A LOGÍSTICA REVERSA DO ÓLEO DE COZINHA 

THE REVERSE LOGISTICS OF COOKING OIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10152827


Vanessa Marçal Martiori
Orientador: Joacir Florêncio


RESUMO 

O descarte incorreto do óleo de cozinha pode causar um problema ambiental. Neste sentido, há a necessidade de ampliar e aprofundar conhecimentos na área que contribuam para uma aprendizagem significativa que propicie o enfrentamento de problemas, dilemas e desafios atuais, envolvendo o descarte correto e adequado do óleo de cozinha, contribuindo para a preservação dos recursos naturais, desenvolvimento sustentável, local e global. O presente trabalho é uma pesquisa qualitativa e bibliográfica, baseada em referenciais teóricos. A coleta de informações foi realizada por meio de levantamento e análise de ideias trazidas por livros e sites que abordam a temática apresentada. Faz-se necessário reconhecer a reciclagem como uma ferramenta do desenvolvimento sustentável e representa uma alternativa de mudança de visão sociopolítica, que alia a questão ambiental e a viabilidade econômica e social. 

Palavras-chave: Logística reversa; Descarte inadequado; Óleo de cozinha usado. 

ABSTRACT

Improper disposal of cooking oil can cause an environmental problem. In this sense, there is a need to broaden and deepen knowledge in the area that contributes to meaningful learning that allows facing problems, dilemmas and current challenges, involving the correct and proper disposal of cooking oil, contributing to the preservation of natural resources, sustainable development, local and global. And so, the present work is a qualitative and bibliographical research, based on theoretical references. The collection of information was carried out through a survey and analysis of ideas brought by books and websites that address the theme presented. It is necessary to recognize recycling as a tool for sustainable development and represents an alternative for changing the sociopolitical vision, which combines the environmental issue with economic and social viability .

Keywords: Reverse logistic; Improper disposal; Used cooking oil.

1. INTRODUÇÃO 

A logística reversa do óleo de cozinha é um assunto atual e que entendemos ser importante, que tem se intensificado com a crescente preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade. O óleo usado é um resíduo extremamente poluente e seu descarte inadequado pode causar danos irreversíveis à saúde pública e ao ecossistema.

Diversas pessoas ainda não estão cientes das consequências que o descarte incorreto pode causar. É importante conscientizar a população sobre a necessidade de coletas e destinação do óleo usado de maneira adequada, visando a preservação do meio ambiente.

Ressaltamos também que a logística reversa do óleo de cozinha pode gerar biocombustíveis e produtos de limpeza, reduzindo assim a dependência de combustíveis fósseis e a produção de resíduos químicos.

Por esses motivos, cabe a nós um conhecimento em todas as dimensões acerca do descarte correto do óleo de cozinha, pois nós, os seres humanos, reproduzimos as ideias que possuímos sobre experiências que tiveram resultados satisfatórios, numa lógica de conexão com os conhecimentos anteriores e com as aprendizagens futuras, ao verificar a possibilidade de que o óleo de cozinha é um recurso valioso e não somente um resíduo a ser descartado sem preocupação.

Diante do exposto, o presente trabalho visa refletir sobre o descarte adequado do óleo de cozinha, no sentido de levar conhecimento e informação a toda a sociedade no que tange a temática apresentada, pois há a necessidade de alterações nos padrões individuais de consumo e hábitos diários envolvendo sua utilização e descarte, o que resultará numa nova configuração de execução que acarretará mudanças no comportamento e valores, contribuindo para um sistema sustentável de desenvolvimento na construção de um futuro mais rico, diverso e menos poluente 

Para o estudo, faz-se necessário uma breve concepção do embasamento teórico sobre a sustentabilidade, um tema bastante recorrente na atualidade, abrangendo a definição do que é logística. Em seguida, o presente artigo engloba o surgimento da Logística Reversa e a Política Nacional de Resíduos Sólidos, destacando informações importantes, como o descarte adequado e os possíveis danos causados ao meio ambiente, encontrados na literatura pesquisada. O capítulo seguinte aborda o desenvolvimento da temática, discorrendo como aconteceu a escolha do tema. Os resultados e a discussão são expostos no capítulo seguinte. 

As considerações finais encerram o presente trabalho, concluindo que a reciclagem do óleo de cozinha contribui para diminuir a degradação ambiental, bem como os problemas envolvendo questões de tratamento de água e esgoto, resultando numa diminuição dos impactos socioeconômicos e ambientais.

2. EMBASAMENTO TEÓRICO

Há uma preocupação no desenvolvimento de ações e sistemas voltados à preservação e conservação do meio ambiente por meio de atitudes de uso consciente dos recursos naturais essenciais para o desenvolvimento em questão, destacando, deste modo a sustentabilidade, um tema cada vez mais recorrente nas discussões sociais, pois está relacionado não apenas ao meio ambiente, mas também a outros aspectos, envolvendo comportamento e consumo das pessoas.  

Boff (2016) afirma que a sustentabilidade precisa ser pensada através dos seguintes pontos: a humanidade, enquanto coletivo, possui um destino em comum, logo, precisa idealizar ações em conjunto para o futuro da sociedade humana; a situação social e ecológica do planeta exige, a partir de instrumentos científicos, que a sociedade atual mude sua ideologia consumista e proponha um novo modelo de visão e de prática de produção; a necessidade de estabelecer um sistema sociológico-filosófico que promova a conscientização ecológica; a interdependência global leva à responsabilidade universal; explorar a imaginação para desenvolver novas formas e sistemas de produção; criar um modelo sustentável de vida e; tal criação deve atingir os níveis local, regional e global.

A sustentabilidade, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), é um objetivo de longo prazo voltado para um mundo onde o meio ambiente seja bem preservado e a biosfera esteja em harmonia. A UNESCO objetiva melhorar o acesso à educação de qualidade para o desenvolvimento sustentável em todos os níveis e em todos os contextos sociais, para transformar a sociedade e ajudar as pessoas a desenvolver conhecimentos, habilidades, valores e comportamentos necessários para o desenvolvimento sustentável. 

Sustentabilidade é a capacidade de sustentação ou conservação de um processo ou sistema. O termo Sustentabilidade deriva do latim sustentare, que significa sustentar, apoiar, conservar e cuidar. Sustentabilidade aborda a maneira de agir, com relação à natureza, e pode ser aplicada em toda comunidade, sendo alcançada por meio do desenvolvimento sustentável, definido como: “o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações”.  Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. 

 A sustentabilidade está de modo intrínseco, relacionada à manutenção da espécie humana, existindo assim, a preocupação no desenvolvimento de ações e sistemas voltados à preservação na conservação do meio ambiente. É o desenvolvimento de ações que não esgotam os recursos para o futuro. Desta maneira, a preservação do meio ambiente é essencial para o desenvolvimento social, destacando-se neste sentido, o descarte correto do óleo de cozinha. 

Os impactos ambientais no meio ambiente causados pelo descarte incorreto de resíduos domésticos, incluindo-se nestes resíduos o óleo de cozinha, que necessita receber tratamento de forma adequada, é uma preocupação de caráter social, ambiental e econômico que acontece há décadas. O óleo de cozinha é uma gordura vegetal, animal ou sintética usada na fritura, panificação e outros tipos de culinária. Também é usado na preparação de alimentos e aromatizantes que não envolvem calor, como molho para pão, e pode ser chamado de óleo comestível. 

A literatura apresenta várias alternativas com relação ao reaproveitamento do óleo usado. Dentre essas alternativas, podemos citar a produção de sabões a partir da hidrólise alcalina do óleo usado (LUCENA, et al, 2014); a obtenção de biolubrificantes (NAGENDRAMMA & KAUL, 2012, KANIA et al, 2015), e a produção de biodiesel através de transesterificação deste óleo utilizando metanol ou etanol (UDDIN et al, 2013, RAQEEB & BHARGAVI, 2015). 

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), uma família, em média, consome entre 12 e 15 litros/ano de óleo. A cada 1 litro, 900 ml são consumidos e 100 ml são descartados. Mas o dado mais alarmante é que um litro de óleo é capaz de poluir 20 mil litros de água. Em 2020, segundo dados da ABIOVE, o Brasil produziu 8,791 milhões de toneladas de óleo de soja em 2019. 

Em 2018, a Associação Brasileira para Sensibilização, Coleta, Reaproveitamento e Reciclagem de Resíduos de Óleo Comestível (ECÓLEO) afirmou que o montante coletado de óleo vegetal usado no Brasil é de menos de 1% do total produzido. 

A literatura registra inúmeras estimativas quanto ao potencial poluidor do óleo de cozinha quando descartado de modo inadequado. Conforme afirma Braga (2007), um litro de óleo pode contaminar até um milhão de litros de água potável, um gesto nocivo que afeta a qualidade da água, especialmente a potável, que vem decaindo globalmente. Podemos evitar a contaminação do meio ambiente utilizando a logística reversa aplicada ao óleo de cozinha residual, de modo que ele seja inserido na cadeia produtiva e utilizado na produção de outros produtos, servindo como principal matéria prima, ou como coadjuvante tais como produção de glicerina, resina para tintas, fabricação de massa de vidraceiro, produção de sabão, utilização para fabricação de ração animal e biodiesel (ZUCATTO, WELLE e SILVA, 2012).

A figura 1 mostra o fluxo de retorno do óleo de cozinha residual à cadeia produtiva, demonstrando que o óleo de cozinha ao ser reaproveitado e reinserido na cadeia produtiva, minimiza a degradação do meio ambiente e ajuda a diminuir os custos econômicos, além de ajudar também a diminuir a exigência de utilização de recursos humanos, financeiros e não renováveis, como terra, água, insumos agrícolas, herbicidas, pesticidas, máquinas agrícolas, combustíveis etc. Recursos estes necessários para a produção em geral de grãos utilizados na produção dos óleos vegetais (MEI, L. B., CHRISTIANI, V. S., LEITE, P. R. 2011).

 

  A legislação brasileira recomenda que o óleo deveria ser substituído quando apresentar alterações evidentes das características físico-químicas ou sensoriais, tais como sabor, aroma e formação de intensa espuma e fumaça (BRASIL, 2004). 

A coleta de produtos usados ou irrecuperáveis para reciclagem vem crescendo bastante nos últimos anos, devido, principalmente, à crescente mudança nos padrões de consumo, com consumidores mais preocupados com os impactos ambientais dos produtos e seus processos produtivos (MIRANDA et al, 2018). 

A contaminação atmosférica também é uma consequência do descarte inadequado do óleo de cozinha. Quando queimado em altas temperaturas, o óleo pode liberar gases tóxicos e partículas finas, prejudicando a qualidade do ar e contribuindo para a poluição atmosférica. 

Vale ressaltar que o óleo de cozinha pode ser prejudicial à saúde humana, quando descartado incorretamente, pode atrair vetores de doenças, como por exemplo moscas e ratos. Segundo Lago (2013), o crescimento populacional e econômico, elevação da industrialização e do consumo e a obsolescência de produtos têm contribuído para o descarte inadequado de resíduos sólidos.

O descarte inadequado do óleo de cozinha usado é um problema ambiental e de saúde pública que pode causar sérios impactos ao meio ambiente e à saúde pública, como a contaminação do solo e da água, entupimento de encanamentos e redes de esgoto, emissão de gases de efeito estufa e atração de animais e insetos que prejudicam a população. A logística reversa do óleo de cozinha surge como uma alternativa para minimizar os danos causados ao meio ambiente pelo seu descarte incorreto, ao propor como solução para esse problema a coleta seletiva e destinação adequada para a produção de biocombustíveis e outros produtos úteis, evitando seu descarte em locais inadequados. 

Segundo Leite (2003), a logística reversa envolve atividade de planejamento, operação e controle do fluxo e de informações logísticas de retorno de bens e pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, agregando-lhes valor econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros. 

A Associação Brasileira de Logística, define logística como: 

O processo de planejamento, implementação e controle do fluxo e armazenagem eficientes e de baixo custo de matérias primas, estoque em processo, produto acabado e informações relacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do cliente.  

A reciclagem é uma ferramenta do desenvolvimento sustentável e representa uma alternativa de mudança de visão sociopolítica, que alia a questão ambiental e a viabilidade econômica (JACOBI, 2003). O autor Stock (1998) atribui à logística, na forma de logística reversa, o papel da redução na produção de lixo, a reciclagem, reaproveitamento de materiais, remanufatura de produtos, dentre outros. 

Neste sentido, segundo Miranda (et al 2018), o óleo de cozinha requer alternativas que possibilitem sua reciclagem, a fim de promover um equilíbrio entre as necessidades do meio ambiente, economia e sociedade. Entretanto, as iniciativas de reciclagem de óleo de cozinha, assim como outros produtos no final de seu ciclo de vida, ainda estão dispersas e não possuem opções de substituições desses produtos em ciclos produtivos seguintes. 

 O resíduo de óleo de cozinha de residências, comércio e indústria, por exemplo, é um potencial poluente quando descartado incorretamente, pois pode causar um enorme impacto ambiental. Logo, descartar o óleo de cozinha de forma correta, longe dos aterros sanitários, além de prolongar o ciclo de vida do produto, evita a contaminação dos lençóis freáticos com estes resíduos líquidos nocivos (MIRANDA, et al, 2018).

2.1 O ÓLEO DE COZINHA E A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS) NO BRASIL

No ano de 2010 foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305. a referida Lei, em seu artigo 30, XVI, define resíduos sólidos como “todo material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividade humana em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível”. 

A Logística Reversa é definida no Brasil pela Lei nº 12.305, datada de 02 de agosto de 2010. Em seu Art. 3º, parágrafo XII, define Logística Reversa como: 

Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.  

O óleo tem sido o gerador de grandes impactos ambientais, pois quando jogado nas pias, pode causar grandes danos às tubulações e ao meio ambiente. Lacerda (2000) afirma que, a logística reversa é um processo de planejamento, implantação e controle do fluxo de matérias primas, estoque em processo e produtos acabados (e seu fluxo de informação) do ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recapturar valor ou realizar um descarte adequado. 

Segundo dados da Associação dos Produtos de Biocombustíveis do Brasil (APROBIO), o Brasil recicla 30 milhões de litros de óleo de cozinha na produção de biodiesel, biocombustível feito à base de óleos vegetais. Cada litro de óleo de cozinha reutilizado gera 980 mililitros (ml) do biocombustível. Segundo dados da SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), empresa de saneamento de São Paulo, um litro de óleo descartado polui o equivalente a 20 mil litros em curso d’água. E, de acordo com a Associação Brasileira para Sensibilização, Coleta e Reciclagem de Resíduos de Óleo Comestível (ECÓLEO), o país descarta 200 milhões de litros de óleo de cozinha na natureza.

No cenário mundial, em torno de 204 milhões de toneladas de óleo vegetal são produzidas por ano. De 2017 a 2020 a produção teve um aumento de 6%. O Brasil ocupa a 7ª posição na produção de óleos vegetais, com uma produção de 9,5 milhões de toneladas anuais (United States, 2020). 

Segundo dados disponibilizados pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais e United States Department of Agriculture em 2017, (United States, 2020), demonstram que o óleo de palma de óleo lidera esse ranqueamento mundial, com 70 milhões de toneladas, seguido dos óleos de soja e girassol. 

 Diante do exposto, faz-se necessário uma sensibilização sobre a temática, uma necessidade de mobilizar habilidades de argumentação e posicionamento crítico, utilizando questionamentos que instiguem a relacionarem os hábitos de consumo com o descarte correto e adequado do óleo usado, analisando e refletindo sobre os hábitos de consumo, visando à responsabilidade ambiental e uso de recursos naturais.

3. CONCLUSÃO

Segundo afirma Segatto (2013) e Nunes (2011), por muitas décadas observa-se a preocupação com os impactos ambientais causados pelo descarte incorreto de resíduos domésticos, os quais geram problemas de caráter social, ambiental e econômico. 

O descarte inadequado do óleo de cozinha traz sérios prejuízos para a comunidade e a natureza. Dentre esses prejuízos nós temos que o óleo libera metano em seu processo de decomposição, o principal gás causador do aquecimento global. Ao ser despejado no meio ambiente, no habitat dos peixes e animais aquáticos, forma uma camada fina na água, diminuindo seu teor de oxigênio. Obstrui canos de esgoto, pois o óleo pode misturar-se com elementos químicos, criando uma capa gelatinosa que prende bactérias e resíduos, obstruindo os canos de esgoto. Também pode causar impermeabilização do solo, aumentando o risco de enchentes. 

O óleo impacta o solo, pois ele representa uma porcentagem ínfima do lixo. O seu impacto no ambiente causa danos que representam o equivalente a uma carga poluidora de 40.000 habitantes por tonelada de óleo despejado na água. Um litro apenas de óleo é o suficiente para esgotar o oxigênio de até 20 mil litros de água, formando assim, em poucos dias, uma fina camada sobre uma superfície de 100 m², bloqueando a passagem de ar e de luz, impedindo desta maneira a respiração e a fotossíntese. 

A proteção ambiental pressupõe a prática de proteger o ambiente natural e organizacional para benefício da natureza e das pessoas que nele convivem. Toda a atividade humana impacta o meio ambiente e prejudica a qualidade de vida do planeta. 

Conhecer os direitos e obrigações em relação ao meio ambiente é aprender a respeitar a natureza conservando e preservando os recursos naturais. Por isso, entender o quanto dependemos do meio ambiente para sobrevivermos, a humanidade depende dele e devemos fazer o melhor possível para promover a sua sustentabilidade.

O Art. 225 da Constituição Federal afirma: “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. 

A Lei 9.795/99 da Constituição Federal, em seu Art. 2, faz a seguinte afirmação: “a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”. 

O presente trabalho objetiva conscientizar o público em geral sobre a importância da logística reversa do óleo de cozinha, a fim de avaliar os conhecimentos prévios e as percepções sobre a temática, verificando a viabilidade de implementação de soluções logísticas sustentáveis. O estudo terá como foco as possibilidades de utilização de tecnologias sustentáveis utilizadas para a coleta e o transporte do óleo de cozinha, bem como o desenvolvimento de soluções logísticas eficientes e sustentáveis existentes para o descarte apropriado do óleo de cozinha.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Logística Reversa está presente em tudo na sociedade em que vivemos, vários autores definem logística reversa, na busca de esclarecimentos, definições, conceitos e pensamentos. As tecnologias trazem benefícios colaborativos aos usuários e favorecem a velocidade de acesso às informações. Ao pensar em tecnologias utilizadas para a reciclagem de óleo vegetal, Neto e Pino (2011) afirmam que as tecnologias mais utilizadas para a reciclagem de óleo vegetal usado em frituras são a saponificação, a produção de biodiesel e a fabricação de ração animal. 

É verificado que quanto mais evitamos o descarte do óleo de cozinha no lixo comum, estamos contribuindo para diminuir os impactos provocados pelo uso do óleo de cozinha, pois a reciclagem traz várias vantagens, podemos citar a diminuição na degradação ambiental e problemas no tratamento de água e esgoto, bem como a diminuição dos impactos socioeconômicos e ambientais.

Segundo Humberto (2007), os óleos vegetais são constituídos predominantemente de substâncias como triglicerídeos, que são ésteres formados a partir de ácidos carboxílicos de cadeia longa (ácidos graxos) e glicerol, sendo bastante utilizado por culinária e estima-se que os brasileiros consomem aproximadamente três bilhões de litros de óleo de cozinha por ano. 

Desta forma, a proposta do referido artigo é utilizar a temática pretendida a fim de colaborar com a conscientização do descarte de resíduos do óleo de cozinha de forma adequada e correta. Segundo Freire (2001), a investigação do tema gerador que se encontra contido no “universo temático mínimo” (as termas geradoras em interação), se realizada por meio de uma metodologia conscientizadora, além de nos possibilitar sua apreensão, insere ou começa a inserir os homens numa forma crítica de pensarem seu mundo. 

Neste sentido, as informações coletadas no presente artigo contribuem para um trabalho contínuo e permanente, na busca de soluções que resultarão numa nova configuração de execução que acarretará mudanças no comportamento e valores, contribuindo para um sistema sustentável de desenvolvimento na construção de um futuro mais rico, diverso e menos poluente.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Então, ao final do presente trabalho, verifica-se um crescente aumento na quantidade de resíduos descartados pela sociedade, resultando desta maneira, em grandes impactos socioambientais, havendo a necessidade de mobilização e conscientização da população quanto ao descarte adequado e consciente do óleo de cozinha usado. Espera-se que o presente trabalho venha contribuir no sentido de ampliar e aprofundar conhecimentos na área que contribuam para uma aprendizagem significativa que propicie o enfrentamento de problemas, dilemas e desafios atuais, envolvendo o descarte correto e adequado do óleo de cozinha, na preservação de recursos naturais, desenvolvimento sustentável, local e global. 

Há a necessidade da formação de cidadãos responsáveis e comprometidos com o meio ambiente, contribuindo para a construção de um futuro mais equilibrado e justo. Para Martins (2013), o planeta clama por mudanças, implorando por mudanças, uma vez que já não caminha com tranquilidade, sofre efeitos catastróficos que são capazes de secar as águas dos oceanos e inundar as áreas verdes de terra. Devemos pensar em garantir uma aprendizagem efetiva, assumindo o papel de contribuir para a sustentabilidade do meio ambiente, planejando, implementando e dirigindo nossas ações e reflexões quanto ao descarte correto do óleo de cozinha.

A educação é algo que necessita de um investimento, tendo em vista que ela amplia horizontes, prepara o corpo discente para os futuros desafios da vida social e gera mudanças tanto na consciência da realidade social quanto na estrutura econômica. A escola, produto da sociedade, não tem acompanhado as modificações sofridas na sociedade e, por conseguinte, o modo como tal aluno se manifesta, que agora, na contemporaneidade, são distintos e diversificados. (CHRISPINO, 2007). 

A educação, em todos os níveis está vinculada a quem queremos formar, para qual sociedade formamos, assim, devemos educar para o exercício da cidadania, para construção de uma sociedade emancipatória, capaz de transformar, através da educação, o contexto ao qual estamos inseridos, para o respeito à diversidade, para a equidade, enfim para o aperfeiçoamento em prol da construção de uma vida de qualidade. 

Esta prática demonstra que a escola se encontra hoje no centro das atenções da sociedade. Isto porque se reconhece que a educação, na sociedade globalizada e economia centrada no conhecimento, constitui grande valor estratégico para o desenvolvimento de qualquer sociedade, assim como condição importante para a qualidade de vida das pessoas. 

Em suma, a relevância do presente trabalho oportuniza a nós, estudantes, a compreensão das teorias durante a graduação, bem como sua aplicabilidade e reflexão sobre a prática que se inicia neste momento, instrumentalizando o profissional para a transformação da sociedade, contribuindo para a construção da cidadania, efetuando o descarte correto do óleo de cozinha, proporcionado o domínio de instrumentos teóricos e práticos imprescindíveis à execução de suas funções por meio de propostas que favoreçam o desenvolvimento integral do ser humano.

Nas palavras de Paulo Freire (2001): “A prática educacional não é o único caminho para a transformação social necessária à conquista dos direitos humanos, contudo acredito que, sem ela, jamais, haverá transformação social”. Posto isto, à medida que a escola possibilita inovações curriculares e permite que o aluno seja avaliado em suas competências, tomando como ponto de análise os seus próprios avanços, colabora para as afirmações de Morin (2001), em que “a educação deve contribuir para a autoformação da pessoa (ensinar a assumir a condição humana, ensinar a viver) e ensinar como se tornar cidadão”.

Destacamos ao final do presente trabalho que a logística reversa atua de modo a auxiliar o meio ambiente, visando o aproveitamento dos resíduos provenientes do descarte correto do óleo de cozinha. Neste sentido, a sustentabilidade pode ser vista como uma ferramenta que contribui para o desenvolvimento sustentável, norteando as ações humanas, para obtenção da melhoria na qualidade de vida. A prática promove aos indivíduos conhecimentos e experiências culturais que possibilitam a nossa atuação no meio social no intuito de transformá-lo em função de nossas necessidades, a fim de formar seres humanos em todas as dimensões, numa formação que contribui para a vida, a cidadania e a vivência com consciência perante à ação em prol do ambiente saudável.

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