THE RELATIONSHIP BETWEEN FAMILY AND COMMUNITY MEDICINE AND PLANETARY HEALTH BASED ON THE INDIGENOUS WORLDVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11197558
Luiza Favero Meira1
Thiago Henrique Fernandes de Carvalho2
RESUMO
A saúde planetária no contexto da cosmovisão indígena remete a uma vertente de promoção da saúde e do bem-estar humano valorizando os princípios do amor, justiça, equidade e reciprocidade atreladas à defesa da natureza e preservação do meio ambiente. Nesta visão a medicina de família e comunidade deve atuar junto à população na buscando potencializar as práticas de cuidado voltadas a esta realidade. Este artigo tem como objetivo compreender a saúde planetária a partir da cosmovisão indígena e a sua relação com a Medicina de Família e Comunidade. Metodologicamente, trata-se de uma revisão de literatura, partindo de uma pesquisa descritiva, de abordagem qualitativa. A coleta de dados se deu por meio de documentação indireta, com pesquisa bibliográfica em livros e artigos científicos, com também documental. Os resultados apontam para a importância e emergência em unir esforços no sentido de integrar a saúde planetária nas práticas médicas de família e comunidade. Entender a diversidade do cuidar na atenção primária à saúde (APS) é reconhecer as múltiplas particularidades do ser e as dimensões e grandeza do viver. Assim, conclui-se que os médicos de família e comunidade na APS possuem um papel fundamental na promoção da saúde planetária, trazendo à comunidade um alerta sobre os impactos da ação humana no meio ambiente, bem como as consequências destes impactos na saúde, contribuindo para que atitudes e condutas sejam adotadas de forma saudável e sustentável.
Palavras-Chave: Saúde Planetária; Medicina de Família e Comunidade; Cosmovisão Indígena.
ABSTRACT
Planetary health in the context of the indigenous worldview refers to the promotion of health and human well-being, valuing the principles of love, justice, equity and reciprocity linked to the defense of nature and the preservation of the environment. From this point of view, family and community medicine must work with the population in order to enhance care practices geared towards this reality. This article aims to understand planetary health from the indigenous worldview and its relationship with Family and Community Medicine. Methodologically, this is a literature review, based on descriptive research with a qualitative approach. Data was collected through indirect documentation, with bibliographic research in books and scientific articles, as well as documental research. The results point to the importance and urgency of joining forces to integrate planetary health into family and community medical practices. To understand the diversity of care in primary health care (PHC) is to recognize the multiple particularities of being and the dimensions and grandeur of living. Thus, it can be concluded that family and community doctors in PHC play a fundamental role in promoting planetary health, alerting the community to the impacts of human action on the environment, as well as the consequences of these impacts on health, helping to ensure that attitudes and behaviors are adopted in a healthy and sustainable way.
Keywords: Planetary Health; Family and Community Medicine; Indigenous Worldview.
INTRODUÇÃO
O diálogo entre a Saúde Planetária e a Medicina de Família e Comunidade (MFC) remete a necessidade de transitar pelos conceitos da Saúde Coletiva e das Ciências Sociais, compreendendo sobre como tal relação pode ser fortalecida, no sentido de trazer os elementos e estratégias que fundamentam o cuidar em saúde voltado a uma prática integradora, buscando sinergias com os mais distintos saberes que fazem parte da Estratégia de Saúde da Família no Brasil, e especialmente na Atenção Primária à Saúde.
Segundo Paim e Almeida Filho (2022), saúde pública nos dias atuais é a nomenclatura relacionada às práticas de responsabilidade do Estado que vai garantir a todo cidadão o acesso à saúde física, mental e social. Ao tempo em que a saúde coletiva transita por um campo de saberes e práticas construídas de forma plural. Neste universo pode-se enfatizar a saúde coletiva, como um conjunto diversificado de instituições, conhecimentos, saberes, técnicas, movimentos e ações, que remetem à saúde comunitária, saúde das populações, saúde social, ou mesmo, como referem alguns autores Medicina Social.
O conceito sobre saúde deve ser visto para além da “ausência de doença”, e que quando se trata de saúde das populações, em uma relação de vínculo com as diversas culturas e povos, este conceito traz um olhar ampliado, integrado, holístico e de respeito à natureza. Já em 1946, a Organização Mundial da Saúde (OMS), conceituou a saúde “como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermidade”. Percebe-se que o conceito da OMS em suas entrelinhas apontava para caminhos de discussões entre as várias linhas de cuidados, como também vertentes de pensamentos, no sentido de unir os conceitos da Medicina, das Ciências Sociais, do respeito ao Meio Ambiente, e dos saberes popular (Grusso; Lopes; Dias, 2019).
Nessa linha de pensamento iniciam-se os escritos sobre a saúde planetária, que aparece neste primeiro momento segundo Floss et al. (2019), como o campo de estudos que analisa a relação de dependência entre a saúde da civilização humana e os ecossistemas, os impactos e consequências. A falta de conhecimento e discussão sobre a saúde planetária, conforme Oliveira e Reigada (2023) pode dificultar que os profissionais de saúde tenham sua atuação num contexto amplo, integrado e eficaz, a partir de ações individuais ou comunitárias, levando em consideração os impactos do meio ambiente na saúde.
Outros conceitos presentes neste artigo se configuram na cosmovisão indígena e ancestralidade, este segundo remete à ascendência, às gerações anteriores, sendo um integrado de fatores hereditários, advindos de geração em geração, vinculados diretamente às origens de um povo, de uma família (Batista, 2019). Os conceitos sobre ancestralidade mostram também a relação entre o homem e a natureza. E nesse contexto, o modo desrespeitoso que o homem vem se relacionando com ela, é mostrado por Biehl (2021) quando refere sobre grandes e poderosos grupos de economias políticas particulares que estão destruindo a natureza e estorvam a vida animal, provocando desastres e fenômenos, como as pandemias, tão recentes, e advindas da transmissão animal-humana, como do Ebola, do HIV, da Zika e, a última da Covid-19, que nada mais é do que o resultado de mais de 200 arbovírus, já estudados por cientistas.
O pensamento de Krenak (2020) remete a esses desastres que atingem a todos, sendo postergados em alguns locais, em determinadas circunstâncias regionais, onde a política, o comando político, a opção política, integram cenários de segurança provisória, na qual as comunidades, ainda que já exauridas do real significado da partilha de espaços, permanecem, preservadas por um aparelho que necessita ainda mais da exaustão da natureza, das florestas, trazendo um impasse, o qual incide que somente a possibilidade para que coletividades humanas permaneçam a existir em virtude da extenuação de todas as demais origens.
Os escritos postos acima remetem ao conceito de antropoceno, tendo este um sentido talhante sobre a existência dos seres, a vivência comum, a convicção do ser humano. A ideia presa de paisagem da Terra e de humanidade é a característica mais marcante do antropoceno, que também se identifica pelo significado de uma era em que se vivenciam esses desastres junto à natureza, alertando para o entendimento, que deve ressoar como um “grito” nas mentes humanas. Pois, se for gravada no planeta Terra uma mancha tão árdua que identifique uma era, podendo perdurar mesmo numa possível extinção da vida, por culpa do próprio homem que vem fragilizando a origem da vida, sinônimo das possibilidades de prosperidade, além do sentimento da existência de um lar comum que podia ser protegido por todos, novamente surgirá o dilema de que a vida vem sendo destruída, colocando em risco todas as outras formas de viver (Krenak, 2020).
Mediante os conceitos trazidos acima, observa-se uma composição mental maior do que uma ideologia, mas com uma elaboração do imaginário coletivo, num ordenamento de diversas gerações se sucedendo, categorias de desejos, projeções, interpretações, espaços completos de ciclos de vida dos ancestrais. Neste momento é salutar trazer um pouco sobre a ancestralidade como um conceito que valoriza toda forma de vida. Conforme Pádua e Caron (2023), no olhar dos povos indígenas, a ancestralidade remete honra a todos que descenderam. A cosmovisão das etnias compreende, neste contexto, uma alma comunitária, grupal, onde se sobrepõem especialmente no tronco da árvore da vida, formando o corpo da consciência material e imaterial.
Krenak (2022, p. 49) quando escreveu “Cantando, dançando. Passando em cima do fogo, Seguimos num contínuo. No rastro dos nossos ancestrais”, trouxe uma invocação educativa deste conceito. No contexto de uma figura poética alicerçada num rito de reverência do fogo, onde as pessoas, após a lenha ter sido usada, passavam descalças sobre as brasas sem queimar os pés. O exemplo trazido ilustra o valor e o acreditar que esse povo possui por seus ancestrais, na prática de tal rito, num ato de reverência ao que acreditam. Fortalecer esses vínculos com os ancestrais é uma prática de cuidar da natureza, da terra, das águas, da fauna e da flora, do homem, em prol do bem-estar coletivo, com base em saberes passados de geração em geração, o que possui uma intimidade com os saberes prévios, tão bem estudados na Educação Popular.
Entende-se o significado da educação popular em saúde, como a busca da relação de troca entre o saber popular e o saber científico, onde estes se completam e se integram com respeito ao conhecimento prévio dos diversos povos, culturas e formas de vida. A educação popular leva em consideração essencialmente a interdisciplinaridade através de seus conceitos, princípios e trabalhos desenvolvidos nos mais diversos cenários, não se prendendo a áreas específicas, mas num contexto de pensar as necessidades sociais (Freire 1987).
Diante desta realidade, a Educação Popular em Saúde preconiza valorizar a diversidade e a heterogeneidade dos grupos sociais, o comprometimento com o coletivo, e o diálogo entre o saber popular e o saber científico. Assim, crer, que este formato de educação e saúde se configura em uma evidência que apresenta um estilo de comunicação, cuidado, e atenção. E isso pode e deve ser bem aproveitado nos cenários da saúde, local onde o indivíduo tem um vínculo com o outro, com o conviver coletivo, com o social, através das mais diversas experiências e fatores de desenvolvimento do seu espaço e mundo interior e exterior.
Assim, o estudo tem como objetivo geral compreender a saúde planetária a partir da cosmovisão indigena e a sua relação com a Medicina de Família e Comunidade. Como objetivos específicos: Conhecer o universo da cosmovisão indígena, em seus conceitos e especificidades; Mostrar como o médico de família e comunidade pode contribuir com a saúde planetária na prática do cuidado.
Como problema de pesquisa levantou-se a seguinte questão: Como o cuidado na Medicina de Família e Comunidade pode se conectar aos elementos defendidos pela saúde planetária, no contexto da cosmovisão indígena, considerando suas práticas?
Diante desta problemática, justifica-se o desenvolvimento deste tema no sentido de trazer evidências, a partir da literatura, que possam estabelecer um vínculo capaz de fortalecer as práticas de cuidado em Medicina de Família e Comunidade a partir da cosmovisão indígena.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A cosmovisão indígena como facilitadora na compreensão da saúde planetária
Sendo a cosmovisão a forma pela qual os povos originários constroem o modo de se relacionar com o mundo, como parte integrante de uma relação completa entre todos os seres, como as árvores, os rios, as nascentes, todos os seres têm espíritos, e desta forma tal relação possui uma ligação direta com a ancestralidade, e sobre a importância desta no contexto da saúde planetária e proteção do meio ambiente, como também da cultura popular.
A ancestralidade da terra tem um significado singular para a promoção da saúde indígena como uma conexão de desenvolvimento entre passado, presente e futuro, além de atuar como uma fonte de sustentação espiritual, promotora da participação e integração da comunidade (Ratima et al., 2019).
Krenak (2020) refere que se sente apaziguado ao ver alusão à instituição do sonho, dos ritos, das práticas ligadas ao bem-estar com utilização da cultura e costumes dos povos indígenas, não como uma experiência delirante, mas como um componente à formação, voltado à cosmovisão, à tradição de diferentes povos que possuem no sonho um trajeto de aprendizado, de autoconhecimento sobre a vida, e o emprego desse conhecimento na sua integração com o mundo e com as outras pessoas.
O homem é antes de tudo pertencente aos povos originários, caminha com a sua ancestralidade e deve ter o compromisso com o seu povo. Tais palavras partem dos saberes de ancestrais e das forças encantadas da natureza evidentes na luta pelos direitos e garantias dos povos originários, principalmente o direito ao território, alteridade e autonomia (Dorrico; Danner; Danner, 2020).
Nesse contexto é importante falar sobre a cosmovisão indígena e o seu valor para o entendimento da saúde planetária, fazendo uma relação com o cuidado e atenção em saúde, ofertados, no sentido de compreender como profissionais de saúde estão se inserindo nesta realidade, e se estão.
Faz-se importante aqui ressaltar que com o advento de novas epidemias e pandemias infectocontagiosas vem sendo imperativa a intensificação em ligação com a intensa velocidade do antropoceno e com a mudança dos indicadores socioambientais da saúde não apenas a partir da COVID-19, mas também com a dengue, zika, dentre outras doenças. Sob a visão da saúde planetária é imprescindível se enxergar a saúde de modo conectado ao ambiente, como também com as questões sociais (Zandavalli; Floss; Barros, 2020).
Os autores acima citados ainda referem que existe a compreensão sobre o fenômeno de que quem pertencia a classes menos favorecidas sofreu mais os impactos da COVID-19, além de sofrer mais com as consequências das mudanças climáticas, de modo que não se deve falar em equidade sem aludir sobre saúde planetária. Ter atenção à saúde planetária pode contribuir na redução das desigualdades e iniquidades em saúde e, por consequência, e assim agir como uma defesa contra a lei dos cuidados inversos.
Desta forma, entende-se que a importância em prevenir, rastrear, com a utilização de estratégias e instrumentos efetivos, que possibilitem o cuidado individual e a prática voltada para ações numa coletividade, buscando intervenções focadas na pessoa, em sua cultura, no meio ambiente, como respeito ao seu mundo, é o ponto de convergência que pode integrar a cosmovisão indígena, os saberes populares e a saúde planetária, aos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). E assim, fica nítida a necessidade de ampliar e aprimorar ações estratégicas para o controle de doenças, partindo da detecção precoce, e de refletir que, ao atender os usuários na atenção primária, com respeito a todos os povos, suas culturas e ancestralidade.
A saúde planetária no contexto da Medicina de Família e Comunidade
Continuando numa vertente de compreensão de integração da saúde planetária integrada aos saberes populares, surge a necessidade de refletir e contextualizar tal tema na MFC, dentro dos princípios do SUS. Para isso, mostra-se aqui um trecho de uma entrevista do Médico Airton Stein descrevendo sobre os atributos do atendimento primário, como sendo nas etapas do primeiro contato, continuidade do atendimento, integralidade e coordenação do cuidado.
Stein (2021) segue falando sobre os atributos derivados, como sendo centralidade familiar, competência cultural e orientação comunitária. E ressalta que em um momento em que se percebe o impacto das transformações climáticas na saúde, a Atenção Primária à Saúde (APS) deve observar quanto às premissas do Antropoceno. A Saúde Planetária não apenas busca encarar tal desafio do século XXI, mas para, além disso, como recuperar a ruptura da conexão perdida da humanidade com a saúde do planeta.
Partindo dos escritos acima, segundo Barros et. al. (2021) pode-se afirmar que a atenção primária tem como desígnio a compreensão sobre as causas das doenças, logo o foco não é somente no atendimento aos usuários, porém também nos parâmetros de saúde populacional. As particularidades da atuação do Médico de Família e Comunidade apontam para um compromisso de abranger ações nas comunidades onde é realizada sua atuação, bem como sobre os sistemas ecológicos que garantem a saúde da humanidade. Para abraçar esse recente papel, o médico que atua na APS deve levar em consideração a ampliação para mais um atributo, que é o da saúde planetária.
Conforme Oliveira e Reigada (2023) ainda se faz presente o gargalo do desconhecimento sobre saúde planetária, o que pode incorrer no impedimento de que os profissionais de saúde possam atuar de forma ampliada e satisfatória, a partir de ações individuais ou coletivas, levando em consideração os impactos do meio ambiente na saúde. Os que atuam na APS trazem consigo um papel fundamental na promoção da saúde e educação da população do seu território quanto a essa questão. Tais profissionais detêm uma forte aproximação no cotidiano da população, tendo potencialidade para intervir em questões locais, com repercussão em toda a comunidade.
Enfatiza-se que reduzir o dano ambiental é um caminho de cuidado pela equidade em saúde, uma vez que as populações mais vulneráveis sendo as que menos colaboram para que o planeta venha adoecer, são também as mais atingidas por seus impactos. Com isso neste artigo parte-se para o entendimento quanto às concepções no tocante à saúde planetária e Medicina de Família e Comunidade (Oliveira; Reigada, 2023).
Segundo Howard (2020) existe alguns temas da saúde estudados em saúde planetária de forma clássica, como as ondas de calor, causadas pelo aquecimento global antropogênico, onde o estresse ou a exaustão pelo calor surge como uma situação, caracterizada por mal-estar, cefaleia e náusea, podendo ocorrer desidratação, distúrbios hidroeletrolíticos e disfunção de órgãos. A cada ano, milhões de pessoas estão expostas aos graves perigos do calor, podendo ser mortais, o que acontece em áreas urbanas, devido aos telhados escuros, construções e asfalto, por falta de dispersão. Também estão expostos os trabalhadores rurais. Ainda em relação a ondas de calor, quando acontece incineração de combustíveis fósseis, como queima de petróleo, de biomassa, como nas queimadas florestais, são liberados gases e material particulado, o que causa grandes danos à saúde.
Outro tema estudado em saúde planetária são os sistemas alimentares que se vinculam à obesidade, desnutrição, e que geram 25 a 30% dos gases emitidos (GEEs). Ressalta-se que o modo de vida sedentário está relacionado com o sistema de transporte automobilístico, gerando de 14 a 25% dos GEEs. Ainda se evidenciam os eventos climáticos extremos, como as secas, que provocam mudanças na agricultura, acentuados pelas transformações climáticas, impulsionando a desnutrição com a insegurança alimentar (Howard, 2020).
As doenças infectocontagiosas também se configuram em outro tema estudado na saúde planetária. O autor acima citado refere que a interação mais próxima ocorrida entre homens e animais silvestres, promovida pelo desmatamento e comércio de animais, não apenas traz a extinção de espécies, mas faz crescer o risco de doenças zoonóticas emergentes, como o caso da Covid-19. São mais de 60% das doenças infecciosas humanas advindas de zoonoses. Outra questão é a capacidade vetorial, quando os mosquitos se infectam com um vírus e o transmitem, pela elevação da temperatura, ampliando a possibilidade de infecção humana por malária, dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Ainda conforme Howard (2020), não é coincidência que, no tempo em que o planeta expõe sinais de declínio, as pessoas apresentam crescente ansiedade, depressão e solidão. O modo de vida humano provoca rupturas sobre o ambiente natural e sociocultural, provocando consequências para a saúde física e mental da humanidade. Assim, o pensamento sistêmico torna-se basilar para o entendimento de como a saúde mental é atingida por processos socioculturais e ecossistêmicos.
Diante do exposto, observa-se que os temas citados aparecem como uma trágica interrupção do desenvolvimento de uma comunidade, incluindo mortes, perdas materiais ou ambientais, podendo ultrapassar a capacidade local de responder à situação. Em situações em que são acentuados pela ação humana, além das possibilidades ambientais, são determinados como desastres socioambientais.
METODOLOGIA
O artigo aqui apresentado trata-se de uma revisão de literatura narrativa, também chamada tradicional, que consiste em explorar estudos em artigos publicados de revistas e periódicos científicos, além de livros, manuais, protocolos e outros trabalhos técnicos e acadêmicos (Gil, 2022). Configura-se em uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa.
A pesquisa descritiva versa sobre uma realidade, ao tempo em que mostra os dados de algum objeto, fato ou tema, no entanto não se aprofunda quanto ao “porquê” das características (Gil, 2022). Os estudos de abordagem qualitativa possuem um foco em entender os aspectos mais subjetivos, como ideias, comportamentos, pontos de vista, características, sem utilizar dados numéricos (Minayo, 2014).
A opção por este tipo de revisão justifica-se por sua principal característica pautada no relato de trabalhos divulgados previamente sobre a temática em questão, com a utilização de métodos informais de identificação, seleção e apresentação dos resultados dos estudos abrangidos. Pois, dialogar sobre os conceitos de ancestralidade, cosmovisão indígena, antropoceno, saúde planetária, trazendo uma relação com a prática do cuidado em medicina de família e comunidade remete à ampliação do olhar para a utilização não somente de artigos e trabalhos científicos, mas inclusive de material técnico-profissional, documental, como também literário.
Para coleta dos dados da revisão, foram utilizados documentos indiretos, a partir de pesquisa bibliográfica em livros e artigos científicos, como também documentos, como relatórios técnicos, notas técnicas, e legislação vigente do sistema de saúde. Os artigos utilizados para construção deste trabalho foram pesquisados através do Scientific Electronic Library Online (Scielo), Rede de Revistas Científicas da América Latina e Caribe, Espanha e Portugal (Redalyc), a Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs).
Desta forma o artigo foi elaborado a partir de sete livros, 13 artigos científicos vinculados às temáticas em questão, dois relatórios técnicos, que se remetem a documentação indireta e quatro matérias constantes em sites oficiais da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade e do Intergovernmental Panel on Climate Change.
É importante aqui referir sobre os fatores éticos, que por se tratar de uma revisão de literatura, o artigo não necessitou da apreciação de um Comitê de Ética, no entanto, sua construção seguiu as normas éticas, conforme os preceitos da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) quanto a referenciar com as devidas citações diretas e indiretas, todos os autores, obras e materiais utilizados nos escritos. Assim, após a finalização do texto, o artigo foi submetido a uma plataforma para detecção de plágio, estando em conformidade aos padrões exigidos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Medicina de Família e Comunidade no Cuidar Médico considerando a Saúde Planetária
Partindo dos conceitos apresentados no decorrer deste artigo, é importante uma discussão acerca dos tantos desafios enfrentados pelos profissionais médicos voltados à MFC, em suas práticas do cuidado à saúde da população, diante da falta de conhecimento, como também das condições de agressão cotidiana do homem contra o meio ambiente, ora por desconhecimento das consequências trazidas por seus atos, ora pelo comportamento cruel vinculado à ganância e ambição impostas por uma sociedade que não se conecta com a natureza e suas necessidades.
Diante dessa realidade, considerando as discussões atuais no tocante à saúde planetária, tem sido uma constante trazer esse tema no contexto da APS, junto à orientação familiar e comunitária, dentro das diversas realidades culturais. É importante enfatizar que a MFC tem uma função basilar e contígua das comunidades como protagonista, tanto na redução como na adaptação aos problemas ambientais, sempre na tentativa de fortalecer a saúde de pacientes com estratégias que proporcionem benefícios ao ambiente, como motivar transporte ativo, alimentação saudável, preservar o verde, dentre outros (Drake, 2021).
O autor acima citado ressalta que o campo da saúde planetária se norteia no pensamento sistêmico e reproduz como diversos elementos, na esfera dos sistemas econômicos, ambientais e sociais, que se integram e se unem como parte de sistemas complexos, caracterizando as conexões entre as transformações ambientais e a saúde humana em distintas escalas geoespaciais e temporais, se preocupando com os fatores pressupostos e mediadores que melhoram ou minimizam os resultados de saúde.
Nessa direção é oportuno dialogar com os estudos de Acosta (2016), Hamlin (2017) e Ratima, Castleden e Delormier (2019), quando se referem a paradigmas, como os guiados pela cosmovisão indígena, conhecidos como “buen vivir”. O bem viver, ou buen vivir, possui o seu sentido na intimidade e convivência com a natureza, onde os seres são parte desta natureza, e não à parte no planeta. Nesse contexto, os autores relatam que a ancestralidade da terra tem um sentido singular para promoção da saúde indígena, sendo um ponto de conexão temporal entre passado, presente e futuro, bem como de ser uma fonte de amparo espiritual, e que proporciona a harmonia e participação da comunidade.
Outro conceito presente neste artigo é sobre o antropoceno, e a influência do seu significado na saúde humana, sendo pertinente fazer uma relação neste momento às mudanças climáticas, como uma significativa consequência do antropoceno, sendo a maior e nefasta ameaça à humanidade deste século (Steffen, et al., 2015).
Corroborando com o que foi posto Steffen et al. (2015) o relatório do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC, 2020) e o estudo de Maibach et al. (2020) dizem que as mudanças climáticas já acentuam o risco para variadas formas de doenças humanas. As evidências aparecem como também à elucidação dos impactos das mudanças climáticas em várias áreas, como: transtornos respiratórios, renais, oculares, cardiovasculares, mental, materno-infantil, cutâneos, digestivos, neurológicos, zoonoses, além de doenças de transmissão vetorial.
Em consonância com Steffen et al. (2015) e o relatório do IPCC (2020), Howard (2020) em seus escritos relata que os sistemas de saúde são responsáveis apenas por 20% do estado global de saúde, ficando o restante a cargo dos determinantes sociais, como moradia, trabalho, dentre outros; e os elementos ecológicos, como água, alimento, estabilidade climática, dentre outros, ressaltando que os determinantes sociais só são possíveis se os elementos ecológicos estiverem seguros, sendo estes basilares para a saúde.
O estudo de Floss e Barros (2019) confirma os escritos de Steffen et al. (2015), quando relatam que a resposta não efetiva e insuficiente em relação às mudanças climáticas põem a vida humana em risco. Episódios relacionados ao clima, como as secas e as enchentes foram correlacionados a mais de 90% de todos os desastres mundialmente nos últimos 20 anos. Os autores também referem que no cenário brasileiro, doenças como a dengue também possuem capacidade vetorial fortalecida por mudanças climáticas, e ainda dizem que no período entre 1950 e 2010 a capacidade vetorial do Aedes aegypti sofreu um aumento de 5,8% e para o Aedes albopictus 11,2%, confirmando os elementos estudados por Howard (2020).
Os autores também evidenciam a poluição do ar como uma das maiores causas de morte e incapacidade em todo o mundo, relatando que em 2015 uma média de 52 mil pessoas foram a óbito no Brasil por exposição à poluição do ar ambiente. Sendo que em nível mundial 90% das cidades inspiram ar tóxico e poluído para o sistema respiratório e cardiovascular. Outro elemento citado é o estresse por calor, como sendo outra grande questão do Brasil, entre 2014 e 2015, onde as ondas de calor permaneceram mais tempo, o que causa mais danos às crianças, gestantes, pessoas com doenças crônicas e idosos, comprovando as consequências dos danos aos elementos ecológicos.
Partindo dos impactos causados pelos desastres ambientais na saúde humana, em 2017 a Organização Mundial dos Médicos de Família (WONCA) publicou a Declaração do WONCA, tratando da Saúde Planetária e, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), considerável marco institucional ascendendo Saúde Planetária como área de prioridade para os médicos de família e comunidade. Com tal advento, as comprovações científicas das repercussões da poluição ambiental sobre a saúde humana foram fortalecidas (WONCA, 2017).
Em conformidade com a publicação da WONCA Moraes-Filho e Tavares (2023) referem que para a atuação do médico de família e comunidade ser potencializada no cenário da APS, faz-se necessário o desenvolvimento de ações com perspectiva interdisciplinar, além da sensibilização e a interlocução com outros setores, para o enfrentamento dos grandes desafios relacionados à saúde humana e ao meio ambiente. Dentre essas ações estão à promoção da educação sensibilizando os profissionais de saúde, pacientes e a comunidade quanto aos impactos das mudanças climáticas e dos danos ambientais na saúde, a partir de estratégias de informação, como campanhas para diminuir resíduos nas ruas, minimizar a propagação dos vetores da Dengue, Zika e Chikungunya.
Os autores supracitados apontam para o incentivo às práticas sustentáveis nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), como reciclagem, medidas de controle do gasto de energia e o não desperdício da água, o que vai colaborar na redução do impacto ambiental, conscientizando as pessoas sobre a importância da sustentabilidade para adoção dessas práticas em seu cotidiano. Outra ação é a prevenção e o controle de doenças que estão especificamente vinculadas às mudanças climáticas e danos ambientais, como doenças transmitidas por vetores, a exemplo da dengue e malária, doenças respiratórias e doenças por exposição a poluentes ambientais. Faz-se necessário realizar o monitoramento efetivo dos indicadores de saúde, vinculados ao meio ambiente e à saúde planetária. Ainda estimular a construção de áreas de lazer promotoras da preservação dos ecossistemas naturais, garantindo habitats para a fauna e a flora, contribuindo assim, para a qualidade do ar.
Os dados de uma matéria da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), publicada em janeiro de 2024, corrobora com o estudo de Moraes-Filho e Tavares (2023), quando ressalta a importância de indicadores que relacionam as transformações climáticas com repercussões na saúde pública (SBMFC, 2024).
Diante dessa afirmação, torna-se pertinente trazer outra matéria, escrita por Daniela Vianna no Sáude Planetária, relatando sobre um debate, realizado na Fiocruz, com pesquisadores, autores do Policy Brief do Lancet Countdown, onde a Dra. Stella Hartinger, diretora do Lancet Countdown Regional Center na América do Sul, refere que o primeiro relatório regional elaborado para a América do Sul, lançado no início de abril, trouxe os impactos envolvendo os efeitos de ondas de calor, de aumento da transmissão de doenças transmitidas pelo mosquito da dengue, por exemplo, de eventos extremos nas cidades, como chuvas e inundações, e da insegurança alimentar (Vianna, 2024).
Ainda segundo a autora supracitada, a Dra. Stella relatou que foram trabalhados, na totalidade, 25 indicadores para a região, e enfatizou sobre a importância do desenvolvimento de estratégias e planos de adaptação à crise climática, no sentido de proteger a saúde da população, reiterando o dever e compromisso público e político, por parte dos governos, mídia, empresas e academia.
Comungando com a fala da Dra. Stella Hartinger, na matéria de Vianna (2024), Ribeiro, Beretta e Mestriner Junior (2019) já haviam escrito em seu estudo, que o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, a partir dos seus princípios fundamentais de equidade, participação comunitária, descentralização, universalidade e controle social, possibilitaram a aprovação e respeito das organizações socioculturais dos povos indígenas, garantindo-lhes capacidade civil plena, estabelecendo e tratando das suas questões de saúde. Por terem suas particularidades culturais multiétnicas, esses povos carecem de condutas diferenciadas em saúde, como também outras populações do território brasileiro. Mesmo que naquele momento as discussões voltadas à saúde planetária não estivessem tão evidentes, já havia uma preocupação com práticas diferenciadas presentes na MFC.
Outro estudo que também já discutia o tema trazido por Vianna (2024) foi o de Fontão e Pereira (2017), que apontaram sobre os atributos vinculados ao modelo de atenção preconizado para APS, prevendo o entendimento das condições de vida e necessidades da comunidade, de modo a acatar um conhecimento ampliado do processo de saúde e doença. Outro ponto basilar foi em relação à construção e continuidade de vínculos para a qualidade da atenção à saúde, tais competências também se integram ao conceito de atenção diferenciada, que possui como base a competência cultural.
Outro ponto a discutir, segundo o autor Biehl (2021), na Amazônia, é o cruel desmatamento atualmente em curso, podendo causar novos cruzamentos virais e potenciais surtos de novas doenças. Ou seja: árvores em pé previnem pandemias. É, pois, imperativo aprender com a sabedoria cultural dos guardiões de longa data da floresta, à medida que se articulam esforços para salvaguardar a Amazônia, para o Brasil e para o planeta.
Percebe-se diante dos diálogos no decorrer deste artigo sobre o quão emergente é reunir esforços no sentido de integrar a saúde planetária nas práticas médicas de família e comunidade. Entender a diversidade do cuidar na APS é reconhecer as múltiplas particularidades do ser e as dimensões e grandeza do viver. É permitir que o ar que se inspira, flua, amplie espaços e possibilitando caminhos de cura e reconexão do homem com a Terra, que na cosmovisão indígena, é o plano que abriga e acolhe os seres. Equilíbrio entre corpo e espírito, entre o que se é, e o que se pode ser. Reacender as práticas de cuidar e retomar a dimensão de viver.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os médicos de família e comunidade possuem um papel essencial como agentes de influência social pela confiança que a comunidade tem neles. Tal condição deve ser utilizada nas orientações e promoção da saúde planetária, o que provocará o impacto na saúde da sociedade e, consequentemente, irá contribuir para um futuro mais saudável e sustentável. É basilar que a MFC motive os profissionais para que utilizem suas práticas, transcendendo sua competência técnica.
Desta forma, entende-se a partir deste artigo, que os conhecimentos e as experiências indígenas abrangem o universo em sua plenitude, conectando o ser humano em uma intrincada teia de relações que englobam seres naturais e sobrenaturais, unindo a existência em sua totalidade. Tais cosmovisões transcendem a lógica materialista e mercadológica que nos é familiar, não se limitando a ela.
Diante desse contexto, a saúde planetária se torna um campo fértil e essencial, integrada à APS, promovendo reflexões e ações que proporcionem a qualidade de vida individual e coletivamente. Tais reflexões e ações irão desde a importância da conservação do meio ambiente até o aprimoramento de medidas de prevenção e controle de doenças vinculadas ao meio ambiente. Assim, contribui para que atitudes e condutas sejam adotadas de forma saudável e sustentável, possibilitando o exercício da resiliência das comunidades diante dos desafios globais, tão presentes na cosmovisão indígena, com sua defesa incessante ao planeta terra.
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1Graduanda do Internato do curso de Medicina do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). E-mail: l-mefavero@hotmail.com
2Docente do curso de Medicina do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ) e Orientador deste artigo.