A PUERICULTURA DIANTE DE CRIANÇAS COM HIPÓTESE DIAGNÓSTICA DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) 

CHILD CARE FOR CHILDREN WITH DIAGNOSTIC HYPOTHESIS OF AUTISTIC SPECTRUM DISORDER(ASD) ]

LA PUERICULTURA EN NIÑOS CON HIPÓTESIS DIAGNÓSTICA DE TRASTORNO DEL ESPECTRO AUTISTA (TEA)

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202409242010


Jabneela Vieira Pereira Vetorazo1
Juciely de Souza Ramos1
Maria Erlene Lopes Soares1
Maria Edite Vieira Pereira1
Maria Trindade Morais Rosas Neta1


RESUMO 

OBJETIVOS: Verificar através de artigos científicos, sobre a puericultura diante de crianças com hipótese diagnóstica do transtorno do espectro autista (TEA). METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa de  literatura, as bases científicas que foram utilizadas são LILACS, Scielo, BVS,  CAPES, e Google Acadêmico, aplicação do método pico e o prisma. RESULTADOS: Ao analisar os artigos selecionados, constatou-se que a importância da puericultura diante de crianças com a hipótese diagnóstica de TEA, porque através da análise foi notório que há uma necessidade que os enfermeiros passem atualizações constantes sobre o TEA. CONCLUSÃO: Assim, o enfermeiro necessita ter um olhar mais holístico sobre as crianças com a hipótese diagnóstica do TEA durante as consultas de puericultura, com o foco em identificar precocemente os possíveis sinais e sintomas, para que a intervenção seja iniciada precocemente possibilitando para as famílias e as crianças uma qualidade de vida, de forma inclusiva, com isso faz-se necessário que o enfermeiro busque atualizações constantes sobre o TEA. 

Palavras-chave: Puericultura, TEA, Enfermagem. 

ABSTRACT 

OBJECTIVES: To verify, through scientific articles, the role of child healthcare (puericulture) in children with a suspected diagnosis of Autism Spectrum Disorder (ASD). METHODOLOGY: This is an integrative literature review. The scientific databases used were LILACS, Scielo, BVS, CAPES, and Google Scholar, applying the PICO method and PRISMA guidelines. RESULTS: After analyzing the selected articles, it was found that child healthcare is important for children with a suspected diagnosis of ASD. The analysis revealed the need for nurses to undergo constant updates on ASD. CONCLUSION: Thus, nurses need to adopt a more holistic approach when caring for children with a suspected diagnosis of ASD during child healthcare consultations, focusing on the early identification of possible signs and symptoms. This allows early intervention, providing families and children with an inclusive quality of life. Therefore, it is necessary for nurses to seek constant updates on ASD.

Keywords: Child Healthcare, ASD, Nursing. 

RESUMEN 

OBJETIVOS: Verificar a través de artículos científicos la puericultura en niños con hipótesis diagnóstica de trastorno del espectro autista (TEA).METODOLOGÍA: Se trata de una revisión integrativa de literatura; las bases científicas utilizadas son LILACS, Scielo, BVS, CAPES y Google Académico, aplicando el método PICO y PRISMA.RESULTADOS: Al analizar los artículos seleccionados, se constató la importancia de la puericultura en niños con hipótesis diagnóstica de TEA, ya que a través del análisis fue notorio que hay una necesidad de que los enfermeros realicen actualizaciones constantes sobre el TEA.CONCLUSIÓN: Así, el enfermero necesita tener una mirada más holística sobre los niños con la hipótesis diagnóstica de TEA durante las consultas de puericultura, con el enfoque en identificar tempranamente los posibles signos y síntomas, para que la intervención se inicie de manera precoz, permitiendo a las familias y a los niños una calidad de vida inclusiva. 
Por ello, es necesario que el enfermero busque actualizaciones constantes sobre el TEA. 

Palabras clave: Puericultura, TEA, Enfermería. 

1. INTRODUÇÃO  

 Estima-se que no Brasil haja aproximadamente 70 milhões de autistas na faixa etária de 3 a 8 anos, com cerca de 90% desses casos ainda não diagnosticados. Para garantir uma abordagem qualificada e humanizada, é fundamental que os enfermeiros possuam conhecimentos e habilidades avançadas, focando no atendimento e cuidado individualizado para os pacientes e suas famílias (ARAÚJO et al., 2020). 

 Souza (2020) aponta o transtorno do espectro autista como um comprometimento do neurodesenvolvimento, afetando as áreas de interação social, comunicação e linguagem. O diagnóstico, segundo ele, é clínico, e suas características podem variar amplamente. Dentre as principais, destacam-se comportamentos repetitivos, resistência a mudanças de rotina e alterações significativas na sensibilidade sensorial. Embora a causa exata do autismo ainda não seja conhecida, estudos sugerem que fatores hereditários, ambientais e condições durante a gestação podem estar envolvidos. 

Segundo o COFEN (2021), o enfermeiro integra a equipe multidisciplinar e desempenha um papel crucial como agente terapêutico para crianças com TEA. É essencial que o atendimento durante as consultas de enfermagem seja voltado não apenas para a criança, mas também para a família, promovendo uma compreensão sobre o TEA e as adaptações necessárias a partir do diagnóstico. 

 Dessa forma, o projeto de pesquisa tem como ênfase descreve a como a enfermagem desempenha um papel importante através  da puericultura diante das crianças com hipótese diagnóstica do transtorno do espectro autista (TEA). Ao final do projeto de pesquisa, pode ser observada uma descrição abrangente da assistência de enfermagem durante as consultas regulares de puericultura. Essa análise foi fundamentada em uma revisão integrativa da literatura, considerando autores relevantes e atualizados nos últimos seis anos. 

2. METODOLOGIA  

O estudo foi realizado a partir de pesquisas bibliográficas do tipo revisão integrativa de literatura que consiste na técnica de sintetização dos resultados por meio de uma ampla abordagem metodológica referente às revisões, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. (PEREIRA et al., 2022),  

 Santos NO, et al., 2022 Diz que para elaboração da revisão integrativa é necessário, realizar as seis etapas, 1. Identificar o tema e elaborar a problemática da pesquisa; 2. Estabelecer critérios para inclusão e exclusão de estudos e a busca de literatura; 3. Coletar dados; 4. Analisar criticamente os estudos incluídos; 5. discutir os resultados e; 6. Apresentar síntese da revisão 

 Partindo deste contexto, a pergunta norteadora para a direção da presente revisão integrativa foi: “Como a puericultura atua frente a crianças com hipótese diagnóstica do transtorno do espectro autista (TEA)?”. A elaboração da pesquisa foi baseada na estratégia PICO trata-se de um acrônimo Paciente, Intervenção, Comparação e Desfecho (em inglês Outcomes), que auxiliou na pergunta norteadora e organizou a busca bibliográfica de forma que auxilia a comprovação da evidência científica ( PEREIRA 2019; e SOARES 2019.)

Quadro 1 apresenta a estratégia PICO e descritores utilizados na pesquisa aplicada à pergunta norteadora.

Fonte: Souza et al., 2024

Para métodos de exclusão dos artigos que não se encaixaram no estudo, foi utilizado um recorte temporal, onde os que estavam com textos incompletos, em outro idioma a não ser o português, os duplicados, e fora do período limitado pela pesquisa no qual não se encaixaram no processo de seleção. Para essa revisão será utilizada a recomendação PRISMA de revisão (GALVÃO et al 2022), baseado em um checklist com 27 itens e um fluxograma de quatro etapas para a seleção dos trabalhos incluídos.

3. RESULTADOS  

Através da aplicação do método PRISMA (figura 1) foi realizada buscas na internet com a finalidade de filtrar artigos partir do ano de 2019 até 2024, sendo uma sondagem  através  das fontes de de dados da literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Biblioteca virtual em saúde (BVS),  Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (CAPES), e no mecanismo de busca do Google Acadêmico.   O processo de seleção consiste em quatro etapas diferentes. A primeira etapa é a “identificação”, que está relacionado com a busca dos artigos nas bases de dados selecionadas. A “seleção” é a segunda etapa da subtração dos dados, nessa etapa serão retirados os estudos duplicados e, dos estudos resultantes, aqueles que não se qualificam para o estudo são reavaliados e excluídos. “Elegibilidade” irá incluir uma avaliação de uma análise completa de elegibilidade e, em seguida, um novo motivo de exclusão. A etapa final é a “inclusão”, que contém o número de estudos incluídos na pesquisa quantitativa. Em seguida, será preenchido um fluxograma de seleção para o protocolo PRISMA com os dados de cada fase de seleção (GALVÃO et al 2022) (Figura 1)

Figura 1 –   Fluxograma de seleção dos estudos a partir do protocolo PRISMA

FONTE: SOUZA, etl al., 2024

No total foram identificados nas bases de dados 1583 artigos sendo na BVS 18, Scielo 124, Capes 19. LILACS 12 e Google acadêmico 1.410 artigos, no qual após leitura dos resumos e do título foram removidos 500 artigos que não atenderam os critérios da pesquisa pois eram voltados para a área da educação escolar, assim foram selecionados 1082 artigos, 450 destes foram excluídos por estarem fora dos anos escolhidos para a pesquisa, ficando 632  artigos com texto completo avaliado pela elegibilidade, 622 tiveram de ser excluídos com a justificativa de não atenderem os critérios como: não está no idioma português, fugir da temática e não ter acesso gratuito, restando 10 artigos que foram analisados de forma criteriosa e subsidiaram o estudo, os resultados serão apresentados de forma descritiva e organizada por tanto, foi feito uma seleção analitica sobre o tema dos artigos de forma relevante fazendo uma detalhada análise das bibliografias, a partir de então foram extraídos as informações cruciais como: Autor, ano e principais achados. (Quadro 2).

Quadro 2 – Caracterização de dados extraídos dos trabalhos que constituíram a revisão.

N° AUTOR E ANO PRINCIPAIS ACHADOS 
01 Mattoso (2021) Estudo Descritivo e qualitativo, onde pode ser observado o papel do enfermeiro diante do atendimento e acompanhamento de crianças com TEA, apesar de sua importância ainda não está inserido por completo, pois há uma complexidade de fatores que podem acrescer em seu trabalho junto às equipes multidisciplinares na detecção e acompanhamento do tratamento dos pacientes. 
02 Carvalho et al.,(2022) Pesquisa descritiva, os resultados mostraram a necessidade de discutir os temas dos cuidados às crianças autistas segundo a ótica do enfermeiro uma vez que são estes profissionais que geralmente detectam os primeiros sinais e sintomas no campo da atenção básica à saúde.  
03 Corrêa et al.,(2021) Pesquisa descritiva de abordagem qualitativa estruturada,  as enfermeiras identificam na criança sinais de alterações no desenvolvimento infantil em suas consultas de puericultura. Relatam dificuldades para conceituar o autismo e desconhecem os instrumentos de triagem precoce para Transtorno do Espectro Autista. A aplicabilidade dos Indicadores de Risco para o Desenvolvimento Infantil foi descrita pelas enfermeiras, quando oportunizado neste estudo, de fácil utilização e importante para a triagem precoce do Transtorno do Espectro Autista nas consultas de puericultura, na atenção primária à saúde. 
04 Murari et al., (2019) Nos 13 atendimentos filmados, de maneira geral, as crianças observadas passaram a maior parte do tempo olhando em direção a aspectos do ambiente físico (desenhos e cartazes pregados nas paredes da sala), em direção às pessoas (12) que estavam dentro da sala, e todas mantiveram contato ocular com a mãe ou profissional. Os comportamentos de balbuciar ou de emitir sons foram observados em sete crianças, ou seja, três crianças não apresentaram tais comportamentos nos momentos esperados.
05 Costa CS, 2021 As consultas de puericultura nas UBS ocorrem conforme preconizado nas orientações do Ministério da Saúde: 8 consultas no 1º ano de vida (mensal até o 6º mês e trimestral até o 12º mês); semestral entre 24 a 36 meses de idade e anual após 36 meses. Os profissionais relataram que durante a consulta de puericultura os principais aspectos observados e avaliados são o crescimento físico (altura, peso, perímetro cefálico), a conferência e acompanhamento das vacinas necessárias para o período e, eventualmente, alguma intercorrência clínica que possa ter surgido no período entre as consultas.  
06 Martins et al., (2021) Mediante o exposto, cabe destacar que a pesquisa apresenta consiste em externar maiores conhecimentos no que se refere a assistência de enfermagem a criança autista na Atenção Básica, visando contribuir para o seu desenvolvimento integral, tornando efetivo o cuidado de acordo com as políticas públicas, que se apresenta em disparidade entre o disposto nas legislações e o ofertado às pessoas que são diagnosticadas com TEA 
07 Polidoro et al.,(2020) As  novas perspectivas  em  puericultura  favorecem  uma  ação  preconizada  do  pediatra  e  interação  com  outros profissionais para o diagnóstico do transtorno do espectro autista. Assim, a utilização de tecnologias voltadas ao diagnóstico e o uso simplificado de questionários, corroboram com mais ações e políticas públicas voltadas à atenção básica de saúde garantindo eficácia  no  rastreio  e  diagnóstico,  e  consequentemente,  qualidade  de  vida  a  esses  pacientes.  
08 Ranalli 2022 Estudo longitudinal, realizado em Cotia SP,  conduzido em 6 fases durante 30 meses, amostra coletada por meio de convivência, composta  por dois grupos com 97 profissionais em uma UBS, com idade de 27 a 63 anos. A maior parte do grupo manifestou despreparo para identificar TEA nas ações de puericultura, o resultado da avaliação dos profissionais sobre a qualidade da capacitação, resultados apresentaram positivismo para o modelo escalonado. 
09 Silva et al., (2024) Trata-se  de  um  estudo descritivo transversal, retrospectivo com abordagem qualitativa, incluindo profissionais de enfermagem e famílias de crianças com Transtorno do Espectro Autista. Os profissionais de enfermagem entrevistados estavam na faixa etária de 23 a 43 anos, com tempo de trabalho no CAPS entre 1 a 7 anos, foi possível perceber a importância do enfermeiro na vida das famílias de crianças com Transtorno do Espectro Autista.  
10 Rufino et al., (2022) A pesquisa trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa. Para fins de coleta de dados utilizou – se um questionário através do Google Forms, com perguntas elaboradas pelos alunos direcionadas aos responsáveis de crianças com TEA. O objetivo geral foi levar aos responsáveis de crianças com autismo a importância da informação sobre o transtorno e os benefícios à criança quando estão esclarecidos sobre o assunto e de todos os direitos que a criança possui. São muitos os desafios para os pais ao enfrentarem essa realidade, e é muito importante que recebam apoio de familiares, órgão públicos, ONGs para que consigam juntos proporcionar qualidade de vida a criança autista. 

FONTE: SOUZA, etl al., 2024

Através dos achados foi observado que há um baixo quantitativo de publicações sobre a competência do enfermeiro diante dos distratores do autismo durante as consultas de puericultura, tendo em vista que é o enfermeiro que cria um ambiente terapêutico, porque são eles que têm maior contato com a criança e a família, em relação a outros profissionais da área da saúde. O enfermeiro tem essa capacidade de proporcionar uma assistência adequada a crianças com TEA, realizando a observação de comportamento e um olhar cuidadoso, sem preconceito e atento às necessidades apresentadas pela criança e os relatos da família. (Ranalli 2022) 

Segundo um estudo publicado em 2020 pelo Centro de controle de doenças e Prevenção de saúde americano (CDC – Center for Disease Control and Prevention), o autismo afeta uma em cada 56 crianças, sendo mais reincidentes em meninos. Esse número cresce mais a cada ano, e acredita-se que isso ocorre também devido ao diagnóstico cada vez mais precoce, aumento da qualidade de informação dos profissionais, aumentando o número de diagnósticos corretos. 

Rufino et al., (2022) o indivíduo autista tem uma aparência física normal, memória boa, mas o convívio social é prejudicado, acaba se isolando de outras pessoas e tem dificuldade de olhar nos olhos. A linguagem não é bem desenvolvida dificultando a comunicação e se expressando na maioria das vezes por gestos, por isso é importante o acompanhamento nas consultas de puericultura que irá avaliar o desenvolvimento e crescimento da criança dando total importância aos marcos de desenvolvimento. 

Conforme a caderneta de saúde da criança criada em 2005 onde as páginas 78-88, mostram que os marcos do desenvolvimento são divididos por áreas como: motoras, cognitivas, e sociais de linguagem. No desenvolvimento motor recém nascidos até dois meses apresentam os reflexos como de moro, levantamento de cabeça quando deitado de barriga para baixo, de 3-6 meses controle da cabeça, rolar de barriga para costas e vice-versa, início de tentativas de sentar-se com apoio, de 7 a 12 meses, sentar-se sem apoio, engatinhar, começar a ficar em pé com apoio e andar segurando móveis de 1 a 2 anos Caminhar sozinho, começar a correr, subir e descer escadas com ajuda. No desenvolvimento cognitivo: recém-nascido a 2 meses apresentam resposta a estímulos visuais e auditivos, foco visual em objetos próximos. de 3 a 6 meses, reconhecem rostos familiares, segue objetos com os olhos, exploração de brinquedos com as mãos e boca de 7 a 12 meses, desenvolvem habilidades de resolução de problemas simples, como alcançar objetos escondidos, imitação de ações simples, de 1 a 2 anos, Exploração mais complexa de brinquedos, identificação de objetos e pessoas, realização de tarefas simples por conta própria. No desenvolvimento social e emocional: recém-nascido a 2 meses: respostas emocionais básicas, como sorrir e chorar em resposta a estímulos de 3 a 6 meses: sorriso social, interação com os cuidadores, interesse em outras crianças, com 7 a 12 meses: ansiedade com estranhos, desenvolvimento de apego aos cuidadores, imitação de comportamentos, de 1 a 2 anos: demonstração de preferências por brinquedos e pessoas, início da capacidade de brincar ao lado de outras crianças (brincadeiras paralelas). por fim no desenvolvimento de linguagem: recém-nascido a 2 meses: Emissão de sons básicos, choro para comunicar necessidades, de 3 a 6 meses: balbucio, imitação de sons, resposta a vozes e tons de 7 a 12 meses: Uso de sílabas repetitivas (“bababa”, “da da da”), compreensão de palavras simples e instruções de 1 a 2 anos: uso de palavras individuais, combinação de palavras em frases simples, resposta a comandos simples. E em específico na página 87 e 88, apresenta o M-CHAT-R (Modified Checklist for Autism in Toddlers, Revised) é uma ferramenta de triagem usada para identificar o risco de autismo em crianças pequenas, geralmente entre 16 e 30 meses de idade, é utilizado para ajudar os profissionais de saúde e os pais a detectar sinais precoces de transtornos do espectro autista (TEA). A triagem envolve uma série com 20 perguntas que abordam comportamentos e interações sociais da criança, e os resultados ajudam a determinar se é necessário um acompanhamento mais aprofundado. 

Rufino et al., (2022), em sua pesquisa aponta sobre a necessidade dos familiares em compreenderem a importância da realização das consultas de puericultura regularmente, pois é fundamental para a detecção precoce de sinais de autismo infantil, possibilitando intervenções adequadas e o acompanhamento do desenvolvimento da criança, toda assistência prestada durante essas consultas deverão ser voltadas ao desenvolvimento da criança previstos para a idade, somente assim ajudará com seu olhar profissional a descobrir precocemente sinais e sintomas do TEA, oferecendo uma assistência de enfermagem e indo além podendo passar informações sobre os direitos que  a criança com TEA passa a ter posterior ao fechamento de diagnóstico. 

O transtorno do espectro autista (TEA) pode ser observado logo nos primeiros meses de vida, através de sinais que afetam a interação social, linguagem e comportamento da criança. É fundamental que a avaliação do desenvolvimento infantil seja feita antes dos três anos de idade, pois os primeiros indícios de autismo geralmente se manifestam antes desse período. É importante considerar a criança de maneira integral, levando em conta todos os aspectos biopsicossociais. Dessa forma, a vigilância em saúde deve incluir medidas de promoção, avaliação e reabilitação da saúde, contando com o apoio de profissionais de saúde de diversas áreas.(Costa CS, 2021) 

Corrêa et al., (2021), caracterizam a sua pesquisa com 9 enfermeiras com idades entre 29 e 54 anos que atuavam em ESF no interior de São Paulo, os resultados apontaram que as mesmas apresentavam dificuldade em relação à definição do TEA, e a percepção quanto a importância da triagem precoce juntamente com as estratégias para identificação dos sinais e os distratores. 

DISCUSSÃO 

As primeiras descrições modernas do autismo foram realizadas nos anos 1940, por Leo Kanner, onde publicou em 1943 o artigo ―Os distúrbios autísticos do contato afetivo, consoante a isso o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mental (DSM-V) conceitua o transtorno do espectro autista (TEA) como um distúrbio neurológico caracterizado por comprometimento da interação social, diálogo verbal e não verbal, pelo comportamento restrito, repetitivo e no uso da imaginação. (Silva et al., 2024) 

Conforme Mattoso (2021), o transtorno do espectro autista (TEA) é um fator que pode comprometer crianças antes dos três anos de idade no qual apresenta características em seu comportamento, como ser repetitivo nos seus atos e restritivo no no seu cotidiano, o TEA compromete o desenvolvimento motor, psicológico e neurológico, acarretando dificuldades na sua cognição, linguagem e comunicação no convívio social dos mesmos. 

Conforme Murari, et al., (2019) indicam a prática profissional importante para reconhecer TEA: (a) ouvir preocupações dos pais sobre o desenvolvimento da criança; (b) encaminhar o mais rápido possível para poder ser avaliado por um profissional especializado; (c) não se preocupar apenas com diagnóstico, mas também com planejamento, ajuda e apoio às famílias; (d) acompanhamento de perto e desenvolvimento fazendo o uso de questionários para ajudá-lo em um possível diagnóstico, porque se os pais não trouxerem preocupação, não significa que elas não existem; (e) cada criança tem atrasos no desenvolvimento, especialmente domínios sociais e de linguagem, deve enviar a avaliação audiológica; (f) irmãos mais novos de crianças diagnosticadas com TEA devem ser monitoradas. 

Conforme Martins et al., (2021) mostra que os enfermeiros dividem a comunicação em duas facetas, incluindo: fatores que influenciam na comunicação e métodos de comunicação com a criança, os fatores que impactam a comunicação incluem a dinâmica do serviço, características da criança, tecnologia que ela usa, comportamento e familiares. Portanto, as estratégias de comunicação consideram cinco ações diferentes, incluindo quais: confiança dos acompanhantes, estar atento, acompanhantes como interlocutores e conexão entre os profissionais e os serviços que eles fornecem. 

Conforme Corrêa et al., (2021) aborda em seu estudo sobre a importância da detecção de sinais iniciais de alterações no desenvolvimento, os indicadores comportamentais de TEA (motores, sensoriais, rotinas, falas, aspecto emocional), os instrumentos de triagem, a avaliação diagnóstica e classificações. 

Diante desse cenário, compreende-se a relevância do papel da enfermagem na realização da puericultura como essencial para o rastreamento e identificação precoce dos sinais de autismo, por meio da avaliação e acompanhamento regular do crescimento e desenvolvimento infantil, utilizando ações de proteção, prevenção de doenças e promoção da saúde da criança, deve realizar, incentivar e se atentar para a triagem do TEA em crianças brasileiras no contexto da atenção primária à saúde. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

O estudo permitiu constatar o papel fundamental do enfermeiro na consulta de puericultura diante da criança com a hipótese diagnóstica do TEA, agir frente ao desafio da ampliação do conhecimento para poder prestar uma assistência precoce ao identificar os sinais. Pode se concluir por meio deste estudo que a falta de conhecimento, de informações precisas e do acolhimento pelo enfermeiro as crianças autistas e seus familiares podem causar prejuízos à assistência e por isso, deve ser dada uma atenção para a necessidade de uma melhor formação sobre o TEA para os enfermeiros atuantes na realização da consulta de puericultura.

REFERÊNCIAS 

1. CARVALHO, Rayane Raquel Coe da Silva et al. Transtorno do espectro autista em crianças: desafios para a enfermagem na atenção básica à saúde. Saúde e Tecnologias Educacionais, Rio de Janeiro, v. 1, p. 1-14, 19 jan. 2021. 

2. CORRÊA, Isabela Sôter et al. Indicadores para triagem do transtorno do espectro autista e sua aplicabilidade na consulta de puericultura: conhecimento das enfermeiras. Revista de APS, Rio de Janeiro, v. 1, p. 1-14, 24 abr. 2021. 

3. COSTA, C. S.; GUARANY, N. R. O reconhecimento dos sinais de autismo por profissionais atuantes nos serviços de puericultura na Atenção Básica. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 31-44, 2021. DOI: 10.47222/25263544.rbto33841. 

4. Enfermagem melhora qualidade de vida dos pacientes autistas: consultório voltado para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) adapta atendimentos para o paciente e sua família. Atualizada. COFEN: Ascom, 4 out. 2021. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/enfermagem-melhora-qualidade-de-vida-dos-pacientesautistas_91927.html. Acesso em: 31 maio 2023. 

5. POLIDORO, Tais Cristina et al. A importância da puericultura na atenção básica de saúde e sua correlação com o transtorno do espectro autista: uma revisão integrativa. Autismo, Unifadra-Fundec, v. 1, p. 1-11, 25 set. 2022. 

6. PEREIRA, Tarciana Barbosa et al. O enfermeiro nos cuidados ao paciente no transtorno do espectro. Autismo Infantil, Estácio-Recife, v. 7, n. 2, p. 1-13, 15 mar. 2022. 

7. RANALLI, Nadia. Implantação e testagem de um modelo escalonado de avaliação de sinais precoces de autismo na atenção básica de saúde. TEA, [s. l.], v. 1, 17 fev. 2022. 

8. RUFINO, Adriele et al. Transtorno do espectro autista (TEA): a importância da informação e suporte às crianças com autismo e seus familiares. TEA, São Paulo, v. 1, 2022. 

9. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA), p. 17, 32, 39. Brasília, DF, 2014.

10. SILVA, Adriana et al. Percepção das famílias e a relevância do enfermeiro sobre o TEA no CAPS. Revista Multidisciplinar do Sertão, 2024. Disponível em: file:///C:/Users/POSITIVO/Music/document.pdf. Acesso em: 19 set. 2024. 

11. BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta da Criança. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/saude-da-crianca/caderneta. Acesso em: 01 set. 2024. 

12. BRASIL. Ministério da Saúde. TEA: saiba o que é o transtorno do espectro autista e como o SUS tem dado assistência a pacientes e familiares. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/abril/tea-saiba-o-que-e-o-transtorno-doespectro-autista-e-como-o-sus-tem-dado-assistencia-a-pacientes-e-familiares. Acesso em: 01 set. 2024.


1 Centro Universitário Aparício Carvalho – FIMCA. Porto Velho – Rondônia.