sistema nervoso é bidirecional através de vias neurais, hormonais e imunológicas. Isso afeta a função neuronal e foi relacionado a transtornos gastrointestinais, neurológicos e psiquiátricos. A manipulação da microbiota, via terapias como probióticos, mostra potencial no tratamento dessas doenças, destacando a complexa relação corpo-micróbios. O objetivo do presente estudo foi descrever a influência da microbiota na saúde mental. No que diz respeito à natureza deste estudo, ele se enquadra no âmbito de uma pesquisa de natureza bibliográfica. Nesse contexto, foram examinados materiais como livros, artigos científicos, teses e dissertações que se relacionam com a temática explorada. Espera-se que a pesquisa revele a influência da microbiota intestinal no sistema nervoso e na saúde mental, destacando a comunicação direta entre microbiota e cérebro, impacto na produção de neurotransmissores e modulação do sistema imunológico. Serão identificados padrões alimentares ligados a uma microbiota saudável e o papel dos nutricionistas na promoção desse equilíbrio, considerando necessidades individuais. Os resultados visam melhorar abordagens terapêuticas e nutricionais para ansiedade e depressão, elevando a qualidade de vida dos afetados.

Palavras-chave: Microbiota, intestino, sistema nervoso, saúde mental.

ABSTRACT

The interaction between microbiota and the nervous system is bidirectional through neural, hormonal and immunological pathways. It affects neuronal function and has been linked to gastrointestinal, neurological and psychiatric disorders. Microbiota manipulation, via therapies such as probiotics, shows potential in the treatment of these diseases, highlighting the complex body-microbe relationship. The aim of the present study was to describe the influence of the microbiota on mental health. As for the type, this study is classified as a bibliographical research, where books, scientific articles, theses and dissertations that are in accordance with the researched subject were analyzed. The research is expected to reveal the influence of the intestinal microbiota on the nervous system and mental health, highlighting the direct communication between microbiota and the brain, impact on the production of neurotransmitters and modulation of the immune system. Dietary patterns linked to a healthy microbiota and the role of nutritionists in promoting this balance will be identified, considering individual needs. The results aim to improve therapeutic and nutritional approaches for anxiety and depression, raising the quality of life of those affected.

Keywords: Microbiota, intestine, nervous system, mental health.

1 INTRODUÇÃO 

A microbiota intestinal é um ecossistema microbiano complexo que reside no trato gastrointestinal humano, composto por uma ampla variedade de microrganismos, incluindo bactérias, fungos, vírus e protozoários. Essa comunidade desempenha papéis cruciais na manutenção da saúde do hospedeiro, como a produção de vitaminas, regulação do sistema imunológico e proteção contra patógenos (Souza et al., 2020). Além disso, a interação entre a microbiota intestinal e o sistema nervoso humano tem sido objeto de intensa pesquisa. A comunicação entre esses dois sistemas é bidirecional e ocorre através de vias neurais, hormonais e imunológicas, com impacto na função neuronal e no comportamento humano (Biasibetti, 2022; Costa et al., 2021). Esta interação está associada a diversas doenças, mas também oferece oportunidades promissoras de tratamento,

A microbiota intestinal é um ecossistema microbiano complexo que reside no trato gastrointestinal humano, composto por uma ampla variedade de microrganismos, incluindo bactérias, fungos, vírus e protozoários. Essa comunidade desempenha papéis cruciais na manutenção da saúde do hospedeiro, como a produção de vitaminas, regulação do sistema imunológico e proteção contra patógenos (Souza et al., 2020). Além disso, a interação entre a microbiota intestinal e o sistema nervoso humano tem sido objeto de intensa pesquisa. A comunicação entre esses dois sistemas é bidirecional e ocorre através de vias neurais, hormonais e imunológicas, com impacto na função neuronal e no comportamento humano (Biasibetti, 2022; Costa et al., 2021). Esta interação está associada a diversas doenças, mas também oferece oportunidades promissoras de tratamento,

A microbiota intestinal é um ecossistema microbiano complexo que reside no trato gastrointestinal humano, composto por uma ampla variedade de microrganismos, incluindo bactérias, fungos, vírus e protozoários. Essa comunidade desempenha papéis cruciais na manutenção da saúde do hospedeiro, como a produção de vitaminas, regulação do sistema imunológico e proteção contra patógenos (Souza et al., 2020). Além disso, a interação entre a microbiota intestinal e o sistema nervoso humano tem sido objeto de intensa pesquisa. A comunicação entre esses dois sistemas é bidirecional e ocorre através de vias neurais, hormonais e imunológicas, com impacto na função neuronal e no comportamento humano (Biasibetti, 2022; Costa et al., 2021)

Nessa perspectiva, a interação entre a microbiota intestinal e o sistema nervoso humano é um campo de estudo fascinante, que tem recebido cada vez mais atenção da comunidade científica. A compreensão dessa interação pode levar a novos tratamentos para uma variedade de doenças e contribuir para uma melhor compreensão da relação entre o corpo humano e seus microrganismos residentes.

A complexa microbiota intestinal desempenha papel vital na saúde do hospedeiro, regulando funções metabólicas e imunológicas, além de apresentar uma relação intrincada com o sistema nervoso humano. A compreensão dessa interação por meio de revisões bibliográficas é essencial para desenvolver estratégias de tratamento e prevenção de doenças, bem como compreender a conexão entre alimentação e saúde. Para estudantes de nutrição, conhecer a microbiota é crucial, pois ela influencia a absorção de nutrientes, produção de metabólitos benéficos e pode ser manipulada com probióticos e prebióticos para melhorar a saúde do hospedeiro. Além disso, a dieta desempenha um papel fundamental na composição da microbiota, destacando sua relevância na promoção do bem-estar e na escolha de abordagens terapêuticas.

O presente estudo teve como objetivo geral descrever a influência da microbiota na saúde mental. Logo os objetivos específicos foram:  Avaliar a relação da microbiota intestinal e o sistema nervoso; verificar como a alimentação influencia na composição da microbiota intestinal; mensurar como os nutricionistas podem ajudar a identificar as necessidades individuais de cada pessoa e elaborar um plano alimentar adequada para promover a saúde da microbiota intestinal e a saúde mental; identificar os benefícios da alimentação para a qualidade de vida de pessoas com ansiedade e depressão.

2 METODOLOGIA 

2.1 Tipo de estudo 

No que diz respeito à natureza deste estudo, ele se enquadra no âmbito de uma pesquisa de natureza bibliográfica. Nesse contexto, foram examinados materiais como livros, artigos científicos, teses e dissertações que se relacionam com a temática explorada. Segundo Lima et al.,(2022), a revisão de literatura científica é uma metodologia de pesquisa que consiste em reunir e analisar de forma sistemática os resultados de estudos prévios sobre um tema ou questão específica, com o objetivo de sintetizar as principais evidências e lacunas de conhecimento sobre o assunto. 

2.2 Coleta de dados 

As fontes de dados utilizadas para a coleta de informações consistiram em bases de dados eletrônicos, incluindo o Google Acadêmico, a Scientific Electronic Library Online (SciELO), o PubMed e o Medline. Foram levados em consideração artigos que abordavam o tema de interesse e continham os descritores: “microbiota”, “intestino”, “sistema nervoso” e “saúde mental”. A seleção dos artigos abrangeu um período de análise de 10 anos, abrangendo publicações datadas entre 2013 e 2023.

2.3 Análise de dados 

Os dados coletados foram analisados pelas pesquisadoras e incluídos para a revisão, de forma que conseguissem atingir os objetivos propostos. As limitações do presente estudo envolveram a disponibilidade e acessibilidade das fontes: nem todas as fontes de informação estavam disponíveis ou acessíveis, o que limitou a abrangência da pesquisa e também a qualidade e confiabilidade das fontes.

A escolha dos documentos foi conduzida inicialmente com base em títulos que estivessem pertinentes à temática em questão. Após a revisão dos resumos das publicações previamente selecionadas nesta fase inicial, procedeu-se com a exclusão daqueles que não se adequassem ao foco temático selecionado. Em seguida, a análise do conteúdo integral dos artigos escolhidos na segunda etapa foi realizada, seguida pela eliminação daqueles que não atendiam aos critérios de inclusão. A descrição dos resultados ocorreu após a leitura, exame e interpretação das informações contidas.

Um total de 5921 estudos foram identificados, localizados nas bases de dados do Google Acadêmico (5510), Scielo (55), Pubmed (353) e Medline (3). Entre esses, 3518 artigos foram excluídos por terem sido publicados antes do período estudado. Subsequentemente, 2403 artigos foram submetidos a análise, com a revisão do escopo de trabalho, e 2277 artigos que não abordavam a questão orientadora ” influência da microbiota na saúde mental ” foram excluídos, resultando em 116 documentos para avaliação. 

Os critérios de exclusão também envolveram teses, dissertações, monografias, editoriais, manuais e artigos duplicados. Ao fim, 10 artigos foram considerados para a análise final do estudo. Após uma primeira leitura, os artigos foram examinados novamente com o intuito de analisá-los sob a perspectiva da pergunta orientadora, como indicado no fluxograma apresentado na Figura 1. A exploração dos estudos foi realizada ao longo do período entre 2017 e de 2023 

Figura 1 – Estudos encontrados nas respectivas bases de dados 

Fonte: Autoras (2023)

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Seguindo os desfechos da investigação, foram minuciosamente examinados 10 estudos de natureza científica, cujos detalhes são expostos de forma abrangente na Tabela 1. As intenções e os desfechos dos trabalhos foram minuciosamente inspecionados, e a subsequente contemplou a influência da microbiota na saúde mental e os respetivos conjuntos de informações. 

A seguir, será apresentada uma discussão abrangente dos estudos relevantes que abordam os tratamentos relacionados à microbiota em relação aos problemas mentais. Serão exploradas as descobertas mais recentes e as perspectivas emergentes que visam compreender a complexa interação entre o microbioma intestinal e a saúde mental. 

A análise abordará uma variedade de abordagens terapêuticas, incluindo probióticos, dietéticos, prebióticos e seus efeitos potenciais na regulação de condições psicológicas, como ansiedade, depressão e transtornos de humor. Além disso, serão examinados os mecanismos biológicos subjacentes e as evidências que sustentam a conexão entre o intestino e o cérebro, oferecendo uma visão abrangente das possíveis estratégias de tratamento que podem revolucionar a forma como encaramos e abordamos as questões de saúde mental.

3.1 Potencial da microbiota no tratamento de sintomas depressivos

A depressão é um distúrbio mental diversificado que tem um impacto significativo na vida diária dos indivíduos afetados. Os sintomas característicos da depressão, como sentimentos de tristeza profunda ou um vazio emocional, podem persistir por longos períodos, variando de meses a anos e, em alguns casos, ao longo da vida. são frequentemente denominadas como o “segundo cérebro” humano (Ridaura et al.,2015). 

Cada vez mais, estudos têm demonstrado a existência de uma conexão entre os microrganismos intestinais e o sistema nervoso central, formando o eixo intestino-cérebro (Doifode et al.,2021). Diversos mecanismos estão envolvidos nesse eixo, incluindo o nervo vago, metabolismo microbiano, regulação hormonal e imunológica, que influenciam diretamente a função cognitiva e as emoções. Inclusive, diversas pesquisas têm revelado que a microbiota intestinal pode desempenhar um papel na melhoria dos sintomas da depressão (Rutsch et al.,2020).

A composição da microbiota intestinal em indivíduos deprimidos apresenta desordens notáveis e diferenças significativas em comparação com pessoas saudáveis (Barandouzi et al.,2020). Animais estudados também demonstraram perturbações similares na microbiota intestinal (Wong et al.,2016). Como resultado, a modulação direcionada da microbiota intestinal tem emergido como uma nova abordagem no tratamento e prevenção da depressão. Preparações probióticas, como aquelas contendo Bifidobacterium e Lactobacillus, têm sido frequentemente empregadas para aliviar os sintomas depressivos (Ng et al., 2018). 

Entre essas cepas, a Bifidobacterium tem sido particularmente associada a impactos positivos na redução dos sintomas depressivos. Produtos derivados dessas cepas têm demonstrado serem agentes adjuvantes eficazes no tratamento clínico da depressão. Por exemplo, pacientes com depressão leve a moderada e síndrome do intestino irritável (SII), tratados com Bifidobacterium longum NCC3001, apresentaram melhorias significativas nos sintomas depressivos e na qualidade de vida, em comparação com o grupo placebo. Além disso, houve melhorias na resposta de várias regiões cerebrais, incluindo a amígdala e o lobo frontal, a estímulos emocionais negativos (Pinto-Sanchez et al.,2017).

Cada vez mais, há evidências emergentes que apontam para o potencial benéfico dos probióticos que incluem Bifidobactérias na prevenção e tratamento de várias condições mentais e psicológicas, tais como depressão e ansiedade (Cheng et al.,2019). Steenbergen et al., (2015) realizaram um ensaio clínico randomizado, triplo-cego e controlado por placebo, no qual indivíduos saudáveis foram administrados com probióticos em pó liofilizados contendo Bifidobactérias (2,5 × 10 9 UFC) diariamente. 

A avaliação ocorreu antes e após o tratamento, utilizando a Escala de Sensibilidade à Depressão de Leiden revisada (LEIDS-r), a Escala de Depressão de Becker II (BDI-II) e a Escala de Ansiedade de Becker (BAI). Os resultados indicaram uma notável diminuição na resposta cognitiva global à depressão após 4 semanas de ingestão de probióticos, particularmente no que se refere ao pensamento agressivo e reflexivo. Essa intervenção de 4 semanas com probióticos multiespécies teve um impacto positivo pioneiro nas respostas cognitivas às flutuações naturais do humor, resultando em uma sensação de tristeza reduzida em indivíduos saudáveis (Steenbergen et al., 2015)

Além disso, outros estudos também destacaram a influência dos probióticos contendo Bifidobactérias. Em experimentos com ratos separados de suas mães, o tratamento com Bifidobacterium infantis foi associado à reversão da função imunológica, da concentração cerebral de norepinefrina e, por fim, do comportamento depressivo (Desbonnet et al.,2010). No estudo conduzido por Pinto-Sanchez et al., (2017), foi empregada uma dose de 1,0 × 10 10 UFC de Bifidobacterium longum NC3001 durante um período de 6 semanas para tratar pacientes adultos que sofriam de Síndrome do Intestino Irritável (SII) acompanhada por depressão leve a moderada. 

Os resultados dessa intervenção revelaram uma redução significativa nos escores de depressão no grupo experimental em comparação com o grupo de controle. Além disso, ao usar ressonância magnética funcional, foi observado que o Bifidobacterium longum NC3001 diminuiu a resposta de diversas regiões cerebrais, com destaque para a amígdala e as regiões límbicas frontais, quando expostas a estímulos de medo. Essa redução na ativação do complexo límbico frontal da amígdala foi correlacionada com a diminuição dos escores de depressão. Tais descobertas sugerem que o Bifidobacterium possui um papel benéfico no contexto do tratamento da depressão (Pinto-Sanchez et al.,2017).

Figura 2. Os mecanismos antidepressivos de Bifidobacterium

Fonte: Li et al.,(2023)

Esses achados indicam que o Bifidobacterium desempenha um papel positivo na abordagem da depressão. Numerosos estudos corroboraram a utilidade do Bifidobacterium no tratamento dos sintomas depressivos, entretanto, os mecanismos subjacentes permanecem parcialmente compreendidos. Essa lacuna pode estar associada à redução da presença de bactérias patogênicas, à manifestação de efeitos anti-inflamatórios, à melhoria da permeabilidade da barreira intestinal, à regulação dos níveis de triptofano, à influência na síntese da 5-hidroxitriptamina (5-HT) e à modulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) (Figura 1) (Tian et al.,2022).

No estudo de Chahwan et al.,(2019), foi examinado a eficácia do probiótico Ecologic® Barrier, que é uma mistura de várias espécies, na redução dos sintomas em adultos que enfrentam diferentes graus de depressão. Nosso trabalho foi motivado pela crescente literatura que conecta a microbiota intestinal ao bem-estar mental, e investigamos se os probióticos poderiam ser uma via promissora para melhorar a saúde mental. Ao longo do ensaio, todos os participantes, tanto nos grupos que receberam probiótico quanto no grupo placebo, apresentaram uma diminuição nos sintomas depressivos. 

As avaliações usando as pontuações do BDI-II mostraram que os níveis de depressão diminuíram entre a fase pré-intervenção e a pós-intervenção. Esses resultados sugerem que a simples rotina de tomar o probiótico diariamente, juntamente com as consultas agendadas, e o esforço de buscar uma melhoria nos sintomas depressivos tiveram um impacto positivo no estado de humor dos participantes, independentemente de estarem consumindo o probiótico real ou o placebo (Chahwan et al.,2019). 

Até onde se sabe o único ensaio prévio que examinou os impactos do humor após a administração de probióticos em uma amostra com sintomas foi o estudo de Akkasheh et al., (2016), onde os autores relataram efeitos positivos dos probióticos nas pontuações do Inventário de Depressão de Beck (BDI) em comparação com um placebo, embora esse efeito tenha sido influenciado por fatores confusos, em um grupo de 40 participantes durante um período de 8 semanas. É viável que os probióticos possam demandar mais de 8 semanas para efetuar mudanças no humor quando utilizados como tratamento primário em um grupo sintomático, como demonstrado no estudo de Romijn et al.,(2017). 

No estudo de Romijn et al.,(2017) dentro do grupo que recebeu os probióticos, foi observado que os indivíduos que apresentavam níveis iniciais mais altos de vitamina D experienciaram uma melhoria consideravelmente mais acentuada em várias avaliações psicológicas ao longo do período em comparação àqueles que tinham níveis iniciais mais baixos de vitamina D. Contudo, no grupo placebo, a quantidade basal de vitamina D não desempenhou um papel na reação observada. Considerando os efeitos reguladores da vitamina D no sistema imunológico e o seu papel no desenvolvimento e funcionamento das células imunológicas, é plausível que o nível de vitamina D do hospedeiro possa afetar a interação entre a microbiota intestinal e o sistema imune. 

Nesse contexto, é possível que um baixo nível de vitamina D possa limitar a resposta ao tratamento com probióticos, uma vez que as mudanças na composição da microbiota não necessariamente se traduziriam em impactos no sistema imunológico. Apesar de esse mecanismo não ser confirmado pela ausência de efeito significativo dos probióticos nos marcadores inflamatórios deste estudo, é concebível que a análise dos marcadores da imunidade mediada por células pudesse ter sido uma abordagem mais apropriada. Contudo, também é factível que outras vias ainda não tenham sido devidamente consideradas.

O estudo conduzido por Romijn et al., (2017) procurou investigar se os probióticos exercem influência sobre o humor e outros desfechos psicológicos quando empregados como tratamento primário em uma amostra específica que apresentava mau humor. Há diversas limitações nesse estudo que precisam ser abordadas em investigações vindouras. Futuros estudos que tratam de probióticos deveriam incluir medidas relacionadas ao índice de massa corporal (IMC), porcentagem de gordura corporal, padrões de ingestão alimentar e níveis de atividade física. A ausência de análises do microbioma intestinal configura uma lacuna significativa nesse estudo, já que não foi possível verificar se a formulação probiótica foi devidamente colonizada. 

É plausível que a inobservância de efeito dos probióticos nos desfechos psicológicos possa ter raízes no tamanho da amostra, na extensão do período de intervenção, na gravidade, na cronicidade ou na resistência ao tratamento da amostra, ou mesmo nas cepas empregadas. Isso encontra respaldo no ensaio recente bem-sucedido de Akkasheh et al., (2016), que revelou que os probióticos tiveram impacto positivo em pacientes com Transtorno Depressivo Maior em complemento ao citalopram. Ensaios preventivos que administram probióticos a indivíduos em risco de disbiose intestinal (como aqueles nascidos por cesariana ou alimentados com fórmula na infância), e que documentam qualquer repercussão nos desfechos de saúde mental ao longo da vida, podem também trazer contribuições valiosas.

3.2 Desvendando as conexões: depressão, sintomas de ansiedade, microbiota intestinal e constipação funcional

A constipação funcional, uma condição gastrointestinal funcional, ocorre em cerca de 15% da população global. Ela se manifesta sem apresentar quaisquer lesões orgânicas ou disfunções fisiológicas associadas. Pessoas que sofrem com constipação prolongada tendem a se automedicar e fazer uso excessivo de medicamentos, podendo impactar o timing adequado do tratamento e agravar a condição. Isso, por sua vez, tem o potencial de prejudicar a qualidade de vida e aumentar a predisposição para o desenvolvimento de outras doenças crônicas (Liang et al.,2022).

O microbioma intestinal, que representa a comunidade de microrganismos no trato gastrointestinal humano, emerge como um possível fator contribuinte em doenças do trato digestivo e distúrbios psicológicos. Evidências crescentes indicam que a constipação funcional (CF) está fortemente ligada ao desequilíbrio da microbiota intestinal (Ohkusa et al.,2019). Entre os indivíduos com CF, foi observada uma redução na presença de Bacteroides, Rosiella e Faecococcus no intestino, ao mesmo tempo em que bactérias patogênicas, como Escherichia coli, e fungos com expressão rica em genes relacionados à via metanogênica, produção de hidrogênio e glicerol, aumentam de maneira significativa (Mancabelli et al.,2015). 

Além disso, o “eixo cérebro-intestino” desempenha um papel de interação bidirecional entre os distúrbios mentais e a microecologia intestinal. Algumas pesquisas apontam que a abundância de Clostridium e actinomicetos no trato intestinal de indivíduos deprimidos supera aquela em pessoas saudáveis (Liu et al.,2020).  Outra investigação (Barandouzi et al.,2020) identificou que pessoas com depressão mostraram níveis inferiores de Bacteroidetes e Lactobacillus em comparação a indivíduos saudáveis. 

Em um ensaio de intervenção com transplante fecal, aumentar a diversidade da microbiota intestinal resultou na melhoria dos sintomas de depressão e ansiedade em pacientes com CF (Kurokawa et al.,2018). Enquanto muitos estudos se concentraram na ligação entre CF e transtornos mentais, são escassas as pesquisas que exploraram o papel da microbiota intestinal nessa interação. Um estudo conduzido por Liang et al., (2022) constatou que um terço dos idosos que lidam com a constipação funcional (CF) também enfrenta depressão ou transtornos de ansiedade.

 Observou-se um aumento na prevalência de Actinobactérias, enquanto as populações de g_Aquicella e g_Limnohabitans diminuíram entre indivíduos que não apresentavam problemas de saúde mental. Nesta pesquisa, foi constatado que a taxa de ocorrência de depressão e transtornos de ansiedade entre os indivíduos idosos atingiu 30,3% e 21,3%, respectivamente. Esses números se destacam em relação aos idosos em geral na China, a maioria dos quais tinha 60 anos ou mais, onde a prevalência de depressão era de 23,6% e a ansiedade era de 16,6%.

Os estudos revisados ​​oferecem informações sobre o impacto dos probióticos na saúde mental, abordando questões de depressão e ansiedade em diferentes contextos. O estudo de Slykerman et al. (2017) revela que a administração do Lactobacillus rhamnosus HN001 durante a gravidez e após o parto pode reduzir significativamente os sintomas de depressão e ansiedade nas mães no período pós-parto, destacando o potencial dos probióticos como abordagem preventiva ou terapêutica.

Por outro lado, Romijn et al. (2017) não encontraram disparidades significativas nos níveis de ansiedade e tensão entre os grupos que ingeriram probióticos e os que receberam placebo, observando que os resultados podem variar dependendo das cepas e das condições de uso.

Além disso, Pinto-Sanchez et al. (2017) observaram uma notável melhoria nos indicadores de depressão em indivíduos com síndrome do intestino irritável (SII) que receberam Bifidobacterium longum NCC3001, embora essa melhoria não tenha se interrompida ao longo do acompanhamento de dez semanas, limitando a necessidade de investigações mais longas.

Outros estudos, como o de Chahwan et al. (2019), demonstraram progresso nos sintomas de depressão em indivíduos que receberam probióticos, mas também destacaram a influência das sessões de acompanhamento semanais. Enquanto isso, Steenbergen et al. (2015) dizendo que um probiótico de múltiplas espécies diversifica a resposta cognitiva ao estado de tristeza em indivíduos não deprimidos após quatro semanas de intervenção.

Finalmente, Zhuang et al. (2020) exploraram conexões de causa e efeito entre a composição da microbiota intestinal e condições como doença de Alzheimer, transtorno depressivo maior e esquizofrenia. Eles sugeriram possíveis relações causais, proporcionando a complexidade da comunicação entre a microbiota intestinal e o organismo em contextos de saúde mental.

Esses estudos, em conjunto, destacam a crescente relevância da pesquisa sobre probióticos e saúde mental, embora também mostram que os resultados podem variar dependendo das cepas utilizadas e das condições específicas dos estudos. Mais pesquisas são possíveis para compreender melhor os mecanismos subjacentes e a eficácia dessas intervenções na saúde mental.

Os resultados obtidos sugerem um papel relevante desempenhado pela microbiota intestinal no desenvolvimento da constipação funcional, bem como no estado de saúde mental.  Além disso, essa descoberta de Liang et al., (2022) sugere que manipulações da microbiota intestinal podem oferecer uma abordagem potencialmente eficaz para melhorar tanto os distúrbios emocionais quanto as condições intestinais. 

Tabela 1 – Artigos encontrados sobre os resultados da influência da Microbiota em problemas mentais  

Autor (Ano)Tipo de estudoObjetivos/ Resultados
Slykerman et al.,(2017)Estudo ExperimentalO propósito desta pesquisa foi examinar como a administração do Lactobacillus rhamnosus HN001 (HN001) durante a gravidez e após o parto influencia os sintomas de depressão e ansiedade nas mães durante o período pós-parto.
Observou-se que as mulheres que receberam o HN001 apresentaram níveis significativamente reduzidos de depressão e ansiedade após o parto. Portanto, este probiótico tem o potencial de ser uma abordagem benéfica na prevenção ou tratamento dos sintomas de depressão e ansiedade que ocorrem após o parto.
Medeiros et al.,(2020)Artigo de RevisãoCompreender o impacto da microbiota intestinal no equilíbrio entre saúde e doença no corpo humano é essencial para investigar infecções e desordens que afetam o sistema nervoso entérico, bem como sua associação com condições neurológicas. 
Durante a análise desse contexto, foi observado que a microbiota intestinal não apenas desempenha um papel na cognição, comportamento e desenvolvimento neural, mas também influencia essencialmente esses aspectos. Além disso, é notável que a quebra da harmonia no eixo entre o intestino e o cérebro pode contribuir para a manifestação de doenças mentais.
Romijn et al.,(2017)Estudo ExperimentalExplorar se a administração de probióticos influencia o estado emocional, o nível de tensão e a sensação de ansiedade. 
Não foram identificadas disparidades entre o conjunto que ingeriu os probióticos e o conjunto que recebeu o placebo.
Liang et al.,(2022)Estudo transversalExplorar as conexões entre inquietação emocional, melancolia e a composição da microbiota intestinal em idosos diagnosticados com Fibrose Cística (CF). 
Parece existir uma associação potencial entre a composição da microbiota intestinal e uma probabilidade mais alta de ocorrência de ansiedade e depressão em pacientes com CF. Tais descobertas trazem insights valiosos sobre os mecanismos subjacentes à melhoria dos distúrbios de humor em indivíduos com CF.
Pinto-Sanchez et al.,(2017)Estudo ExperimentalAnalisar os impactos do probiótico Bifidobacterium longum NCC3001 (BL) nos níveis de ansiedade e depressão entre indivíduos que sofrem de síndrome do intestino irritável (SII). 
Observou-se uma notável melhoria nos indicadores de depressão em comparação com o conjunto que recebeu o placebo, embora essa melhoria não tenha se mantido ao longo do acompanhamento de dez semanas.
Akkasheh et al.,(2016)Ensaio ClínicoSintetizar pesquisas que examinaram o uso de probióticos como abordagem terapêutica para lidar com os sinais de ansiedade e depressão. 
As constatações sugerem que a inclusão de probióticos na suplementação mostra um potencial encorajador para mitigar os sintomas associados à ansiedade e depressão. Entretanto, é imprescindível conduzir investigações suplementares a respeito dessa tática como complemento eficaz no tratamento da saúde mental.
Chahwan et al.,(2019)Ensaio ClínicoEstabelecer o impacto da ingestão de probióticos nos indicadores de depressão em indivíduos que sofrem de depressão moderada a grave. 
Todos os envolvidos no estudo clínico exibiram progresso nos sintomas, indicando influências terapêuticas não específicas conectadas às sessões de acompanhamento semanais.
Steenbergen et al.,(2015)Estudo Triplo-CegoInvestigar a capacidade de um probiótico de várias espécies pode diminuir a resposta cognitiva em indivíduos não deprimidos. 
Comparativamente aos participantes submetidos à intervenção com placebo, aqueles que receberam a intervenção com o probiótico de múltiplas espécies durante quatro semanas exibiram uma notável redução na resposta cognitiva ao estado de tristeza. 
Rudzki et al.,(2019)Ensaio ClínicoAnálise dos impactos psicobióticos e imunomoduladores da bactéria probiótica Lactobacillus Plantarum 299v (LP299v) por meio da avaliação de funções emocionais, cognitivas e parâmetros bioquímicos em pacientes que sofrem de Transtorno Depressivo Maior (TDM) e estão sob tratamento com inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS). 
Não foram identificadas mudanças significativas nos sintomas depressivos entre os grupos. No entanto, foram observadas melhorias no desempenho cognitivo e uma redução nos níveis de quinurenina.
Zhuang et al.,(2020)Análise de randomização mendeliana bidirecionalDesvendar as conexões de causa e efeito entre a composição da microbiota no intestino, abrangendo a doença de Alzheimer (DA), transtorno depressivo maior (TDM) e esquizofrenia (SCZ). 
Esses dados trazem indícios de possíveis relações causais entre o microbioma intestinal e as condições de DA,TDM e SCZ. Evidências sugerem que o GABA e a serotonina podem desempenhar um papel fundamental na comunicação entre a microbiota intestinal e o organismo, nos contextos da DA e SCZ, respectivamente.

Fonte: Autora (2023)

3.3 Efeitos do probiótico em pacientes que sofrem de transtorno depressivo maior (TDM) 

No estudo de Rudzki et al.,,2019, os pesquisadores investigaram os efeitos do probiótico Lactobacillus plantarum 299v na concentração de quinurenina e nas funções cognitivas de pacientes com depressão maior. A quinurenina é um metabólito do triptofano que desempenha um papel na regulação do sistema imunológico e está associada a distúrbios neuro inflamatórios e psiquiátricos, incluindo a depressão. A hipótese dos pesquisadores era que a suplementação com o probiótico Lactobacillus plantarum 299v poderia afetar a concentração de quinurenina e, por sua vez, melhorar as funções cognitivas em indivíduos com depressão maior.

O estudo foi conduzido como um ensaio clínico duplo-cego, randomizado e controlado por placebo. Os participantes foram divididos em dois grupos: um grupo recebeu o probiótico Lactobacillus plantarum 299v e o outro grupo recebeu um placebo. Ao longo do estudo, os participantes foram avaliados quanto à concentração de quinurenina e também foram submetidos a testes para avaliar suas funções cognitivas (Rudzki et al.,2019).

Os resultados do estudo de Rudzki et al.,,2019 demonstraram que o grupo que recebeu o probiótico Lactobacillus plantarum 299v apresentou uma diminuição significativa na concentração de quinurenina em comparação com o grupo placebo. Além disso, os participantes que receberam o probiótico mostraram uma melhoria nas funções cognitivas em comparação com aqueles que receberam o placebo. Esses resultados sugerem uma possível ligação entre a microbiota intestinal, a regulação da quinurenina e as funções cognitivas em indivíduos com depressão maior. No entanto, é importante notar que mais pesquisas são necessárias para confirmar esses achados e entender completamente os mecanismos subjacentes envolvidos nessa relação.

No estudo de Zhuang et al.,(2020) foi identificado indícios que apontam para relações causais, como a associação de Blautia com a doença de Alzheimer (DA), da família Enterobacteriaceae, ordem Enterobacteriales e classe Gammaproteobacteria com a esquizofrenia (SCZ), e da classe Bacilli com o transtorno depressivo maior (TDM). Além disso, merece destaque o fato de que diversos neurotransmissores, incluindo GABA e serotonina, que são gerados pela microbiota intestinal, também demonstraram potenciais conexões com os riscos de distúrbios neuropsiquiátricos.

 Isso implica a importância desses neurotransmissores na influência da relação entre a microbiota e o hospedeiro na função e comportamento do cérebro. Da mesma forma, nossos resultados sugerem que os distúrbios neuropsiquiátricos, como DA SCZ e TDM, podem provocar alterações na composição da microbiota intestinal. Zhuang et al.,(2020) evidenciou que a interação entre a microbiota intestinal e o sistema nervoso central exerce uma função crucial na cognição.

Os resultados obtidos no estudo de Zhuang et al.,(2020) sugerem que o neurotransmissor GABA, produzido pela microbiota intestinal, pode desempenhar um papel de destaque na interação entre a microbiota e o hospedeiro, influenciando a função cerebral e o comportamento. Embora não tenham alcançado significância estatística, os achados indicam que há direções de associação bastante similares para a relação entre a presença da Blautia e os transtornos de depressão maior (TDM) e esquizofrenia (SCZ). As conclusões desse estudo se alinham com pesquisas recentes que também identificaram uma redução na Blautia associada a um aumento do risco de transtorno do espectro autista (TEA), sugerindo uma possível conexão geral entre essa bactéria e transtornos psiquiátricos.

A microbiota do intestino desempenha múltiplos papéis no organismo humano. É essencial compreender a dinâmica da endocrinologia microbiana, a qual investiga como os neuroquímicos são produzidos e como o corpo responde a eles, seja através de micro-organismos ou do próprio hospedeiro. A capacidade da microbiota em estabelecer conexões com o hospedeiro é realizada por meio de complexas interações bidirecionais e mecanismos de sinalização neuroendócrina. Essas interações beneficiam ambas as partes, contribuindo para o metabolismo do hospedeiro e criando um ambiente propício (Medeiros et al.,2020).

A microbiota intestinal desempenha diversas funções, como um papel crucial no sistema imunológico adaptativo e inato. Além disso, está envolvida na absorção de nutrientes variados e na coordenação da distribuição de gordura corporal. Ela também age como um escudo protetor contra lesões no revestimento intestinal causadas por agentes patogênicos e desempenha um papel na regulação da motilidade intestinal. Além disso, a microbiota tem uma função significativa nas sinalizações que ocorrem com o sistema nervoso central (SNC) (Mayer et al.,2014).

O eixo cérebro-intestino é um sistema intrincado de rotas que envolve o sistema nervoso central (SNC), o sistema nervoso periférico (SNP), o sistema nervoso entérico (SNE) e o sistema nervoso autônomo (SNA). Este complexo sistema de comunicação é influenciado por informações provenientes do sistema endócrino e do sistema imunológico intercelular (Wang et al.,2014).

Considerando que diversos neuro-hormônios produzidos pela microbiota intestinal têm efeitos nos sistemas fisiológicos do hospedeiro, isso pode ter um impacto direto na homeostase, especialmente na função cognitiva. Essa interação neuro-hormonal forma uma via de integração entre os centros cerebrais e o SNE, permitindo regular diversos mecanismos, como resposta imunológica, auto regulação intestinal e endócrina. Assim, a desregulação dessa relação simbiótica pode contribuir para distúrbios no sistema neuroendócrino e imunológico (Petra et al.,2015).

A ampla neuroanatomia do trato gastrointestinal é atravessada pela inervação do sistema nervoso central (SNC) e do sistema nervoso entérico (SNE). A microbiota exibe uma notável sensibilidade aos neurotransmissores cerebrais, o que a capacita a ajustar sua fisiologia em resposta aos estímulos do hospedeiro (Yoo et al.,2017).

A microbiota tem a capacidade de produzir neurotransmissores como parte de seus metabólitos. Entre esses neurotransmissores, destaca-se o ácido γ-aminobutírico (GABA), bem como a serotonina, dopamina, epinefrina e acetilcolina. O GABA é um neurotransmissor essencial para a inibição de diversos circuitos cerebrais, desempenhando um papel na modulação de funções fisiológicas e psicológicas. Além disso, a secreção de GABA contribui para um pH adequado para a sobrevivência das bactérias intestinais. A produção de GABA pela microbiota pode representar um mecanismo de funcionamento desses organismos, atuando como resposta fisiológica do hospedeiro. Isso ocorre através da interação dos receptores celulares do hospedeiro com o GABA presente no trato gastrointestinal e no sistema imunológico. Portanto, a desregulação desse sistema pode estar ligada à manifestação de sintomas como ansiedade e depressão (Arneth, 2018).

A serotonina possui estreita associação com elementos como humor, comportamento, apetite e ritmo circadiano, entre outros. Algumas bactérias possuem a capacidade de produzir ou induzir o hospedeiro a liberar essa substância. A regulação desse processo é indicada pelo aumento na detecção de indolamina-2,3-dioxigenase (uma enzima crucial na degradação do triptofano pela microbiota) no plasma sanguíneo após a administração exógena de serotonina (Vedovato et al.,2015).

Quanto à dopamina e à epinefrina, são hormônios associados ao estresse, com a capacidade de aumentar o crescimento microbiano patológico de maneira significativa e rápida, desempenhando papéis fundamentais em funções como locomoção, cognição, emoção e secreção hormonal. De maneira semelhante, a noradrenalina, principal neurotransmissor do sistema nervoso simpático (SNS), atua nesse contexto (Arneth, 2018). A desarmonia no eixo entre o intestino e o cérebro tem a capacidade de precipitar diversos distúrbios mentais. 

Entre eles, encontra-se o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), caracterizado por falta de foco, impulsividade e hiperatividade, um distúrbio do neurodesenvolvimento. O transtorno do espectro autista (TEA), também um desafio de desenvolvimento, interfere na interação social, comunicação verbal e não verbal, além da cognição. Outra condição é a esquizofrenia, um distúrbio mental grave que perturba o pensamento, sentimentos e comportamentos, embora sua origem ainda não seja completamente compreendida. Estudos atuais têm indicado associações entre infecções e alergias alimentares na infância e a ocorrência de TEA ou TDAH (Rogers et al.,2016).

A doença de Alzheimer é classificada como uma forma de demência senil ou um distúrbio cognitivo caracterizado por déficits de memória, linguagem e comportamento. Por sua vez, o Parkinson é uma condição que se desenvolve devido ao acúmulo e agregação de corpos de Lewy na substância cinzenta do sistema nervoso central. Ambas as doenças apresentam natureza neurodegenerativa e progressiva, sendo multifatoriais em sua origem, com fatores ambientais desempenhando um papel relevante. O cruzamento das evidências entre a microbiota intestinal, o eixo intestino-cérebro e essas patologias tem sido um tema frequentemente explorado na pesquisa (Rogers et al.,2016).

O eixo que conecta o intestino e o cérebro sustenta interações neuroquímicas cruciais para manter a saúde, mas quando esse equilíbrio é perturbado, resulta em desordens específicas. Estas incluem dores crônicas, inflamações, distúrbios psicossociais, problemas gastrointestinais funcionais e transtornos alimentares (Mayer et al.,2014).

Dentre os distúrbios gastrointestinais, a síndrome do intestino irritável (SII) tem sido alvo de estudos abrangentes. Seus sintomas específicos envolvem alterações no padrão e na frequência das evacuações. Vários mecanismos contribuem para esse distúrbio, incluindo fatores luminosos e exógenos, bem como a liberação endógena de aminas e peptídeos enteroendócrinos, que provocam uma produção anormal de serotonina (5-HT). Essa anomalia resulta em aumento da atividade motora, ativação de células imunológicas, sensoriais e excretoras, estando correlacionada com a SII. Além disso, existe uma relação entre a SII e a hipervigilância do sistema nervoso central (SNC), originada pela maior permeabilidade da mucosa intestinal induzida pelo estresse. Portanto, uma relação bidirecional pode desencadear o desenvolvimento da SII (Mittal et al.,2017).

A doença inflamatória intestinal abrange um conjunto de distúrbios inflamatórios que afetam o trato gastrointestinal, e há implicações do eixo intestino-cérebro nesse contexto. O estresse pode desencadear um aumento das catecolaminas e uma redução no fluxo vagal, contribuindo para um aumento na produção central de citocinas pró-inflamatórias, intensificando o estado inflamatório (Mittal et al.,2017).

3.4 Efeito do Lactobacillus rhamnosus HN001 na gravidez nos sintomas pós-parto de depressão e ansiedade: 

A síndrome depressiva após o parto (SDP) está ligada à persistência da depressão e, em certos casos anuais, ao trágico desfecho do suicídio (PMMRC, 2014). Esse estado pode impactar negativamente a habilidade da mãe em providenciar cuidados e desenvolver laços com seu recém-nascido, além de influenciar a qualidade de vida e o funcionamento. Adicionalmente, a depressão materna tem o potencial de gerar efeitos de longo prazo nos aspectos cognitivos, socioemocionais e de saúde das crianças (Tronick et al.,2009).

Uma alimentação considerada “saudável”, caracterizada por uma ingestão maior de frutas, vegetais, cereais integrais, carne magra e peixe, está associada a uma diminuição da probabilidade de depressão. Existe uma corrente literária em crescimento que estabelece conexões entre a microbiota do intestino e a bioquímica cerebral, com efeitos múltiplos em ambas as direções (conhecido como eixo microbiota-intestino-cérebro). Probióticos são microrganismos vivos que quando consumidos em quantidades adequadas proporcionam benefícios à saúde do hospedeiro (Hill et al.,2014).

O desequilíbrio na composição microbiana, também conhecido como disbiose, é associado a várias condições de saúde, incluindo problemas neuropsiquiátricos como transtorno do espectro do autismo, depressão e ansiedade. Além disso, está vinculado a níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias, aumento do estresse oxidativo, perturbações na função gastrointestinal (GI) e a redução de micronutrientes e do status de ácidos graxos ômega-3 e curiosamente, a modificação da composição microbiana intestinal em adultos saudáveis também demonstrou influenciar o estado de humor (Li et al.,2016).

No estudo conduzido por Slykerman et al., (2017), foi revelada uma taxa notavelmente menor de ocorrência de sintomas de depressão e ansiedade pós-parto entre as mulheres que receberam suplementação do probiótico HN001 durante e após a gestação, em comparação àquelas que receberam um placebo. Além disso, a quantidade de mulheres que relataram níveis clinicamente relevantes de ansiedade durante a triagem foi consideravelmente menor no grupo que recebeu os probióticos. Esse estudo é notável por ser o primeiro ensaio clínico randomizado duplo-cego a explorar sintomas de depressão e ansiedade no pós-parto por meio de probióticos. Adicionalmente, o tamanho amostral superou significativamente muitos dos ensaios clínicos randomizados anteriores relacionados a probióticos e aspectos emocionais e comportamentais.

Os resultados que apontam para uma menor manifestação de sintomas de ansiedade e depressão pós-parto em mulheres suplementadas com probióticos estão alinhados com descobertas de dois estudos clínicos prévios que investigaram os efeitos dos probióticos no humor em diferentes grupos populacionais. As cepas e espécies de probióticos variam consideravelmente. A escolha do L. rhamnosus HN001 baseou-se nos benefícios observados principalmente no desfecho primário, ou seja, o eczema (Wickens et al.,2013). Numerosas cepas de Lactobacillus e Bifidobacterium têm sido exploradas no contexto da saúde mental, sendo que esses gêneros parecem oferecer os efeitos mais vantajosos (Mayer et al.,2014).

4 CONCLUSÃO 

Diante da exploração abrangente realizada neste estudo sobre a influência da microbiota na saúde mental, é possível constatar que a inter-relação entre o microbioma intestinal e o bem-estar psicológico é um campo de pesquisa de extrema relevância. Ao longo desta investigação, buscou-se  alcançar objetivos específicos que se alinham com o propósito geral do estudo. Uma análise das conexões entre a microbiota intestinal e o sistema nervoso revelou uma complexa rede de comunicações que transcende a fronteira entre o intestino e o cérebro.

A investigação da influência da alimentação na composição da microbiota intestinal apresentou descobertas notáveis, destacando como as escolhas alimentares desempenham um papel fundamental na saúde dessa comunidade microbiana.  Uma das facetas mais impactantes desta pesquisa foi a associação positiva entre a alimentação e a qualidade de vida de indivíduos que enfrentam ansiedade e depressão. Isso ressalta a relevância de abordagens dietéticas na gestão desses transtornos, oferecendo um novo horizonte de tratamento complementar que aborda tanto os aspectos físicos quanto os psicológicos.

Portanto, à luz dos resultados e objetivos alcançados neste estudo, fica claro que a saúde mental está intrinsecamente ligada à saúde intestinal, formando um elo fundamental no bem-estar geral. O conhecimento acumulado ao longo dessa pesquisa tem o potencial de orientar futuros esforços no campo da saúde, nutrição e psicologia, abrindo portas para intervenções integrativas e holísticas que beneficiam a vida das pessoas. Na última análise, este estudo contribui para a compreensão mais profunda das interações complexas entre corpo e mente, fornecendo informações para a promoção da saúde mental e da qualidade de vida.

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¹Graduanda do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. E-mail: vanuzamonteiro09@hotmail.com; Marcelafonseca33@gmail.com; raquellr15@hotmail.com.
²Orientadora do TCC, Doutora em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. E-mail: francisca.freitas@fametro.edu.br
3Co-orientador(a) do TCC, Especialista em psic