SWIMMING AS AN AUXILIARY PRACTICE IN MOTOR DEVELOPMENT AND AFFECTIVE-SOCIAL IN CHILDREN WITH AUTISM SPECTRUM DISORDER –TEA
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202411132334
Jailson Ribeiro Soares1
Leyla Regis e Meneses Sousa Carvalho2
RESUMO
Introdução: O transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado por diversas mudanças neurológicas que são visíveis durante a primeira infância, entretanto, essas variações afetam o desenvolvimento motor, social e cognitivo. Objetivo: Analisar os benefícios da natação no desenvolvimento motor e afetivo-social em crianças com transtorno do espectro autista – TEA. Métodos: Trata-se de uma revisão bibliográfica do tipo integrativa, realizadas nas bases de dados: Google Acadêmico e Scientific Eletronic Library Online – (SciELO), utilizando de forma isolada e/ou conjugada os seguintes descritores: Autismo e natação; Transtorno do Espectro Autista e natação; Autismo e desenvolvimento afetivo-social; Transtorno do Espectro do autismo e Desenvolvimento afetivo-social; Autismo e desenvolvimento motor; Transtorno do Espectro Autista e Desenvolvimento motor; natação e desenvolvimento afetivo social; natação e desenvolvimento motor. Resultados: Os dados apontaram que manter um estilo de vida ativo é essencial para o desenvolvimento motor e afetivo-social para crianças com TEA. Considerações: Nesta perspectiva, crianças que mantêm um estilo de vida com atividades diárias e práticas de natação tiveram melhorias significativas em todas as dimensões de desenvolvimento aqui propostas. Sugere-se estudos que abordem essa temática, com alternativas de práticas auxiliares neste processo como: danças, esportes, ginástica, jogos e lutas, outra sugestão seria estudar esse transtorno em diferentes faixas etárias, posto que, pesquisas voltadas para indivíduos tanto na adolescência quanto na idade adulta mostraram-se escassas na literatura pré-existente.
PALAVRAS-CHAVE: Autismo. Desenvolvimento afetivo-social. Desenvolvimento motor. Natação.
ABSTRACT
Introduction: Autism spectrum disorder (ASD) is characterized by several neurological changes that are visible during early childhood, however, these variations affect motor, social and cognitive development. Objective: To analyze the benefits of swimming on motor and affective-social development in children with autism spectrum disorder (ASD). Methods: This is an integrative literature review, carried out in the following databases: Google Scholar and Scientific Electronic Library Online – (SciELO), using the following descriptors in isolation and/or in combination: Autism and swimming; Autism Spectrum Disorder and swimming; Autism and affective-social development; Autism Spectrum Disorder and Affective-Social Development; Autism and motor development; Autism Spectrum Disorder and Motor Development; swimming and social affective development; swimming and motor development. Results: The data showed that maintaining an active lifestyle is essential for motor and affective-social development for children with ASD. Considerations: From this perspective, children who maintain a lifestyle with daily activities and swimming practices had significant improvements in all the developmental dimensions proposed here. Studies that address this theme are suggested, with other alternatives of auxiliary practices in this process such as: dances, sports, gymnastics, games and fights, another suggestion would be to study this disorder in different age groups, since research aimed at individuals both in adolescence and adulthood proved to be quite scarce in the pre-existing literature.
KEYWORDS: Autism. Affective-social development. Motor development. Swimming.
1 INTRODUÇÃO
O transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento, com amplo espectro de manifestações clínicas, caracterizado pela presença de distúrbios de comportamentos (LAZARINNI; ELIAS, 2022), é um distúrbio que ocorre no desenvolvimento do indivíduo e que se caracteriza por alterações presentes desde idade muito precoce, geralmente antes dos três anos, com impacto múltiplo e variável em áreas nobres do desenvolvimento humano como as áreas de comunicação, interação social e cognitiva (MELLO, 2007).
Existem várias maneiras de se distinguir uma criança com esse transtorno, a exemplo, pouco contato visual, inquietações, incômodo com sons altos e uma reversão ao toque corporal (MESSIAS; MOURÃO; BORGES, 2022), se define como uma síndrome neuro psíquica, que se adéqua na categoria dos transtornos globais do desenvolvimento (TGD), posto que, tem início na primeira infância com um desenvolvimento de forma crônica, afetando várias dimensões do desenvolvimento infantil (RIBEIRO, 2022).
Entre os principais métodos de intervenção empregados para minimizar o quadro estão a prática de exercícios, especialmente a natação, tema deste estudo, por ser um dos esportes mais praticados e completos, essa prática tão salutar estimula o condicionamento físico, além de trazer vários benefícios no âmbito fisiológico, cognitivo, psicológico e social, uma vez que, estimula o indivíduo como um todo. Em relação ao aspecto fisiológico proporciona uma boa amplitude de movimentos, trabalha a coordenação motora além de melhorar a postura corporal, no aspecto cognitivo estimula o raciocínio e a criatividade, enquanto que, no aspecto psicológico verifica-se o aumento da autoestima e sentimento de bem-estar e no social favorece a inclusão (DIAS, 2020).
Por meio da natação, após algumas semanas de aulas, as crianças com TEA, mostram uma significativa melhoria nas capacidades físicas e cardiorrespiratórias (PEREIRA et al, 2019), além de proporcionar diversos estados emocionais apresentando vários benefícios e oferecendo grandes estímulos importantes para elas (PIO; SILVA et al., 2022).
As experiências motoras têm muita importância para a elaboração de convivência e socialização, importante salientar que quanto mais cedo as crianças forem estimuladas mais rápidas serão as respostas esperadas no desenvolvimento principalmente na faixa etária de até três anos, fase que geralmente ocorre o diagnóstico do transtorno, sendo a natação uma das atividades mais recomendadas (OLIVEIRA; SANTOS; SANTOS, 2021).
Neste contexto, a utilização de atividades lúdicas no meio aquático oportuniza uma aprendizagem de forma mais dinâmica e interativa, trata-se de uma ferramenta importante de intervenção profissional frente a esse grupo, que se tornou desafiadora para os profissionais, na busca de novas abordagens de intervenção a fim promover melhoria na qualidade de vida deste grupo em questão.
Assim, pretende-se com esta pesquisa subsidiar e orientar a comunidade acadêmica, quiçá futuros profissionais de Educação Física que desejam seguir essa área de intervenção profissional, propondo conhecimentos sobre o valor pedagógico das atividades lúdicas e a utilização das mesmas na prática docente no ensino da natação, numa perspectiva inclusiva para esse grupo tão especial, desta forma, o objetivo desse estudo é analisar a natação como prática auxiliar no desenvolvimento motor e afetivo-social em crianças com o Transtorno do Espectro Autista – TEA.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo de revisão integrativa, que é um método de revisão mais flexível, pois aceita adicionar bibliografia teórica com distintas abordagens metodológicas tanto de abordagem quantitativa quanto qualitativa (POMPEO; ROSSI; GALVÃO, 2009).
Os métodos para elaboração de revisões integrativas prevêem seis etapas devidamente planejadas: (1) definição do tema (elaboração da questão problema); (2) investigação bibliográfica (amostra proposta); (3) seleção para disposição dos estudos (coleta de dados); (4) descrição dos estudos incluídos nos resultados; (5) discussão dos resultados; (6) Considerações finais. As categorizações das análises (método) serão feitas por meio de análises de conteúdos segundo o método de Bardin (2011) que se configura em três fases: 1)julgamento prévio; 2) organização dos dados coletados; 3) arranjo e interpretação dos resultados, nesta fase, os objetivos e os resumos proposto dos artigos foram resumidos atendendo aos critérios de inclusão e exclusão, em seguida, os dados foram selecionados e organizados em planilhas @Excel seguindo a ordem cronológica de publicação, com o intuito de consolidá-los sequencialmente, assim como os resultados e discussão da proposta em questão (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008; BARDIN, 2011).
A pesquisa foi coletada nas bases de dados: Google acadêmico e Library Online (SciELO). Os descritores utilizados foram: Autismo e natação; Transtorno do Espectro Autista e natação; Autismo e desenvolvimento afetivo-social; Transtorno do Espectro do autismo e Desenvolvimento afetivo-social; Autismo e desenvolvimento motor; Transtorno do Espectro Autista e Desenvolvimento motor; natação e desenvolvimento afetivo social; natação e desenvolvimento motor.
A pesquisa foi conduzida por meio da seguinte questão norteadora: A natação auxilia no desenvolvimento motor e afetivo social em crianças com Transtorno do Espectro Autista – TEA?
Os critérios de inclusão foram somente os artigos de pesquisa na temática disponíveis online na íntegra; em português com recorte temporal de 2014 a 2024, considerando os descritores acima mencionados e como critério de exclusão todos os artigos repetidos nas bases de dados; sem resumos ou incompletos, pesquisas realizadas fora do Brasil e textos que não apresentaram relação com os objetivos propostos, além de editoriais, artigos de revisão integrativa, sistemática e narrativa da literatura, monografias, dissertações, teses, livros e quaisquer publicações em outros idiomas das citadas nos critérios de inclusão, assim como publicações anteriores a 2014. Foram exclusos também quaisquer descritores que não contemplam parte desta temática e que não consistiram nas características e a faixa etária proposta nesta pesquisa.
Figura 01: Fluxograma analítico do levantamento bibliográfico.
3 RESULTADOS
No quadro abaixo estão os dados relativos à pesquisa, atendendo aos critérios de inclusão e exclusão, com a proposta de atender aos objetivos do estudo. As informações estão claramente classificadas por ordem cronológica e pelos seguintes critérios: autor, ano, título, objetivo, metodologia e resultados /considerações.
No tocante aos resultados, foram realizadas as análises dos “05” artigos selecionados de acordo com eixos temáticos, dividindo-os em categorias similares.
Quadro 1- Sínteses dos resultados inerentes à relação entre a prática da natação e o desenvolvimento motor e afetivo social em crianças como Transtorno do Espectro Autista – TEA.
AUTOR | TÍTULO | OBJETIVO | METODOLOGIA | RESULTADOS/CONSIDERAÇÕES |
Soareset al (2017) | Estratégias de aprendizagemUtilizadas no ensino da natação para autistas | Descrever e analisar as técnicas usadas por uma professora de natação em alunos com TEA. | A amostra foi composta por 01 (um) aluno com TEA praticante de natação do sexo masculino com 10 anos de idade que manifesta mudanças no temperamento. Trata-se de um estudo qualitativo analisado por meio de um relato de experiência e observação durante três meses. Foram utilizados formulários de observação para anotações e relatórios de atividades e atitudes físicas e emocionais. | Os resultados apontaram que o trabalho sendo realizado de forma repetida e com estimulação contínua apresentaram fatores contribuintes para a evolução desta criança e para esse processo de evolução acrescentando melhorias tanto de cunho pessoal quanto social. Faz-se importante destacar que as estratégias usadas pelo profissional tornaram as aulas mais atraentes onde buscou promover a interação através de brincadeiras lúdicas e em grupos, com a utilização de materiais coloridos para chamar a atenção e servindo também como forma positiva no processo de ensino e aprendizagem do aluno. Conclui-se que os resultados foram nítidos para o ensino inclusivo da natação destacando a necessidade de todo um preparo profissional para que os alunos com esse transtorno possam se desenvolver plenamente, destacando ainda a importância da interação entre pais e professores para que haja melhorias significativas no desenvolvimento afetivo-social desse grupo em questão. |
Pereira et al (2019) | Avaliação das variáveis comportamentais e habilidades aquáticas de autistas participantes de um programa de natação | Observar as adaptações psicossocial de três alunos com idades de 8 a 16 anos, que são diagnosticadas com o transtorno do espectro autista e com participantes de um programa de atividades aquáticas no período de 10 semanas. | Participaram do estudo 03 (três) alunos do sexo masculino e feminino com idade a partir de 08 anos de idade. Para esse estudo foram utilizados três instrumentos: Roteiro de entrevista adaptado; Questionário de avaliação inicial e final das aulas e Roteiro de observação das aulas práticas. | Os resultados foram positivos, tendo em vista que, os alunos manifestaram adaptações individuais em todos os nados (livres e costa), bem como melhoria na interação social, redução dos movimentos estereotipados e reflexos positivos na comunicação na hiperatividade. Conclui-se que a prática de natação executada de forma regular pode oferecer benefícios como o estímulo no ensino de técnicas, proporcionando melhorias nos aspectos comportamentais, psíquicos e sociais |
Oliveira; Santos; Santos(2021) | Benefício da natação para acriança autista: um estudo de caso. | Identificar mudanças comportamentais em crianças com transtorno do espectro autista através das práticas de natação. | Participaram deste estudo crianças com TEA do sexo masculino e feminino com 5 anos de idade, todos praticantes de natação. Trata-se de um Estudo de caso, de caráter descritivo e explicativo. Foram utilizados dois questionários com perguntas fechadas e abertas respondidos pela mãe e pelo professor. Os principais apontamentos destacados nos questionários foram: coordenação motora, comunicação e interação social. | Houve melhorias significativas, tanto na análise das mães quanto na dos professores de natação. Por meio das análises do professor foi possível identificar quais atividades lúdicas proporcionaram melhores desempenhos como: pegar objetos com uma pinça proporcionando melhorias na coordenação motora fina e atividades de arremesso que estimularam a coordenação grossa, onde esses apresentaram poucas dificuldades. Vale destacar que as práticas de atividades lúdicas como: jogos simbólicos, jogos em grupos, atividades sinestésicas e em conjunto corroboraram bastante para melhorias do equilíbrio corporal e da noção espaço-temporal. Conclui-se que a natação tem sido um fator primordial para o desenvolvimento de dessas crianças que podem agregar benefícios na melhoria no convívio social, na coordenação motora e na socialização com a família, professor e amigos que consequentemente corrobora com o interesse deste estudo. |
Gomes, Franzoni; Marinho (2022) | Da interação social á autonomia: vivências lúdicas no meio líquido para crianças com transtorno do espectro do autismo | Analisar a vivência das práticas lúdicas no meio aquático como meio de interação social de crianças com o transtorno do espectro autista | Participaram deste estudo 05 (cinco) crianças com TEA. Houve a participação de profissionais de diferentes áreas são elas: profissionais de educação física, psicologia e os demais eram estudantes de fisioterapia, além da participação de 04 (quatro) famílias. Trata-se de um pesquisa Qualitativa. Foi utilizada uma entrevista Semi estruturada. | Os dados sugeriram que prática lúdica é um fator crucial para a interação social entre as crianças e voluntários, além de atuar na melhoria da criatividade, interação e socialização durante as aulas onde se mostraram bastantes responsivas ao toque e aos abraços. Foi possível observar também que houve interação social por meio do compartilhamento de brinquedos e participação ativa nas atividades propostas além de outros fatores que agregaram na melhoria da socialização. Conclui-se que as experiências em atividades aquáticas e lúdicas facilitaram no desenvolvimento social e agregaram na melhoria das habilidades de comunicação verbal e gestual ao criar laços de confiança entre os pares envolvidos. |
Messias; Mourão; Borgeset al (2022) | A influência da natação no desenvolvimento dos autistas | Tem como principal objetivo analisar a mudança de comportamento em autistas durante aulas de natação. | Participaram do estudo 04 (quatro) crianças do sexo masculino, com TEA, em idade de 3 a 8 anos, todas praticantes de natação. Trata-se de um estudo de caso na escola de iniciação de natação Mundo esportivo da cidade de Rio Verde (GO). Foi utilizado um questionário contendo 10 questões objetivas e subjetivas preenchidos pelos pais e ou responsáveis. | Os resultados foram positivos para todas as crianças praticantes de natação como a melhoria da interação social que foi bastante significativo, pois, o mesmo relaciona pontos positivos como a interação, a comunicação e redução do medo (nervosismo). Quanto aos aspectos motores resultados satisfatórios ocorreram na coordenação motora tendo em vista que, a água facilita o deslocamento favorecendo mais liberdade á criança, deixando-a mais confortável na execução das práticas motoras. Conclui-se que a prática da natação pode contribuir de forma significativa tanto para a interação social quanto para a coordenação em crianças com TEA, porem, vale destacar que a compreensão e a competência do professor em tornar as aulas mais dinâmicas são fatores essenciais na aquisição dos aspectos sociais, cognitivos e motores. |
Fonte: autoria própria (2024)
4 DISCUSSÃO
O primeiro estudo foi realizado por Soares et al (2017) com 01 (um) aluno com transtorno do espectro autista – TEA, praticante da modalidade natação. Os resultados apontaram que o trabalho sendo realizado de forma repetida e com estimulação contínua apresentaram fatores contribuintes para a evolução desta criança tanto de cunho pessoal quanto social, ressaltando que as estratégias usadas pelo profissional tornaram as aulas mais atraentes onde buscou promover a interação através de brincadeiras lúdicas e em grupos
De uma forma geral segundo Lima (2020) além de ter muitos benefícios a natação trás para as crianças com esse Transtorno elementos essenciais para o desenvolvimento tanto psicomotor quanto afetivo social favorecendo a sociabilidade e interação dessas crianças. De acordo com Messias et al (2022) a natação por ser um dos esportes mais completos pode auxiliar a criança a fazer o autoconhecimento de si mesma, favorecendo vários pontos positivos tanto na melhoria das habilidades motoras, quanto no desenvolvimento afetivo-social em especial na autoestima e na interação social com seus pares.
Vale destacar que no respectivo estudo o profissional se apresentou como ferramenta fundamental na promoção destes benefícios, posto que, a forma de intervenção do professor favoreceu bastante essa integração, portanto Lima (2020) reforça da importância dos profissionais estarem preparados e capacitados para intervir com este grupo em questão.
Outro estudo com resultados significante foi efetuado por Pereira et al (2019), em meio há diversos benefícios que já foram destacados vale reforçar que o meio liquido pode oferecer autonomia para o autista, deixando-os mais independentes para manifestarem suas adaptações individuais durante as aulas principalmente na execução dos nados de costa e livre.
Sousa e Limão (2020) reforça a ideia de que o meio líquido possibilita oportunidades, conforto e autonomia e que é capaz de proporcionar flutuabilidade, resistência na água reduzindo a excitação e a ansiedade, no que favorece muito a participação do aluno, é muito importante também conhecer o aluno e suas especificidades, para que se possam criar atividades que desperte sua atenção e se torne essencial na aquisição de resultados favoráveis.
A natação como uma atividade aquática completa, pode proporcionar uma relação múltipla favorecendo essa movimentação plena na água, posto que, desde o nascimento o bebê tem seus reflexos e respostas motoras no meio líquido, devido a isso, ocorrem efeitos na melhoria do humor e na motivação altamente significativos, portanto, é de grande relevância sempre promover uma ambientação harmoniosa e alegre para que a criança se sinta motivada a realizar essa atividade (TABOSA, 2021).
Para reforçar essa independência proposta pelo meio líquido Sousa e Limão (2020) reforçam que o meio líquido oferece independência para as crianças, principalmente para aquelas que têm problemas de coordenação ou amplitude de movimentos reduzidos, pois na água conseguem facilmente realizar grandes movimentos, a exemplo, uma impulsão, que causa uma boa resistência, possibilitando um maior controle corporal e uma ótima adaptação nas suas ações motoras.
Resultados obtidos por Santos, Oliveira e Santos (2021) de um estudo cujo objetivo foi identificar as variáveis comportamentais em crianças com o transtorno do espectro autista através da natação, destaca que a prática da natação tem sido de suma importância, pois este estudo relata os benefícios de se trabalhar com a ludicidade, como jogos simbólicos, jogos em grupos, atividades sinestésicas e outros que corroboram e estimulam a coordenação motora fina e coordenação motora grossa além de oferecer melhorias no equilíbrio corporal e da noção espaço-temporal auxiliando em um melhor convívio social.
Diante do exposto a natação quando praticada por crianças com esse transtorno fomenta muitos resultados positivos, tanto nas capacidades cognitivas quanto sensoriais e durante todo esse processo é natural que ela construa representações de si mesma, realizando toda uma exploração no meio aquático. A natação adaptada acaba se tornando uma ótima possibilidade para o tratamento de crianças com TEA, pois provoca momentos de relaxamento (CURY, 2023), favorece uma significativa melhoria reduzindo comportamentos agressivos, aumento na atenção, independência e melhorias na integração social que é um aspecto muito importantes para esse grupo (SOUZA; LIMÃO, 2020).
Em relação ao estudo de Gomes, Franzoni e Marinho (2022) seus resultados sugeriram que houveram melhorias significantes na socialização, criatividade e interação, além de se mostrarem mais flexíveis aos toques e abraços.
Na percepção de Lima (2020) a natação consegue ser capaz de aumentar a sociabilidade e a interação dessas crianças, também foi observado, no estudo de Souza Limão (2020), que a natação favorece a redução de comportamentos agressivos, aumento na atenção, independência e melhorias na integração social aspectos bastante relevantes para esse grupo
Em termos já supracitados é notório os diversos benefícios que essa modalidade aquática pode oferecer para crianças com TEA, porém, vale destacar o estudo de Messias, Mourão e Borges (2022) que apresentou pontos positivos em seu desfecho como: melhorias no aspecto físico em geral, social e cognitivo, além de destacar avanços na comunicação, interação e na redução do medo. O autor relata sobre a eficácia do profissional que deve estar preparado para compreendê-los e assim adquirir atividades dinâmicas que chamem a atenção da criança.
Em concordância Holdefer e Costa (2023) enfatizam que, a prática regular desta modalidade trazem inúmeros benefícios tanto funcionais quanto psicossociais aos praticantes sendo uma ferramenta muito importante e auxiliar no combate ao sedentarismo., além de várias competências físicas, como: a força, resistência, coordenação motora, ótima capacidade respiratória, favorecendo ainda o conhecimento do próprio corpo, estimulação motora, postura e flexibilidade (SILVA-JUNIOR, 2022).
É imprescindível detectar através de estudos e pesquisas as reais contribuições que o uso da natação promove nesse grupo, no entanto, é necessário que todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem tenham consciência de sua responsabilidade e comprometimento, pois é sempre pertinente requerer novas intervenções, criatividade e interação no processo de transmissão e aquisição de saberes com esse grupo em especial.
5 CONSIDERAÇÕES
O estudo demonstrou que essa atividade oferece diversos benefícios tanto físicos quanto psicológicos, atuando de maneira integrada no desenvolvimento motor, social e comportamental dos autistas. A natação proporciona um ambiente controlado e estruturado, que favorece o estímulo sensorial e permite a adaptação gradual dos praticantes a novos contextos, além de promover a autoconfiança e fortalecer a autoestima.
A água, como meio de exercício, apresenta um diferencial por sua capacidade de oferecer resistência e ao mesmo tempo reduzir o impacto nas articulações, o que torna a prática da natação uma excelente opção para o desenvolvimento da coordenação motora e do equilíbrio. Esses aspectos são especialmente relevantes para indivíduos com TEA, que podem apresentar dificuldades motoras e sensoriais. A imersão na água também proporciona estímulos táteis que favorecem a integração sensorial, auxiliando na redução da ansiedade e no aprimoramento da consciência corporal.
A natação estimula o desenvolvimento de habilidades sociais e comunicativas, que são desafios centrais para a maioria das pessoas com autismo. Ao participar de atividades em grupo, mesmo que de maneira orientada e personalizada, os praticantes têm a oportunidade de interagir com os instrutores e outros participantes, o que pode resultar em uma maior habilidade para compreender e reagir a sinais sociais, contribuindo para a cooperação e respeito mútuo que fomentam para o aprendizado social de maneira natural e prazerosa.
Além dos benefícios físicos e sociais, a prática da natação para pessoas com TEA tem um impacto direto na regulação emocional. O ambiente aquático pode ser uma forma de terapia sensorial, ajudando a reduzir comportamentos repetitivos ou de auto-regularão prejudiciais, frequentes em indivíduos com esse transtorno. A natação, por ser uma atividade que envolve movimentos repetitivos e cadenciados, proporciona uma sensação de previsibilidade e segurança, o que é particularmente benéfico para aqueles que enfrentam dificuldades com mudanças de rotina.
Por fim, recomenda-se que estudos futuros que aprofundem a investigação dos efeitos da natação em diferentes faixas etárias e graus de severidade do TEA, posto que, pesquisas voltadas para indivíduos tanto na adolescência quanto na idade adulta se mostraram muito escassas na literatura pré-existente, assim como, de explorar metodologias de ensino e treinamento que potencializem os benefícios dessa prática, isso contribuirá para a consolidação de diretrizes mais específicas e baseadas em evidências, orientando o trabalho de profissionais de educação física, terapeutas ocupacionais e demais profissionais da saúde na criação de programas de natação voltados para este grupo visando a inclusão, o desenvolvimento e à qualidade de vida para esse grupo que tanto merece cuidado e atenção.
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1Acadêmico do Bacharelado em Educação Física pela Faculdade UNIFSA, Teresina (PI), Brasil. Email: jailsonribeiros@gmail.com
2Doutora em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília (UCB) e professora do Centro Universitário Santo Agostinho – UNIFSA, Teresina (PI), Brasil. Email: leyla.regis@hotmail.com.