REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.12139503
Maria das Dores Licindo de Carvalho; Francisco Alves Barros Filho; Maria da Luz Costa Reis; Maria Caroline de Oliveira Silva; Geraldina Caldas de Carvalho
RESUMO
Este artigo foi desenvolvido com o objetivo de compreender as possíveis causas das dificuldades de leitura e de que forma a intervenção psicopedagógica pode contribuir nesse processo para melhorar o hábito da leitura de alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Raimundo Nonato Cardoso. A pesquisa se pautou em observações por meio de visitas em campo e entrevistas realizadas com o professor, o gestor e o coordenador pedagógico da referida instituição escolar e também com a família. Com isso, o foco principal é diagnosticar os fatores que interferem para a não aprendizagem da leitura dos alunos e relacioná-los com as diferentes teorias através da intervenção psicopedagógica, orientando o professor a trilhar caminhos que levará ao bom êxito na superação das dificuldades do hábito de ler de seus alunos. Para a fundamentação teórica contribuíram com o pensamento os autores Weiss (1999), Barbosa (2001), Vygostky (1994), dentre outros. O estudo feito sobre o tema mostra o quão é importante o papel de a Psicopedagogia no investigar, diagnosticar e intervir nas dificuldades de aprendizagem, orientando a escola e a família para que juntos possam ajudar o discente a superá-las.
Palavra Chave: Intervenção psicopedagógica. Dificuldades. Aprendizagem. Leitura.
ABSTRACT
This article was developed in order to understand the possible causes of reading difficulties and how the psychoeducational intervention can contribute to this process to improve the reading habits of students of the third year of elementary school of the School Raimundo Nonato Cardoso. The research was based on observations through field visits and interviews with the teacher, the manager and the pedagogical coordinator of that educational institution and also with family. Thus, the main focus is to diagnose the factors that interfere for not reading the students’ learning and relate them to the different theories through psychoeducational intervention, guiding the teacher to roads that lead to success in overcoming the difficulties of habit reading of his students. For the theoretical foundation contributed thought the authors Weiss (1999), Barbosa (2001), Vygotsky (1994), among others. The study on the subject shows how important the role of the Educational Psychology in investigate, diagnose and intervene in learning difficulties, guiding the school and the family so that together we can help the students to overcome them.
Keyword: psychoeducational intervention. Difficulties. Learning. Reading.
1 INTRODUÇÃO
Diversas dificuldades de aprendizagem são notórias em crianças na fase escolar, principalmente no que se refere à leitura e a escrita. Partindo dessa premissa, o artigo científico em questão tem o propósito de refletir e analisar os aspectos relacionados às dificuldades de aprendizagem na aquisição da leitura e por meio da intervenção psicopedagógica fazer a mediação entre a criança que não aprende e seus objetos de conhecimentos.
Sabe-se que a prática pedagógica não é de forma alguma uma tarefa fácil, sendo muitos desafios encontrados no decorrer das aulas. E para saber lidar com as dificuldades de aprendizagem em sala de aula, muitas vezes é preciso o auxilio de outros parceiros, além da família, da escola e do próprio aluno, a presença do psicopedagogo é necessário no sentido de contribuir na superação de barreiras encontradas para o avanço da aprendizagem.
Por isso é importante a abordagem desse assunto, pois a não compreensão dos alunos que não aprendem a ler é algo que deixa não só a escola preocupada, mas a família e principalmente o educando que se vê numa situação de fracasso em sua aprendizagem. E muitas vezes a causa desse fracasso não é assumida nem pela escola nem pela família, jogando a responsabilidade uma para a outra, sendo que a responsabilidade é de ambas e devem caminhar juntas durante o processo de aprendizagem.
Dessa forma, a intervenção psicopedagógica pode atuar junto à instituição escolar, facilitando a compreensão das dificuldades de aprendizagem na aquisição da leitura, identificando a causa ou as possíveis causas dessa não aprendizagem, intervindo no processo escolar, fornecendo os mecanismos adequados para a solução dos problemas encontrados no que diz respeito às deficiências da competência leitora. E também estabelecendo vínculos positivos com a família dos educandos.
O campo de atuação para o desenvolvimento da pesquisa realizou-se em uma turma de alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Raimundo Nonato Cardoso, localizada na periferia da zona urbana. Essa instituição escolar atende trezentos e trinta e cinco alunos distribuídos nos turnos manhã e tarde nas modalidades de Educação Infantil ao Nono ano do Ensino Fundamental. A escola possui uma boa estrutura física e um aparato de recursos didáticos e tecnológicos para o apoio pedagógico do professor em sala de aula.
Durante a confecção desse trabalho foram realizadas algumas entrevistas com o professor, o gestor e o coordenador pedagógico da escola para coletar informações relevantes a cerca do tema abordado. Além dessas entrevistas com alguns integrantes do corpo escolar, verificou-se a necessidade de investigar a família, instituição considerada importante para a relação ensino e aprendizagem.
Segundo a professora, muitos alunos leem com certa dificuldade, apresentando leitura lenta, sem compreensão da leitura que fazem. Sabe-se que ler não é simplesmente um ato de decodificação de sinais gráficos, mas a prática de leitura genuína baseia-se na capacidade de decodificar palavras e frases, atribuindo significado a elas dentro de um texto, indicando novas ideias sobre o que se ler.
Diante disso, esse trabalho procura desenvolver estratégias psicopedagógicas, onde o foco da temática é o aluno inserido no terceiro ano do Ensino Fundamental, diagnosticando os fatores maléficos que interferem na aprendizagem, orientando o professor a percorrer diferentes caminhos visando buscar o êxito de sua prática docente. O papel do professor, com um visão psicopedagógica, é ser um investigador dos processos de aprendizagem de seus alunos, evitando que o problema de aprendizagem leve a um bloqueio maior e esse aluno seja rotulado de preguiçoso ou não aprende porque é falta de interesse, quando o problema pode ser mais profundo do que se possa imaginar.
A elaboração desse projeto contou com a contribuição do pensamento de alguns autores tais como Maria Lúcia Weiss (1999), Barbosa (2001), Bassedas (1996), Vygotsky (1994), Martins (2003), entre outros.
2.DESENVOLVIMENTO
2.1. REFERENCIAL TEÓRICO
A leitura é um processo essencial e muito importante para a evolução do ser humano, ler torna possível ao aluno construir seu próprio conhecimento. A aquisição da leitura faz com que a criança se torne autônoma em relação à sua aprendizagem. Ela proporciona, ainda, o acesso aos diversos conhecimentos disponíveis em todos os meios possíveis de veiculação.
O processo de aquisição da leitura envolve duas operações fundamentais: a decodificação e a compreensão. A decodificação é a capacidade para identificar os símbolos gráficos – letra ou palavra – e transformá-lo em som. Já a compreensão é a habilidade de perceber o sentido da mensagem que está sendo lida, ser capaz de compreender as informações implícitas. Percebe-se, no entanto, que muitas crianças mal conseguem decodificar o signo linguístico, apresentando dificuldade de compreender a mensagem transmitida pelo texto.
De acordo com Martins (2003, apud Leite, 2012, p.53), são três as funções essenciais da leitura:
- Transformar, converter a linguagem escrita em linguagem oral, ou seja, associar a letra ou palavra escrita aos sons que representa;
- Compreender o sentido e o conteúdo da mensagem, como quando lemos uma palavra nova e estranha sem compreender o seu significado;
- Julgar, analisar o valor da mensagem no contexto sociocultural.
No período de alfabetização espera-se que algumas habilidades para o desenvolvimento da leitura estejam presentes, pois nessa etapa a criança já sabe falar, pode reconhecer objetos e formas desenhadas. Isso sendo associado a uma boa metodologia e acompanhamento dos pais, sem dúvida, fará com que a criança adquira as habilidades necessárias para a sua aprendizagem.
Se o aluno, durante a leitura de um texto, não consegue nem mesmo decodificar o signo linguístico, apresentando leitura lenta, silabada de difícil compreensão, fica claro que esse aluno não conseguirá atribuir significado ao que ler e poderá se tornar um analfabeto funcional. Caso não haja a presença do apoio psicopedagógico na escola, o professor deverá direcionar o seu olhar para esse aluno, fazendo um trabalho de alfabetização para, posteriormente, inseri-lo nas práticas de leitura propriamente dita.
Por isso é importante que a criança aprenda a ler durante a fase escolar adequada para sua idade, caso contrário a não aquisição da leitura perdurará na fase seguinte e acompanhará a criança por todo o processo escolar. É o que se tem observado na escola. Muitos alunos não conseguem realizar uma leitura satisfatória como a escola deseja, sobretudo aqueles alunos que já estão numa série ou ciclo onde a leitura deveria ser fluente, mas ocorre o contrario.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, as práticas educativas devem ser organizadas de modo a garantir, progressivamente, que os alunos sejam capazes de:
- Compreender o sentido nas mensagens orais e escritas de que é destinatário direto ou indireto: saber atribuir significado, começando a identificar elementos possivelmente relevantes segundo os propósitos e intenções do autor;
- Ler textos dos gêneros previstos para o ciclo, combinando estratégias de decifração com estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação;
(PCN’s, Brasilia, 1997, p.63)
O texto dos Parâmetros Curriculares Nacionais citado acima são objetivos, dentre outros, de Língua Portuguesa para o primeiro ciclo à qual o 3º ano está incluído, visto que esse ciclo compreende a primeira e a segunda série do ensino fundamental. Observa-se, porém, que a realidade da compreensão leitora dos alunos de 3º ano do Ensino Fundamental é bastante divergente do que é esperado pelos PCN’s.
Os professores têm se deparado com sérios desafios em sala de aula no que diz respeito à aprendizagem de seus alunos, principalmente os que atuam no 3º ano do Ensino Fundamental, foco de nossa discussão. Eles relatam que é preciso alfabetizar os alunos que ainda não adquiriram as habilidades necessárias como leitura e escrita, essenciais para o bom desempenho escolar desses alunos.
São inúmeros os fatores que podem causar a não aprendizagem dos alunos no decorrer de sua trajetória escolar. Eles podem estar relacionados ao biológico da criança, e outros como a atenção, a memória, além dos aspectos afetivos, emocionais e ambientais, envolvidos neste processo. O ambiente escolar precisa ser propício, agradável para que o aluno possa sentir-se motivado a aprender.
Segundo Maria Lúcia Weiss (1999, p.46),
“O maior percentual de fracasso na escola, de crianças encaminhadas a consultórios e clinicas, encontram-se no âmbito do problema de aprendizagem relativo, produzido e incrementado pelo próprio ambiente escolar”. (Weiss at. AL, 1999)
A leitura é algo que traz prazer e, portanto, não deve ser imposta como uma obrigação. Para que o processo de construção da leitura seja um sucesso na vida escolar de muitas crianças é preciso que agentes envolvidos acreditem que todos os alunos são capazes de aprender, dentre esses agentes, o professor mediador/facilitador e a família são parceiros importantes nesse processo.
No entanto é sabido que na prática pedagógica com alunos que não sabem ler ainda que na idade cronológica dita adequada para a leitura, com todos os métodos que o professor vem utilizando, mesmo assim os objetivos não são alcançados. Surgem os questionamentos por que o sujeito não aprende, quais as reais causas que dificultam o acesso para a aprendizagem.
Diante disso é preciso que haja um trabalho minucioso pautado na investigação, identificação e intervenção, mediante as dificuldades que serão apontadas durante o desenvolvimento da leitura das crianças. Essas dificuldades não devem ser consideradas no tocante ao ato de aprender, é preciso esclarecer para o aluno que ele é capaz de superá-las e não permitir que o ambiente se torne desestimulante para quem aprende.
Com isso a Psicopedagogia surge como campo de conhecimento que tem por objetivo facilitar o desenvolvimento cognitivo do sujeito que aprende. Esse desenvolvimento deve ocorrer de forma satisfatória, sobretudo na Educação Infantil, para prevenir as dificuldades que poderão surgir no decorrer do processo de aquisição da leitura e escrita. Ela também atua no trabalho de intervenção, quando as dificuldades já existem e estas são detectadas para que o aluno possa ser inserido novamente no processo de ensino – aprendizagem.
Segundo Barbosa (2001, p.53 apud Calderari Oliveira, 2009, p.71),
[…] a Psicopedagogia na escola transforma a ação Individual em grupal, analisa os sintomas, considerando a gama de relações que existe em uma instituição e propondo projetos de atuação que apontem para uma mudança global sem deixar de atender os casos concretos que aparecem como sintoma.
O trabalho do Psicopedagogo começa com a investigação das causas da não aprendizagem quando são levadas a ele as queixas sobre as dificuldades do aluno relatadas pela escola que em contrapartida aciona a família. O Psicopedagogo será um elo entre a escola e a família, pois esta instituição exerce um papel muito importante na educação dos filhos, contribuindo e sendo parceira com a escola em um diálogo constante mediado pelo psicopedagogo e junto com o apoio desse profissional é possível superar as dificuldades de aprendizagem.
Segundo Bassedas ET AL (1996, p.35 apud Calderari Oliveira, 2009, p.137),
A angústia e a ansiedade de pais e professores Interferem na relação e a criança sente-se prejudicada.
O psicopedagogo, por sua vez, pode ajudar as partes implicadas a despirem-se de de culpa e analisarem de forma mais objetiva o que está ocorrendo.
É preciso fazer um trabalho de aproximação dos dois sistemas, ajudar a buscar canais mais fluidos de comunicação e colaboração, para planejar e estabelecer compromissos e acordos mínimos que levam ao fim do bloqueio criado nesta situação.
As relações família e escola devem ser caracterizadas pelo esforço comum em prol do desenvolvimento do educador. Nenhum trabalho de intervenção psicopedagógica será eficaz se as instituições família e escola não manterem um diálogo entre si. Daí a importância do psicopedagogo fazer a mediação entre ambas.
Outro aspecto a considerar nesse contexto é a questão da afetividade, pois estabelecer vínculos positivos com a aprendizagem é muito importante, haja vista o professor que utiliza uma metodologia áspera e pouco atrativa pode desencadear uma série de bloqueios no aluno dentre eles, o vinculo negativo com a leitura.
A sala de aula é o espaço onde acontece a construção do conhecimento e as relações entre ensino e aprendizagem são movidas pelo desejo e pela paixão, onde é possível identificar e prever condições afetivas favoráveis que facilitam a aprendizagem nesse cenário. A importância da afetividade na relação professor – aluno Vygotsky (1999, p.63 apud Calderari Oliveira, 2009, p.116) afirma que “o conhecimento do mundo objetivo ocorre quando desejos, interesses e motivações aliam-se à percepção, memória, pensamento, imaginação e vontade, em uma atividade dinâmica entre parceiros.”
Dessa forma, a proposta psicopedagógica de compreensão e intervenção junto às dificuldades de aprendizagem da leitura leva em conta a ampliação do olhar sobre o objeto de estudo da Psicopedagogia que é o processo de aprendizagem. Isso leva o psicopedagogo a ter uma visão diferenciada, tirando a responsabilidade do portador da dificuldade, ampliando suas potencialidades e habilidades encobertas pelo fato de ele não conseguir aprender.
A intervenção psicopedagógica nas dificuldades de leitura pode ocorrer individualmente, na própria instituição, onde o psicopedagogo atenderá em uma sala preparada com todos os materiais necessários para utilizar durante as sessões de atendimento. E também intervir na turma onde os alunos estudam, preparando e aplicando, junto com o professor, atividades que serão desenvolvidas pelo grupo.
Conforme Serrão e Baleeiro (1999, p.23 apud Calderari Oliveira, 2009, p.187),
[…] a convivência com grupos adquire uma certeza de que o trabalho pauta-se mais na construção de um vinculo de caráter libertador, fundamentado na confiança e no respeito, do que em discussões formais. Libertador é o vinculo, e a relação que permite a expressão das questões pessoais sob as mais variadas formas que possibilita a descoberta de que é possível somar diferenças, que garantem a existência do individual dentro do coletivo, que viabiliza a percepção das contradições pessoais e grupais e a construção de novos caminhos.
Durante a intervenção, o objetivo do psicopedagogo é orientar o professor a trabalhar em sala de aula o grupo de alunos, organizando uma ação educativa valendo-se de jogos, brincadeiras e atividades lúdicas, recheando sua prática pedagógica, com a qual busca facilitar a aquisição do conhecimento de maneira mais prazerosa. Durante o processo de aprendizagem é necessário que o aluno esteja motivado para que ele se interesse por uma atividade. E essa motivação influencia no seu processo de aprendizagem e na construção de suas ideias, se tornando parte integrante de sua personalidade.
De acordo com Friedmann (1996, p.42 apud Bessa, 2008, p.53),
a aprendizagem depende em grande parte da motivação: as necessidades e os interesses da criança são mais importantes que qualquer outra razão para que ela se ligue a uma ativida- de e da confiança na sua capacidade de cons- truir uma ideia própria sobre as coisas, assim como exprimir seu pensamento com convic- cão são características que fazem parte da personalidade integral da criança.
Com isso, o fazer psicopedagógico oferece ao educador uma intervenção por meio de jogos ou atividades lúdicas que ajudarão os alunos com dificuldades de leitura a melhorarem o seu desempenho associado à afetividade do professor em sala de aula e ao apoio da família proporcionando um lar agradável que facilite a aprendizagem, transmitindo segurança na superação das dificuldades.
Mas é preciso ressaltar que o jogo ou alguma atividade lúdica como a brincadeira, por exemplo, não podem ser desvinculados da ação pedagógica. Essas ferramentas não devem ser utilizadas meramente como formas de entretenimento sem nenhum objetivo que direcione a prática pedagógica. Não é objetivo de a ação psicopedagógica ensinar o jogo em si, mas usá-lo como mediador de uma intervenção que possa auxiliar na aprendizagem e desenvolvimento das habilidades de leitura. Campus (apud Calderari Oliveira, 2009, p.199) afirma que “o uso de jogos no contexto educacional só pode ser situado corretamente a partir da compreensão dos fatores que colaboram para uma aprendizagem ativa e da definição do seu lugar na sala de aula.”
O psicopedagogo também precisa desenvolver um trabalho de orientação junto à família para ajudar a melhorar o aprendizado do educando fazendo com que este supere a sua dificuldade de leitura e outros fatores que possam estar causando essa não aprendizagem. Sugestões de atividades que envolvam a leitura em família, os pais ou responsáveis pela criança podem ler para seus filhos, contar histórias, estabelecer limites e horários para os estudos, conversar com a criança, dentre outras orientações fornecidas pelo psicopedagogo.
Os pais precisam dar o suporte necessário, pois se a criança não tiver uma base sólida na família, vivenciando uma educação em que haja o afeto, limites, o ensino de valores, poderão surgir dificuldades de aprendizagem que serão refletidas no ambiente escolar. Por isso é muito importante que família acompanhe a vida escolar de seus filhos.
Por fim, a intervenção psicopedagógica, na dimensão da dificuldade de aquisição da leitura, não se limitará à compreensão da própria dificuldade, mas à apreensão de novos comportamentos que levem à sua superação. Dessa forma, o educando se sentirá mais autônomo sem relação à sua aprendizagem e será capaz de vencer as suas limitações, desde que suas potencialidades e a capacidade de aprender forem exaltadas acima de qualquer obstáculo da não aprendizagem.
2.2. METODOLOGIA
A pesquisa se pautou na realização de entrevistas por meio de questionários elaborados pelo próprio pesquisador. Os questionários foram criados na intenção de investigar os agentes protagonistas envolvidos na instituição escolar e familiar. Ao todo foram confeccionados quatro questionários, aos quais participaram da entrevista, o Gestor da escola, dois professores, o coordenador pedagógico e dois pais. Além disso, foram feitas visitas à instituição escolar durante o período letivo para coletar informações a respeito do tema tratado no artigo.
Além das entrevistas foram realizadas diversas leituras de artigos científicos, monografias e outros textos relacionados ao tema utilizando a Internet como ferramenta de pesquisa no levantamento da literatura bibliográfica necessária para produção desse trabalho. E ainda houve o complemento com a leitura de livros para o embasamento teórico do tema proposto.
2.3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Durante a realização dessa pesquisa responderam os questionários o diretor da escola, junto com o coordenador pedagógico e também a família dos alunos envolvidos nesse estudo.
O foco da pesquisa é analisar como está a leitura dos alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental e posteriormente trabalhar em cima desses resultados fazendo uso dos mecanismos de intervenção psicopedagógica a fim de melhorar as eventuais dificuldades de aprendizagem na leitura desses alunos. Para isso partimos da seguinte pergunta feita ao professor, considerando que ele atua na sala de aula e tem contato direto com os alunos.
Questão proposta: Como você avalia a leitura de seus alunos? O gráfico 1 apresenta os resultados.
Gráfico 1 – Situação de leitura de alunos do 3º ano do Ensino Fundamental
Fonte: Elaboração Própria
Como podemos observar pelo gráfico, a leitura desses alunos está bastante defasada, visto que já deveriam possuir uma leitura mais proficiente. Segundo a professora, os alunos apenas decodificam os sinais gráficos e isso, ainda, com muita dificuldade, o que não é normal em turmas de 3º ano do Ensino Fundamental levando em consideração que esses alunos já passaram por etapas de alfabetização. Vimos que a grande maioria dos alunos apresentam dificuldades de leitura, o que condiz com o discurso do docente. E que somente uma pequena minoria consegue ler com fluência.
Observamos também que na família daqueles alunos que conseguem ler, os pais mantêm uma rotina de estudos em casa, acompanha os filhos nas tarefas escolares, incentiva a leitura com práticas realizadas junto com a família onde todos participam ativamente. No entanto, aqueles alunos que apresentam dificuldades de leitura, são crianças que em casa não há o acompanhamento da família, muitos deles vivem somente com a mãe a qual trabalha o dia inteiro, ficando as tarefas escolares sob a responsabilidade da própria criança.
A escola disponibiliza de um bom espaço físico capaz de promover atividades lúdicas para as crianças. O ambiente escolar favorece muito despertar o interesse da criança, motivando a sua aprendizagem. É o que podemos observar na figura seguinte.
Figura 1 – Pátio da escola
Fonte: Elaboração própria
O pátio da escola é um local amplo, onde podem ser desenvolvidas diversas atividades lúdicas, como dramatizações, momentos de roda de leitura, apresentação de projetos e outras estratégias que estimulem a aprendizagem dos alunos.
De acordo com os dados analisados, muitos fatores estão interferindo para a não aprendizagem desses alunos que já vem sendo notório desde a etapa de alfabetização e se consolidou na serie atual em que eles estão inseridos. Não resta dúvida de que a intervenção psicopedagógica faz-se necessária nesses casos para que esses alunos ao menos consigam ao final do ano letivo obter algum progresso no que diz respeito à aquisição da leitura.
O trabalho de intervenção nessa turma e na escola como um todo requer um planejamento mais elaborado e minucioso que se estenderá durante todo o ano letivo, pois é preciso trabalhar a família, a metodologia em sala de aula e outros aspectos tais como cognitivos, afetivos e emocionais que envolvem os educandos com dificuldades de aprendizagem na leitura.
CONCLUSÃO
Diante dos problemas escolares referentes à aquisição da leitura, dificuldade esta verificada em alunos do 3º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Raimundo Nonato Cardoso, fica claro que esses alunos necessitam de um apoio pedagógico especializado e que os professores precisam de orientação psicopedagógica para trabalhar as dificuldades de leitura em sala de aula advindas de múltiplos fatores.
Por isso é muito importante a atuação do psicopedagogo, sabendo sobre esse diagnóstico da não aprendizagem da leitura ou um desenvolvimento inadequado, causando deficiências no ato de ler, prejudicando a aprendizagem dos discentes e refletindo negativamente em seu desempenho escolar.
Dessa forma, o psicopedagogo busca fazer uma forma de intervenção necessária para trabalhar com os alunos que apresentam tais dificuldades. Outro ponto importante é orientar o professor na sua prática pedagógica junto a esses alunos e fazer a mediação entre a família e a escola buscando o apoio dos pais ou responsáveis pela criança, a colaborarem nas atividades realizadas em sala de aula pelo docente dando continuidade a estas atividades em casa.
Os atendimentos psicopedagógicos são bastante eficientes no sentido de se atingir o objetivo desejado: fazer com que o aluno com dificuldade de leitura possa superá-la e seja inserido novamente no processo de ensino- aprendizagem. Estes atendimentos se constituem em encontros de caráter lúdico, individual ou em grupos, onde são realizadas oficinas voltadas para a leitura com jogos, brincadeiras, contagem de histórias e outras atividades que permitam ao aluno se expressar, desenvolver a confiança, a autonomia em suas produções orais e escritas mediante a aquisição da leitura de forma satisfatória, para que, ao longo do ensino fundamental, ele se torne um leitor competente, capaz de compreender e interpretar a mensagem de um texto.
Portanto, a intervenção psicopedagógica nas dificuldades de leitura visa contribuir para a construção de uma aprendizagem melhor, auxiliando na superação dos problemas referentes à competência leitora, intervindo de forma produtiva, preventiva e corretiva no processo de ensino-aprendizagem da referida instituição escolar.
REFERENCIAS
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LEITE, Vânia Aparecida Marques. Dimensões da não aprendizagem/Vânia Aparecida Marques Leite. – Ed.rev. – Curitiba, PR: IESDE Brasil, 2012.
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BARBOSA, Maria Lúcia Ferreira de Figueiredo. Práticas de leitura no ensino fundamental/Organizado por Maria Lúcia Ferreira de Figueiredo Barbosa e Ivane Pedrosa de Souza. – Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
CARVALHO, Marlene. Guia prático do alfabetizador/Marlene Carvalho. – 1 ed. – São Paulo: Ática, 2010.
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