A PANDEMIA DE HIV/AIDS NO BRASIL, DE 1980 AOS DADOS DO BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO DE 2022

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7916114


Robson Cabral Valadão¹, Cristiano Pereira Sena², Eduarda Albuquerque Vilar³, Claudia Martins Barbosa dos Santos⁴, Ayara Almeida Souza Cabral⁵, Elizandro Monteiro Vilhena⁶, Felipe de Sousa Moreiras⁷, Sthefanny Aguiar das Chagas⁸, Érica Motta Moreira de Souza⁹, Elson Silva de Almeida¹⁰, Nathália de Andrade Nery¹¹, Allana Lívia Silva de Barros¹², Cristiana Pacífico Oliveira¹³, Alexandre Maslinkiewicz¹⁴, Andreia Teles Fonseca¹⁵, Marcelo Araújo Frazão¹⁶, Mayara Irmere da Costa¹⁷, Bruno Vinicius pereira da Silva¹⁸, Luiz Cláudio Oliveira Alves de Souza¹⁹.


Resumo:

Introdução: O número de casos de infecções por HIV teve queda no Brasil entre 2019 e 2021 após vários anos de alta —até junho de 2022, foram 16.703 notificações e, no ano passado, 40.880. Esses dados fazem parte do Boletim Epidemiológico de HIV/Aids 2022, divulgado no começo de dezembro pelo Ministério da Saúde. Metodologia: Tratar-se de uma pesquisa com dados de domínio público que dispensado submissão a comissão nacional de ética em pesquisa, embasado em dados de boletim epidemiológico sobre HIV no ano de 2022. Resultado e Discussão: O primeiro caso de HIV no Brasil foi registrado em 1980 na cidade de São Paulo, em 1983, o país notificou sua primeira infecção feminina, profissionais de saúde infectados, e também foram divulgados relatos de transmissão heterossexual do vírus. Este ano, 1.283 pessoas no Brasil morreram da doença. Em 1984, o setor público avançou de forma localizada a estruturação do programa do Ministro da Saúde do Estado de São Paulo, pioneiro no controle e prevenção da AIDS no país. Considerações finais: O Ministério da Saúde afirma que a pessoa que vive com HIV não evolui necessariamente para o quadro de Aids. Algumas pessoas que podem viver anos com o vírus no organismo sem apresentar sintomas e manifestações da doença. O tratamento antirretroviral, também impede o processo de replicação viral no organismo humano, permitindo que as pessoas soropositivas levem uma vida normal, com condição de saúde semelhante à de pessoas que não vivem com o vírus. Palavra-chave: HIV, Brasil, Crise.

Abstract

Introduction: The number of cases of HIV infections dropped in Brazil between 2019 and 2021 after several years of high — until June 2022, there were 16,703 notifications and, last year, 40,880. These data are part of the 2022 HIV/AIDS Epidemiological Bulletin, released in early December by the Ministry of Health. Methodology: This is a survey with public domain data that waived submission to the national research ethics commission, based on data from an epidemiological bulletin on HIV in the year 2022. Result and Discussion: The first case of HIV in Brazil was registered in 1980 in the city of São Paulo, in 1983, the country notified its first female infection, infected health professionals, and reports of heterosexual transmission of the virus were also published. This year, 1,283 people in Brazil have died from the disease. In 1984, the public sector made local progress in structuring the program of the Minister of Health of the State of São Paulo, a pioneer in the control and prevention of AIDS in the country. Final considerations: The Ministry of Health states that a person living with HIV does not necessarily develop into AIDS. Some people who can live for years with the virus in the body without showing symptoms and manifestations of the disease. Antiretroviral treatment also prevents the process of viral replication in the human body, allowing seropositive people to lead a normal life, with a health condition similar to that of people who do not live with the virus. Keywords: HIV, Brazil, Crisis.

INTRODUÇÃO

O número de casos de infecções por HIV teve queda no Brasil entre 2019 e 2021 após vários anos de alta até junho de 2022, foram 16.703 notificações e, no ano passado, 40.880. Esses dados fazem parte do Boletim Epidemiológico de HIV/Aids 2022, divulgado no começo de dezembro pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2023).

HIV é a sigla em inglês para vírus da imunodeficiência humana, causador da aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Logo a Aids é a Síndrome da Imunodeficiência Humana, transmitida pelo vírus HIV, caracterizada pelo enfraquecimento do sistema de defesa do corpo e pelo aparecimento de doenças oportunistas (BRASIL, 2016).

A transmissão do vírus HIV é por meio de relações sexuais, com pessoa soropositiva, ou seja, que já tem o vírus HIV, pelo compartilhamento de objetos perfuro cortantes contaminados, como agulhas, alicates, etc., de mãe com a imunodeficiência, sem tratamento, para o filho durante a gestação, parto ou amamentação (BRASIL, 2023).

De acordo com o documento, com dados de 2021, 960 mil pessoas estão vivendo com HIV no Brasil. No mesmo ano, foram detectados 40,8 mil casos de HIV e 35,2 mil casos de Aids. Cerca de 727 mil estão em tratamento. Os dados revelam que há maior concentração dos casos de Aids em pessoas com idade entre 25 e 39 anos: 51,7% dos casos do sexo masculino e 47,4% dos casos do sexo feminino pertencem a essa faixa etária (BRASIL, 2022).

E quando ocorre a infecção pelo HIV, o sistema imunológico começa a ser atacado, e na primeira fase, chamada de infecção aguda, que ocorre a incubação do HIV – tempo da exposição ao vírus até o surgimento dos primeiros sinais da doença. Esse período varia de 3 a 6 semanas. O organismo leva de 8 a 12 semanas após a infecção para produzir anticorpos antiHIV. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebida. Caso haja suspeita de infecção pelo HIV, procure uma unidade de saúde e realize o teste (FAPESP, 2014).

Vírus da Imunodeficiência Símia (SIV) – Um vírus de chimpanzés provavelmente se espalhou para humanos e se converteu em HIV quando humanos caçaram esses chimpanzés por sua carne, resultando em exposição a sangue infectado (SILVA; DE SENNA JUNIOR, 2021).

A pesquisa sugere que essa disseminação de macaco para humano provavelmente ocorreu no século XIX. Durante décadas, o vírus se espalhou lentamente na África e depois em outras partes do mundo. Sabemos que o vírus existe nos Estados Unidos desde meados dos anos 1970 e no Brasil no início dos anos 1980 (UNAIDS, 2023)

Os primeiros casos de HIV foram identificados nos EUA, Haiti e África Central em 1977 e 1978. No Brasil, o primeiro caso de HIV foi registrado em 1982. Desde lá o número de casos vem aumentando exponencialmente e temos registrados muitos avanços no diagnóstico, tratamento e monitoramento das pessoas que vivem com HIV/AIDS (BRASIL, 2023).

Apesar dos bons resultados nas taxas do vírus em geral, o boletim traz um dado altamente preocupante: o de que aumentaram no Brasil os casos de infecção por HIV em jovens com idade entre 15 e 24 anos. O documento mostra que, entre 2007 e junho de 2022, foram 102.869 casos (23,7%) nessa população, sendo 25,2% em pessoas do sexo masculino e 19,9% nas do sexo feminino (SILVA et al., 2022).

Em 2019, quase 10.000 pessoas morreram de complicações da AIDS. Dez mil pessoas perderam a vida por falta de medidas preventivas em massa em nossa sociedade, o que nos impediu de focar no índice de novos casos da doença. Portanto, preservar a história do difícil caminho que nos trouxe até aqui não é causar pânico, mas honrar a memória daqueles que já passaram (FERREIRA, 2017).

Apenas em 2022, foram contados 9.516 infecções pelo vírus em pessoas com idade entre 15 e 39 anos, sendo 813 (4,9%) na faixa de 15 a 19; 2.916 (17,5%) na de 20 a 24; 3.251 (19,5%) na de 25 a 29 e 2.536 (15,2%) na de 30 a 34 anos. No ano passado, foram 24.144 —2.080 (5,1%) de 15 a 19; 7.475 (18,3%) de 20 a 24; 8.469 (20,7%) na de 25 a 29 e 6.180 (15,1%) na de 30 a 34 anos (BRASIL, 2023).

Estatísticas da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam para a existência, atualmente, em todo o mundo, de 38 milhões de pessoas vivendo com HIV/aids. A epidemia de aids existe há 40 anos e, em 2020, foram registrados 32.701 casos de pessoas com HIV no Brasil (BRASIL, 2021).

Nos dias atuais, existem 920 mil pessoas vivendo com HIV no Brasil, do total, 89% já foram diagnosticadas e 77% realizam o tratamento com remédios antivirais. Das que estão em tratamento, 94% não transmitem mais a doença por estarem com a carga viral baixa, ainda assim, em 2019 o Brasil ainda apresentava uma taxa de 4,1 mortes por 100 mil habitantes em decorrência da doença (BRASIL, 2021).

A infecção pelo HIV e a aids fazem parte da Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças (Portaria nº 420, de 2 de março de 2022), sendo que a aids é de notificação compulsória desde 1986; a infeção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV, desde 2000 (Portaria Nº 993, de 4 de setembro de 2000); e a infecção pelo HIV, desde 2014 (Portaria nº 1.271, de 6 de junho de 2014). Assim, na ocorrência de casos de infecção pelo HIV ou de aids, estes devem ser reportados para autoridades de saúde (BRASIL, 2022).

A despeito dessa obrigatoriedade, com o emprego do método probabilístico de relacionamento de bases de dados utilizado na geração das informações constantes neste Boletim, onde é observado ao longo dos anos uma diminuição do percentual de casos de aids oriundos do Sinan; assim, no ano de 2021, dos 35.246 casos de aids detectados, 47,9% provieram do Sinan, 10,6% do SIM e 41,5% do Siscel (BRASIL, 2022).

METODOLOGIA

Delineamento da Pesquisa: trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, retrospectiva, com abordagem tipo qualitativa, com coleta de dados de domínio público. Segundo Taquette e Borges (2020), pesquisas de domínio público significa que já não há um titular exclusivo da obra. Todos podem utilizá-la sem depender de autorização de um titular e sem ter que pagar algo pela utilização. Domínio público não deve ser confundido com propriedade pública pertencente ao Estado.

Cenário da Pesquisa: o estudo se dará no território brasileiro, o qual possui como área territorial 8.516.000 Km2, apresentando uma estimativa populacional com cerca de 212,7 milhões (IBGE, 2022).

Amostra da Pesquisa: a amostra da pesquisa será constituída por aspectos relacionados ao análise de dados epidemiológicos de HIV/AIDS no Brasil, além de avaliar como se deu o agravo no estados brasileiro, de acordo com os dados disponíveis no Boletim Epidemiológico da Secretária de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde do ano de 2022.

Critérios de Elegibilidade e Inelegibilidade: Foram elegíveis para a pesquisa os aspectos relacionados a pandemia da HIV/AIDS nos estados brasileiros.

Serão inelegíveis o número dados fora do período proposto no objetivo desse estudo, perfis que não apresentem relação com o proposto no estudo.

Coleta de Dados: os dados serão obtidos no portal da Boletim Epidemiológico, que é de domínio público e acesso irrestrito.

Análise de Dados: o material é analisado à luz de Bardin, que utiliza a análise de conteúdo, que prevê três etapas principais: análise preliminar, exame do material e processamento do resultado, perturbação e interpretação (BARDIN, 2011).

Aspectos Éticos: em consonância com a RESOLUÇÃO Nº 510, DE 07 DE ABRIL DE 2016, art 1º inciso III, por tratar-se de uma pesquisa com dados de domínio público é dispensado submissão a comissão nacional de ética em pesquisa (BRASIL, 2016).

Riscos e Benefícios: esta pesquisa poderá trazer Riscos Mínimos uma vez que são usados apenas dados já disponíveis nos bancos de dados que trazem informações sem possibilidade de identificação nem de contato com indivíduos que compõe a amostra.

Poderá trazer benefícios mediante o acesso as informações concretas sobre a pandemia do HIV/AIDS no território brasileiro, podendo subsidiar a elaboração de políticas públicas e estratégias de ação para melhorar este indicador extremamente sensível das condições de vida da população.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No início dos anos 80 e 90

O primeiro caso de HIV no Brasil foi registrado em 1980 na cidade de São Paulo, em 1983, o país notificou sua primeira infecção feminina, profissionais de saúde infectados, e também foram divulgados relatos de transmissão heterossexual do vírus. Este ano, 1.283 pessoas no Brasil morreram da doença (GUIMARÃES et al., 2017).

Em 1984, o setor público avançou de forma localizada a estruturação do programa do Ministro da Saúde do Estado de São Paulo, pioneiro no controle e prevenção da AIDS no país (MELO; MAKSUD; AGOSTINI, 2018).

Porém somente a partir de meados da década de 1990, instituiu-se o acesso gratuito ao diagnóstico e ao tratamento para o HIV/Aids por meio do Sistema Único de Saúde – (SUS), com relevante impacto nas políticas públicas de tratamento da doença (GUIMARÃES et al., 2017)

Em 1999, o governo federal anunciou que o uso de um coquetel antiaids havia reduzido em 50% o número de mortes no país e em 80% o número de infecções oportunistas. No entanto, até este ano, o Brasil registrou mais de 155.000 casos de AIDS, 43% dos quais entre 25 e 34 anos (BRASIL, 2013).

Depois de mais um ano de luta, os procedimentos necessários para o tratamento da doença foram incluídos no programa do SUS. Também em 1992, a combinação de AZT e Videx tornou-se oficialmente o “coquetel anti-AIDS”.

Início dos anos 2000

Na virada do século, o Brasil estava entre as cinco empresas farmacêuticas que decidiram baixar o preço dos medicamentos antirretrovirais usados nos países em desenvolvimento. Na época, havia uma grande disparidade de casos entre os sexos, com os homens relatando o dobro de casos do que os homens (GARBIN; GATTO; GARBIN, 2017).

Em 2001, foi lançada a Rede Nacional de Genotipagem do HIV-1 do Ministério da Saúde, ano em que o Brasil conseguiu reduzir os preços dos medicamentos após ameaçar quebrar sua patente. Além disso, foi finalmente aprovada a Lei nº 10.205 que regulamenta todos os procedimentos relacionados à transfusão de sangue. Portanto, a comercialização desses materiais é proibida (BRASIL, 2013).

Dois anos depois, o Projeto Brasileiro de DST/AIDS recebeu uma doação de US$ 1 milhão da Fundação Bill & Melinda Gates. A premiação reconhece ações preventivas e assistenciais no país, onde estão sendo atendidos 150 mil pacientes com HIV (GARBIN; GATTO; GARBIN, 2017).

Atualmente os testes para detecção do HIV, evoluiu para 15 minutos, logo a partir daí, a Fiocruz passou a produzi-lo a quase metade do preço anterior. Por fim, em 2009, o Ministério da Saúde bateu recorde de distribuição de preservativos, mas o número de casos já atingia a marca de meio milhão de infectados.

A partir da década de 2010

Nesta década, as mortes pela doença caíram 33 %. E isso provou que o maior desenvolvimento da medicina e os esforços das instituições sociais, públicas e civis foram bemsucedidos. Portanto, ainda havia muito trabalho a ser feito.

Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente pelo SUS todos os medicamentos antirretrovirais e, desde 2013, o SUS garante tratamento para todas as pessoas vivendo com HIV, independentemente da carga viral (SANTOS; MULLER; MARTINS, 2020)

Em 2010, foi lançada a primeira campanha carnavalesca de combate à SIDA, promovendo tanto o uso do preservativo quanto a testagem. No ano seguinte, abrigos que ajudavam adultos vivendo com HIV começaram a receber fundos federais para financiar seus empenhos também para crianças e jovens (FERREIRA, 2017).

Carvalho et al. (2019), consideram que a adesão é uma das principais variáveis nas quais os serviços de saúde podem intervir para aumentar a eficácia do tratamento do HIV/AIDS, mas permanecem vários desafios relacionados a essa temática.

A adesão à TARV, além de implicar na saúde individual, está associada à potencial transmissão da infecção pelo HIV/AIDS na forma coletiva. E para Garbin, Gatto e Garbin (2017), falhas ocasionais na adesão da TARV podem limitar os benefícios do tratamento. Algumas dificuldades encontradas quanto à adesão decorrem, em parte, da complexidade do uso dessa terapia e dos efeitos colaterais advindos dela.

Santos et al. (2022), ressalta que a infecção e suas terapias têm sido associadas com alterações do tecido adiposo e desordens glicêmicas e do metabolismo lipídico que podem prematuramente aumentar o risco cardiovascular.

Em 2017, a Anvisa permitiu que farmácias de norte a sul do país vendessem testes de autoteste para HIV. No mesmo ano o governo também disponibilizou a PrEP (profilaxia préexposição) (FERREIRA, 2017).

E no Brasil, no ano de 2020, foram notificados 41.919 novos casos de infecção pelo HIV, 37.308 novos casos de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e 10.565 óbitos com HIV/AIDS como causa básica (FERNANDES et al., 2022)

Hoje em dia, as políticas públicas vigentes no Brasil em relação à epidemia da AIDS têm como foco prestar assistência de qualidade às pessoas que convivem com o HIV/AIDS. Nessa perspectiva foram elaboradas portarias ministeriais, dentre elas a Portaria Nº 291 de 17 de junho de 1992, que incluiu a assistência à AIDS em nível hospitalar no Sistema de Procedimentos de Alta Complexidade (SIPAC). Em prosseguimento a esta primeira iniciativa, seguiu-se o processo de credenciamento de hospitais convencionais para internação dos pacientes portadores do HIV/AIDS (VILLARINHO et al, 2013).

A faixa etária em que a AIDS é mais incidente, em ambos os sexos, é a de 25 a 49 anos de idade. Entre jovens de 13 a 19 anos, e quanto à forma de transmissão entre os maiores de 13 anos de idade, prevalece a sexual. Nas mulheres, 86,8% dos casos registrados em 2012 decorreram de relações heterossexuais com pessoas infectadas pelo HIV. Entre os homens, 43,5% dos casos se deram por relações heterossexuais, 24,5% por relações homossexuais e 7,7% por bissexuais. O restante ocorreu por transmissão sanguínea e vertical. Apesar de o número de casos no sexo masculino ainda ser maior entre heterossexuais, a epidemia no país é concentrada (BRASIL, 2013).

Boletim Epidemiológico e Uso Do Coquetel

O “Boletim Epidemiológico HIV/Aids”, do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde (DCCI/SVS/MS), publicado anualmente, apresenta informações sobre os casos de HIV em gestantes/parturientes e puérperas, de infecção pelo HIV e de aids no Brasil, regiões, estados e capitais, de acordo com dados obtidos a partir dos sistemas de informação utilizados para sua elaboração (SINAN, 2022).

Estas informações apresentadas neste estudo revelam o perfil epidemiológico desses agravos na visão dos indicadores de saúde, logo, as fontes utilizadas para a obtenção dos dados são: 1) as notificações compulsórias dos casos de HIV e de aids no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), 2) os óbitos notificados com causa básica por HIV/aids no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), 3) os registros do Sistema de Informação de Exames Laboratoriais (Siscel) e 4) os registros do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (Siclom) (SINAN, 2022).

Infecção pelo HIV em gestantes/parturientes/puérperas

No Brasil, no período de 2000 até junho de 2022, foram notificadas 149.591 gestantes parturientes/puérperas com infecção pelo HIV, e verificaram que 37,1% das gestantes eram residentes da região Sudeste, seguida pelas regiões Sul (29,1%), Nordeste (18,9%), Norte (9,1%) e Centro-Oeste (5,8%). No ano de 2021, foram identificadas 8.323 gestantes com infecção pelo HIV, sendo 31,9% no Sudeste, 24,7% no Nordeste, 24,4% no Sul, 12,9% no Norte e 6,1% no Centro-Oeste (BRASIL, 2022).

Entre 2011 e 2019, a taxa de detecção de gestantes com infecção pelo HIV elevou-se em 30,8%, seguida de estabilidade nos anos consecutivos, a tendência e aumento também se verifica nas regiões do Brasil, sendo que as regiões Norte e Nordeste apresentaram os maiores incrementos dessa taxa nos últimos dez anos (100,9% e 74,1%, respectivamente). Entre 2011 e 2021, as taxas de detecção de gestantes com infecção pelo HIV na região Sul vêm apresentando estabilidade, porém em patamares elevados, muito acima da média nacional, conforme evidenciado na Figura 1.

Figura 1 – Taxa de detecção de gestantes/parturientes/puérperas com infecção pelo HIV (por 1.000 nascidos vivos), segundo região de residência e ano do parto. Brasil, 2011 a 2021 Fonte: Sinan (atualizado em 30/06/2022) (BRASIL, 2022).

Casos de Aids

De 1980 a junho de 2022, foram identificados 1.088.536 casos de aids no Brasil, o país tem registrado, anualmente, uma média de 36,4 mil novos casos de aids nos últimos cinco anos. Entre 2013 e 2017, o número de casos de aids apresentou, ao ano, uma redução média de 2,8%. Nos anos seguintes, 2018 e 2019, o declínio foi menor, 1,2% e 0,8%, respectivamente (SINAN, 2022).

Na Figura 2, observa-se que 16 Unidades da Federação apresentaram queda na taxa de detecção de aids entre os anos de 2011 e 2021. Por outro lado, 11 UF apresentaram aumento, a saber: Pará (32,8%), Amazonas (26,8%), Rio Grande do Norte (23,9%), Sergipe (22,9%), Alagoas (21,5%), Acre (20,4%), Amapá (10,6%), Mato Grosso do Sul (9,5%), Piauí (5,0%), Tocantins (2,2%) e Paraíba (0,8%) (SINAN, 2022).

Figura 2 – Taxa de detecção de aids (por 100.000 hab.) e percentual de declínio ou incremento, segundo UF de residência, por ano de diagnóstico. Brasil, 2011 a 2021*Fonte: Sinan; Siscel/Siclom; SIM. Nota: (*) Casos notificados no Sinan e Siscel/Siclom até 30/06/2022; no SIM, de 2000 a 2021 (BRASIL, 2022).

Mortalidade por aids

Desde o início da epidemia de aids (1980) até 31 de dezembro de 2021, foram notificados no Brasil 371.744 óbitos tendo o HIV/aids como causa básica. A maior proporção desses óbitos ocorreu na região Sudeste (56,6%), seguida das regiões Sul (17,9%), Nordeste (14,5%), Norte (5,6%) e Centro-Oeste (5,4%) conforme a Tabela 30. Em 2021, a distribuição proporcional dos 11.238 óbitos foi de 37,8% no Sudeste, 22,9% no Nordeste, 20,3% no Sul, 12,0% no Norte e 7,0% no Centro-Oeste (BRASIL, 2022).

Em 2021, quando analisada a mortalidade por UF, 13 delas apresentaram coeficiente padronizado superior ao nacional, que foi de 4,2 óbitos por 100 mil habitantes: Rio Grande do Sul e Amazonas (7,7 óbitos/100 mil hab.), Pará (7,2), Roraima (6,4), Rio de Janeiro (6,3), Mato Grosso do Sul (5,2), Amapá (5,1), Rondônia (5,0), Santa Catarina e Mato Grosso (4,9), Maranhão (4,5), Espírito Santo (4,4) e Pernambuco (4,3). Os coeficientes inferiores ao nacional variaram entre 4,0 óbitos por 100 mil habitantes no Paraná e 2,1 óbitos por 100 mil habitantes no Distrito Federal conforme a Figura 3.

Figura 3 – Coeficiente de mortalidade padronizado de aids (por 100.000 hab.), segundo UF e capital de residência. Brasil, 2021* Fonte: SIM (atualizado em 31/12/2021). Nota: (*) Óbitos registrados no SIM até 31/12/2021.

Dos 371.744 óbitos por aids registrados no Brasil no período entre 1980 e 2021, 70,2% ocorreram entre homens (261.043) e 29,7% entre mulheres (110.563). A razão de sexos do coeficiente de mortalidade observada em 2021 foi de 21 óbitos entre homens para dez óbitos entre mulheres, razão que vem apresentando relativa estabilidade desde 2003, conforme a Figura 4.

Em relação à faixa etária, não foram observadas diferenças expressivas no ano de 2021 entre os coeficientes de mortalidade por sexo em indivíduos de até 19 anos de idade. Em todas as demais faixas etárias, o coeficiente de mortalidade é maior em homens.

No geral, os coeficientes de mortalidade apresentaram queda nos últimos dez anos em todas as faixas etárias, com exceção da faixa de 60 anos ou mais, que mostrou aumento de 32,8%, passando de 4,3 em 2011 para 5,7 óbitos/100 mil habitantes em 2021 (BRASIL, 2022).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Ministério da Saúde afirma que a pessoa que vive com HIV não evolui necessariamente para o quadro de Aids. Algumas pessoas que podem viver anos com o vírus no organismo sem apresentar sintomas e manifestações da doença. O tratamento antirretroviral, também impede o processo de replicação viral no organismo humano, permitindo que as pessoas soropositivas levem uma vida normal, com condição de saúde semelhante à de pessoas que não vivem com o vírus.

Embora se observe uma diminuição dos casos de aids em quase todo o país, nos últimos anos, cabe ressaltar que parte dessa redução pode estar relacionada à subnotificação de casos, principalmente no ano de 2020, devido à pandemia de covid-19., desde a descoberta do vírus do HIV no Brasil, diversas políticas públicas e sociais foram criadas, permitindo que os serviços de saúde cheguem a todas as classes sociais, logo, este artigo tem a finalidade de contribuir para informar sobre as taxas do HIV/aids no país.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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