A NEUROPSICOLOGIA NA REABILITAÇÃO DA CRIANÇA COM O TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11659045


Shirley Maria da Costa Barros Siqueira1


RESUMO

A neuropsicologia é considerada uma área de trabalho nova mediante as normas da psicologia em todo o Brasil, enfatizamos que a pratica do neuropsicologia no decorrer dos anos vem se tornado de fundamental importância junto com a equipe multi e interdisciplinar no que concerne o processo de avaliação na reabilitação da criança com transtorno do espectro do autista. Neste estudo apresentaremos a atuação e a importância do neuropsicologia na reabilitação da criança com espectro do autismo. Objetivos: como objetivo geral, conhecer o trabalho do neuropsicologia e os impactos  ocasionados acerca da reabilitação da criança com transtorno do espectro do autista e como objetivos específicos, mostrar como a neuropsicologia trabalha o processo de reabilitação do paciente com o transtorno do espectro do autismo; acompanhar os pais e ou responsáveis através reuniões e atendimento individualizado, demostrando aos mesmo como podem fazer o manejo e a assistência necessárias para as com as crianças; explicar a importância do acompanhamento familiar neste processo de reabilitação. Metodologia:  análise bibliográfica realizada é descrita através dos artigos, seguindo seis etapas: constituição da hipótese ou investigação da pesquisa; grupo de indivíduo e amostra ou busca na literatura; coleta de dados; conhecimento dos estudos introduzidos na revisão; interpretação e discussão dos resultados. Foram selecionados 6 livros, 6 artigos e pesquisa através da sustentação de dados Pepsic periódicos eletrônicos em psicologia, SciELO e do procurador eletrônico Google Acadêmico por ensejo dos descritores: Transtorno do Espectro do Autismo. Reabilitação. Neuropsicologia. Resultados: quando falamos em transtorno do espectro do autismo, pensamos em reabilitação e o quanto as pessoas desconhece a importância desse profissional e dos manejos a serem trabalhados. A neuropsicologia na reabilitação da criança com o espectro do autismo vem a cada ano desenvolvendo um papel fundamental para sujeitos e seus familiares na luta incessante pela qualidade de vida dos seus filhos. Conclusão: reconhecemos que há necessidade da realização de outros estudos de casos relacionados a neuropsicologia e a reabilitação, observamos que há escassez de pesquisas respaldando essas interposições.

Palavras-chave: Neuropsicologia; Transtorno do Espetro do Autismo; Reabilitação.

1 INTRODUÇÃO

Nesse artigo apresentaremos a importância do neuropsicologia na reabilitação de crianças com o transtorno do espectro do autista (TEA) e as práticas exercidas pelo psicólogo, bem como as intervenções e manejos a fim de contribuir no desenvolvimento dessas crianças no meio social e contexto educacional, pois este profissional atua na área de diagnóstico e terapêutica, realizando a avaliação e intervenções. Ressaltamos que o transtorno do espectro do autista, está classificado dentro dos transtornos do neurodesenvolvimento, nos quais são apresentadas as seguintes características: dificuldades persistentes na comunicação social e na interação social em um contexto variado, a consequência é baseada nos prejuízos na comunicação e em padrões restritos e repetitivos através dos comportamentos. A neuropsicologia é considerada nova no meio acadêmico, e mediante a temática abordada nesse estudo, é de suma importância, diante do exposto ressaltamos a necessidade de realização de mais pesquisas na área acerca do desenvolvimento e as novas perspectivas as quais vem desenvolvendo para a sociedade como um todo.

Concerne uma revisão bibliográfica descritiva fizemos pesquisas através de livros e artigos, seguindo seis etapas: estruturação da hipótese ou indagação da pesquisa em estudo; comunidade e amostra ou busca na literatura; coleta de dados; análise dos estudos incluídos na revisão; interpretação e discussão dos resultados. Foram escolhidos 6 livros, 6 artigos e pesquisa através das bases de dados Pepsic periódicos eletrônicos em psicologia, SciELO e do buscador eletrônico Google Acadêmico por meio dos descritores:  A Neuropsicologia Na Reabilitação Da Criança Com O Transtorno do Espectro do Autismo. A apuração foi realizada através da leitura dos resumos, introdução e relatos de casos sobre a reabilitação. Como critério de inclusão, foram selecionados 6 livros, 6 artigos entre os anos de 2010 a 2022 todos de acordo com a temática e os objetivos requisitados. Fica explicito através do tema apresentado, que temos como objetivo geral conhecer o trabalho do neuropsicologia e os impactos  ocasionados acerca da reabilitação da criança com espectro autismo e como objetivosespecíficos, mostrar como o neuropsicologo trabalha o processo de reabilitação do paciente com transtorno do espectro autismo; acompanhar os pais e ou responsáveis através reuniões e atendimento individualizado, demostrando aos mesmo como podem fazer o manejo e a assistência necessárias para as com as crianças; explicar a importância do acompanhamento familiar neste processo de reabilitação da criança com o transtorno do espectro autismo dando uma atenção prioritária para reabilitação e para elaboração de projetos que viabilize o desenvolvimento cognitivo da criança com TEA.

2.RESULTADOS E DISCUSSÃO

2.1 A neuropsicológica e a avaliação do autismo.

A neuropsicologia e a avaliação são de suma importância para crianças com o espectro autismo, pois auxilia através da avaliação a identificação de áreas cognitivas e emocionais que podem ser diferentes em uma pessoa no espectro. Este é um estudo que deduz, de natureza básica, o qual é baseada em diversos autores como Bosa (2010), Neumann et. Al. (2017) e Czermainski (2012). A neuropsicologia é uma área que estuda as bases biológicas do comportamento humano, especialmente como o cérebro esta relacionado à cognição, emoção e comportamento, os profissionais desta área utilizam testes neuropsicológicos para ajudar a avaliar e tratar problemas relacionados à saúde mental, como o autismo.

a)Sintomas do autismo

Os sintomas do autismo podem incluir padrões repetitivos de comportamento, linguagem repetitiva e o uso de regras rígidas para lidar com a mudança. As crianças com autismo podem achar deficit interpretar as emoções dos outros e responder de maneira apropriada. Eles também podem ser hiper ou hipossensíveis a sons, cheiros ou toques. O autismo pode afetar a percepção sensorial, levando a um forte desconforto com certos sons, luzes, toques ou outros estímulos ambientais.

b)Testes neuropsicológicos para avaliação do autismo

Nome do TesteDescrição  
Avaliação VinelandExamina habilidades sociais, adaptabilidade, comunicação e independência  
Exame ADOS (Escala de Observação para o Autismo)Observação padronizada da comunicação e comportamento social  
Questionário da Triagem Social e Comunicação de DenverProcura sinais precoces de autismo em crianças entre 0 e 6 anos de idade.  

Os testes neuropsicológicos são projetados para avaliar as habilidades cognitivas de um indivíduo com autismo. Alguns dos testes mais comuns incluem a Avaliação Vineland, o Exame ADOS e o Questionário da Triagem Social e Comunicação de Denver. Esses testes ajudam os profissionais a determinar o nível de apoio necessário para o indivíduo com autismo.

2.2 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TESTES.

a) Quociente de Inteligência (QI) Elevado:

Indivíduos com autismo e um QI alto podem ser mais capazes de lidar com informações complexas e exigentes. Eles podem ter dificuldade em entender subtletias sociais, mas podem se dar bem em tarefas rotineiras.

b) QI Médio:

Indivíduos com autimo e QI médio podem ter mais dificuldade em compreender ideias abstractas e ter um tempo difícil para manter a conversação com os outros. Profissionais podem procurar ensiná-los a melhorar suas habilidades sociais.

c) QI Baixo:

Indivíduos com autismo e com QI baixo podem precisar de ajuda em tarefas do cotidiano, e pode lutar com habilidades sociais e comunicação. Eles podem estar mais limitados em seu habilidade de aprender novas informações ou habilidades completamente.

d) Tratamentos para o espectro autismo.

O Espectro não há cura para o autismo, mas tratamentos podem ajudar a melhorar a qualidade de vida de indivíduos com a condição. Terapias comportamentais e relacionais são geralmente o tratamento mais eficaz para o autismo. Isso envolve trabalhar em comunicação, comportamento e construir habilidades sociais. Terapias medicamentosas também podem ajudar a lidar com comportamentos ou preocupações específicas.

e) Terapias Comportamentais:

  • Tecnologia de Comportamento Aplicada (ABA)
  • Terapia comportamental intensiva
  • Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com Comunicação Relacionada (TEACCH).

f) Terapias Relacionais:

  • Terapia familiar
  • Psicoterapia de suporte
  • Terapia de grupo

É importante ressaltarmos que ao nos depararmos com uma criança com espectro autismo surgem vários questionamentos de como iremos avaliar essa criança e a partir desta avaliação como iriamos desenvolver técnicas e métodos que viabilizasse este processo de reabilitação da criança, sendo assim apontamos nesse estudo que a avaliação neuropsicológica é uma ferramenta fundamental intervenções e reabilitações no desenvolvimento do indivíduo em suas dificuldade acerca do espectro.

O Trastorno do espectro do autism, afeta o desenvolvimento neurológico causando dificuldade nas habilidades sociais, de comunicação e comportamento, a condição é considerada um espectro, o que significa que os sintomas podem variar amplamente entre indivíduos. Os sinais geralmente aparecem na primeira infância, e podem incluir dificuldade para fazer contato visual, comunicação não verbal, interações sociais e interesses restritos.

Segundo Benitez et al. (2020) afirma que a avaliação ordenada dá uma junção das características cognitivos e comportamentais, tendo como objetivo visualizar um encontro inicial (linha de base), apresentado em cada situação. Sendo assim além técnicas e métodos relatados, podemos citar a Childhood Autism Rating Scale – CARS (Escala de Avaliação de Autismo na Infância) a qual é utilizada para mensurar o comportamento da criança, ou seja, de acordo com a entrevista realizada com os pais e ou responsáveis. A Avaliação Neuropsicológica nos dar oportunidades de raciocinar acerca de suposição diagnósticas, e assim identificando a ação da alteração cognitiva, discriminando as funções cognitivas preservadas e comprometidas, a existência de alterações comportamentais e de humor, assim como os arremetidos dessas atividades de vida diária, ocupacional, social e interpessoal dos indivíduos. (MÄDER, 1996; MALLOY-DINIZ et al., 2016).

Vilar (2019) afirma atualmente as avaliações neuropsicológicas vem contribuindo de forma consideravelmente nos mais diferentes contextos psicológicos, sendo assim colaboradores para a compreensão e o entendimento do funcionamento cerebral e os procedimentos cognitivos onde a neuropsicologia tem a regra de organizar as observações do comportamento do paciente com os critérios para fechamento do diagnóstico, e quanto mais breve for diagnosticado, melhor será o prognóstico para a reabilitação. Ao avaliar e tratar o autismo pode ser complexo, mas a neuropsicologia oferece várias opções para obter suporte. É importante lembrar que as intervenções precoces geralmente têm mais sucesso do que esperar para agir até que a condição seja mais intensa.

3. COMO A NEUROPSICOLOGIA TRABALHA O PROCESSO DE REABILITAÇÃO DO PACIENTE COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO.

O neuropsicologo para poder trabalhar o processo de reabilitação do paciente com TEA, precisa fazer uma avaliação dando um diagnóstico e a partir do mesmo buscar técnicas que venham a facilitar e desenvolver o cognitivo dessa criança, pois essa reabilitação tem como principal objetivo melhorar a qualidade de vida da criança e dos seus familiares, fazer com que o paciente consiga se adaptar-se ao seu melhor nível possível de interação e funcionamento psicossocial, aumentar a execução da autonomia para atividade da sua vida em seu cotidiano. No que se refere à Avaliação Neuropsicológica das funções executivas, é sabido que estas são um domínio cognitivo complexo, que apresenta vários subdomínios, o que implica no envolvimento de vários procedimentos que são utilizados nesse processo (MALLOY-DINIZ et al., 2014).

É importante ressaltarmos que o tratamento de reabilitação  não levará em conta somente o cognitivo, mas também a personalidade da criança e o seu jeito de ser do mesmo com os seus familiares, pois procura-se  desenvolver e trabalhar o emocional dos familiares, realizando sessões e encontros individuais e em grupo, para que o profissional possa socializar a patologia e o seu estado cognitivo comportamental e assim  o auxiliando em seus aspectos sociais e emocionais envolvidos no processo de reabilitação da criança.

A Neuropsicologia faz usos de exercícios que ajudam na reabilitação de crianças com espectro autismo, são eles:

  • Treino cognitivo com atividades de memória, atenção e funções executivas;
  • Treinos que simulam as situações as quais o paciente apresente dificuldade conforme avaliação neuropsicológica;
  • Técnicas de ambientação, adaptação, interação, com auxílios de agendas, alarme e anotações, entre outros.

No que rege as demandas no que concerne uma boa comunicação em equipe, as disparidades hierárquicas e discordância acabam influenciando diretamente a forma de interação estabelecida, tornando com que os profissionais com atuações fracionam prejudicando todo o trabalho. (Bagnasco et al., 2013).

Os profissionais da psicologia relatam dificuldade as quais devem ser observadas e relação as famílias das crianças, sobre uma questão sociocultural, se as famílias têm uma situação financeira e recursos para que elas possam junto ao psicólogo desenvolver uma reabilitação adequada com a criança.

Ressaltamos que o processo de reabilitação em crianças com transtorno do espectro do autismo é essencial para que o mesmo consiga restabelecer suas capacidades e assim minimizando as dificuldades tornando-os mais autônomos e independentes.

4.  INTERVENÇÕES E MANEJO NA ASSISTEÊNCIA AOS PAIS E OU RESPONSÁVEIS NA REABILITAÇÃO DA CRIANÇA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO.

Para Silva e Ruiz (2018), todas as demandas encontradas pelo neuropsicologo mesmo com os instrumentos oferecidos de forma adequada para o atendimento, a inexperiência dos profissionais em saber lidar, ou seja, realizar o manejo com as crianças, pois é uma área que possui uma grande necessidade de capacitação devido à complexidade do transtorno.

Todavia, o Sistema Único de Saúde (SUS), fica sob a responsabilidade do SUS promover estratégias e orientar os familiares que receberem o diagnóstico de TEA, realizar um encaminhando para locais especializados, onde profissionais habilitados irão auxiliar os cuidadores para melhor manejo dessas crianças. (Ministério da Saúde, 2013). Os pais e ou responsaveis podem sentir culpa ou até mesmo frustração durante o processo de reabilitação, por isso é importante oferecer apoio emocional, acolhimento e estratégias de enfrentamento para lidar com as emoções, todavia a participação dos pais na evolução da criança é de suma importancia, pois cursos, livro e materiais de educação para os pais seria uma forma de ajudar a entender melhor os desafios que serão enfrentados pelos pais e pela criança com TEA. Compreender as necessidades da criança com TEA é essencial para melhorar o atendimento e o manejo em casa.

Os combates são constants, como o gerenciamento do comportamento da criança durante a terapia, o sentimento de incompreensão e o coração apertado com as dificuldades que os pequenos enfrentam. A superação dos desafios, é encorajar a persistência, a determinação e comemorar as pequenas conquistas são grandes passos no processo de enfrentamento das dificuldades, o cuidado com a propria saúde mental também é fundamental para enfrentar essas situações.

É preciso ter um olhar mais humano para o tratamento de crianças com TEA deve ser individualizado e envolver equipe multidisciplinar, os pais e a criança. Além disso, os profissionais devem ter um olhar mais humano para a necessidades da criança, os avanços no uso da tecnologia e estudo sobre o transtorno do espectro, oferecem novas perspectivas de tratamentos mais efetivos, que consideram as particularidades da criança e suas necessidades específicas.

Em suma o desenvolvimento da inclusão, ou seja, a promoção do desenvolvimento infantil e a inclusão social das pessoas com espectro autismo são prioridades para uma sociedade mais justa e inclusiva. Que possamos sempre trabalhar juntos para atingir estas metas, pois sabemos e entendemos que as dificuldades são as mais variadas, uma das mais difíceis é a idade com que a criança chega para avaliação e a negligência em relação aos sintomas, um outro fator a ser considerado são os longos períodos de espera até seis meses para conseguir consulta e quando consegue tem que voltar para próxima que é mais um ano, assim causando um prejuízo no processo de reabilitação. Psicóloga. Segundo Pereira et al. (2021) descreve que o diagnóstico tardio interfere na realização das intervenções e manejos precoces causando um prejuízo no prognóstico do paciente, ou seja, além de causar danos de forma significativa nas habilidades sociai, nos aspectos cognitivos e no crescimento. Do mesmo modo causando atraso em todo o processo de reabilitação dessas crianças. Essa seria uma das maiores dificuldades apresentada na fala da psicóloga, outra dificuldade enfrentada é a falta de comunicação entre os profissionais, afetando o trabalho realizado na reabilitação.

5. COMO ACONTECE O ACOMPANHAMENTO DO FAMILIAR NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO DA CRIANÇA COM TEA.

O TEA é um distúrbio que afeta o desenvolvimento neurológico, interferindo na capacidade de comunicação, linguagem, interação social e comportamento das pessoas. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem melhorar a qualidade de vida e a independência das crianças com espectro.

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece uma rede de apoio e assistência a pacientes e seus familiares, que inclui centros especializados em reabilitação, centros de atenção psicossocial, oficinas ortopédicas e linhas de cuidado específicas. Esses serviços visam promover o bem-estar, a inclusão e a autonomia da criança com o espectro, por meio de avaliações multiprofissionais, intervenções comportamentais e apoio educacional.

O acompanhamento do familiar no processo de reabilitação da criança com o Espectro autismo é fundamental para o sucesso da intervenção. Os familiares devem participar ativamente do Projeto Terapêutico Singular (PTS), que é um conjunto de propostas e condutas terapêuticas articuladas para cada caso. Além disso, os familiares devem receber orientações sobre o transtorno, suas características, desafios e potencialidades, bem como sobre as estratégias para lidar com as dificuldades e estimular a criança no decorrer do processo, desde as mais simples até as mais complexas, essa tarefa não é nem um pouquinho fácil, pois os pais e ou responsáveis sofrem todos os dias, seja por conta das tarefas que fazem com que o indivíduo sofra um desgaste físico e emocional, enfatizamos que este acompanhamento do familiar também envolve o apoio psicológico e emocional, pois o nascimento de uma criança com TEA pode gerar uma crise familiar complexa, causando ansiedade, estresse, culpa, medo e frustração. Os seus responsáveis devem buscar ajuda profissional quando necessário, além de contar com redes de suporte social, como grupos de pais, associações, amigos e familiares.

A primeira orientação é reconhecer o autismo de forma complexa, com o olhar sem críticas, ressaltamos da importância de os indivíduos pesquisar mais, isto é, em dados científicos, livros entre outros métodos de pesquisa que possam embasar. A primeira dica é se informar sobre o espectro, não apenas de forma superficial, é necessário pesquisar em fontes confiáveis e com embasamento científico. Entender o autismo, os desafios e recompensas de conviver com ele e como a educação inclusiva pode melhorar a vida das pessoas no espectro, os comportamentos repetitivos, do autismo muitas vezes é associado a comportamentos repetitivos, tais como movimentos repetitivos do corpo ou fixações em objetos ou assuntos, a expressão emocional,muitas vezes as pessoas no espectro do autismo têm dificuldades em entender e expressar emoções ou estabelecer relações interpessoais, os atrasos no desenvolvimento,do discurso e da linguagem são comuns em crianças no espectro, bem como problemas com coordenação e habilidades motoras.

Ressaltamos que umas das possibilidades para este retardo na observação é a ausência de atividades de capacitação dos profissionais da saúde, pois a identificação clínica do Espectro Autista (TEA) quanto para utilização dos instrumentos de rastreio (Wilkinson, 2011; Ws, Zwaigenbaum, Nicholas, & Sharon, 2015). Portanto, existem alguns programas os quais estão sendo executados com a finalidade de orientar, instruir e capacitar os profissionais, bem como, médicos, pediatras, enfermeiros para identificação dos sinais de alerta do espectro (Barbaro, Ridgway, & Dissanayake, 2011; Bordini et al., 2015; Steyer, 2016).

5.1 – ESTIMULAR e Favorecer o Autocuidado

O autocuidado é a capacidade de realizar atividades básicas da vida diária, como se alimentar, se vestir, se higienizar, entre outras. Essas habilidades são importantes para o desenvolvimento da autonomia, da autoestima e da integração social das crianças com espectro autista. Existem algumas estratégias que podem ajudar os pais e os profissionais a estimular e favorecer o autocuidado em crianças com espectro autista, tais como:

  • Observar os interesses e as preferências da criança, e utilizar atividades que sejam motivadoras e prazerosas para ela.
  • Respeitar o ritmo e o nível de desenvolvimento da criança, e oferecer suporte adequado para cada etapa do aprendizado.
  • Utilizar recursos visuais, como figuras, desenhos, fotos ou cartazes, para facilitar a compreensão e a memorização das rotinas e das sequências de ações.
  • Incentivar a imitação, a comunicação e o contato visual, através de brincadeiras, jogos e músicas.
  • Reforçar positivamente os comportamentos desejados, elogiando e recompensando a criança pelo seu esforço e progresso.
  • Reduzir as estereotipias, os comportamentos repetitivos e as distrações que possam interferir na atenção e na concentração da criança.
  • Promover a interação social com outras crianças e adultos, para ampliar as oportunidades de aprendizagem e de troca de experiências.

O autismo é um transtorno que pode se manifestar de diferentes formas e intensidades. O autismo é um espectro, ou seja, uma variação de características que podem ir desde as mais leves até as mais severas. Cada criança com autismo tem suas próprias habilidades, dificuldades, interesses e personalidade. Existem alguns tipos de autismo que são mais conhecidos, como o autismo clássico, a síndrome de Asperger, o transtorno desintegrativo da infância e o transtorno invasivo do desenvolvimento não especificado. Esses tipos se diferenciam principalmente pelo grau de comprometimento da comunicação, da interação social e do comportamento. Por exemplo, uma criança com autismo clássico pode ter atrasos significativos na fala e na linguagem, dificuldades de interação social e comportamentos repetitivos e restritos. Já uma criança com síndrome de Asperger pode não apresentar atrasos na fala ou na linguagem, mas pode ter dificuldades em entender e interpretar emoções e expressões faciais. Ela pode também apresentar interesses obsessivos e comportamentos repetitivos. Além dos tipos de autismo, existem outros fatores que podem influenciar na diversidade das crianças autistas, como a idade, o gênero, o nível intelectual, o ambiente familiar, a escolaridade, o acesso a tratamentos e a presença de outras condições associadas. Portanto, é importante respeitar e valorizar as diferenças entre as crianças autistas, reconhecendo suas potencialidades e necessidades individuais. Assim, podemos contribuir para o seu desenvolvimento integral e para a sua inclusão social.

5.2 Desenvolver o Aprendizado.

Para desenvolver o aprendizado nas crianças com espectro autista, é importante oferecer um ambiente acolhedor, estruturado e adaptado às suas necessidades. Também é fundamental estimular suas potencialidades e respeitar seu ritmo e seu estilo de aprendizagem. Algumas dicas que podem ajudar nesse processo são:

  • Estabelecer uma rotina e uma previsibilidade para as atividades, usando recursos visuais como figuras, desenhos, fotos ou cartazes para facilitar a compreensão e a memorização.
  • Utilizar estratégias pedagógicas específicas e individualizadas, considerando os interesses e as preferências da criança, e oferecendo suporte adequado para cada etapa do aprendizado.
  • Incentivar a comunicação verbal e não verbal, através de brincadeiras, jogos, músicas e artes, e respeitar as formas de expressão da criança.
  • Reforçar positivamente os comportamentos desejados, elogiando e recompensando a criança pelo seu esforço e progresso.
  • Promover a interação social com outras crianças e adultos, para ampliar as oportunidades de aprendizagem e de troca de experiências.
5.3 DIVISÃO das Responsabilidades.

Ter um filho com espectro autista pode ser um desafio para os pais, que precisam conciliar as demandas do cuidado, da educação, do trabalho e da vida familiar. Muitas vezes, os pais se sentem sobrecarregados, estressados e culpados por não conseguirem dar conta de tudo. Por isso, é importante que eles busquem formas de dividir as responsabilidades em casa com seus filhos, de acordo com a idade e o nível de desenvolvimento de cada um. A divisão das responsabilidades em casa pode trazer vários benefícios para os pais e para as crianças com espectro autista, tais como:

  • Estimular a autonomia, a autoestima e a autoconfiança das crianças, que se sentem capazes de realizar tarefas e contribuir para o bem-estar da família.
  • Desenvolver habilidades sociais, cognitivas e motoras das crianças, que aprendem a seguir instruções, a resolver problemas, a cooperar e a se comunicar.
  • Reduzir o estresse, a ansiedade e a sobrecarga dos pais, que podem contar com a ajuda dos filhos e ter mais tempo para si mesmos e para outras atividades.
  • Fortalecer o vínculo afetivo entre os pais e os filhos, que compartilham experiências e momentos de qualidade juntos.

Algumas dicas que podem ajudar os pais a fazerem a divisão das responsabilidades em casa com seus filhos com espectro autista são:

  • Observar os interesses e as preferências dos filhos, e escolher tarefas que sejam adequadas ao seu nível de habilidade e motivação.
  • Estabelecer uma rotina e uma previsibilidade para as tarefas, usando recursos visuais como figuras, desenhos, fotos ou cartazes para facilitar a compreensão e a memorização.
  • Explicar claramente as expectativas e as regras para cada tarefa, usando uma linguagem simples e objetiva, e demonstrando os passos necessários.
  • Oferecer suporte e orientação aos filhos durante as tarefas, mas sem fazer por eles ou interferir na sua autonomia.
  • Elogiar e recompensar os filhos pelo seu esforço e progresso nas tarefas, reconhecendo suas conquistas e incentivando-os a continuar.
  • Ser flexível e paciente com os filhos, respeitando seu ritmo e suas dificuldades, e adaptando as tarefas conforme necessário.
6.  Como Criar Oportunidades Para Seu Filho Desenvolver Habilidades Sociais.

As habilidades sociais são um conjunto de comportamentos que permitem o nosso desenvolvimento no ambiente em que vivemos, nos relacionando com as pessoas de forma eficaz e satisfatória. Essas habilidades são importantes porque nos aproximam das pessoas, nos ajudam a expressar suas emoções e pensamentos, e a colaborar com o bem-estar coletivo. Algumas das principais habilidades sociais são: civilidade, comunicação, empatia, enfrentamento, positividade e trabalho em equipe¹. Para ajudar seu filho a desenvolver essas habilidades, você pode seguir algumas dicas práticas, como:

  • Ensine a comunicação eficaz: desde cedo, incentive seu filho a falar sobre seus sentimentos e ouvir atentamente os outros. Mostre como se expressar de forma clara, respeitosa e assertiva, defendendo sua opinião sem agredir ou ofender os outros.
  • Estimule a confiança: elogie os esforços e as conquistas do seu filho, reconhecendo suas qualidades e potenciais. Ajude-o a superar seus medos e desafios, mostrando que você acredita nele e que ele pode contar com seu apoio.
  • Promova a conexão: incentive seu filho a participar de grupos de interação, como clubes, igrejas, esportes e voluntariado. Essas atividades podem favorecer o contato com pessoas diferentes, ampliar sua visão de mundo e fortalecer sua autoestima.
  • Ensine emoções: ajude seu filho a identificar, entender e lidar com suas próprias emoções e as dos outros. Mostre como as emoções influenciam nossas ações e reações, e como podemos usar estratégias para controlá-las ou expressá-las de forma adequada.
  • Desenvolva a empatia: ensine seu filho a se colocar no lugar do outro, compreendendo seus sentimentos, necessidades e perspectivas. Mostre como ser solidário, gentil e cooperativo com os outros, respeitando suas diferenças e diversidades.

As interações e a socialização para a criança com espectro autismo é um desafio, portanto deve ser encarada o quanto antes, desenvolvendo o contato social, ela também evolui positivamente em sua comunicação. Assim como as habilidades, as sociais são desenvolvidas com a prática, uma das maiores práticas de socialização é na escola, pois muitos pais acreditam que a escola deve exercer seu trabalho sozinha e não buscam se informar sobre como está o desempenho do filho, as estratégias que a escola está utilizando ou como será desenvolvido o plano pedagógico. Segundo NUNES, D.; LEMOS, J. P (2013), a escola é um recurso enriquecedor, onde as experiências sociais das crianças com TEA, oportunizando momentos de interações entre os seus pares contribuindo para novas aprendizagens e comportamentos novos e apreendidos.

 É de suma relevância que escola e pais tenham uma comunicação efetiva, assim como na terapia o trabalho desenvolvido na escola deve ser praticado no cotidiano e a família tem papel indispensável nesse contexto. Portanto, família e escola são aliados e devem ter o mesmo objetivo, efetuando o trabalho em conjunto. Na incessante pesquisa a ajuda especializada é uma das melhores alternativas, todas as dicas são fundamentais e valiosas, mas serão ainda mais úteis com o acompanhamento de um profissional capacitado para orientação e verificação junto à família da criança com o espectro.

7. CONCLUSÃO.

 Diante de tudo descrito, esta pesquisa, tem como perspectiva conhecer o trabalho da neuropsicologia e os impactos ocasionados acerca da reabilitação da criança com transtorno do espectro autismo, desde a análise de avaliação, os métodos de intervenção, o trabalho desenvolvido com os  pais e o responsáveis dessas crianças, execução das técnicas a importâncias de se conhecer o autismos em suas particularidades e tendo em mente que cada crianças autista possui características diferentes umas das outras  até a na construção da rotina ou no cuidado dessas crianças. Trabalho do Neuropsicologo é responsável por compreender o indivíduo, ou seja, a forma como pode afetar as funções cognitivas, bem como, a memória, atenção, capacidade de julgamento, o raciocínio, as emoções e o comportamento.

Enfatizamos que ao instruir os pais ou responsáveis sobre a neuropsicologia e a reabilitação das crianças com TEA, ajudamos os mesmos a realizarem uma reflexão sobre todas as fases e características de cada criança e as suas particularidades e as demandas a serem trabalhadas ajudando o profissionais sobre o tipo de intervenção a ser realizada na criança e como lidar com suas demandas, como  os cuidados necessários para o estímulo do desenvolvimento.

Em suma todo esse processo de reabilitação contribui para criança com o espectro, ajudando nos setores mais afetados, por exemplo, a comunicação, seus relacionamentos interpessoais, no contexto escolar e meio social e as suas interações. Além de contribuir no investimento das habilidades adquiridas. Assim sendo, o diagnóstico e a avaliação realizada de forma precoce irão ajudar a garantir um desenvolvimento melhor e mais saudável para essa criança com TEA.  Sendo assim observando os conhecimentos adquiridos através da pesquisa realizada, é nítido que a mesma fornecerá uma contribuição para a sociedade, aonde é enfatizado sobre o diagnóstico, como é a atuação inicial e as intervenções realizadas pelo profissional, com um acompanhamento especializado para a criança com o espectro autismo, além de, ter contribuído para os conhecimentos dos pesquisadores.

8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.

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