A NECESSIDADE DE APOIO PSICOLÓGICO AOS PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO – REVISÃO INTEGRATIVA

THE NEED FOR PSYCHOLOGICAL SUPPORT FOR CHRONIC KIDNEY PATIENTS IN HEMODIALYTIC TREATMENT – INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.6822045


Autoria:
Bruna Cristina do Nascimento Batista, Jaine Amorim Araújo, Ruth Raquel Soares de Farias


RESUMO

O presente artigo buscou identificar a importância e necessidade do apoio psicológico aos pacientes renais crônicos em hemodiálise, auxiliando-os na adaptação ao tratamento e melhoria da qualidade de vida. Metodologia revisão integrativa de literatura, realizada na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências de Saúde LILACS e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online MEDLINE, no período de abril a junho de 2022, por meio da combinação das palavras chaves e operadores boleanos: psicologia or apoio psicológico and hemodiálise. Como critério de inclusão buscamos artigos que abordavam o tema em estudo, publicados nos anos de 2017 a 2022, nos idiomas português e inglês, sendo excluídos os textos não disponíveis na íntegra, teses e revisões integrativas. No estudo desses artigos, sentimentos de ansiedade, depressão, angústia e incertezas foram relatados como presentes no cotidiano dos pacientes hemodialíticos à adaptação ao novo tratamento e sua qualidade de vida. Demonstrando a importante necessidade do apoio psicológico no enfrentamento as mudanças cotidianas que envolve a doença renal crônica e a terapia substitutiva nos aspectos físicos, mentais e sociais dos pacientes.

Palavras-chave: adaptação psicológica, doença renal terminal, hemodiálise

ABSTRACT

This article sought to identify the importance and need for psychological support for patients with chronic kidney disease on hemodialysis, helping them to adapt to treatment and improve their quality of life. Methodology integrative literature review, carried out in the Virtual Health Library (VHL) in the databases Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences LILACS and Medical Literature Analysis and Retrieval System Online MEDLINE, from April to June 2022, through the combination of keywords and Boolean operators: psychology or psychological support and hemodialysis. As inclusion criteria, we searched for articles that addressed the topic under study, published from 2017 to 2022, in Portuguese and English, excluding texts not available in full, theses and integrative reviews. In the study of these articles, feelings of anxiety, depression, anguish and uncertainties were reported as present in the daily lives of hemodialysis patients to adapt to the new treatment and their quality of life. Demonstrating the important need for psychological support in coping with the daily changes involving chronic kidney disease and substitutive therapy in the physical, mental and social aspects of patients.

Keywords: psychological adaptation, end-stage renal disease, hemodialysis.

INTRODUÇÃO

A doença renal crônica (DRC), resulta da perda progressiva e irreversível da função renal, limitando a excreção de resíduos tóxicos do organismo e controle de fluídos corporais dentro de valores normais compatíveis com a vida. Necessitando dessa forma de terapias que substituam a função renal, sendo a hemodiálise a principal e mais utilizada delas (LIRA et al., 2017).

Pacientes diagnosticados com DRC devem submeter-se ao transplante renal ou diálise de longo prazo para a sobrevivência, porém a dificuldade e demora do transplante, faz com que a maioria dos pacientes realizem a diálise. Atrasar a decisão de realizar hemodiálise ou a diálise peritoneal podem exacerbar ainda mais o diagnóstico da doença e colocar a vida em risco. (CHING et al., 2021).

O número estimado de novos pacientes em diálise em 2018 foi de 42.546, um aumento de 54,1% em relação a 2009 e a hemodiálise continua sendo o método de depuração renal predominante, atualmente utilizado por 92% dos pacientes com doença renal terminal (NEVES et al., 2020).

O tratamento hemodialítico é um procedimento crônico de sustentação da vida para pacientes com DRC, que contribui para eliminação de substâncias indesejáveis ao organismo com algumas repercussões psicológicas e cognitivas percebidas no início do tratamento;  é uma transição crítica que envolve inúmeros fatores psicossociais e comportamentais que podem agravar a saúde mental,  muitas vezes estressantes, repletos de desafios e adaptação tanto para os pacientes como  seus familiares (GRIVA et al., 2021).

Três períodos de grande estresse psicológico são vivenciados pelo paciente com DRC, o primeiro se dá no momento do diagnóstico da doença, posteriormente com a notícia do tratamento hemodialítico para a manutenção da vida e o início da terapia substitutiva propriamente dita. Com isso, a necessidade de uma evolução positiva frente a situações adversas e que auxilie na construção de recursos para o enfrentamento e adaptação à nova realidade de vida, está associada a melhoria junto ao tratamento hemodialitico e que envolve as redes de apoio psicológico     (MARTINEZ et al., 2021).

A relutância ao tratamento hemodialítico é expressiva nos pacientes, que se sentem obrigados a aceitar devido à pressão social, sem nenhuma preparação adequada para essa transição (pré-dialise), com uma iniciação não planejada ao procedimento; geralmente a nível hospitalar e com acesso venoso temporário, levando a sentimentos como: angústia, medo, depressão e frustração nesses pacientes (GRIVA et al., 2021).

O presente artigo tem como objetivo identificar a importância e a necessidade do apoio psicológico aos pacientes renais crônicos em hemodiálise, auxiliando-o na adaptação ao novo tratamento, junto a melhoria na qualidade de vida.

METODOLOGIA

Revisão integrativa de literatura (RIL), abordando como questão norteadora  a necessidade do apoio psicológico aos pacientes em tratamento hemodialitico; com  as buscas por publicações realizadas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências de Saúde LILACS e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online MEDLINE, por meio da combinação dos descritores controlados e operadores boleanos: psicologia or apoio psicológico and hemodiálise.  

Como critério de inclusão estabeleceram-se os artigos disponíveis em texto completo, publicados nos idiomas português e inglês, no período de 2017 a 2022, pertencentes aos tipos de: estudos de prevalência, de avaliação, de prognóstico, rastreamento, ensaio clínico controlado e pesquisa qualitativa; com o assunto principal em: diálise renal, estresse psicológico, qualidade de vida, adaptação psicológica, insuficiência renal crônica, depressão e ansiedade. Foram excluídos os artigos que pertenciam as seguintes modalidades: teses, revisões integrativas e textos não disponíveis na íntegra.

RESULTADOS

Foram identificadas 96 publicações, após aplicados os critérios de inclusão e exclusão e leitura integral, totalizaram 11 artigos na amostra final. O estudo relata a presença de sentimentos como depressão, angústia e ansiedade sentidos pelos pacientes com DRC e a realização da hemodiálise propriamente dita.

A falta de informações sobre a doença, a condição crônica de saúde, não trazendo cura, apenas gerando sobrevida, pouco acompanhamento psicológico no período pré-dialítico, o impacto da hemodiálise na qualidade de vida, o enfrentamento à doença e a realização do tratamento foi relatado nos artigos, como fatores que trazem ansiedade e angústia aos pacientes.

O uso de aplicativos como forma de demonstrar conhecimento e as terapias cognitivas comportamentais foram mencionadas, no estudo dos artigos, como eficazes no tratamento da depressão e angústia, além da melhoria na qualidade de vida dos pacientes, sendo apresentados no quadro abaixo.

   Quadro 1. Síntese dos artigos incluídos na revisão. Teresina, Piauí, Brasil, 2022.

           País/ Base de dados  Autor/ Ano  Objetivo  Metodologia  Principais Resultados  Conclusão
  Espanha MEDLINE  Martinez et al. (2021)  Identificar a resiliência e qualidade de vida, relacionada a hemodiálise e o estresse percebido  Estudo multicêntrico e transversal  Resiliência relacionada ao estresse percebido e  qualidade de vida   Intervenções e resiliência na percepção do estresse em pacientes com DRC
  Brasil LILACS  Freire et al. (2021)  Dimensionalidade e conforto na perspectiva do doente em HD  Estudo qualitativo e análise de conteúdo  Conforto relacionado ao bem-estar psíquico,  durante a hemodiálise  Alívio ao desconforto, bem estar mental e ações terapêuticas
  Taiwan MEDLINE   Ching et al. (2021)  Correlação entre esperança, apoio social e conflito decisório na DRC  Estudo transversal, descritivo de correlação  Baixa sensação de esperança e um moderado conflito de decisão  Apoio social e a mediação da relação entre esperança e conflito decisório
  Austrália MEDLINE  Dingwall et al. (2021)  Investigar a eficácia de intervenções psicossociais  Ensaio clínico randomizado, estudo prognóstico  Diminuições do sofrimento psicológico e depressivos  O uso de aplicativos  melhoram o bemestar das pessoas
  Irã MEDLINE    Morrowati et al. (2020)    Investigar e avaliar o estresse de pacientes em hemodiálise  Estudo prognóstico observacional  Suscetibilidade percebida e relevância motivacional  O modelo transacional de Lazarus e Folkman mostra- se útil em situações estressantes
  BRASIL LILACS  Milagres e Lodi. (2019)  Verificar a auto percepção de estresse em idosos submetidos ao tratamento hemodialítico    Estudo transversal  Presença de estresse auto percebido entre idosos que realizam tratamento hemodialítico  O significado de estresse é bastante variável nos idosos em hemodiálise
  BRASIL LILACS  Jesus et al. (2019)  Mensurar a qualidade de vida de indivíduos com DRC e identificar os determinantes  Estudo transversal  A percepção da qualidade de vida e satisfação com a saúde em realizar hemodiálise  A qualidade de vida menor em pacientes com DRC
  REINO UNIDO MEDLINE        Damery et al. (2019)  Avaliar a prevalência de sofrimento em pacientes com DRC  Pesquisa transversal, estudo de prevalência  Prevalência de angústia leve a moderada, necessidade de suporte ao paciente  Triagem regular para identificar a angústia no tratamento  
  GRÉCIA MEDLINE  Gerogianni et al.(2019)  O papel de métodos não farmacológicos no tratamento da ansiedade e depressão  Estudo de rastreamento  Apoio social, familiar, levam a redução da ansiedade e depressão  Avaliação psiquiátrica sistemática dos indivíduos  
  ÍNDIA MEDLINE  Jadhay et al. (2018)  O uso do programa  preparatório de pré hemodiálise como estratégia de enfrentamento adaptativo  Ensaio clínico controlado, estudo de avaliação  A intervenção com base na teoria do estresse psicológico de Lázaro mostra-se eficaz  Programa contínuo de educação e aconselhamento aos pacientes em hemodiálise  
  BRASIL LILACS  Lira et al. (2017)  Identificar a associação entre características psicológicas e com dados clínicos e socioeconômicos    Pesquisa transversal        Pacientes com hiperpotassemia e ansiedade  Associação entre ansiedade e variáveis socioeconômicas, idade e renda familiar  

Fonte: Elaboração própria DISCUSSÃO

Segundo os autores anteriormente citados, os pacientes apresentam sentimentos de depressão, angústia e ansiedade, frente ao diagnóstico da doença renal crônica e a notícia da necessidade do tratamento hemodialítico, deixando – os rodeados de inseguranças e incertezas.

Para Lira et al. (2017), a presença marcante de problemas como depressão e ansiedade em pacientes com DRC os leva ao isolamento da sociedade e consequentemente a práticas sedentárias.

Pacientes que não recebem nenhuma preparação para entender sua doença e gerenciá-la da melhor maneira possível, na forma contínua de educação e aconselhamento, tendem a lidar de forma mais insegura, depressiva e angustiante com o diagnóstico de DRC e seu tratamento (JADHAY et al., 2018).

Reforçando as menções dos autores sobre o sentimento dos pacientes hemodialíticos, temos o modelo cognitivo da depressão organizado sobre três conceitos, entre eles a tríade cognitiva, que traz visões negativas de si mesmo, de suas interações com o meio ambiente e visão negativa do futuro (CORREIA; BARBOSA, 2009).

Firmando os achados na pesquisa temos que Freud primeiramente considerou a angústia como uma forma de descarga das excitações sexuais acumuladas, revisando essa formulação na segunda teoria sobre a angústia, definindo-a como sinal dado pelo Eu, de perigo, passando a considera-la como reação adaptativa fundamental para a sobrevivência do aparelho psíquico (DAL-CÓL; PALMA, 2011).

Silva (2020), corrobora ao dizer que Freud percebeu a ansiedade como uma condição que afeta excessivamente o ser humano e seus distúrbios estão associados às reações do organismo diante das situações estimulantes, altamente desgastantes, tirando as pessoas do controle de suas próprias vidas.

Ratificando os relatos encontrados nos artigos Ferreira (2020), diz que  os modelos atuais da ansiedade demonstram como ponto de partida a dicotomia da ansiedade orientada para o estimulo versus ansiedade como resposta; sendo vista primeiro como resposta a um estímulo específico a situações, pensamentos e emoções; já na segunda a ansiedade é explorada como resposta emocional em si, independente do estímulo.

Poucos relatos sobre o preparo ou acompanhamento psicológico pré dialítico foi observado no estudo dos artigos, dessa forma o paciente renal crônico com necessidade de hemodiálise sente – se inseguro no início do tratamento e no enfrentamento a nova realidade de vida, submetido a hemodiálise com muita angústia e temor.

O preparatório pré- hemodiálise é eficaz no aprimoramento do uso de certas estratégias de enfrentamento adaptativas, ajudando os pacientes a reavaliar positivamente seus objetivos de vida e os encoraja a assumir o controle; participando ativamente da tomada de decisões em todos os aspectos de suas vidas. Isso provavelmente é resultado da aceitação da doença e de seu tratamento e da reavaliação positiva da situação de vida (JADHAY et al., 2018).

Freire et al. (2021), relatam que pacientes em hemodiálise, vivenciam diariamente a sensação de conforto e desconforto mesmo com o entendimento que o tratamento é necessário para a manutenção da vida e redução das complicações advindas da doença.

A identificação do sofrimento de leve à moderado é comum em pacientes com DRC no tratamento hemodialítico, e pode haver necessidades substanciais de suporte não atendidas. A preparação regular pode ajudar a identificar pacientes cujo sofrimento pode permanecer sem ser detectado (DAMERY et al., 2019).

Fortalecendo os achados da pesquisa, as estratégias de enfrentamento deverão acontecer, no sentido de minimizar o sofrimento frente a pressão física, emocional e psicológica relacionada a acontecimentos desencadeantes de estresse, resultando no ajustamento psicossocial do indivíduo e consequentemente na melhoria da qualidade de vida e do equilíbrio mental (MORERO; BRAGAGNOLLO; SANTOS, 2018).

O impacto da hemodiálise na qualidade de vida dos pacientes foi mencionado no estudo, pois a dependência da máquina para sobreviver é uma realidade, e muitas vezes na busca pelo tratamento, o mesmo se desloca de uma cidade para outra influenciando assim no tempo e assiduidade a terapia substitutiva.

Pacientes com DRC submetidos ao tratamento hemodialítico, sofrem uma mudança no estilo de vida, acompanhadas por alterações bioquímicas, psicológicas, cognitivas e comportamentais, uma vez que, a dependência de uma máquina de diálise e da equipe que a manipula pode desencadear um evento angustiante (MILAGRES; LODI, 2019).

Ching et al. (2021), enfatizam que o tratamento de diálise não cura a DRC e os pacientes devem permanecer em diálise e tratamento medicamentoso para o resto de suas vidas, com ajustes em sua alimentação, ingestão de água, manejo emocional, atividades de lazer e vida social, afetando a qualidade de vida, portanto se sentem ansiosos, preocupados e sem esperança.

O tratamento de pacientes com DRC causa importante comprometimento funcional, dificuldade para estabelecer e/ou manter o emprego, devido ao tempo que passam em hemodiálise, além de apresentarem deficiências físicas e sintomas como fraqueza e mal-estar, afetando o desempenho das atividades cotidianas e produzem efeitos psicológicos e sofrimento emocional (JESUS et al., 2019).

Segundo a teoria transacional o enfrentamento, é um processo que decorre da interação entre o indivíduo e ambiente, influenciado pelos traços de personalidade desta pessoa e experiências anteriores que possam ter constituído a aquisição de recursos emocionais, comportamentais, cognitivos e sociais para lidar com situações adversas, utilizando estratégias focadas no problema ou na emoção, podendo ter impactos positivos ou negativos (MORERO; BRAGAGNOLLO; SANTOS, 2018).

Os artigos ainda mencionam o uso de aplicativos como forma de demostrar conhecimento e apoio frente ao tratamento hemodialítico; outros já enfatizam que as terapias cognitivas comportamentais são eficazes no tratamento da depressão e sofrimento de angústia sentido pelo paciente e que a rede de apoio tanto dos profissionais, família e comunidade também auxilia na melhoria da qualidade de vida e enfrentamento à nova rotina.

Ansiedade e a depressão em pacientes submetidos à hemodiálise podem ser reduzidas por uma variedade de métodos de tratamento, incluindo terapia farmacológica, terapia cognitivo-comportamental, exercícios regulares e técnicas de relaxamento (GEROGIANNI et al., 2019).

Morrowati et al. (2021), trazem que a seleção e aplicação de modelos transacionais apropriados ajudam os pacientes a mudar seus comportamentos não saudáveis, modelando e reduzindo o estresse, criando comportamentos adequados com pacientes capazes de avaliar a situação de sua doença.

Comprovando os achados, traz – se que a terapia cognitiva é uma psicoterapia breve, estruturada, orientada ao presente, direcionada a resolver problemas atuais e a modificar os pensamentos e  comportamentos disfuncionais, principalmente no modo como as pessoas interpretam e processam os acontecimentos que influencia seus sentimentos e comportamentos, com propósito terapêutico de reestruturar e corrigir esses pensamentos e colaborativamente desenvolver soluções pragmáticas para produzir mudanças e melhoras aos transtornos emocionais (OLIVEIRA; PANTE, 2020).

Dingwall et al. (2021), mencionam que fornecem avaliações e intervenções de saúde baseadas em aplicativos responsivos para pacientes em diálise, resulta em melhorias no seu bem-estar, mostrando que as intervenções digitais de saúde mental adaptadas, podem ser aceitáveis e eficazes. 

Para Martinez et al. (2021), programas para redução de estresse, demonstram fornecer benefícios, melhorar aspectos de comportamento e estilo de vida; além das estratégias de envolvimento do paciente em processos educativos para tomada de decisão terapêutica, bem como educação multidisciplinar e grupos para pacientes renais crônicos.

O doutor em psicologia Rogério Lerner, afirma que a complexidade do funcionamento psíquico, envolve pensamentos, reações conscientes/não conscientes e interações humanas, impõe limites à capacidade dos aplicativos de detectar emoções e a dinâmica entre elas, porém o uso de aplicativos orientados por inteligência artificial na área de saúde mental podem ser úteis, como coadjuvantes no trabalho psicoterapêutico aumentando a consciência do usuário sobre algumas emoções e indicarem quanto a busca por ajuda profissional (LERNER, 2021).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com essas breves considerações, este artigo tem a intenção de salientar a importância do apoio psicológico na melhoria da qualidade de vida e na aceitação da nova realidade vivida pelo paciente hemodialítico.

Sabendo que mudanças ocasionam incertezas, inseguranças e medo principalmente quando envolve a saúde e doenças crônicas, é necessário um apoio positivo que englobe os aspectos físicos, cognitivos, psicológicos, metabólicos, sociais e econômicos, sendo indiscutível a necessidade da presença de um profissional que dê suporte psicológico ao paciente durante o tratamento hemodialítico.

A grande angústia e ansiedade que esses pacientes sentem envolvendo as preocupações com a própria saúde, com a família, trabalho e renda que potencializam o estresse e a depressão; além das alterações físicas que os colocam em uma situação difícil, dolorosa e com a certeza que o tratamento não vai oferecer a cura e sim uma melhoria na qualidade de vida; tudo isso influencia negativamente a percepção do paciente fazendo com que ele veja de forma desestimulante o tratamento. 

O apoio psicológico pode observar traços desse sofrimento de forma pontual e preventiva e trabalhar para que haja uma melhoria no estado psíquico, refletindo na qualidade de vida do paciente, diminuindo seu sofrimento pela doença renal crônica e na aceitação de mudanças cotidianas relacionadas ao tratamento hemodialítico.

REFERÊNCIAS

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ORCID:  https://orcid.org/0000-0002-0928-7170
Faculdade do Ensino Superior do Piauí, Brasil
E-mail: brunabrayanalmeida@gmail.com

ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3121-0169
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E-mail: jaineamorim20@gmail.com

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0988-0900
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