A LOGÍSTICA REVERSA E SUA RELEVÂNCIA ECONÔMICA E SUSTENTÁVEL NAS EMPRESAS  BRASILEIRAS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10157747


Henrique Fernandes da Silva,
Lucas Beraldo de Almeida,
Orientador: Prof Clério de  Vietro 


RESUMO 

A logística reversa, prática que envolve o retorno de produtos e materiais pós consumo ao ciclo produtivo, é crucial para empresas brasileiras em vários aspectos.  Economicamente, permite reduzir custos ao reintegrar materiais recicláveis ou  reaproveitáveis, contribuindo para a eficiência e economia nos processos produtivos.  Além disso, a reutilização de materiais resulta em economia de recursos naturais e  energia, reduzindo despesas e minimizando impactos ambientais. 

Sob a ótica sustentável, a logística reversa auxilia na mitigação de resíduos,  atendendo às demandas de sustentabilidade e responsabilidade ambiental. Isso não  apenas atende a regulamentações legais, como a Política Nacional de Resíduos  Sólidos, mas também fortalece a imagem da empresa, atraindo consumidores e  investidores mais conscientes. 

A implementação eficaz da logística reversa no Brasil traz benefícios econômicos  significativos, reduzindo custos operacionais, maximizando o uso de recursos e  posicionando as empresas em um cenário de maior competitividade, enquanto  promove práticas sustentáveis essenciais para um futuro mais equilibrado e  consciente.

Palavras-chave: logística reversa; sustentabilidade

ABSTRACT 

Reverse logistics, the practice of returning post-consumer products and materials to  the production cycle, is crucial for Brazilian companies in many ways. Economically, it  makes it possible to reduce costs by reintegrating recyclable or reusable materials,  contributing to efficiency and savings in production processes. In addition, the reuse  of materials results in savings in natural resources and energy, reducing expenses and  minimizing environmental impacts. 

From a sustainable perspective, reverse logistics helps to mitigate waste, meeting the  demands of sustainability and environmental responsibility. This not only complies with  legal regulations, such as the National Solid Waste Policy, but also strengthens the  company’s image, attracting more conscious consumers and investors. 

The effective implementation of reverse logistics in Brazil brings significant economic  benefits, reducing operating costs, maximizing the use of resources and positioning  companies in a more competitive scenario, while promoting sustainable practices that are essential for a more balanced and conscious future. 

Keywords: reverse logistics (logística reversa); Sustainability (sustentabilidade) 

INTRODUÇÃO 

Ao decorrer de nosso ciclo como profissional de trabalho, temos a oportunidade  de conhecer diversas empresas durante nossa jornada, que nos agregam e nos  entregam uma expertise única sobre diversas formas de trabalho, de como uma  empresa gerencia suas atividades, entre outras coisas. 

Por conseguinte, durante essa jornada é possível identificar gaps, gargalos e  oportunidades de melhorias em processos fabris, na gestão de cadeia de suprimentos,  entre inúmeros outros setores em quaisquer empresas. 

Quando dizemos sobre o contexto empresarial brasileiro, notamos que a ausência  da logística reversa é uma lacuna evidente que reverbera não apenas na esfera  econômica, mas também em termos ambientais e sociais. A falta de um sistema  eficiente de logística reversa, capaz de reintegrar resíduos e produtos ao ciclo  produtivo, representa um desafio significativo. Esta omissão não apenas compromete  a sustentabilidade dos negócios, mas também impacta diretamente a preservação do  meio ambiente, refletindo a ineficiência na gestão de recursos e a ausência de uma  abordagem responsável diante do descarte de materiais. A inexistência ou a  fragilidade dessa prática evidencia uma lacuna preocupante no panorama empresarial  nacional, demonstrando a urgência de adotar estratégias e políticas que viabilizem a  implementação efetiva da logística reversa. 

A logística reversa pode ser definida como um conceito fundamental no mundo  dos negócios e da gestão ambiental. Ela se refere à gestão eficiente e sustentável do  fluxo de produtos, materiais e resíduos da fase pós-consumo de volta à cadeia de  suprimentos ou para destinação adequada. Uma outra definição interessante para  esse termo, é a citada por Leite. 

“Fluxo de materiais de pós-consumo até a sua reintegração ao ciclo produtivo,  na forma de um produto original, ou retorno do bem usado ao mercado (Leite, 1999).”

Em contraste com a logística tradicional, que trata do movimento de produtos  da fabricação para o consumidor, a logística reversa lida com o movimento inverso,  abrangendo a coleta, triagem, reciclagem, reutilização e descarte responsável de  produtos usados ou obsoletos. Essa abordagem desempenha um papel crucial na  promoção da sustentabilidade, na redução de resíduos, no cumprimento de  regulamentações e na conservação de recursos naturais. Posteriormente, a logística  reversa é uma ferramenta essencial para as empresas que buscam adotar práticas  mais responsáveis e alinhar suas operações com os princípios da economia circular. 

A economia circular é um conceito que desafia o tradicional modelo econômico linear  de extração, produção, consumo e descarte. Ao invés de seguir esse ciclo de “usar e  jogar fora”, a economia circular propõe um sistema regenerativo, onde recursos são  reutilizados, recuperados e reintegrados continuamente no processo produtivo. Isso  implica repensar a maneira como os produtos são concebidos, fabricados e  consumidos. 

De acordo com o artigo “The circular economy”, escrito pelo autor Walter R.  Stahel, a economia circular segue os seguintes princípios: “reutilizar o que pode,  reciclar o que não pode ser reutilizado, reparar o que está quebrado, remanufaturar o  que não pode ser reparado.” 

O aumento da preocupação ambiental e a necessidade de reduzir resíduos e  impactos ambientais impulsionaram a necessidade de um sistema eficiente de  recuperação de produtos pós-consumo. A gestão inadequada desses materiais pode  levar a danos ambientais significativos, enquanto a logística reversa oferece uma  oportunidade para minimizar esses impactos, promovendo a sustentabilidade. 

A logística reversa é importante economicamente pois pode resultar na redução  de custos operacionais a longo prazo. Ao integrar eficientemente produtos usados de  volta à cadeia de suprimentos, as empresas podem economizar em termos de  matéria-prima, evitando a necessidade de adquirir novos materiais. Além disso, a  reutilização de produtos e a recuperação de materiais podem diminuir os gastos com  eliminação de resíduos e custos associados ao descarte inadequado.

Outro ponto de suma importância é a possibilidade de criar novas fontes de  receita. Através da logística reversa, as empresas podem explorar oportunidades de  reutilização, reciclagem e até mesmo a revenda de produtos reformados. Isso não  apenas reduz custos, mas também pode gerar uma nova fonte de renda para a  empresa, ampliando suas operações e oferecendo produtos acessíveis no mercado  secundário. 

Em síntese, a logística reversa não é apenas uma abordagem ambientalmente  consciente, mas também estrategicamente vantajosa para as empresas. Ela pode  reduzir custos operacionais, criar novas fontes de receita e fortalecer a reputação da  empresa no mercado, gerando benefícios econômicos consideráveis a longo prazo. 

As leis que promovem e incentivam a prática da logística reversa são  fundamentais para direcionar as empresas rumo a um modelo mais sustentável. Elas  oferecem diretrizes e regulamentações que não apenas tornam obrigatório o retorno  de produtos pós-consumo ao ciclo produtivo, mas também estabelecem  responsabilidades compartilhadas entre fabricantes, distribuidores, vendedores e  consumidores. 

Um exemplo expressivo é a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no  Brasil. Essa legislação, estabelecida em 2010, que visa gerenciar adequadamente  resíduos sólidos, introduzindo princípios como o da responsabilidade compartilhada  pelo ciclo de vida dos produtos. Isso significa que fabricantes, importadores,  distribuidores e comerciantes têm a responsabilidade de implementar sistemas de  logística reversa para os produtos e embalagens pós-consumo. 

A PNRS não apenas estabelece metas para a redução e a destinação correta  dos resíduos, mas também fomenta a criação de acordos setoriais e termos de  compromisso, nos quais os setores econômicos se comprometem a gerir  corretamente seus resíduos. Além disso, a lei prevê a implementação de sistemas de  logística reversa específicos para diversos tipos de resíduos, como pilhas, baterias,  pneus, embalagens, entre outros.

Essa legislação não só impulsiona as empresas a repensarem seus processos  produtivos, considerando a destinação final dos produtos, mas também sensibiliza os  consumidores sobre a importância do descarte responsável. Ela estimula a  conscientização e a mudança de comportamento, reforçando a ideia de que a  responsabilidade ambiental é compartilhada por todos os agentes envolvidos. 

Portanto, a PNRS não apenas impõe diretrizes legais, mas também fomenta a  conscientização, a inovação e a criação de sistemas mais sustentáveis,  desempenhando um papel crucial na promoção da logística reversa no país.

Metodologia 

Para a coleta de dados, foram utilizadas técnicas de pesquisa documental e  entrevistas com pessoas que atuam na área da logística operacional e estratégica. A  pesquisa documental consistiu na análise de trabalhos do mesmo tema, livros, outros  estudos, artigos, sites e fichas técnicas com mesmo objetivo, tais como manuais de  procedimentos, registros de operações de logística reversa e relatórios de  desempenho.  

Buscamos obter opiniões de profissionais experientes e já estabelecidos no mercado  de trabalho referente a área em questão nos pudesse fornecer informações valiosas,  além de um know-how único, com o objetivo de contribuir com o entendimento do  assunto. 

As entrevistas realizadas com pessoas, foram feitas pessoalmente com os colaboradores envolvidos com as operações de logística de embalagem da empresa,  com o objetivo de compreender como as atividades são planejadas, executadas e  avaliadas.

Problemas causados pela Falta de logística Reversa: 

A logística reversa, caracterizada pelo retorno de produtos e materiais desde o ponto  de consumo até a origem, desempenha um papel crucial no contexto empresarial. A  ausência de um sistema eficiente de logística reversa pode acarretar problemas  substanciais para as empresas, afetando não apenas o aspecto ambiental, mas  também repercutindo em questões legais, operacionais e de reputação. A falta de um  sistema eficaz de logística reversa pode resultar em diversos desafios:  

 A disposição inadequada de resíduos, especialmente materiais perigosos ou não  recicláveis, pode contribuir significativamente para a poluição ambiental.   A não conformidade com regulamentações relacionadas ao descarte de resíduos  pode resultar em penalidades legais, multas e danos à reputação da empresa.   O descarte inadequado de resíduos implica em custos adicionais, incluindo taxas de  eliminação, despesas de remediação e possíveis custos legais. 

A logística reversa oferece a oportunidade de recuperar materiais valiosos por  meio de práticas de reciclagem e reutilização, contribuindo para a eficiência nos  processos produtivos. 

Em um contexto em que a responsabilidade ambiental é valorizada, a falta de  práticas sustentáveis, como a logística reversa, pode prejudicar a imagem da marca  diante dos consumidores. 

Diante dos desafios destacados, torna-se evidente a importância da implementação  de sistemas eficazes de logística reversa. Além de promover a conformidade com  regulamentações ambientais, tais práticas contribuem para benefícios operacionais,  financeiros e de imagem para as empresas.

Refletir sobre o destino dos resíduos e a complexidade da logística reversa  revela desafios significativos que o Brasil enfrenta em relação ao tratamento pós consumo de materiais. A implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos  trouxe à tona a importância de abordar questões críticas, como a logística reversa,  como meio de reintegrar materiais na cadeia produtiva. 

Os desafios identificados no contexto brasileiro, desde a extensão territorial até a falta  de cultura de descarte adequado, destacam a necessidade de soluções inovadoras e  abordagens colaborativas. A logística reversa, embora fundamentada em princípios  ambientais, também enfrenta obstáculos econômicos, especialmente no que diz  respeito ao valor agregado dos materiais recicláveis. 

A questão do custo e de quem arca com ele ressoa como uma preocupação central,  sendo abordada através da organização de entidades setoriais para desenvolver  cadeias reversas eficientes. Contudo, a cultura de reciclagem no Brasil, ainda  incipiente, representa um desafio significativo, refletindo-se na baixa porcentagem de  resíduos reciclados em comparação com o total gerado. 

Portanto, a superação desses desafios exige uma abordagem holística, envolvendo  não apenas aspectos logísticos e econômicos, mas também esforços educacionais e  de conscientização. A promoção de uma cultura de reciclagem, aliada a iniciativas  inovadoras e à cooperação entre diferentes setores da sociedade, é essencial para  avançar em direção a uma logística reversa eficaz e sustentável no Brasil.

Analisando os sistemas de logística reversa do Brasil: 

De acordo com o artigo “Análise dos sistemas de logística reversa no Brasil “,  de Maria Claudia Lima Couto, Liséte Celina Lange publicado no ano de 2017, A  responsabilidade ampliada de fabricantes e importadores em relação aos produtos  pós-consumo, impulsionada pela crescente exigência das leis ambientais em todo o  mundo, está resultando na disseminação dos Sistemas de Logística Reversa (SLR).  Pesquisas, como as conduzidas por Gonçalves-Dias, Labegalini e Csillag (2012),  indicam que a literatura internacional sobre Logística Reversa (LR) tem raízes nos  anos 1970, ganhando proeminência a partir dos anos 1980 e sendo amplamente  discutida e implementada nos anos 1990. 

A revisão da literatura destaca a interseção entre Logística Reversa e  preocupações socioambientais desde 1995. Enquanto os pesquisadores têm se  dedicado a fornecer soluções pragmáticas para empresas enfrentarem os desafios na  implementação de fluxos reversos, os estudos sobre Sistemas de Logística Reversa  têm se concentrado em aspectos como transporte, gerenciamento de sistemas,  governança e desenvolvimento de redes. No entanto, uma lacuna notável nas  pesquisas é evidenciada na falta de abordagem sobre as estruturas de governança  necessárias para administrar os novos Sistemas de Logística Reversa voltados para  reutilização, reciclagem e reparo de produtos (AITKEN & HARRISON, 2013). 

Ainda utilizando o artigo “Análise dos sistemas de logística reversa no Brasil “, para  entender os sistemas de Logística Reversa no Brasil, o texto destaca os desafios que  os setores produtivos no Brasil enfrentam ou antecipam ao implementar Sistemas de  Logística Reversa (SLR). Esses desafios foram identificados e classificados em três  categorias abrangentes, relacionadas aos aspectos políticos, legais, operacionais e  sociais. A compreensão dessas categorias é crucial para a formulação e execução  efetiva dos SLR, pois potencialmente impactam o alcance das metas estabelecidas  pelos órgãos reguladores desses sistemas. 

No contexto político e legal, o texto destaca a interdisciplinaridade dos serviços de  saneamento básico, que abrangem desde o manejo de resíduos sólidos urbanos até  a limpeza urbana, abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, e drenagem  urbana. Essas questões requerem uma gestão intersetorial devido às suas estreitas ligações com o desenvolvimento, educação, saúde, meio ambiente, recursos hídricos,  produção de bens e consumo. 

O texto também ressalta a importância das legislações brasileiras que regulamentam  o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, destacando a relação de convergência  e complementaridade entre essas leis e seus respectivos decretos regulamentadores.  Embora os SLR sejam regulamentados pela Lei nº 12.305/2010, é vital que eles se  apoiem nas outras legislações, especialmente no que diz respeito à interação dos  Sistemas Municipais de Coleta Seletiva (SMCS) com os SLR, principalmente para  embalagens em geral. 

É relevante notar que, até 2010, a gestão de produtos pós-consumo e  embalagens carecia de um instrumento legal nacional que padronizasse as  obrigações e procedimentos a serem adotados. Essa lacuna legal até então impunha  desafios à efetiva implementação de sistemas de logística reversa, ressaltando a  necessidade de ajustes e regulamentações adequadas para promover uma gestão  eficaz nesse contexto.

Essa legislação, estabelecida em 2010, visa gerenciar adequadamente  resíduos sólidos, introduzindo princípios como o da responsabilidade compartilhada  pelo ciclo de vida dos produtos. Isso significa que fabricantes, importadores,  distribuidores e comerciantes têm a responsabilidade de implementar sistemas de  logística reversa para os produtos e embalagens pós-consumo. 

A PNRS não apenas estabelece metas para a redução e a destinação correta  dos resíduos, mas também fomenta a criação de acordos setoriais e termos de  compromisso, nos quais os setores econômicos se comprometem a gerir  corretamente seus resíduos. Além disso, a lei prevê a implementação de sistemas de  logística reversa específicos para diversos tipos de resíduos, como pilhas, baterias,  pneus, embalagens, entre outros. 

Essa legislação não só impulsiona as empresas a repensarem seus processos  produtivos, considerando a destinação final dos produtos, mas também sensibiliza os  consumidores sobre a importância do descarte responsável. Ela estimula a  conscientização e a mudança de comportamento, reforçando a ideia de que a  responsabilidade ambiental é compartilhada por todos os agentes envolvidos. 

Portanto, a PNRS não apenas impõe diretrizes legais, mas também fomenta a  conscientização, a inovação e a criação de sistemas mais sustentáveis,  desempenhando um papel crucial na promoção da logística reversa no país.

Aplicações da logística reversa em empresas reais: 

McDonald’s 

De acordo com o site, eescjr.com.br, as informações encontradas no link 5 empresas  que são exemplos de Logística Reversa | EESC jr., acesso no dia 13/11/2023, A  estratégia de Logística Reversa adotada pelo McDonald’s, ao reutilizar o óleo  proveniente das frituras, destaca um método inteligente e sustentável para lidar com  resíduos. Essa abordagem não só soluciona a questão do descarte responsável, mas  também oferece uma resposta viável para desafios energéticos e ambientais. 

A aplicação dessa estratégia específica traz vantagens diversas. Em primeiro lugar,  há uma notável redução do impacto ambiental, pois o descarte inadequado do óleo  pode ser extremamente prejudicial. Ao convertê-lo em biocombustível, a empresa  diminui a poluição e contribui para reduzir a dependência de combustíveis não  renováveis, alinhando-se a práticas mais sustentáveis. 

Ademais, essa prática demonstra uma gestão inteligente de recursos. Ao transformar  o óleo usado em combustível para os próprios veículos de entrega, a empresa fecha  um ciclo produtivo, reduzindo custos e otimizando recursos. Isso não apenas traz  benefícios financeiros, mas também exibe um compromisso genuíno com a  responsabilidade ambiental. 

Essa abordagem vai além da mera redução de desperdício, servindo como um modelo  inspirador para outras organizações. Ela prova que a implementação de estratégias  de Logística Reversa não apenas é viável, mas também vantajosa em termos  econômicos e ecológicos. A parceria entre McDonald’s e Martin-Brower é um exemplo  concreto de como a Logística Reversa pode ser aplicada com sucesso, gerando  benefícios tanto para a empresa quanto para o meio ambiente. 

Philips 

A aplicação da Logística Reversa, exemplificada pela iniciativa da Philips no  gerenciamento de resíduos eletrônicos, apresenta benefícios significativos tanto para  a empresa quanto para o meio ambiente. Esse modelo de gestão não apenas aborda  o problema do descarte inadequado de lixo eletrônico, mas também demonstra um  compromisso ativo com a sustentabilidade.

A estratégia adotada pela Philips há mais de três décadas para recolher e gerenciar  adequadamente o lixo eletrônico é um exemplo inspirador de como a Logística  Reversa pode ser aplicada de forma eficaz. A criação de postos de coleta  credenciados em todo o Brasil mostra um esforço concentrado para facilitar o descarte  responsável de aparelhos da Philips, pilhas e lâmpadas, contribuindo para a redução  do impacto ambiental causado por esses resíduos. 

O ponto crucial desse processo é a análise criteriosa dos materiais recolhidos pela  empresa. Essa avaliação permite determinar se os componentes eletrônicos podem  ser reutilizados ou se precisam ser descartados de maneira apropriada. Esse  procedimento não apenas minimiza o desperdício, mas também promove a economia  de recursos, pois peças viáveis podem ser reintroduzidas no ciclo produtivo, evitando  a necessidade de produção de novos materiais. 

A importância dessa abordagem vai além da simples gestão de resíduos. Ela destaca  a responsabilidade corporativa da Philips em relação ao meio ambiente e à sociedade.  Ao implementar a Logística Reversa, a empresa demonstra um compromisso genuíno  com a sustentabilidade e serve como exemplo para outras organizações em como é  possível conciliar práticas de negócios com a preservação do meio ambiente. 

Essa iniciativa da Philips ilustra vividamente como a aplicação da Logística Reversa  pode ser benéfica não apenas para a empresa, mas também para a comunidade em  geral. Ao adotar práticas que priorizam o descarte adequado e a reutilização de  materiais, a Philips demonstra um compromisso sólido com a responsabilidade  ambiental e social.

Entendendo um pouco mais sobre o assunto com profissionais experientes na  área: 

Entrevista com Francisco Mota 

Em uma conversa com o atual Gerente de Suprimentos da Hitachi Astemo Campinas  Ltda., Francisco Fernandes Mota Filho, formado em administração de empresas,  atuando na área a mais de 33 anos, informou algumas coisas sobre a logística  reversa. 

De acordo, com Mota, esse tema tem seus pontos positivos e negativos. Falando dos pontos positivos, vale ressaltar a redução dos custos, pois um dos tópicos  da logística reversa é a embalagem retornável, onde ao invés do fabricante gastar de  forma recorrente com embalagens para os seus produtos, ele faz uma onde ela irá  atender as necessidades dos clientes de forma efetiva e assertiva pois a reutilização  dela fará com que a necessidade de compras frequentes acabe. 

Já os pontos negativos que o Gerente citou, são os problemas de estoque contábil  por falta de mau gerenciamento e controle das embalagens em questão. Quando  tentam implementar a logística reversa, mas não estudam e não pesquisam todas as  possibilidades, esse é um dos problemas que podem aparecer, causando a falta de  conhecimento de quantas embalagens estão em trânsito, quantas embalagens estão  no cliente ou no fornecedor etc. 

No entanto, para uma aplicação eficiente da LR e evitar esse problema citado  anteriormente e outros, estão aqui alguns tópicos que devem ser seguidos para uma  eficiência maior. 

• Ir no cliente para fazer uma proposta de introdução da Logística reversa (LR),  apresentando as embalagens, como devem ser manuseadas, armazenadas e  devolvidas. 

• Implementar um sistema onde o rastreamento de embalagens seja o mais  preciso possível, ou seja, saber quantas embalagens retornáveis temos no  fabricante, em estoque, em trânsito e no cliente final.

• Ensinar corretamente o manuseio das embalagens desde o fabricante até o  cliente final 

Em conclusão, a entrevista com Francisco Fernandes Mota Filho, Gerente de  Suprimentos da Hitachi Astemo Campinas Ltda., destaca a durabilidade da logística  reversa, evidenciando seus aspectos positivos e desafios associados. Entre os  benefícios, destaca-se a redução de custos por meio da implementação de  embalagens retornáveis, proporcionando eficácia e atendimento às necessidades dos  clientes. No entanto, Mota alerta para os problemas potenciais, especialmente  relacionados ao estoque contábil, resultantes de um gerenciamento inadequado e  falta de controle das embalagens. Para superar esses desafios, ele sugere práticas  como a abordagem direta aos clientes para apresentar a proposta de logística reversa,  a implementação de sistemas precisos de rastreamento de embalagens e a educação  adequada sobre o manuseio desde o fabricante até o cliente final. Essas diretrizes  visam garantir uma aplicação eficiente da logística reversa, minimizando possíveis  problemas e maximizando seus benefícios.

Entrevista com Abelardo Júnior: 

No cenário empresarial contemporâneo, a logística reversa emerge como uma  estratégia crucial para o desenvolvimento sustentável, buscando equilibrar aspectos  econômicos e ambientais. José Abelardo da Silva Junior, formado em engenharia de  produção com duas décadas de experiência na Hitachi Astemo Campinas Ltda.  Atuando atualmente como Supervisor de Logística, compartilha valiosas perspectivas  sobre a logística reversa de embalagens, destacando tanto seus benefícios quanto  desafios. 

Pontos Positivos: 

• Um dos principais atrativos da logística reversa é o reaproveitamento de custos,  representando um investimento único que reverbera positivamente ao longo do  tempo. Este modelo contribui para a sustentabilidade ambiental, alinhando-se  à chamada Logística Verde. A eficiência no descarte previne o desmatamento  e minimiza o impacto ambiental, tornando-se uma prática fundamental para  empresas comprometidas com a responsabilidade social e ambiental. 

Desafios: 

• Contudo, é imperativo considerar os desafios inerentes à implementação da  logística reversa. O retorno financeiro pode ser demorado, com um período de  payback em torno de dois anos. Além disso, a ocupação significativa de área  útil, tanto nas instalações do cliente quanto do fornecedor, é uma preocupação  válida. A manutenção corrente das embalagens em uso também se apresenta  como um aspecto desafiador, exigindo cuidado e recursos contínuos. O frete  de retorno, embora essencial para o processo, muitas vezes implica no  transporte de caminhões vazios, o que, por vezes, pode parecer ineficiente. 

Segundo a experiência de José Abelardo, a logística reversa de embalagens mostra-se mais adequada para distâncias curtas. Essa observação ressalta a importância de  considerar a geografia e a proximidade no planejamento estratégico da logística  reversa, pois distâncias menores facilitam a administração eficaz da quantidade de  embalagens no processo.

Em síntese, a logística reversa de embalagens se destaca como uma abordagem  inovadora, apresentando vantagens substanciais, como o reaproveitamento de custos  e a preservação ambiental. No entanto, para colher plenamente esses benefícios, é  imperativo enfrentar os desafios associados, desde o retorno financeiro mais  demorado até a gestão cuidadosa do espaço e da manutenção das embalagens. A  perspectiva de José Abelardo ressalta a importância de adaptar essa estratégia à  realidade geográfica, reforçando a necessidade de uma abordagem personalizada e  consciente para uma logística reversa verdadeiramente eficiente. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

É notável a evolução das empresas nacionais por atribuírem a logística reversa em  suas respectivas empresas, visando uma melhora em seus processos e contribuindo  com a sustentabilidade. 

Tal crescimento se diz a respeito das tendências do marketing para uma empresa obter maior credibilidade no mercado, a visão de uma empresa sustentável e  preocupada com o meio ambiente, e também a necessidade de reduzir custos  operacionais e gerar novas fontes de renda alternativas. 

Diante desse contexto, as experiências compartilhadas por profissionais, como  Francisco Mota e José Abelardo Junior, destacam tanto os pontos positivos, como a  eficiência no uso de embalagens retornáveis, quanto os desafios, incluindo a gestão  de estoques contábeis e a eficácia da logística reversa em distâncias mais curtas.  Essas perspectivas reforçam a necessidade de uma abordagem personalizada e  adaptativa, considerando não apenas as nuances logísticas, mas também os aspectos  ambientais, sociais e culturais.

Portanto, a implementação efetiva da logística reversa no Brasil exige não apenas  conformidade legal, mas também uma abordagem estratégica e consciente. A  conscientização, a educação e a inovação são peças-chave para superar desafios e  estabelecer práticas sustentáveis. Nesse contexto, a legislação, exemplificada pela  Política Nacional de Resíduos Sólidos, desempenha um papel crucial ao direcionar as  empresas para a construção de um modelo de negócios mais sustentável e  responsável. 

A perspectiva das empresas exemplares, como McDonald’s e Philips, ilustra como a  logística reversa pode ser uma ferramenta eficaz para conciliar práticas de negócios  com a preservação ambiental. Esses casos reais fornecem modelos inspiradores de  como a responsabilidade ambiental pode ser integrada aos processos produtivos,  gerando benefícios tanto para as empresas quanto para a sociedade. 

Em conclusão, a logística reversa não é apenas uma abordagem logística, mas uma  estratégia que permeia todos os aspectos do ciclo de vida dos produtos. Sua  implementação bem-sucedida não apenas contribui para a sustentabilidade dos  negócios, mas também desempenha um papel crucial na construção de um futuro  mais responsável e consciente em relação ao meio ambiente.

REFERÊNCIAS: 

MORAES, CRISTINE DO C.S.B. Template para trabalho de conclusão de curso da  Faculdade de Tecnologia de Americana. Americana, SP: FATEC, 2013 

LEITE, P.R. Canais de distribuição reversos. Revista tecnológica, ano V, n° 46, pp.  46-53, 1999 

LIMA, L.M.; CAIXETA FILHO. J.V. Conceitos e práticas de logística reversa. Revista  Tecnologística, ano VI, n° 66, p. 54-58, mai. 2001 

STAHEL, W.R The circular economy. Revista Nature. VOL 531 | p. 435. Mar. de 2016. Acessado dia 25/10/2023  

COSTA, Gustavo. 5 Empresas Exemplos de Logística Reversa. Disponível em:  https://eescjr.com.br/blog/5-empresas-exemplos-de-logistica-reversa/. Acesso em: 27 Out. 2023 

COUTO, M. C. L.; LANGE, L. C. Análise dos sistemas de logística reversa no Brasil. ,  Disponível em: scielo.br/j/esa/a/S5FHdbHp3ZV6kQHgmFfSSWF/?format=pdf, acesso  em 13 Nov. 2023