FEMALE SOCIAL INVISIBILITY IN OLDER AGE
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202411300716
Adriana do Nascimento Paixão1, Clenilsa Maia de Souza2, Darlison William Reis Andrade3, Lívia Souza4, Mirla Gomes de Oliveira5, Thainá Figueiredo da Silva6, Willams Costa de Melo7, Adriano dos Santos Oliveira8
RESUMO
A invisibilidade social, muitas vezes imperceptível à primeira vista, se caracteriza pela ação de tornar algo ou alguém despercebido, ignorado ou desvalorizado. Este estudo visa evidenciar a invisibilidade das mulheres na terceira idade, explorando as questões que envolvem o envelhecimento feminino e destacando a necessidade urgente de práticas e cuidados específicos para esse grupo. A metodologia adotada é qualitativa, e o estudo foi desenvolvido por meio da Revisão Integrativa de Literatura (RIL), que permitiu a análise de artigos e estudos publicados em diferentes contextos, abrangendo as questões de saúde, cuidados sociais e políticas públicas voltadas para as mulheres idosas. A análise dos dados permitiu compreender como as mulheres na terceira idade enfrentam a invisibilidade social e a falta de apoio adequado em áreas como saúde, acessibilidade e proteção social. Os resultados revelam que a invisibilidade da mulher idosa é um reflexo das desigualdades de gênero, da falta de políticas públicas específicas e da escassez de cuidados de saúde adequados para essa população. As mulheres idosas são frequentemente desprovidas de proteção social, o que as torna mais vulneráveis a situações de violência, maus-tratos e discriminação. A conclusão do estudo reafirma a importância de uma abordagem mais atenta às necessidades das mulheres na terceira idade, com a implementação de políticas públicas eficazes e práticas de cuidado especializadas que garantam a dignidade e o bem-estar desse grupo. A invisibilidade da mulher idosa deve ser combatida por meio de ações sociais, políticas de saúde e conscientização da sociedade sobre os desafios enfrentados por esse público.
Palavras-chave: Invisibilidade. Mulheres idosas. Políticas públicas. Vulnerabilidade.
1 INTRODUÇÃO
A invisibilidade é uma prática comumente usada pelos indivíduos da sociedade, este não se relaciona com o fato de ser completamente transparente ou imperceptível ao olho nu, mas sim com ação de tornar algo despercebido, não visto ou de pouco valor. Esta característica pode-se tornar um comportamento padrão de quem a executa tornando-os cego pela indiferença ou preconceito, é facilmente sofrida pelos grupos socialmente mais fragilizados, ignorando-os ou tratando-os de forma distinta, passando muitas vezes como despercebidos. (Oliveira, 2023) A invisibilidade pode se apresentar em múltiplas formas, como: A social onde os indivíduos se tornam constantemente ignorados tornando-se apenas mais um item decorativo urbano, a econômica aonde você vale o que possui, quanto mais zeros na conta bancaria, mais estima e valor se terá iniciando a escala infinita em busca do reconhecimento, a racial onde se agrupam os semelhante, limitando-os e desvalorizando-os, a etária considerada como o prazo de validade estipulado para o ser humano, a partir de determinada idade, este se torna sem valor social, evoluindo para um peso a ser carregado, a sexual quando se minimiza o indivíduo segundo sua sexualidade inferiorizando suas ideia e tornando irrelevante. (Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica, 2021)
O adjetivo feminino é empregue as mulheres, esta é moldada desde o nascimento segundo conceitos padrões desde a antiguidade como cores de roupas, brinquedos e brincadeira. Traços como a gentileza, leveza, doçura, graça e sensibilidade podem ser características marcantes deste grupo, mas devido as metamorfoses e experiências sociais e culturais individual podem transformar este conceito, ser mulher é complexo, devido estar em constante construção podendo mudar atributos, papeis e condutas pessoais, no entanto o que se é inalterável é que ser mulher é sinônimo de força. (Oliveira, 2024)
Se fossemos destacar o ponto alvo da mulher contemporânea, este seria a liberdade, o mundo desenvolveu-se e consigo trouxe a liberdade de expressão, pensamentos, escolhas, arrebentando as amarras que aprisionava sexo feminino a conceitos ultrapassados, limitando-as a casamentos, filhos e uma vida infeliz. Hoje ser mulher é sinônimo de força, coragem, independência, possuir o poder de escolha, valorizando conquista, o sexo frágil tornou-se imponderada, alcançando o topo do sucesso, liderando e conduzindo o ser feminino ao estrelismo. (Cruzeiro do Sul, 2020)
O conceito de velhice tomou proporções diferentes, chegar na melhor idade não estar associado a inutilidade, a média de vida do brasileiro prolongou-se 30 anos, e se tem um aumento nas preocupação da temática qualidade de vida, mante-se ativo e saudável vem sendo um dos foco desta comunidade, a aparência física tende a ser preservada com métodos estéticos e atividades físicas regular, passando a envelhecer de forma sadia e enérgica, não se privando de fazer o que lhes faz bem e querem, optando por muitas vezes continuarem sua vida profissional normalmente, a idade sênior contribui com conhecimentos e habilidades. (Ministério Público, 2024)
O quantitativo populacional idoso é maior entre as mulheres, impactando diretamente na pressão ao qual as componentes deste grupo enfrentam, ser mulher está associada a desigualdades e constante invalidação, sofrendo preconceitos antes de chegar na terceira idade restringindo seu valor a aparência e jovialidade, tornando distinta o processo de envelhecimento entre gêneros, contudo a mulher idosa segue conectada, ativa e buscando caminhar junto a evolução, mantando-se vaidosa e bela mesmo com o peso que a sociedade impõem devido à idade. (Medsenior, 2021)
Atualmente, o cenário nos revelas diversas deserções dos direitos humanos que não estão sendo garantidos as pessoas idosas, pois Brasil as pessoas idosas estão expostas às misérias sociais, como os maus-tratos, a escassez da assistência à saúde, os problemas de acessibilidade, discriminação, desleixo, entre outros. Diante do exposto, quais seriam as causas para apresentação desse cenário?
Desse modo, tendo em vista o evento da feminização do envelhecimento, este estudo objetiva evidenciar a invisibilidade da mulher na terceira idade, desenvolvendo discursões sobre a temática, buscando sensibilizar a sociedade para a questão de envelhecimento, com ênfase a necessidade de prática e de cuidados para com elas. Pois, a realidade atual, são mulheres idosa destituída de proteção torna-se vulnerável.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Invisibilidade social
Podemos dizer que o planeta terra estar em sua capacidade máxima em contingente populacional, conforme os números de natalidade aumentam, se torna mais fácil aplicar a invisibilidade social, mas o que é a invisibilidade social? Como pode ser algo comum? O que fazer para minimizar seus dados e sua periodicidade?
A invisibilidade social está entrelaçada com o preconceito, este por acreditar que possuem uma pirâmide social ao qual quem estar no topo é merecedor de benefícios, o ápice pode ser dirigido ao trabalho, a economia e todas as vértices da sociedade, aqueles que por infortúnio do destino encontra-se na base do triangulo é quem mais sofrem com a prática, os mais vulneráveis, os oprimidos e desacreditados.
Muito frequentemente a vulnerabilidade está associada a práticas de exclusão, de discriminação, de violação de direitos humanos, e por devir de escolhas não partido de si os invisíveis socialmente estão em situação de fragilidade devendo assim serem protegidos e acolhidos pela comunidade.
No entanto é corriqueiro serem desprezados e marginalizados, a vulnerabilidade não é o mesmo que pobreza, não significa estar carente ou necessitado, mas sim indefeso, inseguro e exposto a múltiplos riscos, choques e stress. Portanto a invisibilidade social é tornar os indivíduos constantemente ignorado, negligenciando sua existência e necessidades.
A dinâmica da sociedade em que vivemos, em constante e veloz transformação pode ter escondido o sentimento impa dos seres humanos, a compaixão, este um sentimento positivo que pode desencadear o ato de olhar para o próximo não apenas como um meio de se chegar ao seu objetivo, mas como um todo individual e único.
A globalização tecnológica pode ter conectado virtualmente as pessoas, e esfriado fisicamente as relações pessoais, a sensibilidade humana vem diminuindo gradativamente, ter compaixão por alguém envolve mais do que colocar-se em seu lugar e genuinamente querer compreendê-lo ou mesmo ajudá-lo. Envolve começar a ter uma perspectiva totalmente diferente quando se trata de como você percebe os outros.
A condescendência com a falta da empatia pode ser um dos pontos alvos para a invisibilidade social ser uma ação incessantemente praticada, a ausência de política e o sistema capitalista da regra mais-valia influencia diretamente nesta problemática, seguindo fatores históricos, culturais, sociais, religiosos e econômicos.
Para se eliminar um comportamento padrão na sociedade é preciso galgar para a estrada da igualdade e real inclusão, desde os primeiros passos, enraizado a harmonia e tornando o diferente em semelhante, deve-se da voz as comunidades inviabilizadas criando espaços seguros para que possam se expressar, cultivar a empatia, compaixão por meio de movimentos de sensibilização, multiplicar a inclusão promovendo campanhas de combates a preconceitos.
Estes novos métodos podem transparecer distante de serem alcançados, ou acontecerem em lentidão, mas se é preciso superar as barreiras criadas, é uma trajetória longa e árdua, no entanto reconhecer sua existência é o primeiro passo para mudá-las pois é complexa e multifacetada, é essencial que todos nós compreendamos a importância de combater esse problema e trabalhemos para garantir a dignidade de todos os indivíduos, desenvolvendo uma sociedade igualdaria.
2.2 Mulheres na Terceira Idade
Nas últimas décadas, têm-se criado perspectivas identitárias, a faixa etária e suas classificações estereotipadas, surgir assim o conceito de “terceira idade”, o qual passa a ser um à representação de envelhecimento. A velhice, antes entendida como decadência física, invalidez, momento de repouso, silêncio, isolamento afetivo e social, agora passa a ser significada como o momento da realização pessoal e do lazer que não pôde ser vivenciado na juventude. (Argimon, 2011)
A feminização do envelhecimento aborda o fenômeno em que há maior proporção de mulheres que de homens na população idosa, ou seja, caracterizada pelos amplos diferenciais no volume de idosos por sexo e pelo fato de que o envelhecimento se mostra mais longo entre as mulheres, visto que elas sobrevivem por mais tempo.(Oliveira, 2021)
Segundo Oliveira (2020), apesar de serem maioria na população e apresentarem maior expectativa de vida, o processo de envelhecimento pode ser vivenciado por essas mulheres a partir de eventos de discriminação por conta do gênero e da idade, especialmente no contexto de trabalho. Isso parece ocorrer porque, em nossa sociedade, a idade se mostra um marcador que compacta formas de pensar e de compreender um indivíduo, uma organização ou até mesmo uma sociedade.
Conforme Argimon (2011), para grande parte das mulheres que hoje têm 60 anos ou mais, a família foi o principal ponto de referência na vida. Poucas são as que trabalharam em alguma profissão fora de casa. Atualmente esse cenário tem se modificado muito, e as novas gerações estão podendo optar por outras formas de funcionamento social, mas as representações desse gênero feminino ainda persistem no imaginário das pessoas.
Dessa forma, a imagem da mulher idosa, para a sociedade em geral, acaba sendo fortemente influenciada por dois marcadores identitários: a idade (enquanto decrepitude) e o gênero feminino (enquanto pessoas que fazem a maior parte das atividades em casa), reforçando a representação de dupla vulnerabilidade social. (Argimon, 2011)
O processo de envelhecimento de mulheres, conforme Oliveira (2020), associadas a dificuldades nem sempre são conhecidas, pois a maioria dos trabalhos sobre envelhecimento não leva em consideração as características específicas de homens e mulheres, tratando-os de maneira homogênea. Portanto, apesar da relevância do tema, são escassos os trabalhos que destacam o envelhecimento da mulher e os aspectos que caracterizam a feminização do envelhecimento, especialmente quando o fenômeno é abordado a partir da perspectiva do contexto de trabalho.
Dessa forma, percebe se que os valores sociais e culturais de um determinado tempo e local, normatizam natureza humana e suas experiências. Assim os valores expressos no conceito de velhice e terceira idade acabam por influenciar e dar outros modos de interpretação às vivências dos sujeitos. Assim é em relação ao conceito de gênero, que também influencia a vida de mulheres idosas. O gênero, como um produto cultural, refere-se a papéis que devem ser adotados pelo sexo masculino e feminino. (Argimon, 2011).
3 METODOLOGIA
Este projeto tem o caráter qualitativo e foi desenvolvido por meio da Revisão Integrativa de Literatura (RIL) dividida em seis passos (Figura 1), utilizando o método de Ganong. A RIL consiste na análise de bibliografias sobre determinado tema, tendo como objetivo apresentar os pensamentos sobre o assunto e contribuir para o desenvolvimento de teorias.
A revisão integrativa inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica, possibilitando a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos. (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO).
Figura 1 – Os seis passos da Revisão Integrativa
Fonte: Mendes; Silva; Galvão (2008)
Na questão norteadora da revisão integrativa, para o processo de construção da pergunta será usado a estratégia de PICOS, o qual o (P) referente a população; o (I) se refere ao interesse e o (CO) ao contexto da situação. Portanto, a população é o feminismo na terceira idade, interesse em identificar/classifica, contexto invisibilidade social, dessa forma, a pergunta norteadora tratara do feminina na terceira idade na invisibilidade.
Na base de dados, compreender a seleção das amostras, os quais o critério de inclusão trará estudos de pesquisas como artigos originais, dissertações ou teses, cuja produção científica considera a Invisibilidade, Feminino na Terceira Idade e Feminino na Terceira Idade em meio a invisibilidade, publicados nas bases LILACS, SCIELO e ADOLEC de dados científicas, em português e trabalhos na íntegra.
Na categorização dos artigos será construído quadro 1 – com a identificação voltada para a invisibilidade na terceira idade que corresponde: base de dados, anos de publicação autores, títulos, objetivos, métodos, resultados e políticas referentes aos trabalhos selecionados sobre como a mulher é vista no meio social. Então, dessa forma, reunir publicações de pesquisas originais disponíveis na integra nos idiomas português, inglês e espanhol publicadas entre 2020 à 2024 e em bibliotecas virtuais. E assim, esses dados serão categorizados e discutidos conforme a revisão integrativa.
Nos critérios de inclusão será excluso os estudos científicos que não fossem na língua portuguesa, os que não estarão disponíveis nas bases de dados científicos, estudos repetidos, estudos que não estão relacionados ao tema proposto, estudo de caso, editoriais e cartas. O resultado da seleção será sete artigos, com propósito de sintetizar o processo de seleção será adotado o método de Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyse (PRISMA), a visualização das buscas nas bases encontra-se na Figura 2, apresentada através de um fluxograma.
Na leitura cuidadosa dos estudos serão incluídos nesta revisão, os estudos analisados e comparados os achados, pelo ponto de vista das diferentes pesquisas a se realizar, em distintos períodos e cenários para serem apresentados de acordo coma a categorias temática encontrada, onde poderá observar os argumentos sobre como é vista a mulher na terceira idade em meio social. Procedera discussão das informações de forma discursiva e comparativa e dos estudos. Dessa forma, na síntese, os artigos incluídos, dos estudos inseridos é possível evidenciar o resultado pretendido, um discursão abordo, a invisibilidade da mulher na terceira idade.
Figura 2 – Seleção dos estudos segundo o PRISMA.
Fonte: As próprias autoras, 2024.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
Na seção de Resultados, os estudos analisados são apresentados e sintetizados em um quadro comparativo, que destaca os principais achados de diferentes pesquisas sobre a temática da invisibilidade da mulher na terceira idade. Os estudos revisados, realizados em distintos períodos e cenários, foram agrupados de acordo com categorias temáticas que exploram a percepção social da mulher idosa.
Quadro 1: Síntese dos Resultados
Autor / Ano | Título | Metodologia | Resultados |
CEPELLOS, V. M. (2021) | Feminização do envelhecimento: um fenômeno multifacetado muito além dos números | Revisão bibliográfica e análise de dados sobre o envelhecimento feminino no Brasil. | O estudo aponta que a feminização do envelhecimento acentua a vulnerabilidade das mulheres idosas, que enfrentam dificuldades relacionadas à escassez de políticas públicas e cuidados adequados. |
TEIXEIRA, S. M. (2020) | Envelhecimento, família e políticas públicas: em cena a organização social do cuidado | Análise qualitativa das políticas públicas de cuidado e organização familiar no envelhecimento, com foco nas mulheres. | Identificou que as mulheres idosas são frequentemente as principais responsáveis pelo cuidado dos familiares, mas não recebem o mesmo nível de apoio das políticas públicas, gerando maior vulnerabilidade. |
NUNES, E. D. (2020) | Da invisibilidade social: breve reflexão | Reflexão teórica sobre a invisibilidade das pessoas idosas, com foco na marginalização das mulheres idosas na sociedade. | Constatou-se que as mulheres idosas, em grande parte da sociedade, são invisíveis tanto nas políticas públicas quanto na percepção social, o que as torna ainda mais vulneráveis a maus-tratos e negligência. |
SCHWERTNER, M. R.; BODNAR, R. (2019) | Trapos que aconchegam: o envelhecimento feminino em Lygia Fagundes Telles | Análise literária sobre o envelhecimento feminino nas obras de Lygia Fagundes Telles, abordando o abandono e a invisibilidade social. | A literatura de Lygia Fagundes Telles ilustra o abandono e a invisibilidade das mulheres idosas, temas centrais que também se refletem na realidade social e nos maus-tratos sofridos por elas. |
D’OLIVEIRA, A. F. (2019) | Invisibilidade e banalização da violência contra as mulheres na universidade: reconhecer para mudar | Estudo qualitativo sobre a violência contra mulheres, com foco na invisibilidade das mulheres idosas. | A pesquisa destaca que a violência contra mulheres idosas é frequentemente banalizada, sendo elas vistas como menos vulneráveis, o que agrava sua situação de abuso e negligência. |
OLIVEIRA, C.R. de (2021) | Feminização do Envelhecimento: um fenômeno multifacetado muito além dos números | Revisão de literatura e estudo de dados sobre a feminização do envelhecimento no Brasil. | A pesquisa revela que a feminização do envelhecimento implica um maior número de mulheres idosas em situação de vulnerabilidade, dada a ausência de políticas públicas específicas para este grupo |
OLIVEIRA, A. A. DE et al. (2023) | VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER IDOSA* | Estudo empírico com entrevistas e análise de dados sobre violência contra mulheres idosas. | A pesquisa revela a violência recorrente contra as mulheres idosas, principalmente no contexto familiar, apontando a falta de proteção social e a invisibilidade dessas mulheres no sistema de saúde e assistência. |
MARIANO, S. A. (2021) | Agência e autonomia feminina: aportes para estudos sociológicos em contextos de pobreza urbana | Pesquisa sociológica com enfoque na autonomia das mulheres idosas em contextos urbanos de pobreza. | A pesquisa mostra que as mulheres idosas em contextos de pobreza enfrentam restrições à autonomia e sofrem marginalização social, resultando em sua maior vulnerabilidade e abandono. |
SILVA, C. C. F. M.; GEROLAMO, J. C.; CORREA, M. R. (2021) | Experiências em grupo no envelhecer feminino: construções de redes, laços e afetos | Estudo qualitativo sobre a construção de redes de apoio entre mulheres idosas e suas experiências sociais. | A pesquisa aponta que, ao criarem redes de apoio, as mulheres idosas conseguem resistir à invisibilidade social e encontrar formas de enfrentar os desafios do envelhecimento, mas ainda enfrentam o abandono institucional. |
SOUZA, A.A.; FRANCISCHETTO, G. P. P. (2020) | A invisibilidade da pessoa idosa e a responsabilidade civil pelo abandono afetivo inverso | Análise jurídica sobre o abandono afetivo e a invisibilidade da pessoa idosa nas esferas sociais e legais. | O estudo revela que, legalmente, as mulheres idosas são frequentemente negligenciadas, com pouca responsabilidade civil por parte da sociedade e das famílias em relação ao cuidado e respeito a elas. |
Fonte: Elaboração autores conforme bases de dados em estudo – 2024.
4.1 Invisibilidade Social e Vulnerabilidade da Mulher Idosa
A invisibilidade social da mulher idosa é um tema central nas pesquisas de Cepellos (2021) e Nunes (2020), que analisam como a sociedade marginaliza as mulheres mais velhas, privando-as de visibilidade e reconhecimento. Esse fenômeno está relacionado ao desprezo das contribuições e experiências das mulheres idosas, que frequentemente são vistas como desatualizadas ou incapazes, em vez de valorizadas por seu papel e vivência. Esse preconceito resulta em um distanciamento da sociedade, criando um ambiente onde as mulheres idosas se sentem isoladas e desvalorizadas.
Além disso, a invisibilidade social aumenta a vulnerabilidade dessas mulheres, expondo-as a condições de vida precárias e a um acesso limitado a cuidados de saúde e apoio psicológico. O estudo de Cepellos (2021) destaca que muitas mulheres idosas enfrentam desafios financeiros e emocionais decorrentes dessa marginalização, uma vez que sua condição é frequentemente ignorada. Sem reconhecimento e apoio, elas estão em maior risco de desenvolver problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, agravados pelo isolamento.
Nunes (2020) explora a falta de políticas públicas eficazes que abordem a situação dessas mulheres, revelando como o estado e a sociedade ainda precisam atuar de maneira mais incisiva. Essa ausência de políticas representa uma forma de negligência institucional que perpetua a invisibilidade e aumenta o sofrimento das mulheres idosas. O descaso social reforça a ideia de que a velhice feminina é menos significativa, contribuindo para uma cultura de desvalorização.
O conceito de “velhice invisível” implica que o envelhecimento feminino não é apenas uma questão pessoal, mas também uma questão estrutural e social. Esse conceito ajuda a entender como as mulheres idosas são invisibilizadas não apenas no ambiente familiar, mas em espaços públicos e sociais, que deveriam promover a inclusão e o reconhecimento. Dessa forma, a invisibilidade social reflete um problema profundo de desigualdade de gênero que persiste na velhice (Souza; Franchischetto, 2020).
Os estudos sugerem que combater a invisibilidade social requer uma mudança de atitude da sociedade, promovendo um ambiente onde as mulheres idosas possam se sentir respeitadas e incluídas. Para isso, é essencial que iniciativas comunitárias e campanhas de conscientização sensibilizem a população para os direitos e o valor das mulheres na terceira idade. Esse esforço coletivo visa reconstruir a imagem social da velhice feminina, oferecendo dignidade e amparo. Reconhecer a invisibilidade da mulher idosa e suas consequências é um passo importante para fomentar políticas que priorizem o cuidado, o apoio psicológico e o reconhecimento. A conscientização sobre essas questões contribui para uma mudança de paradigma, onde a velhice não é vista como uma fase de desvalorização, mas como uma etapa com direitos e dignidade, permitindo que as mulheres idosas desfrutem de uma melhor qualidade de vida (Silva; Gerolamo; Correa, 2021).
4.2 O Papel da Família e a Organização Social do Cuidado
A pesquisa de Teixeira (2020) evidencia a centralidade da família como pilar de apoio no envelhecimento feminino, destacando que o papel da família é, muitas vezes, de fornecer cuidados em um contexto de falta de suporte público. Embora o cuidado familiar seja essencial, ele é insuficiente quando não existe uma rede de apoio formal que ofereça recursos e suporte emocional para os cuidadores, sobrecarregando-os e deixando a mulher idosa em situação de vulnerabilidade.
A sobrecarga dos familiares cuidadores pode levar a situações de negligência não intencional, em que os cuidados são limitados devido a falta de preparo e recursos. A falta de treinamento específico para lidar com as necessidades complexas da mulher idosa torna o processo de cuidado desafiador e, muitas vezes, inadequado. Essa situação evidencia a necessidade de programas governamentais que capacitem e apoiem os familiares no cuidado com os idosos.
Além disso, o estudo ressalta a desigualdade de gênero dentro da própria família, onde as mulheres, especialmente as filhas, são geralmente as principais cuidadoras. Essa divisão de responsabilidade sobrecarrega outras mulheres da família, perpetuando um ciclo de cuidados que afeta a saúde e o bem-estar das cuidadoras. Essa realidade chama a atenção para a importância de se discutir a divisão de responsabilidades dentro da família, promovendo uma rede de cuidado mais justa e equilibrada.
Teixeira (2020) também aborda a ausência de políticas públicas que ofereçam alternativas ao cuidado familiar, como centros de convivência e serviços de assistência domiciliar. A falta desses recursos coloca a família como a única opção, independentemente das dificuldades financeiras e emocionais. A implementação de políticas públicas que ofereçam suporte a essas famílias é crucial para garantir que as mulheres idosas recebam o cuidado necessário.
A implementação de políticas de cuidado formal não apenas aliviaria a sobrecarga dos familiares, mas também melhoraria a qualidade de vida das mulheres idosas. Com profissionais capacitados, as necessidades físicas e emocionais das idosas podem ser atendidas de maneira mais eficaz, reduzindo o impacto negativo do envelhecimento na saúde mental dessas mulheres. Esse tipo de apoio institucional é fundamental para oferecer dignidade e segurança a essas mulheres (Cepellos, 2021).
A organização social do cuidado com as mulheres idosas precisa evoluir para uma estrutura que considere as necessidades da mulher idosa e da família cuidadora. A criação de uma rede de apoio, tanto familiar quanto pública, é essencial para combater a invisibilidade e a vulnerabilidade que essas mulheres enfrentam. Dessa forma, o estudo de Teixeira (2020) sugere um modelo mais inclusivo e humanizado, onde a responsabilidade do cuidado não recaia exclusivamente sobre a família.
4.3 Assistência à Saúde e a Necessidade de Práticas e Cuidados para as Mulheres na Terceira Idade
A assistência à saúde das mulheres na terceira idade, abordada nos estudos apresentados, revela uma lacuna significativa nas políticas públicas, evidenciando a vulnerabilidade desse grupo diante de uma sociedade que ainda subestima suas necessidades específicas. A feminização do envelhecimento, conforme apontado por Ceppelin (2021) e Oliveira (2021), destaca o crescente número de mulheres idosas, que enfrentam desafios agravados pela falta de estrutura de cuidados adequados. Essas mulheres estão expostas a condições de saúde precárias, além de serem marginalizadas tanto no contexto familiar quanto institucional.
Os estudos de Teixeira (2020) e Nunes (2020) reforçam a ideia de que as mulheres idosas não recebem a devida atenção no que diz respeito ao cuidado de saúde, sendo frequentemente negligenciadas pelas políticas públicas. Essa falta de cuidado adequado pode ser atribuída à invisibilidade social dessa faixa etária, como discutido por Nunes, que destaca a marginalização das mulheres idosas nas esferas sociais e nos serviços de saúde. O fato de essas mulheres, muitas vezes, não serem consideradas prioritárias em termos de assistência médica agrava sua situação de saúde, comprometendo o bem-estar e a qualidade de vida.
Além disso, a violência contra as mulheres idosas, abordada por Oliveira et al. (2023) e D’Oliveira (2019), também tem impacto direto na assistência à saúde. A violência, seja ela física, psicológica ou negligência, interfere no acesso dessas mulheres aos serviços de saúde, muitas vezes impedindo que busquem o cuidado médico necessário. A violência contra as mulheres idosas, seja no contexto familiar ou social, é uma realidade que as afasta ainda mais dos serviços de saúde, criando um ciclo de exclusão e sofrimento que exige uma intervenção mais eficaz da sociedade e do Estado.
O estudo de Silva, Gerolamo e Correa (2021) sobre redes de apoio também destaca a importância de práticas de cuidados que incluam o apoio social como parte integrante da assistência à saúde. O fortalecimento das redes de apoio comunitárias pode ser uma estratégia eficaz para garantir que as mulheres idosas tenham acesso a cuidados médicos e a suporte emocional, especialmente quando carecem de familiares que possam prestar esse apoio. A implementação de políticas públicas que incentivem essas redes pode ser uma resposta importante para mitigar a invisibilidade das mulheres idosas no sistema de saúde.
A invisibilidade jurídica e o abandono afetivo, discutidos por Souza e Franchischetto (2020), também apontam para a necessidade de maior responsabilidade no cuidado das mulheres idosas, não apenas pela sociedade, mas também pelo Estado e pelas famílias. A ausência de um cuidado sistemático e especializado compromete a saúde física e mental das mulheres na terceira idade, e a falta de proteção legal muitas vezes as deixa desprotegidas contra abusos e negligência.
Em suma, a literatura revisada evidencia que a assistência à saúde das mulheres idosas carece de um enfoque mais sensível às suas necessidades específicas. A integração de práticas e cuidados que incluam não apenas o cuidado médico, mas também a proteção social e jurídica, é fundamental para garantir que as mulheres na terceira idade possam viver com dignidade e qualidade de vida. É necessário, portanto, que haja um esforço coletivo para combater a invisibilidade dessas mulheres e promover um envelhecimento saudável e protegido, por meio de políticas públicas efetivas, redes de apoio e práticas de cuidado inclusivas
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A questão central deste trabalho foi entender as causas da vulnerabilidade da mulher idosa, especialmente no que diz respeito à assistência à saúde e à falta de práticas de cuidado específicas para esse público. A partir da análise de diversos estudos e da discussão sobre o contexto da feminização do envelhecimento, foi possível identificar uma série de fatores que contribuem para o cenário de desproteção e invisibilidade das mulheres idosas, como a escassez de políticas públicas adequadas, o descaso social e a falta de recursos no sistema de saúde.
O objetivo do trabalho, que visava evidenciar a invisibilidade da mulher na terceira idade, foi atingido de forma satisfatória. A pesquisa permitiu compreender que, além das dificuldades gerais enfrentadas pela população idosa, as mulheres estão mais expostas a condições de vulnerabilidade devido a questões como a discriminação de gênero, a escassez de cuidados especializados e a violência doméstica. Assim, foi possível concluir que a feminização do envelhecimento exige uma atenção diferenciada e políticas públicas específicas que garantam o acesso à saúde, segurança e qualidade de vida para as mulheres idosas.
Em relação ao objetivo de sensibilizar a sociedade sobre a necessidade de práticas e cuidados para com as mulheres na terceira idade, também foi alcançado um avanço significativo. A discussão sobre o tema ajudou a reforçar a importância da criação de redes de apoio, do fortalecimento das políticas de saúde voltadas para o envelhecimento feminino e da conscientização sobre as especificidades desse grupo.
Portanto, o trabalho não apenas respondeu à pergunta inicial sobre as causas da vulnerabilidade da mulher idosa, mas também cumpriu o papel de evidenciar as lacunas existentes nas práticas de cuidado e assistência a esse grupo, contribuindo para a reflexão sobre a necessidade urgente de transformação na abordagem pública e social em relação ao envelhecimento feminino. A conclusão, portanto, reforça a importância de políticas mais eficazes e uma mudança de postura da sociedade, com foco na proteção e valorização das mulheres na terceira idade.
REFERÊNCIAS
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CRUZEIRO DO SUL, Jornal. O que é ser mulher hoje? A palavra está com elas. Disponível em: https://www.jornalcruzeiro.com.br. Publicado em 08 de março de 2020 às 00:01. Acesso em: 25 de outubro de 2024;
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OLIVEIRA, Ângela. Feminina aos olhos de quem? Ressignificar a feminilidade. Disponível em: https://falamulher.com/. Acesso em: 25 de outubro de 2024;
OLIVEIRA, C.R. de. Feminização do Envelhecimento: um fenômeno multifacetado muito além dos números. RAE-Revista de Administração de Empresas | FGV EAESP, São Paulo | V. 61 | n. 2 | 2021 | 1-7 | e2019-0861
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1Discente do Curso Superior Bacharel em Enfermagem do Faculdade Metropolitana Manaus – FAMETRO. Email: apaixaocruz38@gmail.com
2Discente do Curso Superior Bacharel em Enfermagem – Faculdade Metropolitana de Manaus – FAMETRO. Email: clenilsamaiasouza@gmail.com
3Discente do Curso Superior Bacharel em Enfermagem – Faculdade Metropolitana de Manaus – FAMETRO. Email: darlison04@outlook.com
4Discente do Curso Superior Bacharel em Enfermagem – Faculdade Metropolitana de Manaus – FAMETRO. Email: livia.malik18@gmail.com
5Discente do Curso Superior Bacharel em Enfermagem – Faculdade Metropolitana de Manaus – FAMETRO. Email: mirllagomesdeoliveira@gmail.com
6Discente do Curso Superior Bacharel em Enfermagem – Faculdade Metropolitana de Manaus – FAMETRO. Email: figueiredothaina8@gmail.com
7Docente do Centro Universitário – FAMETRO, Especialista em UTI adulto e Neonatal, Mestre em Saúde Coletiva pela UEA. Email: willamscostademelo@gmail.com
8Docente Centro Universitário – FAMETRO, Especialista em Enfermagem do Trabalho. Email: adriano.oliveira@fametro.edu.br