THE NOTORIETY OF INPUTS, ADDITIVES AND CARE FOR ORNAMENTAL AQUARIUMS: ANALYSIS OF THE CURRENT SCENARIO
REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.12665660
Vinicius Cunha de Oliveira 1
Orientador: Alexandre Correa de Lima 2
Resumo
Aquários ornamentais são ambientes fascinantes que abrigam peixes coloridos e plantas fundamentais ao ecossistema aquático. Para manter um aquário saudável e vibrante, é essencial entender sobre insumos, aditivos, práticas de manejo e cuidado, reprodução, qualidade da água, doenças comuns em organismos aquáticos e sua prevenção e tratamento. O presente artigo visa demonstrar a conceituação e aplicação de cuidados e técnicas para manutenção de aquários ornamentais, se atentando às questões peculiares como biodiversidade, morfologia, cadeia de suprimentos, legislações do setor, principais espécies, interação e coexistência entre espécies ornamentais e invasoras, mutação gênica, biopirataria, reprodução em cativeiros e principais profissionais do setor. Por meio da pesquisa pôde-se caracterizar aspectos como montagem e custos para construção e manutenção de aquários ornamentais; cuidados com a qualidade da água e produtos para mitigação de enfermidades; tipos de filtros e estratégias de filtragem; utilização de aditivos, suplementos e fertilizantes para organismos aquáticos; alimentação e nutrição balanceadas; as principais empresas nacionais e multinacionais para produção de insumos de aquariofilia; além de doenças e tratamentos a partir de produtos disponíveis no mercado. A pesquisa foi suficiente em delimitar as melhores práticas e meios de preservação e sustentabilidade de aquários, possibilitando uma fonte de consulta e expansão de conhecimento técnico-científico na área estudada.
Palavras-chave: Aquários Ornamentais. Qualidade da água. Insumos e técnicas de manejo. Aditivos. Cuidados, Prevenção e Tratamento de Doenças de Peixes.
Abstract
Ornamental aquariums are fascinating environments that house colorful fish and plants that are essential to the aquatic ecosystem. To maintain a healthy and vibrant aquarium, it is essential to understand inputs, additives, management and care practices, reproduction, water quality, common diseases in aquatic organisms and their prevention and treatment. This article aims to demonstrate the conceptualization and application of care and techniques for maintaining ornamental aquariums, paying attention to peculiar issues such as biodiversity, morphology, supply chain, sector legislation, main species, interaction and coexistence between ornamental and invasive species, mutation genetics, biopiracy, captive reproduction and main professionals in the sector. Through research, it was possible to characterize aspects such as assembly and costs for construction and maintenance of ornamental aquariums; care for water quality and products to mitigate illnesses; types of filters and filtering strategies; use of additives, supplements and fertilizers for aquatic organisms; balanced diet and nutrition; the main national and multinational companies for the production of aquarium supplies; in addition to diseases and treatments based on products available on the market. The research was sufficient to define the best practices and means of preservation and sustainability of aquariums, providing a source of consultation and expansion of technical-scientific knowledge in the area studied.
Keywords: Ornamental Aquariums. Water quality. Inputs and management techniques. Additions. Care, Prevention and Treatment of Fish Diseases.
1 INTRODUÇÃO
De acordo com a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AQUARISTAS (2020), um dos passatempos que mais cresceu nos dois últimos séculos foi o aquarismo, fator este motivado pela verticalização das cidades e incentivado por pesquisas que demonstram que, possuir um aquário nas residências, auxilia no combate à insônia e reduções da pressão alta, estresse, ansiedade e tensão muscular.
De forma atrelada a esta prática, surge também a necessidade de insumos específicos para ambientes aquáticos, que correspondem a rações, sistema de iluminação, condicionadores de água, climatizadores, filtros e demais aditivos, abrindo um leque para inserção de indústrias originárias deste meio, uma vez que a aplicação incorreta destes fatores elencados pode levar à morte ou subdesenvolvimento das espécies (SANTOS, 2015).
Correlativamente, se faz importante a inserção de profissionais e pessoas capacitadas para gerir as melhores práticas para o desenvolvimento de produtos que atendam à demanda e desafios deste ramo, sendo fundamental que numa piscicultura ornamental e/ou num aquário doméstico, haja auxílio de um médico veterinário (ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE PEIXES ORNAMENTAIS, 2017).
Haja vista os intensos desafios da área, é nítida a escassez de profissionais capacitados e atuantes neste segmento, abrindo caminho para profissionais multidisciplinares; ou seja, na falta de médicos veterinários, pode-se notar a inserção de químicos, farmacêuticos e profissionais da pesca, no entanto, com o crescimento da área, espera-se que a demanda por atividades no setor cresça e, consequentemente, a capacitação específica se fará cada vez mais essencial (ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE PEIXES ORNAMENTAIS, 2017).
Em relação à piscicultura ornamental, é fato que houve intensificação da área com um crescimento considerável da produção, todavia, ainda se constitui essencialmente em cativeiros e extrativismo massivo, meios estes que podem comprometer a sustentabilidade dos ambientes em que as espécies são inerentes (FERREIRA, 2019).
A divulgação de conhecimento e potencial de crescimento do setor aquarista são fundamentais à redução de práticas empíricas e possibilitarão a expansão do empreendedorismo da área, de modo que piscicultores e lojistas possam produzir e comercializar espécimes de excelente qualidade, atendendo às boas práticas de produção e redução de doenças.
2 OBJETIVOS
Neste sentido, este trabalho objetiva mostrar a importância de um aquarismo ornamental adequado, através de boas práticas para cuidados de organismos aquáticos, visando aplicações de insumos e aditivos corretos de acordo às necessidades da conservação ambiental e sustentabilidade.
3 JUSTIFICATIVA
Os peixes ornamentais são animais aquáticos selecionados por sua beleza e cores vivas, e mantê-los em um aquário pode ser uma experiência gratificante e relaxante, no entanto, para que os peixes tenham uma vida longa e saudável, é essencial seguir algumas práticas específicas como escolha do aquário e ambiente, tipos de peixes e plantas, filtro adequado, qualidade da água, aditivos a serem utilizados, alimentação e nutrição, e prevenção e tratamento de doenças, por isso, o presente trabalho visa o conhecimento e disseminação de técnicas para cuidar de um aquário ornamental, objetivando garantir saúde e bem-estar dos peixes e do ecossistema que habita esse ambiente aquático.
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
Definição
Segundo Smith, (2022), os organismos aquáticos com fins ornamentais são quaisquer espécies com habitat aquático, capturados ou produzidos e que são mantidos em aquários, tanques, lagos ornamentais com fins estéticos, para entretenimento ou educação.
Por outra via, peixes ornamentais ou peixes de aquário são caracterizados como espécies específicas devido exuberância de coloração, formas e peculiaridade de manutenção em cativeiro; em geral, estes organismos são criados para posterior inserção em aquários, tanques e lagos artificiais com finalidade decorativa e de entretenimento (ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE PEIXES ORNAMENTAIS, 2017).
Histórico
Ao longo da história, a criação de peixes remonta aos tempos antigos, com os primeiros registros a partir dos sumérios, próximo a 4500 a.C. Porém, a prática ornamental se iniciou com a domesticação da carpa em 2000 a.C. pelos chineses. Na Europa, alguns fatores foram propulsores do aquarismo moderno, sendo válido destacar o primeiro grande aquário público no zoológico de Londres em 1853, o surgimento das primeiras associações de aquaristas em 1870 na Alemanha, as primeiras casas com energia elétrica na Europa em 1890 com aeração, filtração, iluminação e aquecimento para aquários, e a primeira bomba de ar em 1908 (MORAES, 2023).
No Brasil, o aquarismo registra práticas desde o século XVII, todavia o status comercial ocorreu a partir da primeira exposição da independência em 1922 no Rio de Janeiro, neste evento, os japoneses expuseram grandes aquários, o que despertou beleza e atração pelos brasileiros (MORAES, 2023).
Impacto Econômico
De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), o comércio mundial de peixes ornamentais aumentou suas exportações de U$ 181 milhões para U$ 372 milhões entre 2000 e 2011. Nacionalmente, em relação às exportações de pescado, se em 2009, o Brasil exportava U$ 169 milhões, em 2016, passou a exportar U$ 225 milhões, sendo que apenas 3% deste valor é relativo ao aquarismo ornamental. Há grande potencial na área e o crescimento depende de incentivos agropecuários e conhecimento técnico (GARCIA, 2021).
O Brasil apesar de possuir diversas espécies, climas e extensão de rios e mares, representa apenas 2% do mercado mundial exportações de organismos de aquário. Atualmente, os maiores exportadores de peixes ornamentais são China, Japão, Singapura, Brasil, Colômbia e República Democrática do Congo, seja por tradição cultural e/ou diversidade de espécies exóticas. Já os maiores importadores são Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido e França, com alta demanda por qualidade e exclusividade (GARCIA, 2021).
A cadeia de suprimentos de peixes ornamentais envolve múltiplos estágios, desde a coleta ou criação até a entrega ao consumidor final. Em relação a criação e coleta, esta etapa inclui fazendas de criação e coletores que capturam peixes selvagens, em seguida, é feito o transporte de peixes sob condições específicas para garantir a sobrevivência, como temperatura e oxigenação adequadas; por fim os organismos são distribuídos para lojas especializadas, feiras e mercados online (SANTOS, 2015).
De modo geral, o comércio de peixes ornamentais pode ser realizado em lojas físicas, que oferecem uma experiência de compra personalizada, com a possibilidade de ver os peixes antes da compra e receber orientações detalhadas dos vendedores especializadas; ou através de plataformas online, permitindo alcance global e conveniência para os consumidores, mas requer um sistema logístico eficiente para o transporte seguro dos peixes (SANTOS, 2015).
Por se tratar de um setor em constante crescimento e inovações, feiras e exposições são eventos importantes para o setor, onde criadores, comerciantes e entusiastas se reúnem para trocar conhecimentos e realizar negócios. Entre os eventos de negócios que mais se destacam, há feiras como a Aquarama (Ásia) e a Interzoo (Europa) que atraem participantes de todo o mundo. É válido ressaltar que todos estes eventos são desenvolvidos sob a tutela da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens (CITES), que regula o comércio de espécies ameaçadas, incluindo várias espécies de peixes ornamentais (THOMAS, 2023).
As inovações tecnológicas têm modificado significativamente o manejo de aquários, sendo que a sustentabilidade é uma tendência crescente no mercado de peixes ornamentais, com um foco maior na conservação das espécies e dos ecossistemas. Neste sentido, criadores estão adotando práticas mais sustentáveis, como a aquicultura de ciclo fechado e a criação de espécies nativas. Outra característica-tendência é o aumento da conscientização dos consumidores sobre a importância da escolha de peixes criados de forma sustentável e a proteção dos ecossistemas naturais (SANTOS, 2015).
Legislação do Setor
No que diz respeito às legislações vigentes sobre organismos ornamentais, há variações em todo o mundo, especialmente sobre aspectos como importações e exportações, comércio, sanidade e conservação, sendo que se destacam a Ornamental Fish International (OFI) que é uma associação internacional de comércio de peixes ornamentais, fundada em 1980, que busca melhorar os padrões dentro da indústria de aquariofilia (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AQUARISTAS, 2020).
No Brasil, o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) estabelece normas para emissão de licenças de importação de invertebrados aquáticos marinhos e estuarinos para fins de ornamentação e aquariofilia. Há também o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) que define critérios para o uso sustentável de peixes nativos de águas continentais, marinhas e estuarinas com finalidade ornamental (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AQUARISTAS, 2020).
Com relação ao IBAMA, se destacam as publicações da Instrução Normativa n° 21/2018 preconizando normas para emissão de licenças de importação de invertebrados aquáticos marinhos e estuarinos para fins de ornamentação e aquariofilia; e a Portaria nº 91/2022, que estabelece normas e critérios para exportação e importação de peixes de águas continentais, marinhas e estuarinas (FERREIRA, 2022).
Já o MAPA publicou a Instrução Normativa nº 10, que estabelece normas, critérios e padrões para o uso sustentável de peixes nativos de águas continentais, marinhas e estuarinas com finalidade ornamental e de aquariofilia; e a Instrução Normativa nº 04/2019 que altera as regras relacionadas à sanidade de animais aquáticos, incluindo organismos ornamentais (GOMES, 2021).
É importante salientar a existência da Instrução Normativa Interministerial n° 28/2011 que visa promover a sanidade dos organismos aquáticos e valorizar aspectos culturais e regionais da produção, e da Lei 11.959/09 que permite que aquicultores coletem, capturem e transportem organismos aquáticos para diversos fins, incluindo cultivo e reposição de plantéis de reprodutores (GOMES, 2021).
Profissionais que Cuidam de Peixes Ornamentais
Os profissionais que podem cuidar de peixes ornamentais incluem veterinários especializados em peixes pois, assim como outros animais de estimação, os peixes ornamentais podem precisar de atendimento veterinário. Há ainda os aquaristas e especialistas em aquicultura, que são profissionais com conhecimento específico para cuidar de peixes ornamentais, eles entendem as necessidades dos peixes, a qualidade da água, a alimentação adequada e outras práticas essenciais para manter um aquário saudável (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AQUARISTAS, 2020).
Outros profissionais que podem cuidar de peixes ornamentais são biólogos marinhos, pesquisadores de organismos aquáticos e especialistas em ecossistemas aquáticos, esses profissionais podem ajudar a projetar e manter um ambiente adequado para os peixes, considerando fatores como filtragem, iluminação e decoração (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AQUARISTAS, 2020).
Por fim, há a possibilidade de consultar lojistas e vendedores de aquários e acessórios, que embora não sejam profissionais de saúde, podem fornecer informações básicas sobre cuidados com peixes ornamentais. Eles podem orientar sobre a escolha de peixes adequados, equipamentos e produtos para manutenção do aquário (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AQUARISTAS, 2020).
Espécies de Peixes Ornamentais
A diversidade de espécies de peixes ornamentais é vasta, com inúmeras variedades disponíveis em cada ecossistema, todavia entre os que mais se destacam estão o (Betta splendens), o peixe Betta, também conhecido como peixe-de-briga-siamês, que é uma das espécies mais populares devido à sua beleza e comportamento fascinante. Os Betta são conhecidos por suas cores vibrantes e nadadeiras longas e elaboradas. Os machos são geralmente mais coloridos e agressivos do que as fêmeas. Eles são nativos das águas rasas e paradas do Sudeste Asiático, preferem aquários com pouca correnteza e muitas plantas e os principais cuidados requerem aquários individuais ou com divisórias, água com pH entre 6.5 e 7.5, e temperaturas de 24°C a 27°C. Alimentam-se de pequenos insetos e larvas, já no aquário, aceitam rações específicas e alimentos vivos ou congelados (CHEN, W. et. al., 2020).
Há também os Poecilia reticulata (Guppy), que são pequenos peixes vivíparos, amplamente apreciados por sua facilidade de reprodução e variedade de cores e padrões. Eles apresentam grande diversidade de cores e formas de cauda, sendo que os machos são menores e mais coloridos que as fêmeas. Em geral, são ativos e preferem nadar em cardumes, sendo originários da América do Sul, habitam águas de rios e lagoas com vegetação densa, são onívoros, preferem alimentos em flocos, pequenos crustáceos e algas; optam por águas com pH entre 7.0 e 8.0 e temperaturas de 22°C a 28°C, e necessitam de vegetação abundante e esconderijos (SMITH, 2022).
O peixe dourado (carassius auratus) é uma das espécies mais antigas e populares de peixes ornamentais, conhecida por sua resistência e longevidade. Descendem de carpas asiáticas e adaptam-se a uma variedade de condições, mas preferem água fria e bem oxigenada. Eles variam em tamanho, cor e forma, podendo crescer significativamente em aquários grandes e em lagos. São onívoros, necessitam de uma dieta variada que inclua rações específicas, vegetais e pequenos invertebrados, sendo geralmente pacíficos, mas podem comer plantas e outros pequenos invertebrados e requerem aquários espaçosos com água bem oxigenada, pH entre 6.5 e 7.5, e temperaturas de 18°C a 24°C (SMITH, 2022).
O acará-bandeira (pterophyllum scalare) é apreciado por sua elegante forma de corpo e nadadeiras alongadas, apresentam uma forma triangular com nadadeiras dorsais e anais longas. Originários da bacia amazônica, necessitam de água quente e levemente ácida, com bastante vegetação, podendo ser encontrados em várias colorações e padrões, sendo relativamente pacíficos e preferindo água com pH entre 6.0 e 7.0, temperaturas de 24°C a 30°C, e aquários com vegetação e esconderijos. Preferem alimentos vivos e congelados, como artêmias e larvas de mosquito, além de rações de boa qualidade (CHEN, W. et. al., 2020).
Morfologia de Peixes Ornamentais
Entre as principais diferenças que se pode elencar entre peixes ornamentais e peixes comuns, se destacam morfologia, cores e características específicas. Em questão do formato do corpo, peixes de aquário apresentam uma morfologia peculiar, com formatos de corpo variados, por exemplo, o peixe-palhaço (Amphiprion percula) tem um corpo compacto e arredondado, enquanto o peixe-dourado (Carassius auratus) tem um corpo alongado. Já os peixes comuns podem ter uma variedade de formas corporais, mas geralmente não são selecionados por sua estética (CHEN, W. et. al., 2020).
A coloração é uma característica predominante em peixes ornamentais, visto que estes são conhecidos por suas cores vibrantes e cintilantes, sendo que espécies como o platy (Xiphophorus maculatus) exibem uma variedade de cores, incluindo laranja, vermelho, amarelo e preto; por outro lado os peixes comuns possuem uma coloração mais discreta e natural, adaptada ao ambiente em que vivem (MORAES, 2023).
Com relação ao valor comercial, é nítida a percepção de que peixes comuns não são selecionados com base no valor comercial, todavia, em peixes ornamentais, as características físicas, formato, coloração, sexo e tamanho, influenciam diretamente no valor comercial dessas espécies, tendo como exemplo, os machos da espécie Gomphosus varius que podem valer até duas vezes mais que as fêmeas devido à sua raridade. Além disso, peixes ornamentais são criados e sofrem mutações visando fins decorativos e de estética em aquários, tanques e lagos artificiais, enquanto os peixes comuns vivem em ambientes naturais e sem a seleção humana para fins ornamentais (CHEN, W. et. al., 2020).
Reprodução em Cativeiro
A reprodução de peixes ornamentais em cativeiro varia conforme a espécie, sendo essencial conhecer os métodos específicos para cada tipo. Neste sentido, os peixes ovíparos são espécies que põem ovos, como tetras e ciclídeos, requerem condições específicas para a desova e cuidados com os ovos, além da criação de um ambiente adequado para a desova, como a inclusão de plantas ou substratos específicos. Já os peixes vivíparos, são espécies que dão a luz a alevinos vivos, como guppies e molinésias, e tendem a ser mais fáceis de reproduzir, porém, é importante separar os alevinos dos adultos para evitar predação (FERREIRA, 2019).
De forma geral, os alevinos necessitam de cuidados especiais para garantir seu crescimento saudável, como a alimentação inicial que deve incluir infusórios, náuplios de artêmia e rações finamente moídas, e conforme crescem, podem ser introduzidos alimentos maiores. Outra característica marcante é manter a qualidade da água, neste caso, parâmetros como temperatura, pH e dureza devem ser monitorados frequentemente, e trocas parciais de água são recomendadas (ROBERTS, 2016).
As principais dificuldades que pairam sobre a reprodução em cativeiro são a infertilidade, que pode ser causada por condições inadequadas de água ou alimentação, portanto, ajustes no ambiente e na dieta podem ajudar a resolver o problema; e doenças, visto que alevinos são suscetíveis a várias enfermidades, para isso, manter a higiene do aquário e utilizar tratamentos específicos pode prevenir e controlar surtos (SANTOS, 2015).
Coleta de Espécies Selvagens e Interação com Espécies Invasoras
A coleta de peixes ornamentais diretamente do ambiente natural pode causar um declínio significativo nas populações selvagens. Muitos peixes ornamentais são coletados em regiões tropicais, onde a biodiversidade é alta, mas os ecossistemas são vulneráveis. Como consequência, a extração intensiva pode levar à diminuição drástica de espécies específicas, afetando não apenas a espécie alvo, mas também o equilíbrio ecológico local. Sendo assim, métodos de coleta destrutivos, como o uso de cianeto ou a destruição de recifes de corais, têm um impacto devastador nos habitats naturais (SMITH, 2022).
Algumas alternativas sustentáveis para mitigar os impactos ambientais da coleta de peixes selvagens, dizem respeito à criação em cativeiro, surgindo como uma alternativa viável e sustentável. Para isso, se faz primordial o desenvolvimento de técnicas eficazes para a reprodução e criação de peixes ornamentais em cativeiro, reduzindo a demanda por espécimes selvagens. No mesmo sentido da sustentabilidade, iniciativas de certificações e selos verdes vem de encontro a meios que garantam a origem sustentável dos peixes ornamentais, incentivando práticas de criação mais responsáveis (CHEN, W. et. al., 2020).
Há grande risco ao ecossistema local numa liberação acidental ou intencional de peixes ornamentais em corpos d’água naturais, podendo resultar na introdução de espécies invasoras, que frequentemente competem com espécies nativas e alteram o equilíbrio ecológico. Neste sentido, existem disputas recursos de sobrevivência e possibilidade de predação de espécies nativas, levando à redução ou extinção de populações locais. É válido salientar que algumas espécies invasoras modificam o habitat ao qual são introduzidas, impactando a flora e a fauna locais (TANAKA, 2018).
Visando evitar os impactos negativos das espécies invasoras, é fundamental implementar medidas preventivas e políticas de controle, algumas delas são educação e conscientização, já que informar os aquaristas sobre os riscos da liberação de peixes em ambientes naturais e promover práticas de descarte responsáveis são práticas primordiais ao controle do nicho ambiental local (SMITH, 2022).
Sob o ponto de vista da regulação e fiscalização ambientais, é importante estabelecer e reforçar leis que regulam a importação, posse e liberação de espécies exóticas, além de promover programas de monitoramento e controle de espécies invasoras. A criação de peixes ornamentais também pode desempenhar um papel positivo na conservação de espécies ameaçadas, através de iniciativas para estabelecer programas de criação em cativeiro de espécies ameaçadas para posterior reintrodução em seus habitats naturais, e a manutenção de bancos genéticos de espécies ameaçadas pode ajudar a preservar a diversidade genética e apoiar esforços de conservação a longo prazo (CHEN, W. et. al., 2020).
Aquários públicos e privados podem ser importantes aliados na conservação de peixes ornamentais, eles podem atuar como instrumentos de educação ambiental, servindo como centros de educação ambiental, aumentando a conscientização pública sobre a importância da conservação de espécies aquáticas. É válido ressaltar que muitos aquários participam de programas de reprodução e reintrodução de espécies ameaçadas, contribuindo para a conservação da biodiversidade aquática (TANAKA, 2018).
Biopirataria
A biopirataria é uma prática que envolve a coleta indevida de materiais da fauna e da flora, bem como a apropriação de conhecimentos de populações tradicionais de um território. Essa prática ocorre por meio da comercialização ilegal, transporte, uso e até mesmo patenteamento de materiais provenientes da fauna e da flora, bem como dos saberes das comunidades sobre os recursos naturais disponíveis a eles (GARCIA, 2021).
Em organismos ornamentais, a biopirataria envolve a coleta e a apropriação de material genético da fauna e da flora de um território sem a devida autorização. Há três principais classificações, sendo a biopirataria da fauna, que envolve a coleta e exploração indevida de espécimes animais; a biopirataria da flora, relacionada à coleta e uso inadequado de material genético de plantas; e a biopirataria da cultura, que se refere à exploração e patenteamento do conhecimento tradicional das comunidades sem retorno adequado para elas (ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE PEIXES ORNAMENTAIS, 2017).
Entre as principais consequências e impactos negativos, é válido destacar a perda de biodiversidade, em que a exploração indevida de recursos biológicos pode levar à extinção de espécies e à perda de diversidade. Há também o prejuízo econômico, já que os países de origem dos materiais não recebem compensação justa pela exploração; e os danos às comunidades tradicionais, uma vez que o conhecimento tradicional é frequentemente explorado sem benefícios para as comunidades locais (GARCIA, 2021).
Doenças de Peixes Ornamentais
As doenças de peixes são perceptíveis quando eles apresentam mudanças na aparência e/ou no comportamento. Essas mudanças devem ser investigadas a fim de restaurar o bem-estar dos peixes e do ecossistema. De modo geral, as doenças causadas por protozoários vão parar no aquário a partir da introdução de peixes ou de objetos e acessórios contaminados. Mesmo com a presença dos agentes etiológicos no aquário, muitas das doenças de peixes só se manifestam quando estes estão com o sistema imunológico enfraquecido, é o que ocorre quando o pH e a temperatura da água estão inadequados ou quando há mudanças bruscas, portanto, a inserção de termômetros e termostatos no aquário, além da realização de testes de água com regularidade são condições fundamentais à prevenção de doenças (SANTOS, 2015).
Íctio, ou também conhecida como doença dos pontos brancos, é causado por um protozoário ciliado chamado Ichthyophthirius multifiliis. Na maior parte das vezes, esse protozoário é introduzido no aquário com a chegada de novos peixes ou objetos contaminados, seja ele um peixe, uma areia ou um enfeite. Ao inseri-lo no aquário, a doença se espalha entre os peixes até então saudáveis. A má limpeza (ou falta de manutenção) do aquário é outro fator de risco. O peixe fica tomado por pontos vermelhos ou transparentes que logo se tornam brancos, principalmente nas nadadeiras, por conta da irritação causada pelo do íctio no peixe, ele pode começar a se esfregar em pedras e demais elementos do aquário. Uma vez que os pontos brancos também podem se instalar nas brânquias, outro sintoma comum da doença é a dificuldade respiratória (FERREIRA, 2022).
Outra doença causada por protozoário, a costiose, ou costia ou Ictiobodose necator, tem como agente etiológico o Costia necatrix. Assim como o íctio, a costiose também costuma ser introduzida no aquário por meio de peixes e novos acessórios contaminados. Os sintomas da doença incluem corpo opaco, com manchas esbranquiçadas, até lesões hemorrágicas na pele nos estágios mais avançados da doença, que pode ficar em carne viva e peixe doente se esfregando em pedras e outros objetos do aquário. Isso, além de barbatanas com ramificações avermelhadas, feridas na pele, falta de apetite e peixe com preferência por ficar no fundo do aquário, além de os peixes ficarem nervosos, apáticos e com as nadadeiras fechadas (FERREIRA, 2019).
Mais conhecida como doença do veludo, a oodiniose é a terceira da lista de doenças em peixes causadas por protozoários introduzidos acidentalmente no aquário. Dessa vez, o agente etiológico é o chamado Oodinium pilullaris. O principal sintoma da doença é justamente o aspecto de veludo que, na oodiniose, cobre a pele do peixe. O peixe passa a apresentar pequenos pontinhos brilhantes ao longo do corpo todo, semelhantes a gotinhas douradas aveludadas, incluindo brânquias e nadadeiras. Em casos mais graves, o peixe também pode apresentar muco, úlceras e até o descolamento da pele (FERREIRA, 2019).
A degeneração das nadadeiras ou podridão das nadadeiras, é a condição causada pela proliferação exacerbada de bactérias. Alguns exemplos são Pseudomonas fluorescens, Aeromonas hyhila e Cytophaga psychrophila. O principal sintoma da doença é o apodrecimento dos tecidos das nadadeiras. Antes disso, no entanto, é possível notar a presença de manchas brancas leitosas nessa região do corpo. Elas evoluem para inflamações até chegar na degeneração dos tecidos (SANTOS, 2015).
Muito comum nos peixes dourados, a doença da bexiga natatória afeta o órgão responsável por equilibrar a densidade do peixe em relação à densidade da água. Isso permite que eles consigam nadar e se manter na profundidade desejada. Diversos fatores podem desencadear a doença (ou desordem) da bexiga natatória, incluindo fatores genéticos, alimentação inadequada, ação bacteriana, entre outros. Independentemente da causa, o principal sintoma da doença é o nado irregular, muitas vezes de lado ou com a barriga para cima. A profundidade em que o peixe costuma ficar no aquário também sofre mudanças (KUMAR, 2014).
Outra doença, a Lernaea cyprinacea é conhecida popularmente como “Verme âncora” pois se fixa ao peixe com antenas em forma de âncora. Registros históricos mostram que o Lernaea cyprinacea chegou ao Brasil por volta de 1986, trazido em lotes de carpas importadas. Essa doença causa danos à musculatura dos peixes, provoca hemorragias, anemia, necrose e inflamação local. Além disso, podem ocorrer infecções secundárias por fungos e bactérias na região afetada, sendo possível observar os parasitos fixados na pele do peixe, formando uma pequena reação inflamatória no local onde a lernea está fixada, podendo ser notado o corpo deste parasita (KUMAR, 2014).
A monogenea é comumente encontrada como ectoparasitos nas brânquias, na pele e nas nadadeiras de peixes, a mesma se desloca sobre a superfície do corpo do peixe, se alimentando de sangue e tecidos mortos, podendo ser uma doença fatal. Os principais sinais clínicos são irritação e esfoliação no local afetado, sendo que a observação dessa doença pode ser feita pelo aumento da produção de muco. O peixe infectado pode morrer por asfixia devido à alta quantidade de parasitas alojados em brânquias, o que compromete a respiração; outros sintomas são hemorragia e aumento de tamanho dos filamentos branquiais (FERREIRA, 2019).
Os fungos se trata de um grupo de organismos chamados heterotróficos que utilizam matéria viva ou morta para crescimento e reprodução, e costumam atacar peixes quando estes estão estressados ou doentes. As causas são muitas, desde falhas nutricionais a condições ambientais inadequadas, de má qualidade da água a condições higiênicas sanitárias deficientes. As principais doenças por fungos são a Saprolegniose (micoses dérmicas), Branquiomicose e Ictiofiríase. Cada doença causada por fungos possui sintomas distintos, mas, em todas elas, o peixe apresenta lesões nas guelras e mudança repentina em sua cor. Outro ponto importante é que a multiplicação dos fungos causa a formação de uma estrutura semelhante a algodão, fazendo com que o peixe acometido fique com pequenos “tufos de algodão” espalhados pelo corpo (FERREIRA, 2022).
Estima-se que mais de 50 espécies de bactérias estão associadas a doenças em peixes marinhos e de água doce. Pseudomonas, Aeromonas, Edwardsiellosis, Vibrio e Pasteurella são provavelmente os principais tipos de bactérias, as causas são basicamente as mesmas das demais doenças, sendo principalmente parâmetros de qualidade da água (pH, temperatura, amônia e nitrito) incorretos e má higienização do aquário, o que leva os peixes a ficarem estressados, tornando-se vulneráveis a doenças. Algumas doenças por bactérias causam septicemias hemorrágicas agudas, fazendo com que o peixe apresente cor escura com hemorragias irregulares na superfície do corpo e na base das nadadeiras. Já outras, como a Edwardsiellosis, é marcada pela formação de abscessos na região da cabeça e do base da cauda, além de lesões na pele e em órgãos internos em algumas espécies de peixes (FERREIRA, 2019).
Mutação Gênica
Mutação gênica é o procedimento pelo qual um gene sofre uma mudança estrutural, envolvendo adição, eliminação ou substituição de um ou poucos nucleotídeos da fita de DNA. Quando ocorre por adição ou subtração de bases, altera o código genético, definindo uma nova sequência de bases, que consequentemente poderá alterar o tipo de aminoácido incluído na cadeia proteica, tendo a proteína outra função ou mesmo inativação da expressão fenotípica. Por substituição, ocorre em razão da troca de uma base nitrogenada purina (adenina e guanina) por outra purina, ou de uma pirimidina (citosina e timina) por outra pirimidina, sendo esse processo denominado de transição e a substituição de uma purina por uma pirimidina, ou vice-versa, denominada de transversão (CHEN, W. et. al., 2020).
A mutação gênica em peixes ornamentais pode ter implicações significativas na piscicultura e na criação de peixes para fins estéticos, impactando diretamente em variabilidade genética, uma vez que esta é crucial para a saúde e a adaptação das populações de peixes ornamentais. Nestas análises, além da compreensão sobre a diversidade genética presente em uma população, são utilizados marcadores genéticos, como sequências de DNA específicas, para avaliar essa variabilidade. Em geral, a manutenção da variabilidade genética é importante para evitar problemas como endogamia e perda de diversidade (TANAKA, 2018).
Outra forma de rastrear a variabilidade genética é através da marcação de peixes com tags, que é uma prática comum para rastrear indivíduos em estudos genéticos, podendo ocorrer por etiquetas visíveis ou microchips implantados. Existem também alguns riscos genéticos associados à produção de híbridos, área de interesse da aquicultura moderna, em que a manipula genética desenfreada pode ocasionar graves consequências ecológicas, como a introdução de espécies exóticas ou híbridas num ecossistema, ameaçando a biodiversidade de peixes nativos (ROBERTS, 2016).
Alguns exemplos que mais se destacam sobre mutação gênica são o transgênico fluorescente do peixe-zebra, em que o (Danio rerio) é uma espécie de peixe ornamental de água doce originária da Ásia, também conhecido, no Brasil, como paulistinha; no entanto, uma versão transgênica desse peixe foi criada com genes de anêmonas e medusas, tornando-o fluorescente nas cores verde, vermelha, laranja e azul (TANAKA, 2018).
Há também os GloFish que são peixes ornamentais geneticamente modificados que brilham no escuro. Embora oficialmente proibidos no Brasil, pesquisadores encontraram espécimes de GloFish em córregos de nascentes na Mata Atlântica, esses peixes podem ter impactos ecológicos, competindo por alimento com espécies locais e predando peixes nativos. Além disso, descobriu-se que esses peixes estavam se reproduzindo em algumas das nascentes, o que aumenta o risco de extermínio dos peixes nativos (SANTOS, 2015).
Outra consequência da mutação gênica é a vulnerabilidade a doenças, em que algumas mutações podem tornar os peixes mais susceptíveis a doenças, como, por exemplo, peixes com mutações que afetam o sistema imunológico podem ter dificuldade em combater infecções. Além disso, características físicas alteradas (como nadadeiras longas ou corpos deformados) podem tornar os peixes mais propensos a lesões e infecções. Há também mutações que afetam a estrutura esquelética ou a formação de nadadeiras, podendo prejudicar a mobilidade dos peixes, a busca por alimento e a fuga de predadores (THOMAS, 2023).
A questão reprodutiva tem grande impacto devido às mutações gênicas, em que algumas mutações podem afetar a fertilidade dos peixes, já que mutações que causam esterilidade ou problemas na formação de órgãos reprodutivos podem comprometer a capacidade de reprodução dos peixes. Por fim, o desbalanceamento entre seleção artificial e criação seletiva pode ocasionar problemas colaterais não intencionais, como a seleção de cores vibrantes, que é requisito de aquaristas, pode resultar em peixes com sistemas imunológicos enfraquecidos (THOMAS, 2023).
5 METODOLOGIA
A revisão bibliográfica é um importante estudo acadêmico que tem como objetivo rever diferentes conteúdos que já foram publicados sobre um determinado assunto. Ao realizar esse tipo de pesquisa, o pesquisador precisa se preocupar com a metodologia empregada ao estudo e normas ABNT para formatação e estruturação (LAKATOS, MARCONI, 2016).
Quanto à base teórica e científica, a revisão bibliográfica garante a confiabilidade e a qualidade técnica e científica do trabalho. Existem basicamente quatro tipos de revisão bibliográfica, podendo-se compreendê-la através dos contextos histórico, onde se documenta o desenvolvimento da pesquisa em determinada área; expositivo, que expõe um tema a partir de análise e síntese de várias pesquisas; opinativo, que esclarece a respeito de um determinado tema na perspectiva de mudança; ou questionador, objetivando identificar as perspectivas para o futuro imediato da pesquisa sobre o tema em revisão (LAKATOS, MARCONI, 2016).
Existem várias metodologias diferentes para elaborar uma revisão bibliográfica, no entanto, todas elas são baseadas em planejamento, pesquisa e escrita da revisão bibliográfica. A escolha da metodologia mais adequada dependerá do objetivo da revisão e do tipo de pesquisa que está sendo conduzida (LAKATOS, MARCONI, 2016).
Durante a realização de uma revisão bibliográfica, é importante se atentar a alguns pontos para garantir a qualidade e a confiabilidade do trabalho acadêmico, entre os quais se destacam a amplitude da literatura, já que a quantidade de literatura disponível sobre um determinado tema pode ser vasta e diversificada; seleção de fontes; atualização, pois a literatura científica está em constante evolução; acesso à literatura, uma vez que nem sempre é fácil obter acesso a todos os estudos relevantes; síntese dos resultados, o pesquisador deve ser capaz de identificar padrões e tendências na literatura; e heterogeneidade dos estudos, onde os estudos incluídos em uma revisão bibliográfica podem variar em termos de metodologia, amostra, objetivos e outros fatores (LAKATOS, MARCONI, 2016).
Por fim, o presente trabalho utilizou-se das estratégias descritas acima e selecionou 16 trabalhos nacionais e internacionais para dirigir os estudos relevantes, destacando pesquisas em bases de dados especializadas; buscas por palavras-chave relevantes; referências bibliográficas de artigos da área; redes acadêmicas e repositórios institucionais.
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Montagem e Custos de Aquários
A escolha do aquário, apesar de parecer ser uma etapa negligenciável, é um dos primeiros passos para a criação bem-sucedida de peixes ornamentais. Diversos fatores devem ser considerados para garantir um ambiente saudável para os peixes, como o tamanho do aquário, que deve ser compatível com as espécies de peixes que serão criadas. Aquários maiores proporcionam um ambiente mais estável e reduzem o estresse dos peixes (GARCIA, 2021).
Em relação ao formato e material, aquários podem ser feitos de vidro ou acrílico, cada um com suas vantagens e desvantagens, sendo que o formato também influencia a circulação de água e a iluminação (SANTOS, 2015).
O custo para cuidar de um aquário ornamental pode variar dependendo de vários fatores, como o tamanho, o tipo de peixes e plantas que se deseja manter, bem como os equipamentos e acessórios necessários. Inicialmente, o custo está atrelado à aquisição do aquário, cujo preço de um aquário varia com base no tamanho e qualidade, aquários pequenos, de até 20 litros, podem ser encontrados por aproximadamente R$ 100 a R$ 150 (GARCIA, 2021).
Durante a montagem do aquário, há ainda o custo com equipamentos, que incluem filtros, aquecedores, iluminação, termômetros e bombas de ar, sendo que o valor desembolsado desses equipamentos pode variar de acordo com marca, capacidade e especificações. Existe ainda o custo com substratos e decorações, já que um substrato especial para plantas ou decorações como pedras, troncos e plantas artificiais são itens decorativos e apreciados por aquaristas (MORAES, 2023).
Algumas fontes de custos recorrentes para aquários ornamentais são alimentação, onde o custo de alimentar os peixes varia com base na quantidade e tipo de ração que você escolhe; manutenção, incluindo trocas regulares da água, limpeza do aquário, poda de plantas e manutenção dos equipamentos; eletricidade, uma vez que equipamentos como filtros, aquecedores e iluminação consomem energia elétrica; e testes de água, visando monitorar a qualidade da água, utiliza-se kits de teste de pH, amônia, nitrito e nitrato (FERREIRA, 2022).
É válida a conceituação do custo de aquisição e manejo de peixes e plantas pois num ramo tão diversificado, o preço dos peixes varia amplamente, desde espécies mais comuns até peixes ornamentais raros e exóticos. Já as plantas vivas também têm custos associados, incluindo fertilizantes e substrato adequado, que pode ser cascalho, areia ou outros materiais. Além de fins estéticos, o substrato também serve como local para bactérias benéficas que ajudam na filtragem biológica (GARCIA, 2021).
Neste sentido, é válido ressaltar as divergências entre aquários de água doce e aquários de água salgada, pois os primeiros são geralmente mais acessíveis em termos de custos iniciais e manutenção, além de oferecem uma variedade maior de peixes e plantas; em detrimento disso, os aquários de água salgada podem ser mais caros devido à necessidade de equipamentos específicos e à manutenção das características do mar para os animais, corais e invertebrados (KUMAR, 2014).
A iluminação e a decoração do aquário não são apenas estéticas, mas também influenciam o comportamento e a saúde dos peixes. A iluminação deve ser adequada para as espécies de peixes e plantas aquáticas, sendo que lâmpadas fluorescentes, LED e de espectro completo são opções comuns. Quanto à decoração, elementos decorativos como pedras, troncos, plantas e substratos ajudam a recriar o habitat natural dos peixes, proporcionando esconderijos e reduzindo o estresse (THOMAS, 2023).
As inovações tecnológicas estão transformando a forma como os aquaristas cuidam de seus peixes e aquários, neste sentido, sistemas de automação e monitoramento contínuos passaram a ser ferramentas facilitadoras para supervisão, com isso, sistemas automatizados para alimentação, controle de temperatura e qualidade da água facilitam a manutenção dos aquários (SMITH, 2022).
Novas tecnologias de iluminação LED proporcionam iluminação eficiente e personalizável, promovendo a saúde das plantas aquáticas e realçando as cores dos peixes. Para a área de biotecnologia, avanços como probióticos para peixes e novos métodos de reprodução, estão melhorando a saúde e a longevidade dos peixes ornamentais (SMITH, 2022).
Cuidados com a Qualidade da Água
Pesquisas conceituadas indicam que cerca de 80% da saúde do peixe está relacionada com a qualidade da água. Os peixes vivem toda sua vida na água, eles comem, bebem, se reproduzem e fazem as necessidades, defecam e urinam, na água; neste sentido, por se tratar de um verdadeiro ecossistema, o aquário necessita que os parâmetros da água estejam equilibrados. Devido às reações químicas que alteram seu equilíbrio, como urina, fezes, plantas mortas e restos de ração, é muito importante realizar as manutenções preventivas e testes dos parâmetros. É fato também que possuir um sistema de filtragem pouco eficiente ou negligenciar a manutenção pode levar os peixes à morte (FERREIRA, 2019).
Uma das características que se deve ter compressão e monitoramento diz respeito ao ciclo do azoto (nitrogênio), em que na fase inicial, o amoníaco (NH3) é produzido pelos resíduos dos peixes e restos de alimentos, em seguida, as bactérias nitrificantes transformam o amoníaco em nitritos (NO2), e posteriormente em nitratos (NO3), estes, em altas concentrações, podem ser prejudiciais (FERREIRA, 2022).
Outro ponto primordial é utilizar uma quarentena, que pode ser composta por um simples aquário (apenas vidro), termostato com aquecedor, termômetro e um compressor de ar. Os peixes novos vão ficar nesta quarentena por, aproximadamente, 21 dias, no mínimo, e se não apresentarem nenhuma doença, só depois deste período é que poderão entrar no aquário principal (ROBERTS, 2016).
Recomenda-se a realização de testes colorimétricos e a utilização de condicionadores de água sempre que necessário, esses testes devem ser feitos ao menos uma vez por semana, é importante também que o filtro seja limpo com frequência, a fim de manter sua eficiência (TANAKA, 2018).
Os principais testes a serem executados são de pH, cuja faixa deve estar contida entre 6.5 e 7.5, dependendo das espécies de peixes; testes de presença de amônia (NH3) e nitritos (NO2), que devem estar zerados; teste de nitratos (NO3), a faixa ideal estabelecida é abaixo de 20-40 ppm; e dureza da água (GH e KH), a depender das espécies de peixes (FERREIRA, 2022).
As trocas parciais de água devem ser feitas regularmente e dependendo das condições do aquário e tipos de peixes. Em geral, é necessário trocar entre 10-25% da água semanalmente para manter a qualidade. Durante as trocas, recomenda-se a desclorificação, com a utilização de condicionadores de água para remover cloro e cloraminas da água da torneira, adicionar bactérias no sistema de filtragem, consumir material orgânico, prevenir doenças, acidificar ou alcalinizar a água quando necessário. Quanto à temperatura, a água de reposição deve estar na mesma temperatura do aquário (FERREIRA, 2022).
As principais condições que podem levar os peixes à morte dizem respeito a condições da água, neste sentido, se enquadram características químicas, físicas e biológicas, as quais devem ser adequadas para cada espécie de peixe, uma vez que alterações de pH e temperatura, além da filtragem insuficiente da amônia, são letais para os peixes, por isso, é fundamental limpar o aquário regularmente (FERREIRA, 2022).
É fundamental se atentar ao choque de temperatura que os peixes e organismos aquáticos podem estar sujeitos, visto que o choque térmico é outro fator de risco, onde mudanças na temperatura da água afetam diretamente o metabolismo dos peixes, por isso, aquecedores e termostatos são essenciais para manter a temperatura da água estável, especialmente em aquários tropicais; os peixes têm necessidades específicas de temperatura, e esses dispositivos ajudam a mantê-los confortáveis (KUMAR, 2014).
Outro fator de risco à estabilização da água é a alimentação em excesso pois os alimentos não consumidos pelos peixes param no fundo aquário, onde se decompõem e começam a liberar amônia, uma substância tóxica, e se a amônia não for filtrada, os peixes poderão morrer (MORAES, 2023).
A depender do tamanho e quantidade de peixes, há a possibilidade de estresse por superpopulação, em que a falta de espaço faz com que os peixes fiquem estressados; os problemas de um aquário superpopuloso não param por aí, a manutenção é também maior, uma vez que as substâncias tóxicas são geradas mais rapidamente e a chance de faltar oxigênio torna-se um perigo real. A dica de ouro é que quanto maior o aquário, melhor será para os peixes e mais fácil será a manutenção. Nesta mesma linha, a incompatibilidade entre as espécies pode ser um fator preponderante, pois cada espécie tem suas características próprias. Ao projetar um aquário, é fundamental saber quais peixes irão conviver no mesmo aquário, um exemplo disso é que juntar espécies territorialistas nunca é uma boa ideia, ao tempo em que mesmo espécies pacíficas sobrevivem em condições diferentes de água (MORAES, 2023).
Enfeites e plantas também influenciam, já que um aquário cheio de enfeites e decorações contribui para a alteração da água. Já as plantas garantem um ambiente mais natural e ajudam na transformação do gás carbônico em oxigênio, sendo muito benéficas, mas desde que sejam as plantas certas para o aquário, já que algumas plantas liberam substâncias tóxicas na água, podendo ser muito prejudiciais à saúde dos peixes (FERREIRA, 2022).
Um dos aspectos mais importantes e objeto de estudo na área é o controle de algas, uma vez que a prevenção de crescimento delas é um fator fundamental à saúde dos peixes e do ecossistema. A cerca disso, deve-se atentar à iluminação do aquário, pois a proliferação é menor com a menor quantidade de luz. Além de evitar exposição solar, é importante evitar a superalimentação e restos de alimentos, já que o excesso de nutrientes favorece o crescimento das algas (SANTOS, 2015).
A remoção de algas ocorre por meio de limpeza manual ou limpeza por comedores de algas, em que a primeira utiliza raspadores de vidro e sifões para remover algas das superfícies, e a segunda se baseia em espécies como otocinclus ou ancistrus que ajudam a controlar as algas. Outra condição a ser observada nos aquários é a manutenção das plantas aquáticas, visto que estas necessitam de iluminação adequada para seu crescimento e adição de fertilizantes líquidos ou em pastilhas para fornecimento de nutrientes essenciais. É fundamental ainda que haja podas regulares para promover crescimento saudável e remover partes mortas ou danificadas (SANTOS, 2015).
Filtros de Aquário
Os filtros para aquário são itens essenciais para manter a saúde e o equilíbrio dos peixes em um aquário ornamental, sendo responsáveis por manter a circulação da água, permitindo que os animais tenham o oxigênio necessário para limpeza e remoção das impurezas do ambiente aquático. Existem três tipos principais de filtragem: mecânica, biológica e química. A filtragem mecânica remove partículas sólidas, a biológica promove a decomposição de resíduos orgânicos por bactérias nitrificantes benéficas, e a química remove toxinas dissolvidas (KUMAR, 2014).
Os tipos de filtros, dependendo da acomodação podem ser classificados como externos e internos, sendo importante considerar, para a escolha do melhor tipo, o espaço disponível e o posicionamento do aquário. Entre as características gerais, um filtro externo é aquele que economiza espaço e fica pendurado na parte de fora do aquário, funcionando com o aquário completamente cheio; já um filtro interno, pode ser uma opção mais compacta e com custo-benefício melhor, mas é importante verificar a capacidade de filtragem e a bomba integrada (KUMAR, 2014).
Aditivos para Aquários
Aditivos para aquários ornamentais são substâncias que podem ser adicionadas à água do aquário para melhorar a qualidade da água, a saúde dos peixes e das plantas, e para promover um ambiente mais natural e equilibrado, sendo assim, os aditivos podem ser classificados de acordo função, benefícios e características (FERREIRA, 2022).
Os aditivos mais empregados nos cuidados de aquários ornamentais são os condicionadores de água, que podem ser classificados em desclorificantes, sendo responsáveis por neutralizar o cloro e as cloraminas presentes na água da torneira, protegendo os peixes e as plantas dos efeitos tóxicos do cloro; e os aditivos de metais pesados, que removem ou neutralizam metais pesados como cobre, chumbo e zinco, e previnem intoxicações nos peixes e plantas (FERREIRA, 2022).
Todo aquarista ou entusiasta do ramo deve conhecer os ajustadores de pH, que é de cara o parâmetro mais importante a ser controlado. Em geral, estes produtos são divididos em duas categorias, sendo acidificantes, cuja função é reduzir o pH da água e indicados para peixes que preferem água ácida, como os discos; ou alcalinizantes, que aumentam o pH da água e são adequados para peixes que preferem água alcalina, como os ciclídeos africanos (GARCIA, 2021).
Em aquários com plantas é fundamental se atentar à necessidade de aditivos de fertilizantes para plantas visto que estas estão inseridas no ecossistema do aquário. Os aditivos com esta finalidade são classificados de acordo com o tipo do nutriente, onde há os macronutrientes, que são da família do NPK, fornecendo nutrientes essenciais como nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), e promovendo o crescimento saudável e vigoroso das plantas aquáticas; há ainda os micronutrientes, que fornecem oligoelementos como ferro (Fe), manganês (Mn) e zinco (Zn), e melhoram a saúde e a coloração das plantas (GOMES, 2021).
Alguns aquários requisitam aditivos biológicos a depender dos ciclos bioquímicos ali estabelecidos, neste sentido, os principais aditivos são de duas classes, sendo de bactérias beneficiais, cuja função é introduzir cepas de bactérias nitrificantes e, com isso, acelerar a ciclagem do aquário e manter a amônia e nitritos em níveis seguros; e/ou aditivos para controle de algas, que contêm algicidas ou nutrientes específicos para competir com as algas, reduzindo o crescimento excessivo de algas e mantendo o aquário limpo (MORAES, 2023).
Os aditivos para suplementação de peixes passaram a ser uma tendência de mercado, principalmente em função dos benefícios que agregam. Os suplementos possuem dois grandes nichos de atuação, existindo o de vitaminas e minerais essenciais, que suplementam a dieta dos peixes e melhoram a saúde geral, resistência a doenças e coloração dos peixes; há ainda o nicho de suplementos para aumento de cores, que contêm carotenoides e outros pigmentos naturais, intensificando as cores dos peixes ornamentais (THOMAS, 2023).
Outros tipos de aditivos empregados são para tratamento de doenças, e assim como já esmiuçado em tópico próprio são em suma, aditivos antibióticos, antifúngicos e/ou antiparasitários. Outras opções de mercado atreladas ao ramo são os aditivos conhecidos como sal de aquário, que melhoram a saúde geral dos peixes e auxiliam no tratamento de doenças já que reduzem o estresse e ajudam na cicatrização de feridas; por fim, há os tampões de carbonato, cuja função é estabilizar o pH e a dureza carbonatada (KH) da água, possibilitando a manutenção das condições de água estáveis e prevenindo flutuações de pH (SMITH, 2022).
Alimentação e Nutrição
A alimentação adequada é essencial para a saúde e o crescimento dos peixes ornamentais, neste sentido, a alimentação pode ser classificada em três tipos: alimentos vivos, como Daphnias, artêmias, larvas de mosquito e outros pequenos invertebrados são altamente nutritivos e estimulam o comportamento natural de caça; alimentos secos, como rações comerciais, em flocos ou pellets, opções que são práticas e balanceadas e devem ser escolhidas conforme as necessidades nutricionais específicas das espécies; e alimentos congelados, como artêmias, krill e outros alimentos congelados, ambos representam uma boa alternativa aos alimentos vivos, oferecendo alta nutrição sem o risco de introduzir patógenos (WONG, 2013).
A quantidade e a frequência da alimentação dos peixes variam conforme a espécie e a idade dos peixes, sendo válido destacar que em adultos, a maioria dos peixes deve ser alimentada uma ou duas vezes ao dia, em quantidade que possa ser consumida em poucos minutos. Já os alevinos, necessitam de alimentação mais frequente, geralmente várias vezes ao dia, em pequenas porções (GOMES, 2021).
Suplementos nutricionais podem ser utilizados para garantir uma dieta balanceada e prevenir deficiências nutricionais, mediante isso, adicionar suplementos de vitaminas e minerais na dieta pode melhorar a saúde geral e a resistência a doenças. É válido destacar ainda que alguns suplementos podem realçar as cores dos peixes ornamentais, melhorando sua aparência e valor comercial (SANTOS, 2015).
Empresas que Comercializam Produtos de Aquário
Existem várias empresas renomadas no mundo que fabricam produtos para aquários, abrangendo desde equipamentos e suprimentos até alimentos e medicamentos para peixes. Para o ramo de rações de alta qualidade, a empresa Tetra é a de maior destaque para alimentação de peixes, condicionadores de água, filtros, aquecedores e outros equipamentos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AQUARISTAS, 2020).
A empresa Aquarium Pharmaceuticals Inc. (API) é amplamente reconhecida pelos seus kits de teste de água, além disso, ela comercializa condicionadores, e itens para tratamentos de doenças de peixes e aditivos biológicos. A empresa Fluval é conhecida por seus inovadores filtros canister e aquários modernos. Há ainda os segmentos de aquários, sistemas de filtragem, iluminação LED, aquecedores, e produtos de aquascaping (ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE PEIXES ORNAMENTAIS, 2017).
Uma das mais conceituadas mundialmente, a JBL é amplamente utilizada na Europa, com uma forte reputação em produtos de alta qualidade, tendo em seu portfólio produtos como alimentos para peixes, testes de água, tratamentos para doenças, fertilizantes e condicionadores de água. A Red Sea é famosa por seus aquários e produtos de alta qualidade para aquários marinhos e de recife, além de suplementos para corais, equipamentos de iluminação e filtração. A Tropic Marin oferece produtos de alta qualidade para aquários marinhos e de recife como sal marinho, suplementos para corais, testes de água, e tratamentos para aquários marinhos (ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE PEIXES ORNAMENTAIS, 2017).
No Brasil, há várias empresas que fabricam produtos para aquários, atendendo às necessidades dos aquaristas locais. Entre as empresas que mais se destacam nesse nicho comercial pode-se elencar a Serra Brasil, que possui produtos para alimentação de peixes, testes de água, tratamentos para doenças, e suplementos para plantas aquáticas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AQUARISTAS, 2020).
Uma das mais conhecidas e com o maior portfólio é a Alcon, que possui rações para peixes, condicionadores de água, medicamentos para peixes, e alimentos para aves e répteis. A Alcon é reconhecida por sua linha de alimentos de qualidade para peixes ornamentais. Uma das subsidiárias da Alcon, a Labcon comercializa testes de água, condicionadores, tratamentos para doenças, e suplementos para plantas aquáticas. Um dos destaques é a variedade de produtos para manutenção da água e saúde dos peixes (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AQUARISTAS, 2020).
Empresas como a Aquaplant produzem fertilizantes para plantas aquáticas, substratos e acessórios. Há ainda o destaque em produtos para aquascaping e manutenção de plantas aquáticas. Há ainda a Hagen Brasil, que é a distribuidora oficial da marca Nutrafin, oferecendo testes de água, condicionadores, suplementos para plantas aquáticas, e alimentos para peixes (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AQUARISTAS, 2020).
Tratamento de Doenças que Afetam Peixes Ornamentais
Íctio
Para o íctio, o tratamento é feito com medicamentos parasiticidas, como formol, verde de malaquita e cobre, que devem ser aplicados diretamente na água em intervalos de 48 horas. É condição fundamental alterar as condições do aquário para temperaturas entre 27º e 30º C, sendo que a alta temperatura além de melhorar a resposta imune do peixe, acelera o ciclo do parasita e torna o tratamento mais eficiente. Outra alternativa, de forma menos convencional, é a utilização de sal grosso (sem iodo) para diminuir o estresse do peixe e potencializar o tratamento, porém é primordial se atentar se o peixe tolera sal grosso e qual a quantidade adequada para o volume de água; pode-se alterar também o fluxo de água de modo a impedir a reprodução do parasita (CHEN, W. et. al., 2020).
O ideal é que a aplicação seja feita à noite, com a lâmpada do aquário apagada e, de preferência, com o sistema de filtragem desligado, desde que isso não desligue o oxigenador, que deve continuar funcionando (FERREIRA, 2022). Os medicamentos relacionados disponíveis no mercado são Labcon Íctio e Atlantys Parasiticida.
Oodinium
Diagnosticada como oodiniose, o tratamento é semelhante ao de íctio e da costiose, isto é, com aplicações na água de medicamento parasiticida, a diferença é que, no caso da oodiniose, a quantidade de medicamento costuma ser maior em relação à litragem do aquário (GARCIA, 2021).
É utilizado o medicamento Labcon Íctio, seguindo as recomendações da bula. Além disso, os peixes em tratamento devem ser alimentados com Alcon Guard Thymus e Alcon Guard Herbal, pode-se ainda utilizar também sal grosso (sem iodo) para diminuir o estresse do peixe e potencializar o tratamento, se atentando com a quantidade adequada para o volume de água. Outro medicamento relacionado disponível no mercado é Atlantys Oodinicida (FERREIRA, 2019).
Costiose
A costiose pode ser fatal caso não seja observada logo no início, para o tratamento é possível utilizar sal grosso, formol, permanganato de potássio, ou metronidazol; e por se tratar de uma doença causada por protozoário, o tratamento também é feito com base no uso de medicamentos parasiticidas. As recomendações de uso e medicações são as mesmas válidas para o tratamento do íctio em peixes (GOMES, 2021).
Lernaea cyprinacea
Os métodos de tratamento no controle do Lernaea cyprinacea podem ser complexos e causar lesões irreversíveis nos peixes (Diflubenzuron), por isso, o melhor a fazer é consultar um especialista. A recomendação sobre o sal grosso ainda é válida, todavia com supervisão. Não há medicamentos relacionados disponíveis no mercado (KUMAR, 2014).
Monogenea
A Monogrnea é tratada a partir de formol, cobre, praziquantel, mebendazol, fenbendazol, cloramina T, ou peróxido de hidrogênio. A recomendação sobre o sal grosso e os medicamentos indicados para íctio são opções a serem consideradas (SANTOS, 2015).
Fungos
No tratamento de fungos, geralmente, são utilizados produtos desinfetantes à base de iodo e cloro, em forma de banho, em um aquário separado dos demais peixes. Outros tratamentos incluem sal e produtos químicos como permanganato de potássio, azul de metileno, formalina, sulfato de cobre e verde de malaquita. Os medicamentos indicados são Labcon Aqualife, Atlantys Bactericida e Fungicida (ROBERTS, 2016).
Bactérias
Para infecções bacterianas, caso o peixe ainda esteja em condições de se alimentar, são feitos tratamentos com antibióticos ou sulphonamidas. Melhorar os parâmetros da qualidade da água e controlar a temperatura também ajudam, pode-se utilizar também o sal grosso e os medicamentos relacionados disponíveis no mercado são Labcon Bacter, Atlantys Bactericida e Fungicida (THOMAS, 2023).
Degeneração das nadadeiras
O tratamento é feito à base de medicamentos bactericidas em cápsulas, que são diluídos em um copo com água do próprio aquário, recomenda-se que o tratamento seja feito em um aquário separado, evitando assim que o medicamento mate as bactérias benéficas ao ecossistema, tão importantes para a filtragem biológica, podendo-se utilizar também sal grosso e as recomendações para medicamentos são as mesmas de infecções bacterianas (FERREIRA, 2019).
7 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cuidar de um aquário ornamental é uma responsabilidade gratificante e com os aditivos certos e práticas adequadas, pode-se criar um ambiente aquático deslumbrante para peixes e plantas.
As técnicas de criação e manejo de peixes ornamentais exigem conhecimentos específicos e cuidados contínuos para garantir um ambiente saudável e propício para os peixes. A montagem e manutenção adequada do aquário, a reprodução em cativeiro e a nutrição balanceada são fundamentais para o sucesso na criação desses animais.
A utilização de aditivos para aquários ornamentais deve ser feita de forma cuidadosa e conforme as necessidades específicas dos peixes e plantas presentes no aquário, sendo sempre válida a consulta a especialistas da área antes de qualquer aplicação química ou biológica.
Sobre a qualidade da água, manter a água de um aquário em condições ideais requer atenção regular e um entendimento básico dos processos biológicos e químicos envolvidos. Monitorar os parâmetros da água, realizar manutenções regulares no filtro e nas plantas, controlar a alimentação dos peixes e fazer trocas parciais de água são passos essenciais para garantir um ambiente saudável e equilibrado para peixes e plantas aquáticas.
Há uma ampla variedade de produtos de alta qualidade para atender às necessidades dos aquaristas, desde iniciantes até os mais experientes, por isso, é importante seguir as instruções dos fabricantes e optar por produtos adequados de marcas confiáveis pode fazer uma grande diferença na manutenção de um aquário saudável e esteticamente agradável.
Portanto, o trabalho foi efetivo em demonstrar técnicas, insumos e aditivos adequados para as melhores práticas e cuidados para com aquários ornamentais, destacando-se o potencial para trabalhos futuros mais imersivos nos subtópicos elencados; sendo, portanto, os objetivos delimitados anteriormente, para as argumentações necessárias, atingidos, e o estudo podendo ser caracterizado como abrangedor e a metodologia suficiente ao intuito delimitado.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AQUARISTAS. Manual de Cuidados com Peixes Ornamentais. São Paulo: Editora Aquário Vivo, 2020.
ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE PEIXES ORNAMENTAIS (AIPO). Manual de Cuidados com Peixes Ornamentais. São Paulo: Editora Aquário Vivo, 2017.
CHEN, Wei et al. “Genetic Diversity and Breeding Strategies for Ornamental Fish.” Aquaculture Genetics, vol. 18, no. 2, pp. 89-105, 2020.
FERREIRA, João. “Qualidade da Água em Aquários Ornamentais.” Aquatic Science Journal, vol. 8, no. 1, pp. 20-35, março de 2022.
FERREIRA, Pedro R. “Health Management in Ornamental Fish Farms.” Aquatic Pathology, vol. 12, no. 1, pp. 34-48, 2019.
GARCIA, Maria L. “Aquarium Trade and Its Impact on Wild Fish Populations.” Environmental Biology, vol. 40, no. 4, pp. 567-582, 2021.
GOMES, Maria Clara. “Alimentação Adequada para Peixes Ornamentais.” Journal of Aquatic Nutrition, vol. 5, no. 4, pp. 112-125, dezembro de 2021.
KUMAR, Rajesh. “Aquarium Filtration Systems: A Comparative Study.” Aquatic Engineering, vol. 30, no. 1, pp. 45-58, 2014.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2016.
MORAES, Carlos Alberto. “Aditivos e Cuidados para Aquários Ornamentais.” Revista Brasileira de Aquarismo, vol. 15, no. 3, pp. 78-92, setembro de 2023.
ROBERTS, Emily. “Behavioral Ecology of Ornamental Fish: Patterns and Adaptations.” Journal of Ethology, vol. 15, no. 4, pp. 189-204, 2016.
SANTOS, Luiz F. et al. “Aquarium Husbandry Practices and Their Impact on Fish Welfare.” Aquatic Animal Health, vol. 22, no. 2, pp. 78-92, 2015.
SMITH, John A. “Biodiversity and Conservation of Ornamental Fish Species.” Journal of Aquatic Ecology, vol. 25, no. 3, pp. 123-140, 2022.
TANAKA, Hiroshi. “Coloration Mechanisms in Ornamental Fish: Insights from Comparative Genomics.” Fish Genetics and Evolution, vol. 8, no. 3, pp. 210-225, 2018.
THOMAS, Eric. “O Guia Completo para a Manutenção de Aquários.” Crazy About Fish, 11 de agosto de 2023. Disponível em: O Guia Completo para a Manutenção de Aquários.
WONG, Benjamin B. “Nutritional Requirements and Feeding Strategies for Ornamental Fish.” Aquaculture Nutrition, vol. 5, no. 3, pp. 112-125, 2013.
1Discente do Curso Superior de Bacharelado em Química Industrial do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) Campus Suzano. e-mail: cunha.oliveira@aluno.ifsp.edu.br
2Docente do Curso Superior de Bacharelado em Química Industrial do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) Campus Suzano. Doutor em Biotecnologia (PPGB/UMC). e-mail: alexandrecl00@yahoo.com