A MÁQUINA DO TEMPO, COMO A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA IMPACTA GERAÇÕES: UMA ANÁLISE FÍLMICA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202510151138


Antônia Lucineide Francisco de Lima1
Marcus Vinicius de Oliveira Brasil2
Jorgivania Lopes Brito3


RESUMO

Ao analisar as representações cinematográficas da ciência e da tecnologia, dentro do gênero de ficção científica, é possível verificar situações em que os profissionais da informação são retratados com grande aptidão para identificar tendências emergentes, antecipar necessidades informacionais e contribuir para a construção de ambientes de informação mais eficientes e éticos. A elaboração do presente artigo tem como pressuposto fazer um estudo do filme A máquina do tempo, apresentando aspectos relacionados a representatividade da projeção do futuro em filmes de ficção científica, pontuando como são demonstrados fatores relacionados a evolução da ciência e tecnologia seus impactos e/ou consequências na sociedade, seguindo os pressupostos da pesquisa bibliográfica. A presença do holograma em todas as etapas do filme  leva a reflexão da importância do conhecimento dos livros e como eles fazem parte da história da humanidade e da sua evolução, devendo os mesmos serem aliados as máquinas e tecnologias. Com a elaboração do artigo conclui-se  que as informações, os dados passam de geração para geração, algumas décadas foram escritas em argila, já em outras são repassadas por meio dos livros, hologramas, inteligência artificial, não podendo ser tida choque da realidade entre ciência e humanidade, mais sim uma oportunidade de interligar esses dois aspectos em prol de uma evolução da humanidade.

Palavras-chave: Análise fílmica; Informação; Máquina do tempo; Ficção Científica; Filme.

INTRODUÇÃO 

The Time Machine é baseado no livro homônimo de H. G. Wells (Herbert George, 1866-1946), um romancista, jornalista, sociólogo e historiador inglês mais conhecido por romances de ficção científica1. Sendo essa tipologia de gênero segundo Fiker (1985) justificada não só por sua importância para o enredo de uma história de FC, como pelo seu aspecto profético ou de antecipação. As ficções científicas entendem o problema não a inviabilidade ou possibilidade, previsibilidade ou imprevisibilidade destes, mas a habilidade do autor em produzir com eles uma realidade plausível. 

A obra foi adaptada como filme por duas vezes. A última adaptação distribuída em 2002 foi dirigida pelo neto de H.G. Weels, Simon Wells. O filme explora as possibilidades teóricas e os perigos da viagem no tempo. “O desenvolvimento científico e tecnológico cria um universo de possibilidades, cada vez maior, sobre o qual é possível extrair matéria de ficção e esta, por sua vez, explora o impacto que essas tecnologias podem exercer sobre as sociedades e os indivíduos”. (Chaves, 2018, p. 118). 

Ao analisar as representações cinematográficas da ciência e da tecnologia, dentro do gênero de ficção científica, é possível verificar situações em que os profissionais da informação são retratados com grande aptidão para identificar tendências emergentes, antecipar necessidades informacionais e contribuir para a construção de ambientes de informação mais eficientes e éticos.

À medida em que as transformações tecnológicas se ampliam conforme defendido por Schumpeter, (1961) têm o poder de abalar as estruturas econômicas e institucionais de empresas, indústrias, setores inteiros e até mesmo o sistema   econômico, causando grandes revoluções. A pesquisa em foco viabiliza a proposta de uma análise fílmica com pressupostos complementares da pesquisa bibliográfica e análise qualitativa. Ao conceituar a metodologia de análise fílmica Penafria (2009, p.1) diz que;

Analisar um filme é sinónimo de decompor esse mesmo filme. E embora não exista uma metodologia universalmente aceite para se proceder […] é comum aceitar que analisar implica duas etapas importantes: em primeiro lugar decompor, ou seja, descrever e, em seguida, estabelecer e compreender as relações entre esses elementos decompostos, ou seja, interpretar […] O objetivo da Análise fílmica é, então, o de explicar/esclarecer o funcionamento de um determinado filme e propor-lhe uma interpretação.

Dentro deste contexto, a pesquisa tem como pressuposto fazer um estudo do filme A máquina do tempo, apresentando aspectos relacionados à representatividade da projeção do futuro em filmes de ficção científica, pontuando como são demonstrados fatores relacionados à evolução da ciência e tecnologia seus impactos e/ou consequências na sociedade. “Habitualmente, produções ligadas ao universo s.f. prestam-se às análises que evocam o avanço técnico-científico em sua relação com as mudanças globais” (Ribeiro;  Wilke e Oliveira (2005, p.1).

Sobre a pesquisa bibliográfica a mesma terá como função o levantamento de informações relevantes sobre a temática proposta, fazendo com que seja possível um entendimento sobre o cenário científico atual no que diz respeito a análise fílmica e como elementos da linguagem audiovisual estão sendo discutidas no cenário acadêmico científico. 

 Gil (2008) destaca que as pesquisas bibliográficas são elaboradas a partir de material já publicado, constituído principalmente de: livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais, monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet, com o objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com todo material já escrito sobre o assunto da pesquisa. Sobre as pesquisas qualitativas, Severino (2002) diz que as mesmas costumam ter uma forte ligação com pesquisas bibliográficas já que a maioria delas também dispensa técnicas estatísticas. Por fim, acrescenta-se que as adoções de tais técnicas servirão de subsídio para exposição final, e principais resultados da pesquisa elaborada. 

FICÇÃO CIENTÍFICA

Ficção científica é um gênero bastante conhecido na literatura, onde as primeiras dessas publicações tinham como foco livros e contos. “A Ficção científica é uma literatura da ideia e é esta que forma, não só o pano do fundo da narrativa, mas também, e principalmente, todo o quadro imaginativo da história (Novotná, 2016, p. 28)”. Foi no século XX, a partir de algumas revistas estadunidenses, que a ficção científica ganhou um nome e foi sendo mais bem delineada. A partir daí, surgiram grandes escritores do gênero, como, por exemplo, Isaac Asimov, Arthur C. Clarke […]” (Silveira, 2024, p.1). 

Com o passar dos anos e evolução tecnológica foram surgindo diversas adaptações de obras publicadas em formato de literatura e novas histórias utilizando de meios que focam no audiovisual, como é o caso dos filmes.  

A dependência excessiva dos humanos pelas máquinas tornou-as um marco da ficção científica na mídia impressa, novelas e no cinema. Na década de 1930, a cultura popular apropriou-se do termo robô para identificar as máquinas pensantes que substituem os humanos em todas as suas atividades (Chaves, 2018, p. 118).

Corroborando com o exposto, usa-se uma importante fala de D’Ambrosio (2011)  ao dizer que pode-se entender a ficção como narrativas com dados, e informações direcionadas a pessoas comuns através da mídia (oral, escrita e agora digital) e ancorada na mitologia, conhecimento científico ou, até mesmo, pseudocientífico. Sendo também um gênero que se fundamenta em grande parte nos avanços e pensamentos científicos, base da pseudociência. Williams (1978, p.48) acrescenta que:

A transformação desejada pode ser vista como sendo inspirada pelo espírito científico,  seja  em  seus  termos  mais  gerais,  como  o  secularismo  e  a racionalidade, ou uma combinação desses com a ciência aplicada, o que torna possível e sustenta  a transformação. Alternativamente,  os  mesmos  impulsos podem  ser  avaliados  de  forma  negativa: o avanço científico desenfreado ou tirania humana. Qualquer forma deixa aberta a questão da agência social do espírito científico e da ciência aplicada […]

A fala do autor citado leva a reflexão de como nas ficções científicas a ciência se subordina de alguma forma a tal gênero, onde esses roteiros levam a uma reflexão do passado, presente e futuro, sendo perceptível em muitas obras publicadas com essa finalidade a isenção e muita prioridade ao rigor científico em prol do desenvolvimento da narrativa. Conforme defende Dutra (2019, p. 3):

[…] o autor de ficção científica observa as tendências da ciência do mundo real e especula a partir disso. O que ocorre em alguns casos é que, com o avanço das descobertas científicas, o que era mero uso imaginativo da ciência por parte dos autores do gênero se torna realidade.

Esse tipo de filme contribui para a cultura de disseminação de informações, um elo entre o passado e a atualidade torna-se um conceito para que indivíduos de diferentes idades e áreas, uma vez que essas produções discursivas são construídas a partir de diferentes linguagens imagéticas e pictóricas.

As obras de ficção científica provocam questionamentos sobre vários aspectos da existência humana, tais como filosofia moral, política e social, envolvendo questões como, por exemplo: qual o papel da sociedade; do ser humano; a evolução; qual a natureza do bem e do mal e de outras relevantes. Realidade virtual, computadores e outros temas afins estão presentes na literatura de ficção científica contemporânea  (Dutra, 2019, p. 3). 

É importante mencionar que esse gênero trabalha o imaginário de maneira muito assertiva, focando em acontecimentos futuros, incluindo conceitos ficcionais, ciência e tecnologia, dando uma maior evidência desses aspectos no que diz respeito a seus impactos e/ou consequências na sociedade ou em seus indivíduos.  

Ao abordar tal temática Braga; Guerra  e Reis (2007) ressaltam que quando descrita seja no roteiro ou na cenografia, traz forte contribuição, para que as pessoas que tem acesso a tais informações possam adquirir uma apreensão mais diversificada de diferentes contextos sociais. Quando utilizadas em sala de aula “ esses filmes puderem ser analisados criticamente por especialista e confrontada com texto, podem se transformar num meio interessante de motivação e formação” (p. 4).

Outrossim, é importante mencionar que a ficção, tem sido vista em diferentes ambientes, inclusive dentro das academias de ensino uma forma assertiva de discutir tal gênero para provocar interessantes debates, sobre diferentes assuntos potencializando assim a construção do conhecimento. Conforme defendido por Nogueira  (2019, p. 32): 

A Ficção Científica, mediada pelos pressupostos filosófico-epistemológicos da Teoria da Objetivação, é uma linguagem pertinente para ampliar, facilitar e contextualizar o debate sobre a produção das ciências e seus aspectos éticos, podendo contribuir na educação científica de professores de ciências em formação.

Por fim, menciona-se a fala de Queiroz (2019) ao mencionar que o uso da ficção cientifica possui uma série de características peculiares, que se destacam pela intenção de contribuir para a formação do imaginário científico do indivíduo, esses filmes também impulsionam os espectadores a pesquisar e buscar novos caminhos no entendimento dos processos internos da Ciência, cuja realidade se aproxima de alguma forma do desenvolvimento e evolução da humanidade. 

ANÁLISE FÍLMICA A MÁQUINA DO TEMPO

Todos nós temos nossas máquinas do tempo, as que nos levam ao passado são as memórias, as que nos levam ao futuro são os sonhos (Über-Morlock, 2002). 

Ao iniciar a discussão em torno da obra estudada recorre-se a  primeira cena mostra Alexander Hartdegen e Mr. Philby conversando e andando pela cidade de New York, no ano de 1899. Em uma de suas falas, Mr. Philby diz que “professores devem preparar seus alunos para o futuro do mundo”. Quando chegam à casa de Alexander, já é possível perceber que o protagonista possui muitos relógios. Pela fala de Mr. Philby, ao dizer ironicamente que Alexander não se comunique com os “guardadores de livros” alemães, por achar que eles não já foram longe demais. “Em resumo, pensadas como fontes históricas, as obras de ficção científica têm muito a nos revelar sobre o nosso próprio tempo, nossas expectativas, nossos anseios e nossa relação com a ciência em determinada época” (Giarola; Santos e Ribeiro, 2019, p. 64).  

Assim, pode-se verificar que Alexander é um cientista curioso, que busca bibliotecas e bibliotecários como fontes de informações para realizar seus cálculos e invenções.  As manifestações demonstradas no filme incorporam preocupações ligadas a temas científicos, seja a partir de um ponto de vista crítico do progresso científico e tecnológico, seja a partir de uma admiração pelas conquistas por elas trazidas, “mas em ambos os casos expressando as preocupações presentes em relação a esses progressos” (Piassi, 2007, p.20-21). 

Em seguida, Alexander vai a um encontro com Emma, sua pretendente. No caminho encontra um carro à vapor. Fica admirado. Mas prossegue ao seu encontro amoroso. Pediu-a em casamento. Mas, tragicamente, surge um ladrão que além de levar todos os pertences de Alexander, acaba assassinando Emma por se recusar a entregar o seu anel de noivado. Quatro anos após este triste acontecimento, Alexander surge depressivo e sentindo-se culpado pela morte da amada, mas continuava estudando uma forma de reverter a perda de Emma. Philby aparece em sua casa para conversar, quando Alexander diz que pode mudar o que aconteceu com Emma. Alexander pede que ele volte em uma semana para continuar a conversa. Após Mr. Philby se ausentar, Alexander abre uma grande cortina de sua sala e revela uma espécie de máquina do tempo. 

Sozinho, Alexander então entra na máquina e volta no tempo, para a noite em que pediu Emma em casamento. E mesmo Alexander tendo alterado todas as circunstâncias do primeiro encontro, ao invés de passearem no parque, e tendo ido para a cidade, Emma acaba sendo atropelada pelo carro à vapor. Alexander fica arrasado.

De volta ao presente, e em busca de respostas sobre não poder alterar o passado, Alexander resolve viajar de 18 de janeiro de 1899 para 24 de maio de 2030. Durante a viagem no tempo é possível perceber uma mudança muito rápida no mundo. Prédios, carros, satélites, cidades, roupas. Ao chegar em New York, Alexander vê um grande outdoor divulgando condomínios e atividades de lazer fora da gravidade terrestre, uma espécie de vida lunar. 

Confuso, Alexander encontra a Biblioteca Pública de New York. No espaço físico da biblioteca, encontra um holograma do Núcleo de Memória Fotônico, seu nome é Vox, uma inteligência artificial que presta serviços de referência. Vox é um fotônico ativado por fusão com capacidade visual e verbal, conectado à cada base de dados do planeta e funciona como um compêndio de todo o conhecimento humano. 

Ao realizar a entrevista inicial com Alexander, pergunta genericamente sobre qual seria a sua área de interesse. Alexander responde fazendo uma filtragem do geral para o específico: – “Física. Engenharia Mecânica. Ótica dimensional. Cronografia. Causalidade temporal. Paradoxo temporal”. Ao chegar no assunto “viagem através do tempo”, Vox sugere que ele esteja à procura de alguma ficção científica. Mas Alexander insiste em uma aplicação prática: “– Por que não se pode alterar o passado?” Vox responde: “– Porque não se pode viajar até o passado”. O Vox lista uma série de teóricos, incluindo o autor H. G. Wells, até citar o seu nome: Alexander Hartdegen. Fala de sua biografia (1869-1903), cientista norte-americano, inclinado a postulados excêntricos, como a criação de uma máquina do tempo. Em seguida, Vox fala sobre a obra de ficção científica “A máquina do tempo”, de H.G. Wells em 1894 e que foi adaptada a um musical na Broadway. Interessante ressaltar que Vox é uma espécie de bibliotecário do futuro. 

Os filmes que abordam a viagem no tempo recorrem ao tema para realizar variados propósitos narrativos, mas um aspecto comum que se observa nas obras que trabalham com esta temática é, geralmente, a relação da viagem com a questão da memória. Nas viagens ao passado se observa como o presente “lembra” e parece ter sido manipulado pelo passado, assim como nas viagens ao futuro se observa como o passado reage ao presente. O jogo entre memória e tempo é uma questão trabalhada por diversos autores dos estudos da memória e dos regimes temporais (Barretto, 2022, p. 58). 

Alexander retorna a sua máquina do tempo, e viaja para o ano 2037. Nesse futuro, encontra uma cidade devastada, em chamas. A Lua está caindo sobre a Terra. Alexander se espanta, dizendo ser impossível. Mas os policiais que estavam tentando dispersar a população, explicam que as demolições para colonização da Lua, desordenaram a sua órbita! Ao se assustar e retornar correndo para a máquina do tempo, Alexander acaba indo muito além do futuro: ele vai para 16 de julho de 802.701.

Alexander foi encontrado por Mara que cuidou de seus ferimentos ocasionados na viagem no tempo. Ela pertence à sociedade Eloi, e é a única que sabe falar inglês, que se tornou uma língua esquecida. Há também uma outra raça predadora, os Morlocks que caçam os Eloi. 

Ao acordar, Alexander viu que a queda da Lua havia destruído uma parte da Terra. Ao olhar para o céu, viu fragmentos da Lua. 

À noite, Alexander e o garoto Kelen têm pesadelos. Mara percebe que o relógio que Alexander emprestou ao garoto sumiu. 

Ao amanhecer, Alexander vê vestígios em pedra da ponte do Brooklyn, da loja Tiffany & Co. e vários pedaços de pedras com fachadas de prédios de New York. Nos fragmentos, Alexander lê um versículo bíblico: “Uma geração vai, outra geração vem, porém, a terra continua eternamente”. Mara então pergunta por que ele viajou através do tempo. Ele responde que gostaria de saber por que não pode mudar o passado. Ele não tinha mais respostas. Mas ela supôs que ele perdeu alguém que amava.  

Alexander pergunta por que não há pessoas mais velhas na sociedade Eloi. Mara responde que “já partiram”.

Eles cruzam o rio e vão para a selva, à procura de sua máquina do tempo para verificar se a mesma está em condições de viajar no tempo. Mara pede que Alexander leve o garoto Kelen com ele. De repente, escutam rugidos e todos começam a fugir desesperados. Surgem criaturas predadoras, os Morlocks. De repente, Mara é atingida por um dardo, e Alexander a socorre. Ele analisa a flecha, cheira. Os Morlocks começam a surgir do solo e perseguir os Eloi. Soterram as pessoas em uma espécie de areia movediça. 

De repente, Kelen pede ajuda a Alexander. Ele está ferido. Um dos Morlocks corre para o capturar, quando Alexander o derruba, salvando Kelen. Daí começa a perseguir Alexander. Incrível como correm rápido. Alexander sobe no moinho, consegue derrubar a criatura mais uma vez. Mas a criatura insiste em persegui-lo. De repente, Kelen aparece com uma tocha e espanta a criatura de cima de Alexander. Ao ouvir gritos, correm para a floresta. De repente, levam Mara para dentro da areia movediça, não se vendo mais. 

Alexander então questiona por que os Eloi não se defendem. 

Alexander diz a Kelen que devem ter um líder, que não devem ter medo, que podem salvar Mara. Kelen diz que quando os Eloi são capturados, não se deve mais perguntar por eles. Mas diz que existe um lugar. E o leva para lá. 

Ao chegar, se depara com Vox, da biblioteca pública de New York. Vox explica que agora existem duas raças na terra. Uma de cima e uma de baixo. Duas espécies diferentes que evoluíram. Como sobrevivem os de baixo? Vox sugere que os Eloi são as suas presas. Vox diz para Alexander os observar. E diz que eles não têm conhecimento do passado, nem ambição pelo futuro, e por isso, podem até ser afortunados. Alexander não entende. Vox então pergunta se ele sabe como é ter que recordar tudo. Vox se recorda de Alexander, que perguntou sobre viagem no tempo, aplicação prática. Alexander então pergunta como ele sabe sobre os Morlocks, se não sai da biblioteca. Vox diz que há um Eloi que escapou e o contou tudo. Alexander pede ajuda para encontrar Mara. Ele diz que vá para selva e siga a respiração. 

Alexander e Kelen partem para a selva e encontram um monumento, o mesmo que vislumbrou em seu pesadelo. Alexander entra e pede para Kelem retornar à aldeia e que acenda uma fogueira para que possam localizar. Kelen diz que perdeu o relógio de Alexander.

Alexander entra no monumento. Observa os Morlocks. Encontra as roupas dos Eloi que foram capturados, inclusive o colar de Mara. De repente ele cai num lago de ossos humanos. Até que um Morlock captura Alexander e o coloca para entrar em um calabouço. Encontra Mara presa, diante de um trono. O líder dos Morlocks, Uber-Morlock, pede para que ele se aproxime e afirma que depois que a Lua caiu na Terra, alguns sobreviventes conseguiram sobreviver acima, e outra abaixo da Terra para sobreviver. O líder diz que controla os pensamentos das duas raças. E que conhece, inclusive, os pensamentos de Alexander. 

O Uber-Morlock diz que Alexander construiu a máquina do tempo porque não conseguiu evitar a morte de Emma. Então como ele poderia usar a máquina para salvá-la? O Uber-Morlock diz que ele era o resultado inaudível de Alexander. 

A máquina do tempo de Alexander então aparece sobre uma rocha. O Uber-Morlock diz para ele partir pois já tem a sua resposta. Alexander pede o seu relógio. Ao entregar o relógio, Uber-Morlock é puxado por Alexander, para dentro da máquina do tempo. Eles lutam, até que Alexander o solta fora da máquina do tempo. E ele vai se desfazendo e morrendo. 

Alexander para o tempo da máquina nos anos 635.427.810. Observa o início dos monumentos Morlocks. Então, volta para 802.701 para salvar Mara. 

Alexander prende o restante dos Morlocks no calabouço e ativa a máquina do tempo. Em seguida, corre com Mara enfrentando o restante das criaturas. A máquina do tempo então é acionada e destroi os Morlocks. 

Ao final, ele e Mara apertam as mãos. E Vox lê muitos livros para a sociedade Eloi. 

Ao final do filme, o sr. Philby retorna à casa de Alexander para ter uma conversa. A senhora Watchit o recebe e diz que o sr. Alexander passou a semana sem dar notícias. O sr. Philby então entendeu que Alexander tinha feito a viagem no tempo. E diz que por fim ele deva ter encontrado um lugar para ser feliz.

Passagens importantes:

“Professores devem preparar seus alunos para o futuro do mundo”. (Sr. Philby)

“Todos temos máquinas do tempo. As que nos levam para trás são recordações. E as que nos levam para adiante são sonhos”. (Uber-Morlock)

“Uma geração vai, outra geração vem, porém, a terra continua eternamente” (Alexander, na passagem bíblica Eclesiastes 1: 4).

IMPRESSÕES FINAIS

E se?…ser professor não me bastar? O quadro negro, o ensinar, a disseminação do conhecimento e apenas trabalhar pode até “nossa memória roubar”. Na realidade é preciso também amar, um amor com cheiro de saudades, flores, novidades, e o desejo de viver o tão sonhado felizes para sempre, afinal o ano é 1899, início de novas descobertas, política, ciência, religião. Emma, quanto temos ainda para vislumbrar? 

E se?… Um sonho rompido, a morte prematura fosse pretexto para o tempo voltar? O ano é 1903 Alexander finalmente finaliza a máquina do tempo, muda o contexto, o cenário, os acontecimentos, ah, as flores! Segue Alexander, mais uma vez Emma vai te deixar! 

E se?… Ao passado você não puder voltar? A inquietação a máquina do tempo e as possibilidades de testar. De repente 2030, novas conexões em volta da lua e a curiosidade de centenas de pessoas em torno de possíveis viagens lunar, ciência e tecnologia, e um novo personagem Vox114, uma biblioteca cheia de dados, informações e contextos, entretanto, a informação mais chocante a se encontrar naquele ano, é de que é impossível ao tempo voltar.

E se a tecnologia também falhar? O ano é 2037 a empresa Vida Lunar tem a sua maior invenção em verdadeiro fracasso quebrando a lua, entrando em colapso com a terra e tornando-a quase inabitável. 

E se existirem acidentes no percurso? Alexander mais uma vez é surpreendido, um acidente o deixa desacordado e só em 802.701 ele consegue parar a máquina do tempo. Ano do retrocesso tecnológico, divisão da humanidade, de um lado o medo e a aceitação da raça Eloi, do outro os ditadores e predadores a raça Morlock.

E se o novo tempo também proporcionar viver um novo amor?  Mais uma vez Alexander é surpreendido, Mara mulher acolhedora falantes da mesma língua é raptada pelos Morlock, a história parece se repetir, o cenário mudou, os personagens, exceto Vox114 e a Biblioteca Pública de Nova Iorque, mesmo que as ruínas. 

– Pausa para uma reflexão, as informações, os dados passam de geração para geração, algumas décadas foram escritas em argila, já em outras são repassadas por meio dos livros, hologramas, inteligência artificial, seria o choque da realidade entre ciência e humanidade? 

E se?… Impulsionado pela curiosidade, em busca de salvar Mara, Alexander apesar de estar em meio aos Eloi não se deixou vencer pelo medo, após buscar informação na biblioteca de nova Iorque, enfrentar monstros Alexander finalmente encontra a resposta para todos os seus questionamentos Über-Morlock líder dos Molocks o coloca em frente à realidade, o provocando e ressaltando que Emma jamais voltará, uma vez que a sua morte foi quem impulsionou a criação da máquina do tempo.

E se?… Na dúvida do regresso, impulsionado pela ira, e pelas informações recebidas, Alexander resolve lutar, existe uma humanidade a ser salva, a guerra a ser vencida não seria contra a máquina do tempo, afinal, é apenas uma máquina, mas sim em prol da libertação de Mara e dos Eloi. Ao destruir Über-Morlock, parar a máquina do tempo em 635.427.810, refletir e aceitar que não pode viver do passado Alexander volta ao ano 802.701, salva Mara, destrói a máquina do tempo, matando também todos os Morlock, nasce assim uma nova história Alexander entende que precisa olhar para o futuro, começando uma vida familiar com Mara em 802.701.

E se, for possível tirar alguma lição do filme a máquina do tempo, poderíamos dizer que:

–  Mesmo vivendo em uma sociedade pacífica se faz necessário correr riscos, ir em busca do que a destrói e resolver os problemas, é preciso questionar, ter ambição e lutar por mudanças e evolução; 

– Para quem vai contra a tecnologia, e inovação os Elois representam a comunidade ideal; 

– Ao falar que a máquina do tempo, é apenas uma máquina, Alexander leva a reflexão de que as relações humanas são superiores as tecnológicas; 

– A presença do holograma em todas as etapas do filme nos leva a reflexão da importância do conhecimento dos livros e como eles fazem parte da história da humanidade e da sua evolução, devendo os mesmos serem aliados as máquinas e tecnologias; 

– Enquanto a biblioteca aparece para os Eloi como um local assustador Alexander consegue distinguir a diferença entre conhecimento científico e causa real;

– Por mais insatisfeito que se esteja com determinadas situações é necessário conformar-se, entender e olhar para o futuro.   

REFERÊNCIAS

THE TIME MACHINE. Direção de Simon Wells. Produção de Arnold Leibovit. Roteiro: John Logan. EUA: Warner Bros, Dreamworks SKG, 2002. (95 min.), color. Legendado.

A MÁQUINA do tempo. Produção de Simon Wells EUA:  Warner Bros. Pictures, 2002. 1 filme (95 min). 

BARRETTO, P. G. M. P. A viagem no tempo nas narrativas cinematográficas. Jardim de Guerra”(1968) e a redescoberta de Neville D’Almeida enquanto inventor, por Igor. Revista Escaleta, Rio de Janeiro, RJ, v. 2, n. 1, p. 46-62,  dez 2022.

BRAGA, M.; GUERRA, A.; REIS, J. C. Cinema e história da ciência na formação de professores. 2007. Disponível em: https://encurtador.com.br/o0yS5 Acesso em: 19 ago. 2021.

CHAVES, V. H. C. Cibernética e Ficção Científica: uma proposta pedagógica. Bolema: Boletim de Educação Matemática, v. 32, n. 60, p. 117-133, 2018. 

DUTRA, D. I. A máquina do tempo e sua tradução fílmica: do livro ao filme. Uma análise da literatura de ficção científica e os problemas de tradução para a mídia fílmica. 2019. Disponível em: https://encurtador.com.br/0CMBN 

D’AMBROSIO, U. E. A. Pitágoras e Avatar: cenários distintos em Matemática. ed. 1.  São Paulo: Arte Livros Editora Ltda, 2011.

GIAROLA, F. R.; SOUZA S. J.; RIBEIRO, L. A. Representações do futuro em livros e filmes de ficção científica: do positivismo do século XIX ao “exterminismo” da guerra fria. Revista Tempos Gerais, v. 5, n. 1, p. 62-82, 2016.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

NOGUEIRA, M. L. G. A. Diálogos entre ciências e ficção científica: uma estratégia para discutir ética científica baseada na teoria da objetivação. 2019. 210f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática) – Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.

NOVOTNÁ, K. Representações de fantástico e ficção científica nos contos de Maria de Menezes. 2016. Tese (Doutorado em Estudos Românicos, Literatura Portuguesa) – Universidade de Lisboa Faculdade De Letras, Lisboa, 2016.  

PENAFRIA, Manuela. Análise de Filmes-conceitos e metodologia (s). 2009. Disponível em: https://encurtador.com.br/OQugC Acesso em: 20 jun. 2024.

PIASSI, Luís Paulo de Carvalho. Contatos: a ficção científica no ensino de ciências em um  contexto  sócio  cultural. Tese (Doutorado em Educação)–Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

QUEIROZ, A. P. B. Análise das representações sobre Natureza da Ciência em filmes de ficção científica. Tese (Doutorado em Ciência, Tecnologia e Educação). Programa de Pós-graduação em Ciência, Tecnologia e Educação. Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, Rio de Janeiro, 2019, 254f.

RIBEIRO, L. B.; WILKE, V. C. L.; OLIVEIRA, C. I. C. Memória do futuro e a diversidade cultural projetada nos filmes de ficção científica. Políticas Culturais em Revista, v. 3, n. 1, p. 1-13, 2010.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

SILVEIRA, T. B. O nascimento da Ficção Científica. 2024. Disponível em: https://encurtador.com.br/sIpSO Acesso em: 19 ago. 2024.

SCHUMPETER, J. A. Capitalismo, Socialismo e Democracia. Editado por George Alle n  e  UnwinLtd.,  traduzido  por  Ruy  Jungmann.  Rio  de  Janeiro: Editora  Fundo  de Cultura,  1961.

WILLIAMS, Raymond. “Utopia and Science Fiction.” Science Fiction Studies. v. 1, n. 6, p. 47-58, 1978.


1Mestranda em Biblioteconomia – UFCA email: professoraluhlima@gmail.com

2Doutor em Administração de Empresas Professor do PPGB-UFCA email: marcus.brasil@ufca.edu.br

3Mestranda Biblioteconomia – UFCA email: jorgivanialopes@gmail.com