A PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E A SAÚDE MENTAL DO COLABORADOR  

ORGANIZATIONAL PSYCHOLOGY AND THE MENTAL HEALTH OF THE EMPLOYEE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7341572


Eduarda Karoliny Melo Pereira¹
Wollace Scantbelruy²


RESUMO

O estudo aborda a psicologia organizacional na prevenção de doenças mentais causadas por fatores psicossociais relacionadas ao ambiente de trabalho, evidenciando o surgimento do estresse ocupacional, ansiedade e depressão por conta da carga excessiva de tarefas ou de outros fatores que estejam relacionadas a ergonomia ou a qualidade de vida no trabalho. Salientando sobre o papel da psicologia dentro das empresas para promover a melhoria da produtividade. O objetivo geral do estudo é discutir o papel da psicologia organizacional na prevenção do estresse, ansiedade e depressão no ambiente de trabalho. O percurso metodológico utilizado para elaboração da pesquisa ocorreu por meio de 2 etapas sendo a primeira a pesquisa exploratória que permitiu conhecer o tema de forma aprofundada para elaborar a segunda etapa que foi a pesquisa bibliográfica, onde foi feita a busca por materiais informacionais nas bases de dados online e materiais físicos, já publicados. para utilização desses materiais na pesquisa, foi feita a comparação das informações disponibilizadas em cada obra para identificar a importância dessas informações para o presente estudo. Portanto, a pesquisa contribuiu para a compreensão do papel da psicologia organizacional na prevenção de doenças mentais, conceituando e caracterizando algumas doenças comuns que podem ocorrer por conta dos riscos psicossociais relacionadas às condições de trabalho dentro da empresa.

Palavras-chave: Psicologia Organizacional. Ansiedade. Depressão. Estresse.

ABSTRACT

The study approaches organizational psychology in the prevention of mental illnesses caused by psychosocial factors related to the work environment, showing the emergence of occupational stress, anxiety and depression due to the excessive load of tasks or other factors that are related to ergonomics or quality of life at work. Emphasizing on the role of psychology within companies to promote improved productivity. The general objective of the study is to discuss the role of organizational psychology in the prevention of stress, anxiety and depression in the workplace. The methodological path used to elaborate the research took place through 2 stages, the first being the exploratory research that allowed to know the theme in depth to elaborate the second stage, which was the bibliographical research, where the search for informational materials in the databases was carried out. online data and physical materials, already published. for the use of these materials in the research, a comparison was made of the information available in each work to identify the importance of this information for the present study. Therefore, the research contributed to the understanding of the role of organizational psychology in the prevention of mental illnesses, conceptualizing and characterizing some common illnesses that may occur due to psychosocial risks related to working conditions within the company.

Palavras-chave: Psicologia Organizacional. Ansiedade. Depressão. Estresse.

1 INTRODUÇÃO

O estudo discute a psicologia organizacional como uma importante aliada na prevenção de doenças que podem prejudicar a saúde mental do trabalhador, construindo estratégias para manter a qualidade de vida e a produtividade no ambiente de trabalho, garantindo ao colaborador ações que possam agregar melhorias dentro das organizações. Em virtude de que o estresse, a ansiedade e a depressão são riscos psicossociais existentes no ambiente de trabalho que podem prejudicar diretamente a saúde mental do colaborador, bem como interferir na qualidade de vida e na produtividade dentro da empresa. desse modo é importante que a psicologia organizacional esteja ativa para prevenir a ocorrência desses transtornos. Diante disso o estudo busca responder a seguinte indagação: 

Estima-se que o psicólogo que atua no setor organizacional precisa identificar qual o perfil de cada colaborador dentro da organização para atuar por meio de ações que busquem promover a saúde e a qualidade de vida dentro da empresa, trabalhando para melhorar o clima organizacional. Pois, esse profissional é responsável por tornar o ambiente de trabalho acolhedor, harmonioso e favorável para a execução das tarefas e a garantia da produtividade.

A pesquisa é importante para evidenciar as diversas situações cotidianas que podem ocorrer nas empresas e que podem prejudicar a saúde mental do colaborador, tornando possível a ocorrência de transtornos como o estresse, a ansiedade ou a depressão, causadas por diversos fatores que estão relacionadas aos fatores psicossociais decorrentes de falhas ergonômicas no ambiente de trabalho. Portanto, é fundamental que, não somente estudantes e pesquisadores da área da psicologia tenham acesso a esse tipo de informação, mas que qualquer pessoa que tenha interesse pelo tema, consiga compreender aquilo que o estudo propõe.

O objetivo geral do estudo é discutir o papel da psicologia organizacional na prevenção do estresse, ansiedade e depressão no ambiente de trabalho. Para isso busca-se alcançar os objetivos específicos que são: entender o que é a psicologia organizacional; caracterizar o estresse ocupacional e descrever a ansiedade e a depressão como transtornos psicossociais no ambiente de trabalho.

O estudo está organizado de acordo com os objetivos específicos apresentando o tópico de psicologia organizacional onde está descrito o conceito dessa função, o papel do psicólogo dentro da organização para garantir a qualidade de vida e a saúde física e mental dos trabalhadores. por conseguinte, descreve-se o estresse é ocupacional a ansiedade e a depressão.

Trata de dois tipos de pesquisas que estão relacionadas entre si, para obter os melhores resultados possíveis. Na primeira etapa, onde foi realizada a pesquisa exploratória para obter informações sobre o tema a ser abordado e possibilitar a sua delimitação. Severino, (2007, p. 123), afirma que “a pesquisa exploratória busca apenas levantar informações sobre um determinado objeto de estudo, delimitando assim um campo de trabalho, mapeando as condições desse objeto”. O autor remete a pesquisa como ferramenta para delimitar o objeto de estudo, desta forma teria sido determinado o objetivo da pesquisa, juntamente com o objeto a ser estudado. Na segunda etapa, foi realizada a pesquisa bibliográfica, para o levantamento de informações na literatura, ou seja, uma busca específica sobre o tema em obras publicadas.

As duas etapas tornam possível a obtenção de informações para a fase de análise de resultados. De outro modo, utiliza-se como fonte para a coleta de dados bibliográficos: artigos científicos, monografias e revistas científicas que abordassem a temática. O critério de seleção e coleta de dados desses materiais bibliográficos é que abordem temas semelhantes ao desta pesquisa, possuindo credibilidade na fonte, além de estar disponibilizada em bases de dados científicas e em livros para realizador o método comparativo.

Portanto, o estudo aponta a importância da psicologia organizacional para garantir a qualidade de vida dos colaboradores, evidenciando ações que podem garantir a prevenção da saúde mental dentro da empresa, de acordo com a visão estratégica desse profissional na correta distribuição de tarefas e na promoção de ações que possam proporcionar um ambiente de trabalho saudável, descrevendo os fatores psicossociais que podem estar relacionados ao desenvolvimento de transtornos como o estresse ocupacional, ansiedade e a depressão, desenvolvida por conta dos fatores ergonômicos ou psicossociais que estejam relacionados as condições insalubres no qual o colaborador esteja exposto no ambiente de trabalho.

2 SAÚDE MENTAL E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Assim como a saúde do nosso corpo, a saúde da mente também é extremamente relevante, os impactos que a saúde mental gera na vida de uma pessoa pode comprometer diferentes áreas, como: profissional, relacionamentos e, até mesmo, a relação consigo mesmo. 

Segundo Camargo (2014) a saúde mental pode, às vezes, ser compreendida por seu caráter invisível, isso quer dizer que ela não é tão óbvia quanto algumas limitações físicas, isso faz com que as pessoas criem expectativas um pouco irrealista sobre a forma como ela funciona e as formas de cuidar da saúde mental, ou de lidar com esse sofrimento, sendo assim, é natural que as pessoas questionem o real impacto, a dor que a pessoa está sentindo, a própria pessoa, às vezes, pode questionar se isso não é uma fraqueza ou se ela é inadequada demais por estar sofrendo desta forma. 

Nessa perspectiva, cuidar da saúde mental dos colaboradores dentro de uma organização é fundamental para garantir não somente a produtividade em relação a mão de obra, mas proporcionar qualidade de vida dentro das organizações para que os colaboradores possam executar suas atividades de forma humana, garantindo a integridade física e mental através da promoção de um ambiente de trabalho saudável. 

É possível pensar que a saúde mental precisa ser trabalhada em todos os momentos e áreas da vida da pessoa, considerando as inúmeras questões que estão relacionadas aos transtornos psicológicos que podem ser desenvolvidos durante todas as fases da vida. segundo o Relatório Mundial Da Saúde, disponibilizado pela OMS (2001) “a vida real também está cheia de problemas para muitas pessoas, como o isolamento, a falta de transportes e comunicações, e as limitadas oportunidades educacionais e econômicas”.

No entanto, no que tange a responsabilidade nas organizações para prevenir a saúde mental dos colaboradores, é importante compreender que dentro dos fatores ergonômicos de uma empresa, precisa ter como prioridade a qualidade de vida no trabalho. Visto que, a ergonomia como uma parte da QVT tem a função de gerar o desenvolvimento das situações de trabalho, tanto nos aspectos materiais, quanto nas ferramentas sociais e organizacionais obtendo o objetivo maior de saúde, segurança, conforto, satisfação e eficácia no desempenho das atividades do trabalhador. Pois, “a saúde mental do trabalhador remete à vivência do indivíduo no meio ambiente de trabalho, e é inseparável da perspectiva da Organização do Trabalho” (BATISTA JÚNIOR, 2017, p. 31).

Ao tratar da qualidade de vida é importante verificar que, no seu contexto histórico, o homem já busca meios para tornar as suas atividades objetivas e satisfatórias desde os primórdios de sua existência. Porém, foi a partir de 1950 que iniciou o movimento de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), e somente a partir dos anos 60 retomou-se o interesse pela pesquisa sobre o tema. A QVT está relacionada a função administrativa e, é considerada uma temática importante, pois, desde os anos 60, ela impulsiona a conscientização da melhoria na organização do trabalho, visando melhorar as condições trabalhistas para os colaboradores.  

Segundo Tofoli (2019, p. 04) “a qualidade de vida está relacionada aos valores culturais e sociais, de cada indivíduo, tal como as condições oferecidas a ele, para que se desenvolva de forma independente em uma sociedade”. Para Lima (2018) a qualidade de vida está interligada a cultura organizacional de uma empresa. Desse modo, Lobo (2020) afirma que é preciso garantir que o ambiente interno de uma organização seja um ambiente de extrema cooperação, confiança e estímulos. O papel da gestão de pessoas na QVT é garantir que o investimento seja mútuo e, portanto, para que o funcionário seja produtivo, a empresa precisa garantir boas condições para a realização do trabalho. Desse modo, o ambiente de trabalho pode influenciar a vida do trabalhador, tanto física, quanto mental. Portanto, existe a necessidade de implantações de programas de bem-estar dos colaboradores.

A qualidade de vida no trabalho trata-se da relação do bem-estar dos colaboradores e as condições de trabalho. Para Lobo (2020) a QVT refere-se as características relacionadas a um produto ou serviço que buscam promover satisfação e benefícios a um grupo de pessoas inseridas em uma organização. Estima-se que o dia a dia possa gerar um pouco de desgaste físico e mental por conta das atividades a serem realizadas.

Para Motta (2015, p. 17):

A monotonia, a fadiga e motivação são três aspectos muito importantes que devem ser observados na produtividade do trabalhador. A monotonia e a fadiga estão presentes em todos os trabalhos e, quando não podem ser eliminados, podem ser controlados e substituídos por ambientes mais interessantes e motivadores.

Estes problemas podem ocorrer no trabalho quando houver uma ausência de motivação e estímulos positivos em relação as funções a serem executadas. Assim, os trabalhadores acabam produzindo menos e suas atividades podem gerar resultados negativos para a empresa. Neste ponto de vista, há a necessidade de haver acompanhamento e orientação do profissional competente da psicologia organizacional promover ações para melhorar as condições de trabalho, a produtividade e aumentar o índice de satisfação dos colaboradores em relação a este ambiente. 

Segundo estudos realizados por Heloani e Capitão (2003, p. 106):

O trabalho como regulador social é fundamental para a subjetividade humana, e essa condição mantém a vida do sujeito; quando a produtividade exclui o sujeito podem ocorrer as seguintes situações: reatualização e disseminação das práticas agressivas nas relações entre os pares, gerando indiferença ao sofrimento do outro e naturalização dos desmandos administrativos; pouca disposição psíquica para enfrentar as humilhações; fragmentação dos laços afetivos; aumento do individualismo e instauração do pacto do silêncio coletivo; sensação de inutilidade, acompanhada de progressiva deterioração identitária; falta de prazer; demissão forçada; e sensação de esvaziamento. As condições laborais, bem como as relações diretas entre os trabalhadores, influenciam diretamente a qualidade de vida. Essa, portanto, torna-se, nessa perspectiva, estratégica para a sobrevivência e desenvolvimento futuros das organizações (HELOANI; CAPITÃO, 2003, p. 106)

Portanto, garantir a qualidade de vida dentro do ambiente de trabalho pode contribuir para a melhoria da produtividade, contrariando aquilo que está sendo discutido pelo autor sobre as condições de trabalho, que podem, por vezes gerar sofrimento, entre outros fatores psicossociais, relacionadas às condições a qual o colaborador está exposto no cotidiano organizacional.

2.1 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL

A psicologia organizacional ou do trabalho está inserida. em contextos corporativos com o objetivo de estudar o comportamento humano dentro das organizações, com o intuito de promover a integração dos indivíduos com a empresa, levando em conta a subjetividade, capacidade e afinidade de cada colaborador, assim, gerando tanto produtividade para a empresa, como também qualidade de vida para o colaborador. 

É uma importante aliada na prevenção do desenvolvimento de transtornos como o estresse, ansiedade e a depressão no ambiente de trabalho decorrente de fatores organizacionais como a carga excessiva de trabalho, o excesso de tarefas ou desvio de função, entre outros fatores que podem interferir diretamente na produtividade do colaborador (ZANELLI, 2004).

Nasceu com estudos relativos à ampliação do trabalho dentro das organizações, com aplicação de testes psicológicos, recrutamento e seleção de colaboradores, sendo denominada de psicologia industrial, visto que, naquela época, durante o período da Revolução industrial, o objetivo era a produtividade e os lucros desconsiderando a qualidade de vida dos colaboradores e dessa forma favorecendo o ambiente de adoecimento mental e físico provenientes desses trabalhos (ZANELLI, 2004).  

Os anos se passaram e a evolução dos estudos nessa área também e a psicologia industrial passou a ser chamada de psicologia organizacional e do trabalho com novos objetivos e cuidados tanto em relação ao crescimento da empresa quanto aos cuidados com os colaboradores, possibilitando um ambiente favorável e harmonioso, assim, a psicologia organizacional busca promover um equilíbrio entre os dois lados da moeda, ou seja, empregado e empregador (SPECTOR, 2006).

Atualmente, com os crescentes avanços em estudos relacionados ao tema, a psicologia organizacional e do trabalho visa o crescimento tanto da empresa, como do colaborador, objetivando um ambiente saudável e acolhedor, afinal, a maior parte das pessoas passa mais tempo no trabalho (ROTHMANN, 2017). O psicólogo busca além de manter o ambiente acolhedor, a boa relação entre os funcionários e suprir a importância de dar voz ativa a todos, a integração da equipe, o respeito ao horário de pausa para o almoço, enfim, o crescimento de ambos (TONETTO, 2008).

Além de agir como facilitador nos processos de realizar o recrutamento e seleção, o psicólogo lida diretamente com ações de acompanhamento pessoal, aplicação de testes, treinamento, avaliação de desempenho, aconselhamento psicológico, orientação, treinamento e diagnóstico organizacional, e análise de função e, cada uma dessas áreas tem suas especialidades e objetivos muitas vezes dividida por setores (BORGES, 2005).

Diante disso, é importante citar que é a psicologia organizacional é a principal responsável por garantir a qualidade de vida e a produtividade do colaborador, por meio de programas e ações que possam garantir a saúde mental e física no ambiente de trabalho. A qualidade de vida no trabalho trata-se da relação do bemestar dos colaboradores e as condições de trabalho. Para Lobo (2020) a QVT referese as características relacionadas a um produto ou serviço que buscam promover satisfação e benefícios a um grupo de pessoas inseridas em uma organização. No entanto, existe alguns fatores que podem tornar propicio o surgimento de transtornos como a ansiedade e a depressão, ou mesmo, o estresse ocupacional.

2.2 ESTRESSE OCUPACIONAL, ANSIEDADE E DEPRESSÃO

O estresse ocupacional pode ocorrer por conta das funções administrativas, pode acontecer de o responsável pelo setor exigir a realização de muitas tarefas em curto espaço de tempo para que elas sejam executadas, sobrecarregando, portanto, este colaborador e tornando sua função exaustiva, podendo diminuir a sua produtividade. É um sentimento de incomodo e irritação causada por fatores externos. Chiavenato (2014) afirma que o estresse é a soma de sentimentos gerados por perturbações ou situações de conflitos e pode ser ocasionado também pelo acúmulo de tarefas e a sobrecarga de trabalho dentro das organizações. 

Segundo PRADO (2016, p. 286):

Os trabalhadores cujas atividades dependem de alto grau de responsabilidade, agilidade de decisão e outras vertentes que exijam resultados satisfatórios estão cada vez mais renunciando ao lazer e ao descanso que o corpo e a mente necessitam para se restabelecerem.

Essas situações de cobranças exageradas no trabalho e prejudicando a saúde do colaborador, que por vezes, acaba cobrando demais de si mesmo, e deixando de realizar atividades prazerosas que possam ser distrações, liberando os sentimentos de preocupação e minimizando o estresse por conta das obrigações do trabalho. 

Segundo Silva e Salles (2016, p. 238):

O estresse ocupacional é então a sensação particular de desequilíbrio entre o trabalho e o emocional do colaborador, podendo ser causado por medo de fracassar, cansaço físico e emocional, falta de apoio por parte dos seus superiores, ambiente de trabalho altamente competitivo, jornada longa de trabalho, dentre outros.

Segundo Petarli et. al. (2015), o estresse ocupacional, atualmente, é um dos maiores causadores de doenças ocasionadas no ambiente de trabalho. Isso porque as condições de trabalho a qual o colaborador está exposto pode fazer com que ele diminua o ritmo de atividades saudáveis e aumente o ritmo da rotina de trabalho por do volume excessivo de cobranças no ambiente organizacional.

Dessa forma, podemos compreender o estresse ocupacional causado por circunstâncias de demandas excessivas de trabalho, que acaba causando, também, desgaste ao funcionário, consequentemente, diminuindo a produtividade nas atividades do trabalho. Deste modo, Giuliani (2010) afirma que o estresse ocupacional é prejudicial tanto para a saúde do colaborador quanto para a organização. Identificar as causas do estresse em determinada situação do cotidiano é fundamental para modificar as reações consequenciais de estímulos que podem gerar essa pressão psicológica, dessa forma é possível aumentar a qualidade de vida. Visto que:

O ser humano tem acumulado cada vez mais tarefas e vivem angustiados, buscando formas de administrar a vida pessoal e profissional. Na sobrevivência diária, a cada momento são solicitados reflexos rápidos e pensamentos acelerados, intensificando a sensação de mal-estar. O efeito de todo esse mal-estar, invariavelmente é atribuído ao estresse (ABRAHAO; CRUZ, 2008, p. 107).

De modo, é possível refletir em uma situação comum na contemporaneidade, pois as pessoas têm aumentado a frequência de suas atividades rotineiras, e isso, pode ser a causa do mal-estar frequente das mesmas. Portanto é possível perceber a diminuição da qualidade de vida por conta da rotina excessiva de trabalho, estudos, tarefas domésticas, entre outras diversas atividades relacionadas ao dia a dia de cada pessoa, afinal, “o estresse é uma consequência incontestável da vida moderna” (BRUCE, 2015, p. 18).

Em outra perspectiva, considera-se importante falar sobre algumas coisas que podem desencadear um tipo de ansiedade mais intensa no ambiente de trabalho, para isso necessita observar qual a intensidade e a frequência e a duração dessa emoção para entender, de fato, se é um problema. Quando esses fatores estão ligados à sobrecarga de trabalho, é algo extremamente comum, não está sob o controle da pessoa ansiosa, pois a pessoa que cumprir muitas tarefas e pode desencadear o desespero, seguido de pensamentos como: “será que eu vou dar conta? será que eu estou sendo útil?”. 

Desse modo, começam a surgir alguns pensamentos em relação à capacidade de cumprir aquela tarefa, só um momento social, sem dúvidas, pode diminuir o humor tanto em relação à ansiedade, quando a tristeza, irritabilidade, na verdade, a pessoa começa a se sentir mais triste, isso pode causar algum tipo de irritabilidade e, portanto, ela começa a ficar ansiosa, uma coisa leva a outra.

Segundo Fernandes (2017, p. 2345):

A ansiedade é um sentimento de medo vago e desagradável que se manifesta como um desconforto ou tensão decorrente de uma antecipação do perigo, de algo desconhecido, enquanto os TAs compartilham características de medo e ansiedade excessiva, além de perturbações comportamentais. Esses transtornos diferem entre si nos objetos ou situações que induzem ao medo, à ansiedade ou ao comportamento de esquiva e a ideação cognitiva associada. Assim, diferenciam-se da ansiedade por serem mais intensos e persistirem além dos períodos apropriados para o desenvolvimento normal.

Diante disso, entende-se que a ansiedade decorrente dos fatores relacionados ao ambiente de trabalho pode surgir pode meio dos sentimentos de medo, desconforto, irritabilidade ou tensão por conta do excesso de cobranças relacionadas as atividades organizacionais. No quadro abaixo, caracteriza-se alguns casos específicos que podem surgir como consequência da ansiedade no ambiente de trabalho. 

Esse tipo de situação decorrente da má distribuição de tarefas a serem realizadas diariamente, gerando uma sobrecarga de trabalho que precisam ser organizadas continuamente. Kanaane et. al. (2010) aponta também sobre a importância de levantar informações sobre o clima e a cultura organizacional, de modo a compreender como os colaboradores reagem a esses fatores. Pois, o clima organizacional pode influenciar no comportamento dos membros da organização, podendo afetar os níveis de motivação do trabalho. 

Diante disso além de perceber quando há o excesso de distribuição de tarefas, é importante que os profissionais responsáveis por garante a qualidade de vida no trabalho estejam atentos ao clima organizacional para que os funcionários possam realizar suas funções de forma saudável, previne do surgimento de transtornos psicológicos, como a ansiedade:

Quadro 1

Caracterização de diferentes tipos de ansiedade
Fonte: Zamignani e Banaco (2005).

Cada uma dessas situações pode ocorrer por conta dos casos mais graves de ansiedade causados por situações relacionadas ao trabalho organizacional. torna-se ainda mais preocupante a questão da ansiedade quando generalizada ou aguda, pois entende-se que as consequências dessas crises em podem causar danos psicossociais irreversíveis. Pois, trata-se de “um estado emocional com componentes psicológicos e fisiológicos, que faz parte das experiências humanas, podendo passar a ser patológica quando é desproporcional à situação que a desencadeia” (SCHMIDT, 2011, p. 06).

Com o surgimento da ansiedade, a pessoa começa a sentir mais triste, isso pode causar algum tipo de irritabilidade, uma coisa vai levando a outra, os pensamentos negativos e ansiosos aparecem com muito mais frequência e, é claro, pensar exige muita capacidade de energia da mente e o cérebro, geralmente, ele presa pela economia. Um exemplo disso, é a pessoa que passa oito horas por dia trabalhando, mas boa parte desse horário ela está ali pensando e com pensamentos negativos que podem lhe afetar psicologicamente, com isso os pensamentos acabam consumindo uma parte do seu cognitivo, uma parte da sua memória, trazendo lembranças à tona, da sua concentração e atenção em ficar ali pensando naquele mesmo problema.

Outra consequência bem complicada dos fatores psicossociais no ambiente de trabalho é a depressão, considerando o fato de que existe uma lista de doenças que são entendidas como ocupacionais, ou seja, são doenças que têm origem e nexo causal com o ambiente de trabalho (SCHMIDT, 2011). Os transtornos psiquiátricos, em geral, não estão alocados dentro das doenças ocupacionais, isso porque acredita-se que a causa de um transtorno psiquiátrico é multifatorial, isso significa que existem fatores genéticos, fatores na vida particular da pessoa ou fatores do ambiente que a pessoa vive, dos hábitos, do comportamento, da atitude da pessoa diante da vida, por isso, em geral, não são considerados ocupacionais dos transtornos psiquiátricos, porém, no entendimento mais recente da justiça, há casos em que a depressão é considerada uma doença ocupacional, isso traz, certamente, muitos encargos e preocupações para a empresa porque a empresa é responsável por propiciar ao colaborador um ambiente de trabalho saudável. Desse modo, de acordo o SEJUS (2011) a depressão pode constituir-se em um único episódio depressivo, mas é comum a ocorrência repetida de vários episódios, ao longo do tempo.

No ambiente de trabalho a constante cobrança por parte de lideranças, a competitividade, a necessidade de resultados, além de problemas de acidentes de trabalho ou com a saúde ocupacional podem acabar se tornando fatores que provocam distúrbios depressivos em milhões de pessoas no mundo todo (ON SAFETY, 2021).

Portanto, ao tratar a depressão no ambiente de trabalho com uma doença ocupacional é possível compreender suas causas como sendo: a alta competitividade no ambiente de trabalho, a busca por mostrar resultados positivos daquilo que está sendo feito de acordo com a sua função, isso porque existem algumas empresas situações em que há necessidade de expor aquilo que está sendo feito. essa competitividade não saudável entre os funcionários pode ocasionar uma pressão muito grande tornando o ambiente de trabalho insalubre ou inadequado para os colaboradores.

De acordo com o SEJUS/DF (2011), os principais sintomas da depressão se caracterizam como:

Os sintomas depressivos podem ser didaticamente classificados em emocionais e/ou cognitivos e sintomas físicos: Tristeza ou humor deprimido; Apatia; Baixa autoestima e sentimento de culpa e de inutilidade; Falta de motivação e de vontade de fazer atividades antes prazerosas; Medos que antes não existiam; Perda ou aumento de apetite; Alto grau de pessimismo; Indecisão e insegurança; Insônia ou hipersonia; Sensação de vazio; Irritabilidade; Atenção e concentração reduzidas; Raciocínio mais lento; Esquecimento; Ansiedade e/ou angústia; Redução do interesse sexual; Pensamentos de morte ou suicidas.  

Esses sintomas podem ser percebidos pela pessoa e, ainda assim, ela pode tentar não demonstrar aquilo que está sentindo por diversos motivos, isso porque há um preconceito grande no ambiente organizacional de que a pessoa que está depressiva tem o objetivo de chamar a atenção ou de que as pessoas se comovam com aquilo que elas estão sentindo. O sentimento de culpa, principalmente, pode surgir se a pessoa tiver alguma tarefa que não está conseguindo cumprir, o que pode prejudicar ainda mais a produtividade no ambiente de trabalho, visto que, por mais que a pessoa tente e se esforce para cumprir todas as suas obrigações, a depressão pode ocasionar diversos fatores que podem prejudicar o colaborador no dia a Dia do Trabalho. Segundo On Safety (2021):

A depressão no trabalho é um assunto de saúde ocupacional e para a Segurança e Saúde do Trabalho demanda mais medidas preventivas e cuidados além dos equipamentos de segurança e de estrutura física nas empresas. É necessário construir um ambiente de trabalho que contribua para a qualidade de vida, reduza o estresse e seja preparado para uma abordagem correta dos riscos psicossociais.

É importante saber como prevenir e como o profissional da psicologia organizacional precisa atuar diante dessas situações, visto que, a depressão como doença ocupacional é algo muito atual eu preciso ser analisado para identificar as causa, de modo que não se torne algo comum dentro das empresas. Segundo dados da On Safety (2021) que expõe o relatório dos índices de depressão no ambiente de trabalho afirma que:

O relatório destaca que as exigências quantitativas, a influência negativa no trabalho, a falta de possibilidades de desenvolvimento, de apoio social dos supervisores e colegas de trabalho e a insegurança no trabalho, isto é, riscos psicossociais provocam sintomas depressivos graves ou de um episódio depressivo grave. Outros exemplos de riscos psicossociais relacionados as condições de são: Carga de trabalho excessiva; Exigências contraditórias e falta de clareza na definição das funções; Falta de participação na tomada de decisões que afetam o trabalhador e falta de controle sobre a forma como executa o trabalho; Má gestão de mudanças organizacionais, insegurança laboral; Comunicação ineficaz, falta de apoio da parte de chefias e colegas; Assédio psicológico ou sexual, violência de terceiros.

Diante das informações citadas verifica se a importância de caracterizar as doenças ocupacionais e perceber o quanto o profissional que atue na psicologia organizacional pode fazer a diferença no ambiente de trabalho, contribuindo para minimizar ou extinguir os fatores psicossociais que podem prejudicar o colaborador e ocasionar doenças como estresse, ansiedade e depressão no ambiente organizacional.

4 CONCLUSÃO

O estudo relacionou a importância da psicologia organizacional para garantir a qualidade de vida no ambiente de trabalho e preveniu surgimento de doenças ocupacionais que estejam relacionados os fatores psicossociais, como o estresse, ansiedade e depressão, decorrentes da carga excessiva de trabalho e outros fatores relacionados ao ambiente organizacional.

É decorrência das informações apresentadas nesta pesquisa percebe-se que a psicologia organizacional é fundamental para garantir que o ambiente de trabalho seja saudável e propício para que os colaboradores possam cumprir com suas tarefas corretamente, garantindo a boa produtividade, a qualidade de vida no trabalho e resultados positivos tanto para os funcionários quanto para a empresa.

Foi possível compreender que a depressão listada como doença ocupacional é algo muito atual e que os casos relacionados a esse transtorno psicológico precisam ser acompanhados por um profissional habilitado e experiente, para que seja comprovado a relação da doença com o ambiente de trabalho. 

A pesquisa pode contribuir para outros estudos relacionadas à qualidade de vida no trabalho, a produtividade, o clima organizacional, fatores psicossociais ocasionados pela carga excessiva de trabalho, ergonomia, psicologia organizacional, entre outros que estejam relacionados ao tema. 

Portanto, considera-se a realização deste estudo fundamental para compreender a relação do surgimento de transtornos como estresse, ansiedade e a depressão no ambiente de trabalho e como isso pode afetar diretamente a saúde mental do trabalhador e a produtividade dentro da empresa.

Compreende-se que, no ambiente de trabalho é necessário se manter com uma postura adequada, no entanto, entende-se que nos relacionamentos, tanto com os colegas de trabalho. O psicólogo organizacional tem o objetivo também de orientar os funcionários a manterem a boa convivência no ambiente de trabalho, de modo que, eles possam expressar seus sentimentos e ideias de forma correta para evitar conflitos no ambiente de trabalho. 

Prevenir os transtornos psicossociais e garantir a saúde mental dos colaboradores pode trazer inúmeros benefícios tanto para os colaboradores, quanto para a própria empresa, minimizando o índice de afastamentos por conta de doenças ocupacionais e aumentando a produtividade e a motivação, consequentemente, melhorando os resultados por mão de obra.

O papel da psicologia organizacional é trabalhar com ações que possam motivar os colaboradores, além de fazer o mapeamento de situações que podem interferir nas condições de trabalho ou na produtividade. Isso porque, junto com os responsáveis pela gestão de pessoas, é esse profissional que vai identificar qualquer fator que seja capaz de causar danos a saúde mental dos funcionários. 

Portanto, todas informações contidas na pesquisa são fundamentais para caracterizar as doenças mentais que podem surgir durante a execução das tarefas ocupacionais, para que elas possam ser reconhecidas, analisadas e, que sejam determinadas as principais ações de prevenção. 

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¹Autor(a), Centro Universitário Fametro, Brasil.
²Orientador, Centro Universitário Fametro, Brasil.