THE PERCEPTION OF PARENTS AND/OR CAREGIVERS OF CHILDREN SERVED AT A RIDING THERAPY CENTER
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202505281921
Erica Janine Soares Gadelha¹
Ana Caroline Queiroz Trigueiro²
RESUMO: A Equoterapia é definida como uma intervenção terapêutica que emprega o cavalo como um instrumento terapêutico e também como um método educacional dentro de uma abordagem interdisciplinar em várias áreas da vida de pessoas com deficiência e/ou necessidades especiais que visam o desenvolvimento biopsicossocial. Este estudo buscou conhecer a percepção dos pais e/ou cuidadores sobre o desenvolvimento global de crianças praticantes de equoterapia no Centro de Equoterapia (EquoPatos), no município de Patos-PB. Trata-se de uma pesquisa de campo exploratória, descritiva e natureza qualitativa, realizada no Centro Equestre EquoPatos, localizado na cidade de Patos-PB. Os dados foram coletados através de um questionário estruturado contendo questões relacionadas ao perfil da criança e seu cuidador, além dos benefícios da equoterapia no desenvolvimento global da criança, de acordo com a percepção dos seus pais e/ou cuidadores. Foram abordados aspectos comportamentais, socialização, habilidades cognitivas e funcionais, bem como a qualidade de vida geral dos praticantes de Equoterapia.Este estudo considerou a Resolução n° 510/16 do Conselho Nacional de Saúde. Os dados mostram que muitos participantes complementam a equoterapia com outras terapias, principalmente aquelas voltadas ao desenvolvimento motor e da comunicação, como fisioterapia e fonoaudiologia, reforçando a importância do cuidado multidisciplinar no processo de reabilitação. Portanto, pode-se concluir que a equoterapia é uma proposta única e eficaz, pois auxilia na identificação de padrões importantes do desenvolvimento motor, prepara o paciente para a próxima tarefa motora complexa, aumenta sua socialização, proporcionando condições para que ele possa desenvolver simultaneamente outras habilidades correlatas e desenvolver capacidades cognitivas.
Palavras-chave: Desenvolvimento psicossocial. Equoterapia. Terapia assistida por animais.
ABSTRACT: Equine therapy is defined as a therapeutic intervention that uses the horse as a therapeutic instrument and also as an educational method within an interdisciplinary approach in various areas of the lives of people with disabilities and/or special needs that aim at biopsychosocial development. This study sought to understand the perception of parents and/or caregivers about the global development of children practicing equine therapy at the Equine Therapy Center (EquoPatos), in the city of Patos-PB. This is an exploratory, descriptive and qualitative field research, carried out at the EquoPatos Equestrian Center, located in the city of Patos-PB. Data were collected through a structured questionnaire containing questions related to the profile of the child and their caregiver, in addition to the benefits of equine therapy in the global development of the child, according to the perception of their parents and/or caregivers. Behavioral aspects, socialization, cognitive and functional skills, as well as the general quality of life of the Equine Therapy practitioners were addressed. This study considered Resolution No. 510/16 of the National Health Council. The data show that many participants complement hippotherapy with other therapies, especially those focused on motor and communication development, such as physiotherapy and speech therapy, reinforcing the importance of multidisciplinary care in the rehabilitation process. Therefore, it can be concluded that hippotherapy is a unique and effective proposal, as it helps identify important patterns of motor development, prepares the patient for the next complex motor task, increases their socialization, providing conditions for them to simultaneously develop other related skills and develop cognitive abilities.
Keywords: Psychosocial development. Hippotherapy. Animal-assisted therapy.
INTRODUÇÃO
A Equoterapia é uma prática terapêutica que vem ganhando reconhecimento por seus benefícios no desenvolvimento físico, emocional e social de indivíduos com deficiência ou necessidades especiais. Utilizando o cavalo como meio terapêutico, essa abordagem multidisciplinar proporciona uma série de estímulos que auxiliam na reabilitação e na promoção do bem-estar dos praticantes (Godoi et al., 2023). No entanto, além dos efeitos diretos sobre os indivíduos atendidos, a percepção dos pais e/ou cuidadores das crianças que participam dessa terapia é um aspecto crucial para obter resultados.
Logo, a Equoterapia, também conhecida como terapia assistida com cavalos, é definida pela Associação Nacional de Equoterapia – ANDE (2020) como uma intervenção terapêutica que utiliza o cavalo tanto como instrumento terapêutico quanto como um método educacional. Essa prática envolve uma abordagem interdisciplinar, integrando as áreas de saúde, educação e equitação, com o objetivo de promover o desenvolvimento biopsicossocial dos praticantes.
A interação entre a criança, o cavalo e a equipe multidisciplinar vão além dos aspectos motores e cognitivos, envolvendo também fatores emocionais e sociais que impactam diretamente a dinâmica familiar. Portanto, compreender como os pais e cuidadores enxergam os efeitos da equoterapia em seus filhos, bem como suas expectativas, dificuldades e experiências, pode fornecer benefícios valiosos para melhorar o atendimento, fortalecendo habilidades sociais e comportamentais dos pacientes.
Ao corpo estimular e a mente desenvolver, a equoterapia favorece o progresso em diversos aspectos da vida desses indivíduos, além dos benefícios físicos, o cavalo oferece estímulos que melhoram para o desenvolvimento motor, psicológico, social e da linguagem, conforme destacado por Oliveira (2024).
A partir do contexto apresentado, este estudo tem como objetivo principal conhecer a percepção dos pais e/ou cuidadores sobre o desenvolvimento global de crianças praticantes de Equoterapia no município de Patos-PB.
Assim, foram apresentados aspectos comportamentais, socialização, habilidades cognitivas e funcionais, bem como a qualidade de vida geral dos praticantes de Equoterapia. Este estudo considerou a Resolução n° 510/16 do Conselho Nacional de Saúde. Os dados irão mostrar que muitos participantes complementam a equoterapia com outras terapias, principalmente aquelas voltadas ao desenvolvimento motor e da comunicação, como fisioterapia e fonoaudiologia, reforçando a importância do cuidado multidisciplinar no processo de reabilitação.
METODOLOGIA
Este estudo é uma pesquisa de campo exploratória e descritiva, de natureza qualitativa, utilizando o método de investigação em campo. Foi realizado no Centro Equestre EquoPatos, situado na cidade de Patos-PB. A população da pesquisa foi composta por pais e/ou cuidadores das crianças atendidas no referido Centro de Equoterapia, sendo uma amostra formada por 19 voluntários que aceitaram participar, com base em segmentos de acessibilidade.
Como critérios de inclusão e exclusão dos voluntários na pesquisa foi necessário como pré-requisito, para inclusão foi exigido que pais e/ou cuidadores de crianças que participassem de pelo menos quatro sessões de equoterapia no Centro EquoPatos. Aqueles que não concordaram em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE – Apêndice A) foram excluídos do estudo.
A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário sóciobiodemográfico (Apêndice B), desenvolvido pelo pesquisador, com o objetivo de traçar o perfil da amostra em relação a dados pessoais do cuidador e/ou responsável, dos praticantes e os benefícios quanto a prática da equoterapia.
Um questionário estruturado, elaborado pelos autores, também foi utilizado, contendo perguntas abertas (Apêndice C) sobre a percepção dos pais e/ou cuidadores em relação ao comportamento, socialização, habilidades cognitivas e funcionais, além da qualidade de vida das crianças que praticam equoterapia no Centro EquoPatos – Patos-PB. Foram abordados aspectos comportamentais, socialização, habilidades cognitivas e funcionais, bem como a qualidade de vida geral dos praticantes de Equoterapia.
Como análise opinativa, os dados da amostra foram analisados, tabulados e gráfica dos utilizando o software Microsoft Excel.
A realização deste estudo considerou a Resolução nº 510/16 do Conselho Nacional de Saúde (APÊNDICE C).Com a aprovação, sob o parecer de número 7.104.360 do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de Patos – UNIFIP, a pesquisadora realizou as entrevistas de forma individual e presencial, que foram gravadas e arquivadas. Outrossim, todos sujeitos assinalaram ao TCLE aceitando participar da pesquisa para conseguir ter acesso ao questionário.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa foi planejada com o objetivo de entrevistar 19 responsáveis e/ou cuidadores de 19 pacientes do Centro de Equitação – EquoPatos localizado em Patos-PB.
Abaixo, é possível observar alguns dos relatos dos pais/responsáveis:
Pergunta 1: O que você entende por Equoterapia?
Responsável 1: “Um projeto de muito amor ao próximo, que ensina a cuidar dos nossos pequenos’’.
Responsável 2: ‘’Terapia com equinos’’
Responsável 3: “Terapia com auxílio de animal’’
Pergunta 2: Em relação a autonomia ou independência do seu filho, você observou alguma melhora depois que ele iniciou o tratamento de Equoterapia? Se sim, quais?
Responsável 1: “Sim. Diminuição do medo de altura e de andar em escada.’’
Responsável 2: “Na questão da espera e postural.’’
Responsável 3: ‘’Melhora na coordenação motora, comportamento e equilíbrio.’’
Pergunta 3: Em relação a atenção, concentração e raciocínio do seu filho, você observou alguma melhora depois que ele iniciou o tratamento da Equoterapia? Se sim, quais?
Responsável 1: ‘’Sim, em tudo.’’
Responsável 2: “Ele consegue dar mais atenção com o diálogo.’’
Responsável 3: “Sim, vejo poucos avanços. Mas aos poucos ele desenvolve todos os dias o equilíbrio.’’
Pergunta 4: Em relação a socialização do seu filho houve alguma melhora após o tratamento da equoterapia? Se sim, quais?
Responsável 1: “Sim, com animais e adultos. Sem melhora entre os pares.’’
Responsável 2: “Ele já era muito comunicativo.’’
Responsável 3: “Sim, ele fala com as pessoas com mais frequência.’’
Pergunta 5: Após chegar da sessão de equoterapia, como seu filho se comporta (ou apresenta – feliz, relaxado, calmo) em casa?
Responsável 1: “Feliz, relaxado, dorme melhor.’’
Responsável 2: “Feliz e relaxado”.
Responsável 3: “Relaxado e feliz,’’
Pergunta 6: De forma geral, como você avalia a qualidade de vida do seu filho após o acompanhamento da Equoterapia? Melhorou ou piorou? Por quê?
Responsável 1: “Sim, melhorou muito.’’
Responsável 2: “Melhorou, pois ele até emagreceu.’’
Responsável 3: “Melhorou o movimento corporal, pois necessita de equilíbrio.’’
Pergunta 7: Por fim, você indicaria a equoterapia para outras pessoas e por quê?
Responsável 1: “Sim, pelo resultado positivo em todos os aspectos.’’
Responsável 2: “Sim, pois tanto ajuda no físico como no psicológico.’’
Responsável 3: “Sim, com certeza, vejo muitos avanços no meu filho.’’
A tabela 1, apresenta os dados sociodemográficos e ocupacionais dos responsáveis e/ou cuidadores dos pacientes atendidos no referido local. Onde 68,42% é composto por mulheres e 31,58% por homens, reflexo de uma tendência comum, no qual o papel de cuidar é exercido predominantemente pelas mulheres. Quanto à faixa etária, a distribuição é equilibrada entre adultos jovens e de meia-idade, com 31,58% dos participantes na faixa etária de 35 a 40 anos e outros 32,5% com mais de 45 anos.
Quanto ao nível de escolaridade, cerca de 21% tem formação superior incompleta e outros 21,05% com pós-graduação. Esses resultados refletem na maior compreensão e participação nos processos terapêuticos, além de uma capacidade maior de buscar e entender todas as informações sobre o tratamento (Tabela 1).
Em termos de ocupação, destaca-se o grande número de cuidadores domiciliares (36,84%), seguidos por profissionais dos setores de educação e saúde, como professores, agricultores, consultores de vendas, fisioterapeutas, profissionais de enfermagem, educadores físicos e empresários, com distribuição equitativa entre esses grupos. Isso indica que muitos cuidadores estão diretamente envolvidos em atividades que exigem habilidades relacionadas ao cuidado, educação ou saúde, o que pode ser um fator importante para entender o valor do tratamento proposto (Tabela 1).
TABELA 1 – Perfil Sociodemográfico dos responsáveis e/ou cuidadores participantes da pesquisa.


Fonte: Dados da pesquisa (2025).
Observou-se que a maioria das mães com melhor condição socioeconômica está trabalhando fora, o que condiz com estatísticas do Banco Mundial, que indicam que muitas mulheres trabalham por necessidade, para manutenção da condição econômica da família e/ou pela necessidade de satisfação pessoal (PENA; PITANGUY, 2005).
Uma pesquisa realizada pelo Banco Mundial mostra que mulheres com maior nível de escolaridade têm maiores chances de ingressar na vida profissional (PENA; PITANGUY, 2005), e Lavinas (2001) argumenta que o nível médio de escolaridade superior é o que permite às mulheres competir por uma vaga no mercado de trabalho de forma mais efetiva do que as homens. Portanto, os dados deste estudo confirmam esse conceito, pois mães com menor escolaridade não trabalham fora de casa, enquanto as participantes que têm, ao menos, o ensino superior incompleto ou cursando trabalham fora de casa.
A seguir, a tabela 2 apresenta informações sobre os pacientes participantes do estudo relacionado à prática de Equoterapia. Em relação ao gênero, a distribuição é bastante equilibrada, com 8 pacientes do sexo feminino (42,11%) e 11 pacientes do sexo masculino (57,89%), indicando que a amostra não apresenta viés de gênero.
Em termos de faixa etária, a maioria dos pacientes estava na faixa etária de 6 a 10 anos, com 10 pacientes (52,63%). Os grupos adultos, de 11 a 15 anos e maiores de 15 anos, apresentam menor representatividade, com 2 pacientes em cada (Tabela 2).
Em relação ao diagnóstico, os resultados apresentam variação significativa, sendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA) o diagnóstico mais comum, representando 6 pacientes (31,58%) da amostra. Em seguida, a paralisia cerebral, com 7 pacientes (36,84%). Além disso, foi identificado diagnóstico de Atraso do Desenvolvimento Neuropsicomotor em 3 pacientes (15,79%) e Síndrome de Down em 2 pacientes (10,53¨%), além da Esclerose Tuberosa, representada por 1 paciente (5,26%). Esses dados mostram a diversidade de condições tratadas e ajudam a entender melhor o perfil do paciente e o tipo de cuidado necessário para cada diagnóstico (Tabela 2).
TABELA 2 – Perfil Sociodemográfico dos pacientes participantes da pesquisa.

Fonte: Dados da pesquisa (2025).
Bueno (1998) afirma que para compreender os movimentos corporais associados às emoções e expressos por esses movimentos é importante estimular o desenvolvimento psicomotor, sendo que a melhor fase para que isso ocorra é a faixa etária do nascimento até aproximadamente os 8 anos. Portanto, pode-se observar que os pacientes envolvidos neste estudo estão na faixa etária mais adequada para receber estimulação. Segundo Silva (2003), quanto mais cedo for iniciada a reabilitação, melhores serão os resultados.
Em resumo, a maioria dos pacientes deste estudo tinha entre 0 e 10 anos de idade, sendo o Transtorno do Espectro Autista e a Paralisia Cerebral as condições mais comuns. A distribuição equilibrada de gênero também destaca a representação de ambos os sexos na amostra, e a diversidade de diagnósticos proporciona uma visão ampla das condições tratadas no estudo.
Por outro lado, no estudo realizado por Silva (2006), o diagnóstico mais comum foi Paralisia Cerebral, presente em quase metade dos casos (45,4%), sendo a maioria dessas crianças com idade entre 7 e 10 anos. Isso mostra que esse tipo de cuidado muitas vezes chega a famílias com pouco acesso aos serviços e que a paralisia cerebral é uma das condições mais indicadas para esse tipo de tratamento.
Segundo pesquisa realizada por Silva (2006), outros diagnósticos presentes no estudo são Síndrome de Down, autismo, hidrocefalia e deficiência intelectual, além de outras doenças raras. Esses diagnósticos diversos demonstram como a equoterapia pode ser útil para uma variedade de dificuldades físicas, motoras e cognitivas.
A tabela 3 fornece informações sobre há quanto tempo os pacientes estão fazendo a equoterapia na EquoPatos e a frequência semanal das sessões. Em relação à duração do tratamento, 26,32% dos pacientes realizavam equoterapia há menos de 1 ano, indicando que estavam em fase inicial de tratamento. A maioria dos pacientes, representando 36,84%, estava em tratamento com equoterapia há 1 a 3 anos, o que sugere que esses pacientes já tinham alguma experiência com o tratamento, o que pode permitir uma melhor avaliação dos resultados do tratamento ao longo do tempo. Outros 21,05% dos pacientes têm entre 3 e 5 anos de prática, indicando um progresso significativo no tratamento. Apenas 15,79% dos pacientes utilizam a equoterapia há mais de 5 anos, representando um grupo com um envolvimento de longo prazo como tratamento, o que pode indicar uma necessidade de cuidados de longo prazo ou sucesso contínuo do tratamento.
Em relação à frequência semanal, a maioria dos pacientes, 84,21%, participa de uma sessão por semana, enquanto 15,79% praticam dois dias por semana. Isso indica que a maioria dos pacientes segue um cronograma semanal com vários intervalos, o que pode ser suficiente para fins terapêuticos, enquanto uma proporção menor passa por tratamentos com mais frequência, talvez buscando resultados imediatos ou monitoramento mais intensivo. Essa distribuição de frequência indica que o tratamento é bastante acessível, com níveis variados de envolvimento entre os pacientes (Tabela 3).
TABELA 3 – Distribuição dos pacientes segundo o tempo que praticam a Equoterapia no EquoPatos e a frequência semanal (quantidade de dias).

Fonte: Dados da pesquisa (2025).
Em relação às características da intervenção, momento e duração da intervenção com equoterapia, Preste, Weiss e Oliveira (2010) realizaram equoterapia durante 3 meses, duas vezes por semana, com sessões de cavalgada de 30 minutos, demonstrando melhora da motricidade fina e do esquema corporal. Costa (2018) realizou um estudo no qual a equoterapia foi aplicada em um período de 12 sessões com duração de 45 minutos. Costa (2018) demonstrou melhora do equilíbrio e das respostas defensivas ao sentar e ficar em pé, além de preservação da sensibilidade tátil e dolorosa.
Uzun (2005) também observa que as sessões semanais são planejadas com base no diagnóstico apresentado, que varia de acordo com a condição e o tratamento já realizado. A duração varia de 30 a 40 minutos, e o tempo varia de acordo com cada situação, seguindo três programas básicos: equoterapia, educativo-pedagógico e pré-desportivo.
Em relação ao fato dos pacientes já terem realizado equoterapia em outro local, a maioria, 16 pacientes (84,21%), não tinha experiência prévia de tratamento em outro local. Isso sugere que muitos pacientes começaram a equoterapia diretamente na EquoPatos. Apenas 3 pacientes (15,79%) já haviam realizado tratamento em outras instituições anteriormente, indicando uma pequena proporção de pacientes com experiência prévia. Em relação ao tempo da prática em outro local, 2 pacientes (95%) praticaram por menos de 1 ano e 1 paciente (5%) praticou por 1 ano ou mais (Tabela 4).
TABELA 4 – Distribuição dos pacientes que já fizeram a Equoterapia em outro lugar e duração.


Fonte: Dados da pesquisa (2025).
De acordo com o Manual da Equoterapia (2018), desenvolvido pela Associação Nacional de Equoterapia, a maioria dos indivíduos começam a prática a partir da indicação de médicas ou familiares, portanto, a maioria não possui nenhum conhecimento prévio advindo de outro local, o que corrobora com os dados obtidos na pesquisa, já que a grande maioria, representada por 84,21% da amostra, nunca tinha praticado em outro local.
Já em estudo realizado por Silva (2006), cerca de 77% dos participantes nunca tinham praticado equoterapia, corroborando com os resultados obtidos neste estudo, no qual a grande maioria também não tinha nenhum conhecimento prévio.
A tabela 5 mostra como os cuidadores e pacientes souberam sobre a equoterapia. A maioria dos responsáveis, 31,58%, conheceu o tratamento por indicação de algum profissional de saúde.
TABELA 5 – Distribuição dos responsáveis e/ou cuidadores segundo quem indicou a Equoterapia.

Fonte: Dados da pesquisa (2025).
Em seu estudo, Hessee Motta (2004) afirmam que os pais muitas vezes se limitam a informações obtidas por meio de artigos, folhetos e informações da mídia, que banalizam afirmações e ações enganosas, criando falsas expectativas de tratamento. Portanto, isso exemplifica a importância da indicação baseada em experiências anteriores, por isso a importância da recomendação ser dada por amigos, médicos, por exemplo.
Já em estudo realizado por Silva (2006), nota-se que o profissional que mais indicou as mães a procurarem a equoterapia foi o neurologista (36,5%), já o terapeuta ocupacional compreende 45,4% da amostra.
A maioria dos responsáveis e/ou cuidadores foi orientada a procurar tratamento de equoterapia por um médico (36,84%), o que demonstra o importante papel dos profissionais de saúde na indicação de tratamentos alternativos. Outros 26,32% foram orientados por voluntários, sugerindo que programas de voluntariado também desempenham um papel importante na disseminação de informações (Tabela 6).
TABELA 6 – Distribuição dos responsáveis e/ou cuidadores segundo quem indicou Equoterapia.
Variável | Categoria | Frequência | % |
Orientação | Médico Voluntário Amigo/Parente Profissional escolar Familiar | 7 5 3 2 2 | 36,84% 26,32% 15,79% 10,53% 10,53% |
Fonte: Dados da pesquisa (2025).
Segundo pesquisa realizada por Silva (2006), cerca de 45,5% das mães receberam orientação para procurar a equoterapia através de um profissional da saúde, o que demonstra que os profissionais da saúde são os principais responsáveis por apresentar essa terapia alternativa. Em seguida, 40,9% das mães souberam da equoterapia através das mídias escritas e faladas, como jornais, televisão e rádio, o que exemplifica a importância da divulgação da equoterapia na imprensa. Apenas uma mãe (4,5%) encontrou a informação online, enquanto outras duas (9,1%) ouviram falar dela por outra mãe. Esses números são pequenos, o que pode refletir tanto o acesso digital limitado de uma parcela da população quanto a baixa distribuição nas mídias sociais e em ambientes informais (SILVA, 2006).
A tabela 7 mostra que a maioria dos pacientes já havia realizado outros tratamentos além da equoterapia. Isso sugere que muitos pacientes estão buscando tratamento multidisciplinar, a fim de obter resultados eficazes por meio de uma combinação de diferentes modalidades de tratamento. Apenas 10,53%da amostra não recebeu outro tipo de tratamento.
TABELA 7 – Distribuição dos pacientes de acordo com outras terapias

Fonte: Dados da pesquisa (2025).
A tabela 8 mostra a distribuição dos pacientes atendidos no centro de equoterapia de acordo com a realização de outros tratamentos além da equoterapia. Vale ressaltar que a fisioterapia e a fonoaudiologia são as modalidades de tratamento mais comuns entre os participantes, com 11 pacientes (57,89%) recebendo cada uma delas. A terapia ocupacional também apresenta valor significativo, realizada por 9 pacientes (47,37%). Por fim, outros tipos de tratamento, que não se enquadravam nas categorias citadas, foram realizados em apenas 2 pacientes (10,53%).
Esses dados mostram que muitos participantes complementam a equoterapia com outras terapias, principalmente aquelas voltadas ao desenvolvimento motor e da comunicação, como fisioterapia e fonoaudiologia, reforçando a importância do cuidado multidisciplinar no processo de reabilitação.
TABELA 8 – Distribuição dos pacientes de acordo com o tipo de terapia diversa.

Fonte: Dados da pesquisa (2025).
Em estudo realizado por Silva (2006), os dados revelam que a maioria dos pacientes recebe outras formas de acompanhamento médico, refletindo a abordagem diversificada de cuidado para essas crianças.
De acordo com os dados obtidos por Silva (2006), os tratamentos mais utilizados são a fonoaudiologia e a terapia ocupacional, ambas presentes em 59,1% dos casos, seguidas da fisioterapia, com 50%. Isso indica que essas três áreas são consideradas importantes no tratamento de crianças, pois ajudam a desenvolver a fala, a coordenação motora e a força física.
Outras atividades também aparecem, como terapia ocupacional (27,3% dos casos), natação (18,2%) e hidroterapia (13,6%). Essas práticas contribuem para o bem-estar emocional, motor e físico das crianças (Silva, 2006).
De forma geral, os dados obtidos no estudo de Silva (2006) demonstra que a equoterapia faz parte de um pacote de cuidados abrangente, e que muitas famílias buscam complementar esse tratamento com outros métodos, visando melhorar a qualidade de vida e o desenvolvimento de seus filhos.
CONCLUSÃO
Os benefícios que a Equoterapia traz para os praticantes envolvidos na pesquisa parecem claros. Todos relataram o quão prazeroso e eficaz é participar das sessões. A maioria dos familiares perceberam mudanças de seus filhos após o início desse recurso terapêutico, favorecendo atividades do dia a dia à segurança e sensação de liberdade que seus filhos sentem ao serem guiados por um animal e uma equipe que preza a interdisciplinaridade.
Um dos pontos mais significativos da pesquisa relaciona-se com a possibilidade de conhecermos as singularidades dos casos clínicos. A equoterapia poderia beneficiar seus praticantes de diferentes formas, tal como encontramos na revisão teórica, porém, nunca saberíamos quão profundas podem ser essas mudanças para a criança e para o contexto familiar, se antes não conhecêssemos um pouco de sua história. Também não poderíamos compreender a relação entre essas famílias e a equoterapia. Isso faz com que o estudo qualitativo seja diferenciado na medida em que podemos aprofundar nossos conhecimentos acerca dos fatos experienciados.
Portanto, pode-se concluir que a equoterapia é uma proposta única e eficaz, pois auxilia na identificação de padrões importantes do desenvolvimento motor, prepara o paciente para a próxima tarefa motora complexa, aumenta sua socialização, proporcionando condições para que ele possa desenvolver simultaneamente outras habilidades correlatas e desenvolver capacidades cognitivas. Concluiu-se também que a equoterapia, como terapia não convencional, proporciona inúmeros benefícios aos seus praticantes.
Por fim, de acordo com os objetivos, a percepção dos pais e/ou cuidadores sobre o desenvolvimento global de crianças praticantes de Equoterapia é um tema que envolve aspectos biopsicossociais. Estudos indicam que a Equoterapia, ao utilizar o cavalo como recurso terapêutico, promove benefícios como melhora no equilíbrio, coordenação motora, socialização e linguagem das crianças. Além disso, os cuidadores frequentemente relatam sentimentos de esperança e satisfação ao observarem o progresso das crianças, embora também enfrentem desafios emocionais e práticos no processo de cuidado.
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