REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10059446
Laislla Minnelli Pires de Lima1
Laura Vargas da Silva2
Giovana Silva Mateus3
Maria Luiza Redondo Ribeiro4
RESUMO
O presente artigo busca justificar o uso da prática meditativa, de natureza intervencionista baseada na união corpo e mente, como fator causal de bem-estar. Através de revisão sistemática de 13 produções científicas – 2018 a 2022 – indexada na base de dados Google Scholar relacionadas à meditação, saúde, bem-estar e terapia complementar. Originária do oriente visa o equilíbrio emocional e seus principais alvos são pacientes com transtorno de ansiedade, câncer, hipertensão e consequentes riscos cardiovasculares. Porém, mais do que o tratamento das patologias, a meditação busca a humanização do processo saúde-doença-cuidado confluindo com os princípios do SUS. Portanto, introduzida em 2006 na PNPIC, é ferramenta não farmacológica e promove benefícios físicos, emocionais, sociais e cognitivos no organismo através de alterações fisiológicas significativas. As vantagens da meditação na atenção primária relacionam-se com sua inclusão no plano terapêutico como alternativa de baixo custo, sem efeitos colaterais e com redução do uso de medicação. Quando usada em pacientes crônicos mostra-se uma ferramenta de alívio tanto do quadro clínico, quanto dos sentimentos em relação ao prognóstico, favorecendo o tratamento. Como prevenção primária e secundária à doenças cardiovasculares, a meditação é aliada. Outro grupo acometido por sentimentos negativos e estresse são os acadêmicos de diversas áreas, que podem dispor da prática meditativa com melhora de desempenho, qualidade de vida, autocompaixão e reorganização de circuitos neurológicos. Ademais, no contexto de isolamento social, principalmente relacionado à pandemia de Covid-19, onde houve elevação de risco de transtornos mentais, obesidade e estresse crônico, a meditação cresceu como prática no auxílio do bem-estar. Por fim, os profissionais da saúde podem utilizar a prática e também podem recomendá-la a seus pacientes complementando no tratamento de cura, trazendo reflexão sobre a saúde como um todo e a relação do indivíduo com o momento presente.
Palavras-chave: meditação, terapia complementar, práticas integrativas
ABSTRACT
The present article seeks to justify the use of meditative practice, of an interventionist nature based on the union of body and mind, as a causal factor of well-being. Through a systematic review of 13 scientific productions – 2018 to 2022 – indexed in the Google Scholar database related to meditation, health, well-being and complementary therapy. Originating from the East, it aims at emotional balance and its main targets are patients with anxiety disorders, cancer, hypertension and consequent cardiovascular risks. However, more than the treatment of pathologies, meditation seeks the humanization of the health-disease-care process in accordance with the principles of the SUS. Therefore, introduced in 2006 in the PNPIC, it is a non-pharmacological tool and promotes physical, emotional, social and cognitive benefits in the body through significant physiological changes. The advantages of meditation in primary care are related to its inclusion in the therapeutic plan as a low-cost alternative, with no side effects and reduced medication usage. When used in chronic patients, it is a tool to relieve both the clinical picture and the feelings regarding the prognosis, favoring the treatment. As a primary and secondary prevention of cardiovascular disease, meditation is an ally. Another group affected by negative feelings and stress are academics of several areas, who can benefit from meditative practice with improved performance, quality of life, self-compassion and reorganization of neurological circuits. Furthermore, in the context of social isolation, mainly related to the Covid-19 pandemic, where there was an increased risk of mental disorders, obesity and chronic stress, meditation has grown as a practice to aid well-being. Finally, health professionals can use the practice and can also recommend it to their patients, complementing the healing treatment, bringing reflection on health as a whole and the individual’s relationship with the present moment.
Metodologia:
A presente revisão sistemática de literatura foi realizada a partir da produção científica indexada na base eletrônica de dados Google Scholar que abrangiam o tema meditação como fator causal de bem-estar, previamente selecionado pelas autoras. A seleção dos artigos se deu por meio da utilização das palavras-chave: “meditação e bem-estar”, “meditação e saúde” e “meditação como terapia complementar”, com o número inicial de 890 artigos, que passaram por rigorosa seleção, alcançando o número final de 13.
Para a seleção das produções científicas utilizadas nesta revisão, foram critérios de inclusão:
- 1. estar na língua portuguesa,
- 2. estar dentro da temática deste artigo de revisão,
- 3. descrever algum mecanismo fisiológico relacionado à atuação da meditação sobre o corpo humano e,
- 4. publicados entre 2018 e 2022.
Já os critérios de exclusão foram:
- 1. estar em outras línguas que não a portuguesa,
- 2. não contemplação do tema escolhido e
- 3. não estar dentro do período de tempo selecionado.
Introdução:
A palavra meditação em sânscrito, língua tradicional da Índia, significa contemplação, atenção (SANTOS et al, 2020)1. É definida como uma ferramenta integrativa e complementar de origem oriental que se baseia na união entre mente e corpo e busca aconsciência plena do presente, a fim de ampliar a capacidade de observação, concentração e atenção da mente, possibilitando que o indivíduo atinja um estado de calma e equilíbrio emocional. As práticas meditativas podem ser classificadas em: 1. concentrativa, quando a atenção se dá em um único foco, como a respiração, 2. mindfulness, caracterizada pela consciência acolhedora e não julgativa do momento presente e 3. meditação de compaixão ou de bondade amorosa, com o objetivo de gerar qualidades altruístas, como a empatia (SANTOS etal, 2020)1.
A meditação é uma prática milenar que está dentro das práticas corporais e meditativas da Medicina Tradicional Chinesa, reconhecida pelo Ministério da Saúde como uma prática complementar e incluída na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS como forma terapêutica. Ao contrário da racionalidade biomédica predominante na sociedade ocidental, que é voltada a doença, focada nas especialidades médicas e na busca por um tratamento que favoreça o mercado médico, as PICS buscam a humanização, ao acolhimento, à responsabilização e à continuidade do cuidado, fortalecendo os princípios fundamentais do SUS (VISCARD, 2018)2. No cenário atual o uso indiscriminado de fármacos tem se tornado uma problemática, pois, quando utilizados de forma inapropriada e sem orientação profissional diversos efeitos colaterais e, em alguns casos, dependência podem ocorrer. Portanto a inclusão de alternativas para minimizar esses impactos negativos se faz necessária, principalmente para os fármacos de venda livre. Nesse cenário, a atuação das chamadas PICS apresentam efeitos favoráveis nos diversos níveis de atenção à saúde. (MENEZES, GOMIDES, LIMA, 2022)3. Sendo assim, a meditação está sendo cada vez mais inserida na atenção básica, pois possibilita alterações benéficas no humor e no desempenho cognitivo, agindo sobre o processo saúde-doença-cuidado (VISCARDI, 2018)2. Baseada na integração mente-corpo e na vivência do presente, essa prática pode causar alterações fisiológicas significativas que interferem diretamente no fluxo mental, desempenhando efeitos positivos nos processos saúde-doença (FREITAS, 2022)4. Sua prática permite que os profissionais auxiliem o processo de autocuidado dos pacientes, fortalecendo a saúde integral, retirando os usuários do hábito de procurar auxílio apenas em situações críticas e em busca de medicamentos, sem um diagnóstico integral (NARDI, OLIVEIRA, 2021)5.
Os primeiros relatos de práticas de meditação indicam que ela teria surgido na Índia, como um ritual hinduísta, e na China, em religiões anteriores ao Taoísmo, como forma de expressarem a sua espiritualidade (PEIXOTO et al, 2021)6. A meditação foi introduzida no Brasil na década de 1960 e, em 2006, foi reconhecida pelo Ministério da Saúde e incluída na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) do Serviço Único de Saúde (SUS). Em 2017, outras práticas integrativas e complementares foram abrangidas na PNPIC, totalizando, atualmente, 29 práticas integrativas e complementares, sendo a meditação e o yoga as duas mais difundidas no país.
A meditação é uma ferramenta não farmacológica que atua na integralidade e resolutividade da atenção à saúde, pois promove alterações favoráveis no organismo, como melhora do condicionamento físico, emocional, mental, social e cognitivo. O ato de meditar pode provocar alterações fisiológicas significativas atuando no fluxo mental, agindo nos processos saúde-doença, na qualidade de vida e no bem-estar (PEIXOTO et al, 2021)6. Pois é observável várias respostas físicas por causa do relaxamento como a diminuição dos batimentos cardíacos devido à estimulação do sistema nervoso autônomo parassimpático, diminuição da frequência respiratória, relaxamento muscular, diminuição da pressão arterial, redução dos processos metabólicos e alterações hormonais (GONÇALVES, 2021)7. Por esse motivo pode ser utilizado como instrumento para combate de transtornos ansiosos, um mal que acomete grande parte da população e pode ser encontrado em diferentes faixas etárias. (FREITAS, JESUS, OLIVEIRA, 2022)4.
Discussão
Diversas enfermidades encontradas diariamente nos mais diversos setores da saúde pública podem se beneficiar da meditação durante o tratamento. Uma dessas enfermidades é a ansiedade, definida como uma antecipação de uma ameaça futura. Atualmente os indivíduos estão inseridos em um contexto de urgência em atender demandas simultâneas, relacionadas principalmente a vida profissional, estudantil e familiar. Esse quadro favorece o adoecimento físico e mental da população, levando ao desenvolvimento dos transtornos, como ansiedade e depressão (PEIXOTO etal, 2021)6. Sendo um sentimento vago e desagradável, podendo se manifestar de forma física por meio de manifestações como taquicardia, sudorese, tensão muscular, aumento da motilidade intestinal e cefaléia. A meditação pode ser usada dentro do plano terapêutico da ansiedade, pois uma vez que é uma tecnologia leve, de baixo custo e eficiente na diminuição da ansiedade traz sensação de bem-estar para os adeptos. Dessa forma, o ato de meditar é considerado uma técnica intervencionista não farmacológica, que dispensa o uso de quaisquer equipamentos e não promove efeitos colaterais (FREITAS, JESUS, OLIVEIRA, 2022)4. Portanto, auxilia na adaptação dos indivíduos frente a situações de tensão, modificando as respostas comportamentais e a nível de pensamento para situações sentidas como ameaça, pois tranquiliza a mente e altera as atitudes em relação à doença, permitindo a reflexão de seus processos internos. (DOURADO, 2021)8
Além disso, doenças crônicas são uma grande preocupação no âmbito da saúde pública, muitas condições provocam dores intensas que afetam seus portadores em diversos aspectos da vida. A busca para aliviar essa dor geralmente é voltada para o uso de fármacos que a longo prazo podem refletir em efeitos maléficos aos pacientes, como é o caso dos opioides, uma classe medicamentosa que pode gerar dependência. Além disso o uso indiscriminado e analgésicos e anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) também estão envolvidos em reações adversas a longo prazo, como problemas gástricos. Nesse cenário, a meditação surge como aliada, pois segundo Gonçalves (2021) meditadores demonstraram menos dor a estímulos que para o grupo controle provocaram dores intensas. Além disso, a meditação pode controlar sentimentos negativos em relação ao prognóstico crônico de determinadas doenças, o que favorece o tratamento.
Outra doença crônica que pode utilizar dos benefícios da meditação é a hipertensão arterial sistêmica (HAS), pois, a prática colabora para o controle do estresse e promove respostas fisiológicas benéficas. A HAS é considerada uma situação multifatorial caracterizada pelos níveis pressóricos com ascensão sustentada ≥ 140 e/ou 90 mmHg, respectivamente sistólica e diastólica, sendo um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A meditação pode ser útil como prevenção primária e secundária ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e sua mortalidade. Sendo assim, a prática apresenta eficácia na diminuição da atividade simpática, do cortisol e de comportamentos negativos, além disso diminui a mortalidade cardiovascular apresentando benefícios em condições como a hipertensão (BARBOSA, 2020)9. Pois, traz autocontrole dos sentimentos, atingindo um estado de relaxamento e diminuindo os fatores de estresse, proporcionando uma redução na ativação do sistema nervoso autônomo simpático e do cortisol. (BARBOSA et al, 2020). Os níveis de Proteína C-reativa também reduz, tal proteína está associada a riscos cardiovasculares (MUNHOZ, 2020)10.
Outro grupo de indivíduos que pode usufruir da prática meditativa são os acadêmicos das mais diversas áreas. Pois, estar inserido em um contexto acadêmico pode causar, muitas vezes, inúmeras angústias e preocupações, o que afeta de diversas maneiras sua qualidade de vida e bem-estar. O estudante universitário lida com escolhas de identidade profissional, com as inúmeras tentativas de reconhecimento social, estando em uma situação de estado de vulnerabilidade psicossocial (SANTOS et al, 2022)11. A meditação além de reorganizar circuitos neurológicos para produzir seus efeitos benéficos, age também a nível de funcionamento do corpo. Isso provoca um aumento da capacidade de reter a atenção e de aprendizagem, além de trazer um aperfeiçoamento da percepção e da regulação das emoções, gerando um equilíbrio emocional. Dessa maneira, os estudantes podem utilizar da meditação para melhorar seu desempenho e qualidade de vida durante a sua formação acadêmica (SANTOS et al, 2020)1. Mais especificamente a vivência da meditação pelos estudantes e profissionais de saúde, pode trazer contribuições para a sua formação e também para a sua própria vida. Além de servir como nova tática para prevenção e promoção de saúde, pois esses lidam diariamente com o sofrimento alheio, diversas doenças, sua própria fragilidade e de seus pacientes além da pressão e as decepções inatos da profissão. (M. GUTIERRE, R. GUTIERRE, CURIATI, 2019)12. Portanto, efeitos positivos podem ser adquiridos, como a diminuição do estresse e aumento da autocompaixão. Além disso, a meditação, parece estar associada à redução do pensamento repetitivo, alterações positivas no humor e na regulação emocional, melhorando o funcionamento cognitivo. Sendo um exercício do autocuidado, do autoconhecimento e de autotransformação (BONFIM, 2022)13. Considerando tais fatos, essa ferramenta possui potencial para promoção de saúde e seu aprendizado não deve ser limitado ao profissional médico. Os profissionais da saúde podem utilizar a prática e também podem recomendá-la a seus pacientes (M. GUTIERRE, R. GUTIERRE, CURIATI, 2019)12.
Além disso, indivíduos inseridos em contextos de isolamento social apresentam maiores riscos de transtornos mentais, obesidade e estresse crônico. Durante a pandemia provocada pelo Covid-19, o isolamento social foi adotado por muitos como forma de prevenção contra o vírus. Porém, acarretou em sequelas para a saúde física e mental desses indivíduos até os dias atuais. Práticas integrativas, como a meditação, foram utilizadas durante esse período por vários indivíduos isolados e apresentaram diminuição nos níveis de estresse e significativa sensação de bem-estar. (SANTOS et al, 2020)1. Portanto, o ato de meditar pode promover um estado de relaxamento para que o indivíduo desenvolva habilidades de autocontrole e tenha benefícios psíquicos, físicos e emocionais (MUNHOZ, 2020)10. Sendo um ato simples que pode ser realizado com o objetivo de manter ou melhorar a saúde. Sua prática tem uma relevância também na busca pela relação do indivíduo com o momento presente. Nesse sentido há uma ascendente busca pela prática da meditação como um método de complementar tratamentos de cura, promovendo saúde e uma oportunidade de refletir sobre a saúde como um todo (SANTOS et al, 2020)1.
CONCLUSÃO
A partir da avaliação dos artigos selecionados é possível notar o benefícios da prática meditativa no controle de diversas enfermidades que acometem os indivíduos na sociedade atual. Porém, para que ocorra o devido aconselhamento sobre o assunto e que a prática se torne rotineira na vida dos pacientes, é necessário aprimorar o conhecimento dos profissionais da saúde a respeito da técnica, incluindo a discussão em ambiente acadêmico, como faculdades de medicina, residência médica e programas de pós-graduação. Ademais, além dos benefícios da disseminação do conhecimento acerca das diversas práticas meditativas pelos profissionais de saúde, é indiscutível os benefícios que a meditação pode trazer para os próprios profissionais e estudantes de medicina, que constantemente estão expostos a situações estressantes, cobranças excessivas, alta carga horária, dentre outros, que são ônus inerentes da profissão escolhida por esses indivíduos. As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) estão entre as enfermidades em que a meditação pode exercer papel extremamente importante no tratamento não farmacológico, complementando as mudanças de hábitos de vida que o tratamento requer, como prática de atividades físicas, cessação do tabagismo, etc. Além disso, por contribuir com o manejo dos sintomas das DCNT, a prática da meditação contribui para evitar o abuso de medicamentos sintomáticos, como analgésicos, AINEs, opióides e outros. Dessa forma, a meditação se provou eficiente na prevenção e tratamento de diversas doenças, tanto orgânicas quanto psicológicas, contribuindo para a melhora da qualidade de vida da população.
Participação dos autores: Laislla Minnelli Pires de Lima: coleta de dados; análise e interpretação de dados; redação do manuscrito; aprovação final do manuscrito; responsável por todos os aspectos do trabalho. Laura Vargas da Silva: análise e interpretação de dados; redação do manuscrito; aprovação final do manuscrito; responsável por todos os aspectos do trabalho. Giovana Silva Mateus: análise e interpretação de dados; redação do manuscrito; aprovação final do manuscrito; responsável por todos os aspectos do trabalho.
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¹Acadêmica da UNIVERSIDADE CESUMAR – UNICESUMAR, Curso de Graduação em Medicina, Departamento de Ciências da Saúde. E-mail: laislladelima@hotmail.com.
²Acadêmica da UNIVERSIDADE CESUMAR – UNICESUMAR, Curso de Graduação em Medicina, Departamento de Ciências da Saúde. E-mail: lauravargas.s126@gmail.com.
³Acadêmica da UNIVERSIDADE CESUMAR – UNICESUMAR, Curso de Graduação em Medicina, Departamento de Ciências da Saúde. E-mail: giovanasmteus@gmail.com.
4Médica graduada pela UNIVERSIDADE CESUMAR – UNICESUMAR, Maringá – PR. e-mail: maria.ribeiro@docentes.unicesumar.edu.br. Residência médica em Medicina de Família e Comunidade em Hospital Memorial Uningá (HMU), Maringá – PR, Brasil.