REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202407310832
Gustavo Henrique Vieira Almeida
Kauã Lopes Fernandes
Orientador: Prof. Dr. Gabriel de Medeiros Aragão
RESUMO
A Sífilis e a Infecção pelo HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) são Infecções sexualmente transmissíveis que possuem a mesma forma de transmissão e podem afetar o indivíduo simultaneamente, quadro chamado de coinfecção. Cada uma dessas patologias possui suas particularidades quanto às manifestações clínicas, sendo que, dentre elas, a Sífilis é a que mais facilmente pode ser detectada, devido à sintomatologia ser mais precoce e evidente, ao passo que o HIV progride lentamente no organismo humano. Nesse sentido, o objetivo deste estudo será analisar os casos de coinfecção de Sífilis e HIV a partir de uma revisão literária das ocorrências no território brasileiro. A metodologia consistirá em revisão bibliográfica produzida através da busca de literaturas, selecionadas de forma crítica, através das principais plataformas de busca científica online, como: Public Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (PubMed), Medscape, Scientific Eletronic Library Online (Scielo), Google Acadêmico, Bireme, entre outros. Para a seleção dos artigos serão utilizados os seguintes descritores: “Sífilis”; “HIV”, “Coinfecção”, “Brasil” e “Coinfecção sífilis-HIV”. Estes descritores também foram procurados em inglês: “Syphilis”; “HIV”, “Coinfection”, “Brazil” and “Syphilis-HIV Coinfection”, a fim de dispor de uma base literária mais detalhada e ampla. Serão considerados os artigos publicados entre os anos de 2004 e 2023, sendo descartados artigos que não expressavam informações coerentes. Concluir-se-á que a sífilis se correlaciona com o HIV de várias maneiras, seja por uma patologia facilitar o contágio pela outra, seja por potencializar os efeitos que cada uma das doenças pode trazer.
Palavras Chaves: sífilis; hiv; coinfecção.
ABSTRACT
Syphilis and HIV Infection (Human Immunodeficiency Virus) are sexually transmitted infections that have the same form of transmission and can affect the individual simultaneously, a condition called coinfection. Each of these pathologies has its own particularities regarding clinical manifestations, and, among them, Syphilis is the one that can be more easily detected due to its earlier and more evident symptoms, while HIV progresses slowly in the human organism. In this sense, the objective of this study will be to analyze the cases of Syphilis and HIV co-infection from a literature review of the occurrences in the Brazilian territory. The methodology will consist of a bibliographic review, produced through the search of critically selected literature, through the main online scientific search platforms, such as: Public Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (PubMed), Medscape, Scientific Electronic Library Online (Scielo), Google Scholar, Bireme, among others. The following descriptors were used to select articles: “Syphilis”; “HIV”, “Coinfection”, “Brazil”, and “Syphilis-HIV Coinfection”. These descriptors were also searched in English: “Syphilis”; “HIV”, “Coinfection”, “Brazil” and “Syphilis-HIV Coinfection”, in order to have a more detailed and ample literary base. Articles published between the years 2004 and 2023 will be considered, and articles that did not express coherent information will be discarded. It will be concluded that syphilis correlates with HIV in several ways, either by facilitating infection by the other or by potentiating the effects that each disease can bring.
Keywords: syphilis; hiv; coinfection.
1 INTRODUÇÃO
A sífilis é uma patologia que faz parte do grupo das infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) e que possui características complexas, sendo transmitida através do ato sexual desprotegido com uma pessoa infectada ou através da gestação ou parto, no caso de crianças recém-nascidas. Possui como agente etiológico a bactéria espiroqueta Treponema pallidum, que está dentre os membros do gênero Treponema, proveniente da família Spirochaetaceae que, por sua vez, advém da ordem Spirochaetales (Karp, et al., 2009).
Dentre as características dessa bactéria, destaca-se sua consistência delgada, além de assemelhar-se a uma espiral, organismos helicoidais com cerca de 5 a 15 micrometros de comprimento e de 0,1 a 0,2 micrometros de largura. Em relação a sua motilidade, possui um aspecto de saca-rolhas, exercendo uma rotação rápida sobre o eixo longitudinal, realizando um movimento de flexão, dobra e encaixe sobre o comprimento total (Karp, et al., 2009).
A Sífilis possui diferentes estágios. Na Sífilis Primária, predomina-se a lesão do tipo cancro, formada no local de inoculação em aproximadamente 21 dias após a exposição. Já na Sífilis Secundária, predomina-se as lesões mucocutâneas, com ou sem sinais e sintomas sistêmicos, como linfadenopatia, mal-estar, dor de garganta, dores no corpo e febre baixa (Forrestel, et al., 2020).
Segundo o Ministério da Saúde (MS) foram registrados cerca de 167 mil novos casos de sífilis adquirida e 74 mil casos em gestantes em 2021. Ainda em 2021, registrou-se cerca de 27 mil casos de sífilis congênita, além de 192 óbitos por esta vertente da sífilis. Deste período específico até junho de 2022, constatou-se 79,5 mil casos de sífilis adquirida, além de 31 mil casos de sífilis gestacional e 12 mil casos de sífilis congênita no Brasil. No total, foram mais de 122 mil novos casos da doença no país.
Perante informações do MS, o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), que é o agente etiológico da infecção por HIV e da AIDS, é um vírus que ataca o sistema imunológico, inibindo o processo de defesa do organismo contra doenças. Ele age atingindo os linfócitos TCD4+, uma das principais células do sistema imune, modificando o DNA da célula e fazendo cópias de si mesmo. Posteriormente, o vírus rompe esses linfócitos, de modo que vai em busca de outros para continuar a infecção. O MS detalha ainda sua classificação morfológica, sendo classificado como um retrovírus, proveniente da subfamília dos Lentiviridae, sendo a patologia gerada considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível.
Segundo Lazzaroto et al. (2010), as características primordiais são decorrentes de altos fatores de virulência, uma resposta imunológica intensa, depleção na contagem de TCD4+ e o aumento de TCD8+, induzindo à dispersão do vírus responsável por causar o HIV por todo o organismo, assim, atingindo o sistema nervoso central, agravando o quadro.
Em um boletim epidemiológico apurado pelo Ministério da Saúde, em uma pesquisa publicada em 2020, cerca de 920 mil pessoas vivem com HIV no Brasil Até outubro de 2020, cerca de 642 mil pessoas estavam em tratamento antirretroviral. Em 2018 eram 593,594 pessoas em tratamento. Foram registrados no Brasil, em 2019, 41.919 novos casos de HIV, sendo que sua maior concentração se dá em jovens de 25 a 39 anos.
Através de uma análise realizada por Júnior et al. (2022), em que foram revisados vários artigos epidemiológicos e de pesquisas de campo, constatou- se que nos países em que prevalece as rendas baixa e média (como Brasil e China), tanto o HIV, quanto a sífilis exercem maior taxa de contaminação e morbidade, enquanto em países mais desenvolvidos (Inglaterra) as taxas das duas doenças diminuem drasticamente. Esse fato justifica a grande quantidade de coinfecções em países emergentes (entre média e baixa renda), como o Brasil.
O trabalho de conclusão de curso tem como objetivo geral analisar os casos de coinfecção de Sífilis e HIV a partir de uma revisão literária das ocorrências no território brasileiro.
Por outro lado, os objetivos específicos abordados serão: compilar as correlações existentes entre os casos de sífilis e HIV; evidenciar a história natural da coinfecção; avaliar as consequências do contexto socioeconômico sobre o processo de transmissão e infecção da sífilis-HIV; elencar os fatores de risco associados a coinfecção.
O treponema pallidum é uma bactéria gram-negativa que pode ser transmitida ao ser humano através de contato sexual desprevenido ou transfusão sanguínea, causando malefícios a vários órgãos, como olhos, pele, ossos e até mesmo ao sistema nervoso, como quando em sua fase mais prejudicial: a terciária. Já o Vírus da Imunodeficiência Humana, possuindo a mesma forma de transmissão, tem como alvo o sistema imunitário do organismo, infectando principalmente os linfócitos T CD4+. Essas duas infecções, ainda que causadas por patógenos diferentes, costumam estar relacionadas quanto à transmissão. Nesse sentido, percebe-se, nessa justificativa, um grande número de casos de coinfecção de Sífilis e HIV no Brasil, cenário esse que traz a necessidade de compilar essas ocorrências para entender melhor o processo de transmissão vertical dessas infecções, bem como os grupos sociais mais afetados. Nesse viés, necessita-se analisar e estudar o cenário brasileiro, a partir de uma perspectiva socioeconômica e relativa à sexualidade do indivíduo. Assim, este trabalho busca sintetizar as informações sobre os casos de coinfecção e, dessa forma promover a prevenção e o tratamento dessas enfermidades, a partir da síntese de artigos antes já publicados.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Esse é um trabalho que será baseado numa revisão bibliográfica sistemática através das principais plataformas de busca científica online, como: Public Medical
Literature Analysis and Retrieval System Online (PubMed), Medscape, Scientific Eletronic Library Online (Scielo), Google Acadêmico, Bireme, entre outros.
Para a seleção dos artigos serão utilizados os seguintes descritores: “Sífilis”; “HIV”, “Coinfecção”, “Brasil” e “Coinfecção sífilis-HIV”. Estes descritores também serão procurados em inglês: “Syphilis”; “HIV”, “Coinfection”, “Brazil” and “Syphilis-HIV Coinfection”, no objetivo de dispor de uma base literária mais detalhada e ampla.
Serão considerados os artigos publicados entre os anos de 2004 e 2023, ou seja, publicados nos últimos 19 anos, priorizando os artigos publicados nos últimos 9 anos. Já os estudos incompletos, que não oferecerem as informações necessárias para a abordagem do tema proposto no trabalho, serão excluídos. Também será um critério de exclusão a repetição de estudos em diferentes bases de dados.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Karp et al. (2009), tanto o HIV quanto a Sífilis são doenças sexualmente transmissíveis, porém, a ocorrência de coinfecção entre essas doenças é comum, sendo que as duas afetam uma à outra através de uma série de formas.
A Sífilis facilita tanto a transmissão, quanto a aquisição do HIV, e o HIV tem sido documentado no intuito de acelerar a história natural da Sífilis. Além disso, a infecção pelo HIV tem sido associada à sorologia de sífilis falso-positiva e negativa, complicando diagnósticos e manejo (REN, et al., 2021).
Nesse viés será abordado a coinfecção sífilis-HIV relacionando ao nosso país, adjunto a ela os fatores que podem influenciar na transmissão de casos e a história natural da doença.
3.1 COINFECÇÃO ENTRE SÍFILIS E HIV NO BRASIL
Em uma pesquisa feita no Brasil por Baia et al. (2022), em que se foi analisado a relação de coinfecção Sífilis-HIV com usuários de crack e cocaína, constatou-se que de 287 resultados reativos para sífilis, 28 testaram positivo para anticorpos anti-HIV-1/2, e 19 deles tinham o gene RNA HIV-1. Constatou- se também que todos os usuários que testaram positivo apenas para sífilis ou para sífilis com coinfecção com HBV, HCV e/ou HIV-1, relataram não terem conhecimento do status de portador desses patógenos até o presente estudo.
Segundo McCoy et al. (2009), os efeitos gerados pela infecção pelo HIV na imunidade podem aumentar ainda mais a suscetibilidade a outras IST’s, já que os indivíduos que estão imunocomprometidos não conseguem montar uma resposta imune capaz de agir contra os patógenos transmitidos pela via sexual. Ward e Ronn (2010) mencionam, desta vez, que as IST’s facilitam a transmissão do HIV, através do processo de rompimento das barreiras protetoras da camada mucosa, possibilitando o recrutamento de células imunes que sejam suscetíveis ao local da infecção. Este fato corrobora para uma correlação entre o HIV e as Infecções Sexualmente Transmissíveis, como a sífilis.
Dentre as IST’s existentes, a sífilis é tratada como uma das mais problemáticas diante da infecção do HIV, já que ela é diretamente relacionada ao aumento das concentrações de RNA do HIV no plasma sanguíneo e à diminuição da contagem de células CD4 (Buchacz, et al., 2004).
Segundo Adolf et al. (2014), já está bem determinado que a sífilis aumenta o risco de transmissão do HIV. Isso se dá devido ao fato da geração de úlceras genitais. Sendo assim, estima-se que indivíduos portadores de sífilis tenham maior chance de ter o Vírus da Imunodeficiência Humana, quando comparados com a população em geral.
Por outro lado, Kaplan et al. (2009) relata em seu estudo que com o aumento do risco de transmissão do HIV, concomitantemente há o estímulo do curso da infecção pelo T. pallidum, exacerbando a ação agressiva dessa doença e proporcionando uma resposta pior ao tratamento.
Conforme afirma a 138ª sessão profissional da Organização Mundial de Saúde (2015), a coinfecção entre sífilis e HIV possui um efeito sinérgico, caracterizado tanto pela elevação da transmissibilidade do HIV quanto pela evolução atípica da infecção pelo agente etiológico da Sífilis.
Segundo o Centro de Referência e Treinamento DST/Aids, da Secretaria de Estado de Saúde, em uma pesquisa publicada em 2010, as principais consequências da infecção por sífilis não tratada, estão a transmissão vertical do Treponema pallidum e a associação com a infecção pelo HIV.
Segundo dados apurados pelo Ministério da Saúde, em 2020, as IST’s atingem taxas mais altas entre as pessoas sexualmente ativas, sendo disseminadas de forma silenciosa, o que facilita o processo de contaminação. Detalham ainda que, dentre as IST’s, a Sífilis e a infecção pelo HIV são as que possuem as rotas de transmissão e de determinantes sociais mais comuns.
Dessa forma, este fato corrobora para a afirmação de Mora et al. (2019), que diz que a infecção por T. pallidum provoca o aumento da carga viral, acarretando na diminuição da quantidade de linfócitos TCD4+ no sistema imune do indivíduo e resultando no aumento da morbidade e na mortalidade em pessoas que já vivem com o HIV. Afirma ainda que a presença do HIV pode afetar a transmissão da sífilis, o seu curso clínico, a resposta ao tratamento e a alteração do seu diagnóstico.
Dentre os fatores que estão associados à coinfecção HIV/sífilis no Brasil, destacam-se o sexo masculino, múltiplos parceiros, uso irregular de wpreservativos, idade, baixa escolaridade, estado civil, presença de IST e HSH (Santos, et al., 2017).
Em uma pesquisa de campo realizada por Simões et al. (2022) na cidade de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, foram entrevistados cerca de 459 indivíduos, destacando-se a prevalência de indivíduos coinfectados pelo HIV/sífilis neste estudo, que foi de 10,6%, o equivalente a 49 indivíduos. Dentre as características clínicas apresentadas por esses indivíduos, observou-se que 45% dos entrevistados apresentavam sífilis não especificada, 26,6% apresentavam sífilis latente e latente tardia, 14,3% com sífilis secundária, 12,1% com sífilis terciária (neurossífilis e uveíte) e 2% com a primária.
Segundo Luppi et al. (2018), em uma pesquisa feita pelo seu grupo, foram notificados 647 casos de sífilis adquirida, os quais obtiveram uma prevalência de coinfecção pelo HIV de 56,5% (366 indivíduos), com predominância do sexo masculino (97,8%) dentre os 647 casos. A Tabela 1 demonstra a relação da coinfecção tanto a fatores socioeconômicos, quanto a fatores direcionados à sexualidade.
Tabela 1 Prevalência de coinfecção pelo HIV nos casos notificados de sífilis adquirida
Fonte: Adaptado de Luppi et al. (2018)
Figura 1 Casos de coinfecção de HIV e sífilis no Brasil (2007-2019).
3.2 HISTÓRIA NATURAL DA COINFECÇÃO
Cerca de 60,9% dos 1.736 casos de coinfecção analisados por Riley et al. (2020), evoluíram para o estágio latente inicial da infecção por sífilis quando descobertos e relatados. O autor relata que este resultado culmina no pensamento de que esses casos não apresentavam manifestações clínicas de infecção por sífilis, porém, eram de caráter contagioso. Relata, ainda, que o que corrobora para as possíveis transmissões desconhecidas é a ausência de manifestações clínicas.Perante um quadro de coinfecção entre HIV e sífilis, há a possibilidade de ocorrer o aumento da carga viral do HIV e uma diminuição das células TCD4. Esta ocorrência é promovida pelo processo de estímulo da expressão gênica do HIV nas células que já estão infectadas. Diante desse fato, o HIV induz a alteração do curso natural da sífilis, favorecendo o aumento das lesões sifilíticas na sífilis secundária, além de afetar os resultados de exames sorológicos e ultrajar o Sistema Nervoso Central, que posteriormente pode acarretar a neurossífilis (Vasconcelos, et al., 2021).
Koksal et al. (2020) relata que indivíduos infectados por sífilis possuem uma chance 2 a 9 vezes maior de serem infectados por HIV do que indivíduos sem a infecção. Isso se dá pelo fato de, comumente, esse tipo de correlação esteja presente em pacientes com a vida sexual ativa sem a devida proteção e sem os devidos cuidados.
Conforme Sadeghani et al. (2014), dentre os sintomas abrangidos num paciente com coinfecção entre as duas IST’s estudadas, a uveíte é uma manifestação clínica reemergente entre eles. Pode-se considerar que este seria o primeiro sintoma a se manifestar após a ocorrência da coinfecção.
3.3 FATORES SOCIOECONÔMICOS E A COINFECÇÃO SÍFILIS-HIV
Conforme abordado por Santos (2020), o comportamento sexual de risco e a falha na adesão às orientações de prevenção do paciente é bem presente em pessoas portadoras de HIV com infecção concomitante a outras IST’s, como a sífilis. De acordo com seu estudo, os indivíduos que têm esse acesso limitado aos cuidados em saúde, estão nesse tipo de situação devido sua questão econômica e estigmatização social.
RESULTADOS
É verdade que a sífilis pode facilitar a transmissão e aquisição do HIV e que o HIV pode acelerar a história natural da sífilis. Isso ocorre porque ambas as doenças afetam o sistema imunológico e podem comprometer a capacidade do corpo de combater outras infecções (Ren, et al., 2021).
A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum, que pode causar feridas genitais e, em estágios mais avançados, danos ao sistema nervoso e outros órgãos. Quando uma pessoa tem sífilis, ela pode ter feridas abertas em sua pele ou mucosas, o que aumenta o risco de transmissão do HIV durante o sexo. Além disso, a presença da sífilis pode aumentar o número de células do sistema imunológico que o HIV infecta e, portanto, aumentar o risco de infecção pelo HIV (Mora, et al., 2019).
Por outro lado, o HIV pode acelerar a história natural da sífilis. Isso ocorre porque o HIV compromete o sistema imunológico, tornando mais difícil para o corpo combater a infecção por sífilis. Além disso, a sífilis pode se tornar mais grave em pessoas com HIV, resultando em complicações mais sérias.
Portanto, é importante fazer exames regulares para detectar e tratar precocemente tanto o HIV quanto a sífilis, a fim de prevenir a transmissão e o agravamento das doenças. O uso de preservativos durante o sexo também é uma medida importante para prevenir a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo o HIV e a sífilis (Baia, et al., 2022).
5 DISCUSSÃO
A coinfecção de sífilis e HIV é um fenômeno consternador que afeta a saúde pública no Brasil. A relação entre as duas infecções é bem estabelecida, sendo que a presença de sífilis aumenta o risco de transmissão do HIV e vice-versa. Dados recentes indicam que a coinfecção é mais prevalente em populações vulneráveis, como HSH, trabalhadores do sexo e usuários de drogas.
Em uma pesquisa feita no Brasil por Baia et al. (2022), em que se foi analisado a relação de coinfecção Sífilis-HIV com usuários de crack e cocaína, constatou-se que de 287 resultados reativos para sífilis, 28 testaram positivo para anticorpos anti-HIV-1/2, e 19 deles tinham o gene RNA HIV-1.
Dentre os fatores que estão associados à coinfecção HIV/sífilis no Brasil, destacam-se o sexo masculino, múltiplos parceiros, uso irregular de preservativos, idade, baixa escolaridade, estado civil, presença de IST e HSH (Santos, et al., 2017).
Os resultados deste estudo revelaram uma taxa significativa de coinfecção em indivíduos que têm acesso limitado ao sistema de saúde, ou devido à sua condição socioeconômica e estigmatização social.
A análise comparativa com dados de estudos anteriores mostra uma tendência alarmante de aumento das taxas de sífilis e HIV, refletindo uma crise de saúde pública.
A coinfecção de sífilis e HIV representa um árduo desafio para o sistema de saúde, que precisa implementar estratégias integradas de prevenção, diagnóstico e tratamento. A falta de educação sexual e o estigma associado a ambas as infecções podem ser barreiras significativas. Programas de conscientização e acesso a serviços de saúde devem ser ampliados, especialmente em comunidades vulneráveis.
É importante reconhecer as limitações deste estudo, incluindo a possibilidade de subnotificação e a variabilidade na qualidade dos dados disponíveis. A falta de dados em algumas regiões pode limitar a generalização dos resultados.
Futuras pesquisas devem investigar as interações sociais e comportamentais que contribuem para a coinfecção, bem como avaliar a eficácia de intervenções de saúde pública.
Neste tocante, a coinfecção de sífilis e HIV no Brasil requer atenção urgente das autoridades de saúde. A integração dos serviços de saúde, campanhas educativas e o fortalecimento das políticas de saúde pública são essenciais para conter o avanço dessas infecções e proteger as populações mais afetadas.
6 CONCLUSÃO
Diante disso, concluir-se-á que a sífilis possui uma correlação coinfecciosa com o Vírus da Imunodeficiência Humana de maneira muito ampla, abrangendo tanto os mecanismos de facilitação da infecção entre elas, quanto a potencialização dos efeitos que cada uma das doenças pode trazer. Sendo assim, direcionando a discussão para o foco principal da pesquisa, o Brasil possui taxas de coinfecção muito alta, fato este justificado pelo enorme número de fatores predisponentes à coinfecção, como demonstrado na tabela 1. Dentre os fatores predisponentes, destacam-se: sexo, faixa etária, etnia, escolaridade, HSH, múltiplos parceiros e uso de drogas não injetáveis.
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