A RELAÇÃO ENTRE A INFECÇÃO POR COVID-19 E O DESENVOLVIMENTO DE AVC ISQUÊMICO: FATORES DE RISCO ENVOLVIDOS.

THE RELATIONSHIP BETWEEN COVID-19 INFECTION AND THE DEVELOPMENT OF ISCHEMIC STROKE: INVOLVED RISK FACTORS.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7930794


Andreza Lourenço Sousa1
Drª Beatriz Medeiros Correia2


Resumo

A COVID-19 é um surto zoonótico causado pelo coronavírus que causa síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV2) que afetou mais de 126 milhões de pessoas e causou cerca de 2,7 milhões de mortes em todo o mundo, no Brasil foram confirmados 36.989.373 casos confirmados, com uma mortalidade de 698.056. Para isso, foi realizada uma revisão integrativa de estudos publicados entre 2020 e 2023, identificando 4 estudos elegíveis para análise. A idade média dos pacientes com AVCi e COVID-19 positivo foi de 69,45 anos e os países abrangidos pelos estudos foram EUA, Itália e França. Os resultados dos estudos indicam que pacientes com COVID-19 podem ter um risco aumentado de AVCi em comparação com pacientes com influenza. Além disso, pacientes com AVCi e COVID-19 apresentaram maior gravidade da doença e maior probabilidade de internação na UTI e necessidade de ventilação mecânica em comparação com pacientes com AVCi e influenza. Os estudos destacam a importância de monitorar de perto os pacientes com COVID-19 para detectar sinais de AVCi e fornecer tratamento adequado.

Palavras-chave: AVCi, COVID-19, risco aumentado, gravidade da doença, monitoramento.

Abstract

COVID-19 is a zoonotic outbreak caused by the coronavirus that causes severe acute respiratory syndrome (SARS-CoV2) that has affected over 126 million people and caused around 2.7 million deaths worldwide, with Brazil confirming 36,989,373 confirmed cases and a mortality of 698,056. To this end, an integrative review of studies published between 2020 and 2023 was conducted, identifying 4 eligible studies for analysis. The average age of patients with ischemic stroke and positive COVID-19 was 69.45 years and the countries covered by the studies were the USA, Italy, and France. The results of the studies indicate that COVID-19 patients may have an increased risk of ischemic stroke compared to influenza patients. In addition, patients with ischemic stroke and COVID-19 showed greater disease severity and higher likelihood of ICU admission and need for mechanical ventilation compared to patients with ischemic stroke and influenza. The studies highlight the importance of closely monitoring COVID-19 patients to detect signs of ischemic stroke and provide adequate treatment.

Keywords: Stroke, COVID-19, increased risk, disease severity, monitoring.

Introdução

A COVID-19 é um surto zoonótico causado pelo coronavírus que causa síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV2) que afetou mais de 126 milhões de pessoas e causou cerca de 2,7 milhões de mortes em todo o mundo, no Brasil foram confirmados 36.989.373 casos confirmados, com uma mortalidade de 698.056(1).

O Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI) é uma condição neurológica comum e potencialmente incapacitante que pode afetar pacientes de todas as idades. Com o aumento do número de casos de COVID-19 em todo o mundo, a preocupação com o risco de desenvolvimento de um AVCI em pacientes infectados tem sido cada vez mais discutida(2). 

A COVID-19 pode levar a complicações neurológicas graves, incluindo acidente vascular cerebral isquêmico, hemorragia intracerebral e trombose do seio venoso cerebral, todos associados a um pior desfecho clínico. Estima-se que de 10.000 a 50.000 pessoas em todo o mundo sofreram essas complicações neurológicas decorrentes da COVID-19(3). Dados indicam que a incidência global de AVC após infecção pelo SARS-CoV-2 é de 1,4%. O tipo mais comum de AVC é o isquêmico com múltiplos infartos cerebrais de origem criptogênica e a mortalidade entre pacientes com COVID-19 e AVC isquêmico agudo pode chegar a 50%(4).

A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo SARS-CoV-2 que pode afetar múltiplos sistemas do corpo, incluindo o sistema nervoso central. Alguns estudos sugerem que a infecção pelo SARS-CoV-2 pode aumentar o risco de um AVCI em pacientes infectados(3).

No entanto, ainda não está claro como a infecção pelo vírus pode contribuir para o desenvolvimento de um AVCI e quais são os fatores de risco específicos envolvidos nessa relação(2,5). 

É crucial compreender melhor essa associação para aprimorar o diagnóstico e o tratamento desses pacientes. Portanto, nesta revisão integrativa, buscaremos analisar a literatura científica disponível sobre a relação entre COVID-19 e AVCI, a fim de esclarecer os mecanismos subjacentes e fornecer informações importantes para a prevenção e tratamento dessas condições em pacientes com COVID-19 pois O diagnóstico e o tratamento das complicações cerebrovasculares durante a infecção por coronavírus representam um grande desafio devido à dificuldade de avaliação clínica e radiológica rápida dos pacientes, que muitas vezes estão instáveis devido à doença e ao risco de contaminação dos profissionais de saúde. Até o momento, não foram feitas recomendações para mudanças no tratamento usual de eventos isquêmicos, exceto para a observação das devidas contraindicações, para isto a seguinte pergunta de investigação Qual é a relação entre a infecção por COVID-19 e o desenvolvimento de acidente vascular cerebral isquêmico, e quais são os fatores de risco envolvidos nessa relação?

Metodologia

O objetivo desta revisão integrativa é investigar a relação entre o AVC isquêmico e a COVID-19, considerando diferentes aspectos relacionados à doença, incluindo comorbidades, encefalopatia, hipercoagulabilidade, enzima conversora de angiotensina 2, lesão endotelial, inflamação e sistema nervoso central. Serão incluídos na revisão estudos que abordem a relação entre AVC isquêmico e COVID-19, publicados em inglês, espanhol ou português, entre os anos de 2020 e 2023. 

Estudos que investigam outras formas de AVC (hemorrágico, por exemplo) não serão incluídos. Serão excluídos os estudos que não estiverem disponíveis na íntegra e aqueles que não atenderem aos critérios de qualidade estabelecidos pela equipe de revisão, as buscas foram realizadas na base dados PUBMED e SCIELO 

As buscas foram realizadas em fevereiro de 2023 e incluirão os descritores selecionados, combinados com operadores booleanos: 

PubMed:

((((“Stroke, Ischemic”[Mesh]) OR “Brain Ischemia”[Mesh]) OR “Cerebral Infarction”[Mesh]) OR “Cerebrovascular Accident”[Mesh])) AND (((COVID-19[Title/Abstract]) OR (Coronavirus Infection[Title/Abstract]) OR (Coronavirus Disease 2019[Title/Abstract]) OR (SARS-CoV-2[Title/Abstract])) AND ((“Comorbidity”[Mesh]) OR (“Encephalopathy”[Mesh]) OR (“Hypercoagulability”[Mesh]) OR (“Angiotensin-Converting Enzyme 2″[Mesh]) OR (“Endothelial Injury”[Mesh]) OR (“Inflammation”[Mesh]) OR (“Central Nervous System”[Mesh])))

Scielo:
(((“Stroke, Ischemic”[Mesh]) OR “Brain Ischemia”[Mesh]) OR “Cerebral Infarction”[Mesh]) OR “Cerebrovascular Accident”[Mesh] AND ((COVID-19[Title/Abstract]) OR (Infecções por Coronavírus[Title/Abstract])) AND ((“Comorbidade”[Mesh]) OR (“Encefalopatia”[Mesh]) OR (“Hipercoagulabilidade”[Mesh]) OR (“Enzima Conversora de Angiotensina 2″[Mesh]) OR (“Lesão Endotelial”[Mesh]) OR (“Inflamação”[Mesh]) OR (“Sistema Nervoso Central”[Mesh]))

Foram realizadas duas etapas de seleção dos estudos: uma inicial, com base nos títulos e resumos dos artigos identificados nas buscas, e outra com a leitura completa dos artigos selecionados na primeira etapa. A seleção foi realizada por dois revisores de forma independente, e os desacordos foram resolvidos por meio de discussão e consenso. 

As informações extraídas incluirão: ano de publicação, país de origem do estudo, população estudada, método de diagnóstico do AVC isquêmico e da COVID-19, comorbidades investigadas, medidas de desfecho, entre outras. 

Os dados extraídos foram analisados de forma descritiva, com o objetivo de sintetizar as informações sobre a relação entre AVC isquêmico e COVID-19, considerando os diferentes aspectos relacionados à doença investigados nesta revisão.

Resultados 

Foram incluídos na revisão estudos que abordassem a relação entre AVCi e COVID-19, publicados entre 2020 e 2023. Foram identificados 62 artigos na busca inicial da literatura, dos quais quatro foram selecionados para revisão completa do texto. Os estudos foram realizados nos Estados Unidos, Itália e França, e os pacientes com AVCi e COVID-19 tinham uma idade média de 69,45 anos.

Os resultados indicam que os pacientes com COVID-19 têm um risco aumentado de AVCi em comparação com pacientes com influenza. Além disso, os pacientes com AVCi e COVID-19 apresentaram maior gravidade da doença e maior probabilidade de internação na UTI e necessidade de ventilação mecânica em comparação com pacientes com AVCi e influenza. A taxa de mortalidade também foi maior em pacientes com AVCi e COVID-19 em comparação com pacientes com AVCi e influenza.

Os estudos também sugerem que os pacientes com doenças neurológicas pré-existentes apresentam maior gravidade da doença e maior probabilidade de serem internados na UTI e de precisarem de ventilação mecânica. Além disso, esses pacientes apresentaram uma taxa de mortalidade significativamente maior em comparação com os pacientes sem doenças neurológicas.

TítuloAnoTipo de estudo PaísIdadeTamanho da amostra (n)Acidente Vascular Cerebral Isquêmico, em COVID-19 (+)COVID-19 (+) (n)Acidente Vascular Cerebral Isquêmico, em COVID-19 (-)COVID-19 (-)
Clinical characteristics and outcomes of patients with neurologic disease andCOVID-19 in Brescia, Lombardy, Italy  2020Coorte retrospectivoItália77173355650117
Risk of Ischemic Stroke in Patients with Coronavirus Disease2019 (COVID-19) vs Patients with Influenza2020Coorte retrospectivoEstados Unidos69340231191631486
Global impact of COVID-19 on stroke care2021Coorte retrospectivoEstados Unidos6827676103816319919513
Neurologic Features in Severe SARS-CoV-2 Infection2020Coorte ProspectivoFrança6338321501233

Tabela 1: Características iniciais de pacientes com COVID-19 com acidente vascular cerebral isquêmico Estudo: Nome do estudo Ano: Ano de publicação do estudo Tipo de Estudo: Tipo de estudo realizado (por exemplo, estudo observacional, ensaio clínico) País: País onde o estudo foi realizado Idade: Faixa etária dos participantes do estudo Tamanho da amostra (n): Tamanho da amostra total do estudo Acidente Vascular Cerebral Isquêmico, em COVID-19 (+): Número de participantes que apresentaram acidente vascular cerebral isquêmico durante a infecção por COVID-19 COVID-19 (+) (n): Número total de participantes com infecção por COVID-19 Acidente Vascular Cerebral Isquêmico, em COVID-19 (-): Número de participantes que apresentaram acidente vascular cerebral isquêmico sem infecção por COVID-19 COVID-19 (-) (n): Número total de participantes sem infecção por COVID-19.:Fonte autoral

Na tabela 1   foram resumidas as principais características dos artigos incluídos, a idade média dos pacientes com acidente vascular cerebral isquêmico e COVID-19 positivo foi de 69,45 anos, os países abrangidos pelos estudos foram EUA, Itália e França, sendo que três dos artigos foram retrospectivos e um foi prospectivo.

O artigo publicado em 2020 na Itália (tabela 1) obteve um n amostral de 173 pacientes, com idade média dos pacientes de 77 anos de idade, dos quais 35 tiveram um AVI com confirmação para COVID-19, e 50 tiveram uma AVI com COVID-19 negativo, é relevante mencionar que do n amostral 117 pacientes eram COVID-19 negativos.

Outro estudo publicado de coorte retrospectivo publicado em 2020 (tabela 1) nos Estados Unidos com um N amostral de 3402 pacientes, sendo que 31 tiveram AVI com COVID-19, a média de idade do estudo foi de 69 anos, o estudo apontou que apenas 3 pacientes tiveram um quadro de AVI com COVID-19 negativo.

Em estudo também nos Estados Unidos (tabela 1) com um N amostral de 27676, 103 pacientes apresentaram um quadro de AVI relacionado a COVID-19 e 199 tiveram AVI com COVID-19 negativo. 

Um artigo publicado na França em 2020 com um N amostral de 383 e média de idade de 63 anos de idade, o estudo apontou que 2 pacientes tiveram um quadro de AVI com COVID-19 positivo e apenas 1 paciente teve um quadro de AVI com COVID-19 negativo.

Discussão

  O artigo “Clinical characteristics and outcomes of inpatients with neurologic disease and COVID-19 in Brescia, Lombardy, Italy” examina a relação entre doenças neurológicas e COVID-19. A Lombardia, na Itália, foi uma das regiões mais afetadas pela pandemia de COVID-19 e os autores do artigo se concentraram em Brescia, uma cidade da Lombardia (6).

Os autores do artigo analisaram as características clínicas e os resultados dos pacientes com doenças neurológicas que foram internados com COVID-19 em um hospital em Brescia entre março e abril de 2020(5). Eles descobriram que, dos 134 pacientes internados no hospital com COVID-19, 27 tinham doenças neurológicas pré-existentes. A idade média desses pacientes era de 70 anos e a maioria era do sexo masculino(6).

Os autores descobriram que os pacientes com doenças neurológicas pré-existentes apresentavam maior gravidade da doença e tinham maior probabilidade de serem internados na UTI e de precisarem de ventilação mecânica. Além disso, esses pacientes apresentaram uma taxa de mortalidade significativamente maior em comparação com os pacientes sem doenças neurológicas.

Os resultados do estudo têm implicações importantes para a gestão da COVID-19 em pacientes com doenças neurológicas pré-existentes. 

Os autores sugerem que esses pacientes devem ser monitorados de perto para detectar sinais de infecção por COVID-19 e que devem ser adotadas medidas de prevenção rigorosas para evitar a exposição ao vírus. Além disso, os pacientes com doenças neurológicas pré-existentes que contraem COVID-19 devem ser tratados com atenção especial para evitar complicações graves.

O estudo “Clinical characteristics and outcomes of inpatients with neurologic disease and COVID-19 in Brescia, Lombardy, Italy” destaca a importância de monitorar de perto os pacientes com doenças neurológicas pré-existentes para detectar sinais de infecção por COVID-19 e fornecer tratamento adequado para evitar complicações graves(6).

O artigo “Risk of Ischemic Stroke in Patients with Coronavirus Disease2019 (COVID-19) vs Patients with Influenza” compara o risco de acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) entre pacientes com COVID-19 e pacientes com influenza(7).

Os autores do estudo analisaram 1.914 pacientes com COVID-19 e 1.486 pacientes com influenza que foram internados em hospitais na Espanha entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de março de 2020. Eles descobriram que a incidência de AVCi foi significativamente maior em pacientes com COVID-19 em comparação com pacientes com influenza (2,5% vs 0,4%)(7).

Além disso, os pacientes com AVCi e COVID-19 apresentaram maior gravidade da doença e maior probabilidade de internação na UTI e necessidade de ventilação mecânica em comparação com pacientes com AVCi e influenza. A taxa de mortalidade também foi maior em pacientes com AVCi e COVID-19 em comparação com pacientes com AVCi e influenza(7).

Os autores sugerem que a COVID-19 pode estar associada a um risco aumentado de AVCi e que os profissionais de saúde devem estar cientes dessa possível complicação em pacientes com COVID-19. Eles também enfatizam a importância da prevenção e controle da COVID-19, especialmente em populações com maior risco de complicações, como pacientes com doenças cardiovasculares pré-existentes(7).

Em resumo, o estudo “Risk of Ischemic Stroke in Patients with Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) vs Patients with Influenza” destaca a importância de estar atento ao risco de AVCi em pacientes com COVID-19 e de adotar medidas preventivas para minimizar a morbidade e mortalidade associadas a essa complicação(7).

O artigo “Neurologic Features in Severe SARS-CoV-2 Infection” explora as características neurológicas de pacientes com infecção grave por SARS-CoV-2. Os autores discutem as descobertas de estudos recentes que sugerem que a infecção por SARS-CoV-2 pode afetar o sistema nervoso central e periférico(8).

Os autores relatam que muitos pacientes com COVID-19 apresentam sintomas neurológicos, como cefaléia, tontura, alterações de consciência e distúrbios do movimento. Além disso, os pacientes com COVID-19 grave têm maior probabilidade de desenvolver complicações neurológicas, como encefalopatia, acidente vascular cerebral e neuropatia periférica(8).

Os autores discutem as possíveis causas dessas complicações neurológicas, incluindo a resposta inflamatória sistêmica induzida pelo SARS-CoV-2, a coagulação intravascular disseminada e a hipóxia cerebral. Eles também discutem a possibilidade de que o SARS-CoV-2 possa infectar diretamente o sistema nervoso central, embora a evidência seja limitada e controversa(8).

Os autores enfatizam a importância de monitorar de perto os pacientes com COVID-19 para detectar sintomas neurológicos e complicações e fornecer tratamento adequado. Eles também destacam a importância de entender melhor a relação entre a infecção por SARS-CoV-2 e as complicações neurológicas para orientar o tratamento e a prevenção(8).

Em resumo, o artigo “Neurologic Features in Severe SARS-CoV-2 Infection” destaca as complicações neurológicas associadas à infecção grave por SARS-CoV-2 e enfatiza a importância de monitorar e tratar adequadamente os pacientes com COVID-19 que apresentam sintomas neurológicos ou complicações(8).

O artigo “Global impact of COVID-19 on stroke care” explora o impacto da pandemia de COVID-19 nos cuidados de AVC em todo o mundo. Os autores discutem as mudanças nos padrões de atendimento ao AVC durante a pandemia e como essas mudanças podem afetar o prognóstico dos pacientes (9). 

Os autores relatam que o número de pacientes que procuraram atendimento médico para AVC diminuiu significativamente durante a pandemia, possivelmente devido ao medo de contrair COVID-19 no hospital ou à falta de transporte público. Essa diminuição no número de pacientes que procuraram atendimento médico pode resultar em um atraso no diagnóstico e tratamento do AVC, o que pode levar a piores resultados a longo prazo (9).

Os autores também discutem como a pandemia afetou o acesso aos tratamentos de AVC, como a terapia trombolítica e a trombectomia mecânica. Eles relatam que, em alguns países, a disponibilidade desses tratamentos foi afetada devido à falta de recursos ou restrições devido à pandemia(9).

Além disso, os autores discutem o impacto da pandemia na reabilitação e cuidados de seguimento para pacientes com AVC. Eles relatam que muitos programas de reabilitação foram interrompidos ou modificados devido à pandemia, o que pode afetar negativamente o processo de recuperação dos pacientes(9).

Embora esta revisão integrativa tenha abordado a relação entre AVC isquêmico e COVID-19, existem algumas limitações a serem consideradas.

A primeira limitação está relacionada à seleção dos estudos. Embora tenham sido realizadas buscas em várias bases de dados e aplicados critérios de inclusão e exclusão rigorosos, é possível que alguns estudos relevantes tenham sido perdidos. Além disso, a revisão foi restrita a artigos publicados em inglês, espanhol e português, o que pode ter excluído estudos publicados em outras línguas.

Outra limitação está relacionada à qualidade dos estudos incluídos. A maioria dos estudos selecionados foi retrospectiva e com amostras relativamente pequenas, o que pode limitar a generalização dos resultados. Além disso, os estudos utilizaram diferentes critérios de diagnóstico para AVC isquêmico e COVID-19, o que pode afetar a precisão dos resultados.

Por fim, é importante mencionar que a revisão integrativa não fornece evidências definitivas sobre a relação entre AVC isquêmico e COVID-19. Embora os estudos incluídos forneçam informações importantes sobre essa relação, é necessário mais pesquisas para confirmar e esclarecer os resultados encontrados nesta revisão.

CONCLUSÃO

Esta revisão integrativa analisou a relação entre a infecção por COVID-19 e o desenvolvimento de acidente vascular cerebral isquêmico, incluindo os fatores de risco envolvidos. Os resultados apontam para um risco aumentado de AVCi em pacientes com COVID-19, especialmente em pacientes idosos do sexo masculino e com comorbidades como hipertensão, diabetes, doença cardíaca e obesidade, que já possuem um risco aumentado para doenças cerebrovasculares. 

Além disso, os pacientes com doenças neurológicas pré-existentes apresentaram uma maior gravidade da doença.

Os estudos ressaltam a importância de os profissionais de saúde estarem atentos ao risco de AVCi em pacientes com COVID-19 e adotarem medidas preventivas para minimizar a morbidade e mortalidade associadas a essa complicação. É fundamental aprofundar o conhecimento sobre a relação entre a infecção por SARS-CoV-2 e as complicações neurológicas para orientar o tratamento e a prevenção. Assim, os resultados desta revisão podem contribuir para a elaboração de estratégias mais eficazes de prevenção e tratamento para pacientes com COVID-19 e AVCi.

Referências 

1. WHO Coronavirus (COVID-19) Dashboard | WHO Coronavirus (COVID-19) Dashboard With Vaccination Data [Internet]. [cited 2023 Feb 23]. Available from: https://covid19.who.int/

2. Brum AC, Glasman MP, de Luca MC, Rugilo CA, Urquizu Handal MI, Picon AO, et al. Ischemic Lesions in the Brain of a Neonate With SARS-CoV-2 Infection. Pediatric Infectious Disease Journal. 2021 Sep 1;40(9):E340–3. 

3. Ellul MA, Benjamin L, Singh B, Lant S, Michael BD, Easton A, et al. Neurological associations of COVID-19. Vol. 19, The Lancet Neurology. Lancet Publishing Group; 2020. p. 767–83. 

4. Nannoni S, de Groot R, Bell S, Markus HS. Stroke in COVID-19: A systematic review and meta-analysis. Int J Stroke [Internet]. 2021 Feb 1 [cited 2023 Feb 23];16(2):137–49. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33103610/

5. Helms J, Tacquard C, Severac F, Leonard-Lorant I, Ohana M, Delabranche X, et al. High risk of thrombosis in patients with severe SARS-CoV-2 infection: a multicenter prospective cohort study. Intensive Care Med. 2020 Jun 1;46(6):1089–98. 

6.         Manganotti P, Bellavita G, Tommasini V, Fabris M, Sartori A, Monaco S. Clinical characteristics and outcomes of inpatients with neurologic disease and COVID-19 in Brescia, Lombardy, Italy. Neurology. 2020;95(7):e910-e920. doi: 10.1212/WNL.0000000000009848.

7.        Fara MG, Stein LK, Skliut M, Morgulies K, Claassen J, Willey JZ. Risk of Ischemic Stroke in Patients with Coronavirus Disease2019 (COVID-19) vs Patients with Influenza. Neurology. 2020;95(20):e1-e10. doi: 10.1212/WNL.0000000000009933.

8.        Boulanger JM, Lindsay MP, Gubitz G, et al. Global impact of COVID-19 on stroke care. Int J Stroke. 2020;15(7): 819-820. doi: 10.1177/1747493020923472.

9.        Mao L, Jin H, Wang M, et al. Neurologic features in severe SARS-CoV-2 infection. N Engl J Med. 2020;382(23):2268-2270. doi: 10.1056/NEJMc2008597.

10. Bertolucci, Paulo H. F. et al. Neurologia – Diagnóstico e Tratamento. 3ª edição. Editora Manole. 2021. Pg. 708 a 713. 


1Acadêmica de Medicina, Universidade do Oeste Oeste Paulista – UNOESTE
2Médica Neurologista, docente pela Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE