A INTERVENÇÃO EDUCATIVA DO ENFERMEIRO NA PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E NA PREVENÇÃO DA DEPRESSÃO NOS IDOSOS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7909325


Ana Paula Dias Melo1
Amanda Damasceno de Macedo2
Anamélia Damasceno De Macêdo3
Katia da Silva dos Santos4
Denise Espindola de Castro5
Analúcia Silva Ferreira6
Alanna Lorena Pimentel dos Santos7
Henrique Cananosque Neto8
Brenda Ludmilla Braga Vieira9
Felipe de Sousa Moreiras10
Ana Paula da Penha Alves11


RESUMO: Introdução: A discussão atual do trabalho diz respeito ao trabalho do profissional enfermeiro como substituto da educação em saúde na promoção da qualidade de vida e prevenção da depressão no idoso. Objetivos: Como objetivo geral, gostaríamos de enfatizar o papel do enfermeiro como educador. Como objetivo específico, buscou-se demonstrar como a educação em saúde ministrada por enfermeiros pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos idosos e cuidadores e para a promoção da saúde mental dos indivíduos. Método: O método é baseado em pesquisa bibliográfica. Foram levantados e selecionados os artigos e trabalhos mais relevantes que contribuíram para nossa pesquisa e dos quais obtivemos um melhor entendimento sobre o tema estudado. Resultados: A depressão desencadeia-se através de fatores biopsicológicos. A rotina de cuidados sobrecarrega os familiares e cuidadores, causando problemas físicos, psicológicos e sociais, esgotamento e exaustão, visto a dedicação ininterrupta, levando os cuidadores a desencadearem depressão, estresse, ansiedade e sobrecarga. As mulheres são mais propensas a esta doença devido a fatores biológicos genéticos e hormonais. Os cuidados de saúde mental em idosos são fundamentais para uma boa qualidade de vida e têm efeitos favoráveis ​​sobre outros fatores de saúde em idosos. Conclusões: Concluímos que intervenções voltadas para a prevenção, realizadas em grupo por meio de ações de saúde, reduzem os sintomas depressivos e proporcionam melhor bem-estar psicológico aos idosos, com ênfase na promoção da saúde e saúde psicológica. Também é evidente a importância do profissional enfermeiro como educador em saúde, que por meio de seu trabalho cuidadoso e sensível, contribui para melhorar significativamente a qualidade de vida e os determinantes comportamentais dos idosos.

Palavras-Chave: Enfermagem, Educação em Saúde, Depressão, Saúde do Idoso.

1. INTRODUÇÃO 

O envelhecimento da população e o aumento da proporção de idosos têm sido uma característica proeminente da demografia mundial atual desde 1950 e ao longo do século XXI. No entanto, o ritmo de crescimento populacional no Brasil é alto, mas no cenário mundial, o crescimento da população idosa no Brasil é ainda mais exacerbado. Segundo o último levantamento, o número de idosos com 60 anos ou mais no Brasil era de 2,6 milhões em 1950 e passou para 29,9 milhões em 2020, 27,6 vezes os 72,4 milhões de 2010.  Em 1950, a proporção da população idosa com 60 anos ou mais na população total era de 4,9%, passando para 14% em 2020, e chegou a 40,1% em 2010 (8,2 vezes o aumento de peso de 1950 a 2010).

O aumento da expectativa de vida é uma grande conquista da humanidade, além de melhorar a qualidade de vida dos idosos, mesmo que eles busquem continuamente a melhoria para alcançar seus ideais. Conforme mencionado anteriormente, essa conquista se deve a uma queda nas taxas de natalidade e mortalidade infantil, bem como a melhores resultados de saúde. O envelhecimento populacional é acompanhado por transformações demográficas, biológicas, sociais, econômicas e comportamentais. No entanto, o envelhecimento é conceituado de forma diferente para cada época a partir da análise de aspectos culturais, políticos e econômicos, valores, preconceitos e símbolos, tornando-se um processo contínuo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a velhice em termos de idade cronológica, começando aos 65 anos nos países em desenvolvimento e variando em outros países.

A educação em saúde por parte dos profissionais enfermeiros é fundamental para harmonizar as expectativas dos cuidadores leigos e as orientações para facilitar o cuidado, evitando erros prejudiciais que podem prejudicar a qualidade de vida dos idosos. É necessário que o enfermeiro trabalhe junto aos cuidadores e familiares para que esses profissionais possam auxiliar nos procedimentos de enfermagem e junto aos idosos.

Nesse sentido, neste trabalho, buscou-se investigar a seguinte problemática: o desconhecimento de familiares e cuidadores sobre a prevenção e tratamento da depressão no idoso. Portanto, nosso objetivo geral é destacar o papel do enfermeiro como educador. Como objetivo específico, demonstrar como a educação em saúde ministrada por enfermeiros pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos idosos e cuidadores e para a promoção da saúde mental dos indivíduos.

2. METODOLOGIA 

Para o desenvolvimento deste trabalho, utilizamos a metodologia baseada em uma pesquisa bibliográfica, onde fizemos o levantamento e seleção dos artigos e obras mais relevantes e que contribuíssem com nosso estudo. De acordo com Severino (2013)

A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir dos registros disponíveis, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. utiliza-se de dados ou categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos (SEVERINO, 2013).

Para obtenção dos dados, recorremos às bases de dados, como o Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica – MEDLINE, Biblioteca Eletrônica Científica Online – SCIELO e a Biblioteca Virtual em Saúde – BVS. Os principais materiais utilizados foram artigos publicados em Português nos anos mais recentes. Os critérios de inclusão consideraram os trabalhos com ênfase à saúde do idoso a partir das ações educativas em saúde por meio do enfermeiro.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 A ENFERMAGEM E O PROFISSIONAL ENFERMEIRO

A enfermagem está diretamente relacionada ao processo de enfermagem, inclusive auxiliando na manutenção da dignidade do indivíduo até sua morte, além de promover a melhoria da qualidade de vida, prevenindo e minimizando danos à saúde a fim de diminuir possíveis complicações. possuem conhecimento técnico científico e são responsáveis ​​por proporcionar aos familiares e cuidadores novos olhares sobre a saúde pessoal, como procedimentos de enfermagem e informações essenciais transmitidas de forma a promover uma melhor qualidade de vida ao idoso e cuidador. Diante disso, o enfermeiro deve participar da educação em saúde, conviver harmonicamente com os cuidadores não profissionais, formular orientações para facilitar o cuidado e evitar mal-entendidos que prejudiquem a saúde do idoso.

Dentre as orientações sugeridas pelo enfermeiro, estão:

  • Fornecer informações sobre o estado de saúde e cuidados necessários ao idoso;
  • Oferecer apoio nas dificuldades resultantes das mudanças advindas do processo de envelhecimento;
  • Desenvolver educação em saúde para idosos, cuidadores e familiares de modo que promova qualidade de vida aos envolvidos;
  • Oferecer suporte para o enfrentamento saudável da situação e perdas associadas;
  • Fornecer estratégias de cuidados e comunicação com o idoso, de modo que promova melhor compreensão das necessidades do idoso e facilita os cuidados necessários;

Em vista disso, de acordo com Melo (2021), o enfermeiro não fornece orientações para promoção em saúde apenas do idoso, mas para seus familiares e cuidadores também. O enfermeiro é um educador de saúde propriamente dito, e precisa ser além de tudo um facilitador que compreende o processo e aplica técnicas, recursos e conhecimentos ideais para cada caso, ajudando a todos com eficiência de um profissional e empatia de um ser humano.

Melo (2021) ainda ressalta que se espera do enfermeiro, que este desempenhe o papel de facilitador, de modo que compreenda o processo de envelhecimento e aplique as técnicas de cuidados, que desenvolva recursos e promova conhecimentos de acordo com as necessidades de cada fase do idoso. Ou seja, além de ser um profissional que atue com empatia e responsabilidade de ajudar a todos envolvidos no processo de cuidar, fornecendo orientações direcionadas tanto na melhora da qualidade de vida do idoso, quanto dos familiares e cuidadores.

3.2 CONCEITO DE SAÚDE E DOENÇA

Gaino et al.  (2018) afirmaram que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença ou enfermidade”. O termo “bem-estar” na definição da Organização Mundial de Saúde não é apenas um conceito de saúde física, mas também um conceito de saúde mental. Nesse sentido, os autores comentam que a Organização Mundial da Saúde define saúde como “um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de enfrentar os estressores cotidianos, consegue trabalhar produtivamente e é capaz de contribuir com a comunidade. O Sistema Único de Saúde do Brasil (SUS) adotou um conceito ampliado de saúde e priorizou a atenção à saúde mental.

3.2.1 Qualidade de vida dos idosos

O envelhecimento populacional é um dos fenômenos de maior impacto no cenário mundial, tornando-se um desafio para a sociedade, refletindo as altas demandas do cenário de políticas públicas para o enfrentamento da vulnerabilidade populacional e melhoria da qualidade de vida. Essa situação se torna ainda mais complexa quando idosos, pessoas com 60 anos ou mais, vivem em situação de vulnerabilidade social, ocasionando situações de fragilidade e desfechos que resultam em uma má qualidade de vida. Qualidade de vida pode ser definida como a percepção do indivíduo acerca de sua própria condição de vida, no contexto de sua cultura e do sistema de valores, e em suas expectativas, padrões e preocupações. Em vista disso, qualidade de vida pode sofrer influências de fatores internos e externos (JESUS, et al. 2018).

3.2.2 Saúde mental dos idosos

A saúde mental afeta a capacidade do indivíduo de cuidar de si mesmo, desenvolver relacionamentos e realizar atividades cotidianas, como aprender, trabalhar e tomar decisões, fatores críticos para a qualidade de vida dos idosos.

 As mudanças e dificuldades de ajustamento que ocorrem durante o processo de envelhecimento afetam significativamente a saúde mental do idoso, bem como seu ambiente, o que interfere tanto no processo de envelhecimento quanto na saúde mental e qualidade de vida do indivíduo. Como alterações psicológicas, dificuldade de adaptação a novos papéis sociais, falta de motivação, baixa autoestima, falta de emoção, etc. A atenção à saúde mental do idoso é fundamental para a boa qualidade de vida e desfechos, bem como para a manutenção de sua saúde física, tornando-se um cuidado essencial à medida que evolui com essa população (COUTINHO, et al. 2020).

3.2.3 Fatores que predispõem depressão nos idosos

A depressão é desencadeada por fatores, a exemplo de biológicos: A genética está fortemente associada ao desenvolvimento da depressão; Psicológicos: Perda de autonomia e exacerbação de condições existentes na velhice; Sociais: Interferência na capacidade funcional, no autocuidado e nas relações sociais. As mulheres são mais propensas a esta doença devido a fatores biológicos, genéticos e hormonais, mais ainda por outras condições, como: conflitos familiares, rompimentos de relacionamentos, além de outros fatores importantes, incluindo faixa etária, restrições financeiras, baixa escolaridade, atribuição de personalidade, sono perturbação, moradia inadequada, apoio social inadequado, eventos de vida estressantes, doença psiquiátrica prévia, declínio cognitivo, limitações funcionais e morbidade crônica e aguda (RAMOS, et al. 2019).

O diagnóstico de depressão em idosos é bem reduzido, pois estima-se que 50% dos idosos depressivos não são diagnosticados pelos profissionais de saúde que prestam assistência na atenção primária, devido os sintomas serem confundidos com o processo natural de envelhecimento, como queixas físicas com fadiga, sono, falta de apetite e indisposição, tais apresentações de queixas, são comuns tanto no processo de envelhecimento natural quanto no processo de depressão nos idosos.

No mercado mundial de medicamentos para depressão, existem oito categorias de antidepressivos com cerca de 22 tipos de ingredientes ativos, mas apenas 30% a 35% dos pacientes com depressão respondem ao tratamento medicamentoso psicotrópico, que deve ser combinado com outros métodos de tratamento, como terapia regular O exercício físico pode ser eficaz no tratamento e prevenção da depressão, e jogos de memória, caminhadas, discussões saudáveis, leitura e conversa também podem melhorar a autoestima do indivíduo (RAMOS, et al. 2019).

Atualmente a depressão é o adoecimento mais comum entre os idosos e com maior risco de morbidade e mortalidade, além de ser um problema de saúde pública. Assim, há dois tipos de cuidadores: o cuidador formal é o que estudou, se qualificou, se preparou para exercer a função de cuidar e recebe remuneração para prestar devida assistência; O cuidador informal é qualquer pessoa que se disponibilize a prestar cuidados ao idoso, pode ser um parente, amigo, vizinho, familiar, que se responsabilize pelos cuidados, sem obter estudo e treinamento, atuando em domicílio, e na maioria das vezes sem remuneração. Este tipo de cuidado sobrecarrega os familiares e cuidadores, levando a problemas físicos, psicológicos e sociais, burnout, faz com que os cuidadores negligenciam as suas próprias necessidades devido à devoção ininterrupta, leva os cuidadores a induzir depressão, stress, ansiedade e sobrecarga (GRANERO, et al. 2019).

4. CONCLUSÃO

Dada a relevância da discussão da temática aqui trabalhada, ressaltamos o contexto da atenção primária, que dá origem às maiores oportunidades para educação em saúde a partir do trabalho feito pelo enfermeiro, evidencia-se que intervenções voltadas a prevenção, realizadas em grupos através de ações de saúde, reduzem sintomas depressivos, proporcionando melhor qualidade de vida aos idosos, com a perspectiva de abordagens sobre os cuidados, enfatizando a promoção saúde mental e a saúde em geral.

Além disso, estratégias nessa direção, põem em prática o cuidado humanizado, promove a escuta, compreensão, fortalecimento de vínculos e laços afetivos entre os indivíduos da comunidade para relação entre enfermeiro e paciente. Ressalta-se a importância da promoção de saúde com ênfase no envelhecimento ativo dos idosos, que oferecem melhoras na saúde global. Demonstra-se ainda a grande utilidade do enfermeiro como educador em saúde que, por meio de uma atuação dedicada, cuidadosa e sensível, ajuda a melhorar significativamente a qualidade de vida e determinantes comportamentais da população idosa.

REFERÊNCIAS

COUTINHO, Juliana de Souza Lima. et al. Compreensão da relação entre a saúde mental do idoso e seu ambiente familiar: uma revisão integrativa. Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p.10559-10572 jul./aug. 2020.

GAINO, Loraine Vivian. et al. O conceito de saúde mental para profissionais de saúde: um estudo transversal e qualitativo. SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. 2018 Abr.-Jun.;14(2): 108-116.

GRANERO, Gabriela Souza; et al. Sobrecarga de cuidadores familiares de idosos com depressão: estratégias de intervenções Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social, vol. 7, núm. 4, 2019.

JESUS, Isabela Thaís Machado de; et al. Fragilidade e qualidade de vida de idosos em contexto de vulnerabilidade social. Texto Contexto Enferm, 2018; 27(4).

MELO, Ana Paula Dias. O Papel da Enfermagem na Orientação dos Cuidadores de Idosos com Alzheimer: Educação e Humanização. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Enfermagem). Faculdade UNINASSAU, Belém, 2021.

RAMOS, Fabiana Pinheiro; et al. Fatores associados à depressão em idoso. Revista Eletrônica Acervo Saúde / Electronic Journal Collection Health, 2018.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2013.


1Enfermagem, Faculdade UNINASSAU, Belém-PA, enfermeiraanapaulamelo@gmail.com
2Bacharel em Enfermagem, Faculdade UNIFACEMA
3Psicologia, Faculdade UNIFACEMA
4Enfermeira, Hospital de Clínicas de Porto Alegre
5Enfermeira, Mestre em Ciências Cirúrgicas
6Nutrição, CESUPA
7Farmácia, Universidade Federal do Pará (UFPA)
8Psicologia, Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins (UniSALESIANO)
9Nutrição, Universidade Federal do Pará (UFPA)
10Bacharel em Enfermagem, Universidade Federal do Piauí
11Enfermagem, Universidade de Pernambuco, Fensg