REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10222616
Laisa Cristiny Monteiro de Oliveira1
Vinicius Cezar Matias de Souza2
RESUMO. O ambiente globalizado e altamente competitivo do comércio exterior, as empresas enfrentam desafios complexos que demandam a tomada de decisões informadas e estratégicas. A Inteligência Analítica surge como uma ferramenta fundamental para atender a essas necessidades. Este trabalho aborda a importância da Inteligência Analítica nas empresas de comércio exterior, destacando seu papel na coleta, análise e utilização de dados para aprimorar as operações de importação e exportação. Através da coleta e análise de dados, as empresas podem identificar tendências, padrões e insights valiosos que influenciam diretamente a seleção de mercados-alvo, a otimização de rotas de transporte, a gestão de riscos e a conformidade regulatória. A Inteligência Analítica não apenas melhora a eficiência operacional, mas também confere uma vantagem competitiva, permitindo às empresas se adaptarem às mudanças no mercado e personalizarem serviços para atender às necessidades específicas dos clientes. No entanto, a implementação da Inteligência Analítica também apresenta desafios, incluindo a coleta e integração de dados de diferentes fontes, além de considerações de segurança e privacidade. Este trabalho discute esses desafios e explora possíveis tendências futuras na área. Por fim, a Inteligência Analítica é uma ferramenta crítica para empresas de comércio exterior, permitindo que elas tomem decisões estratégicas, melhorem a eficiência operacional e atendam às complexas demandas do mercado global. Seu impacto positivo é evidente na competitividade e na sustentabilidade das operações internacionais.
Palavras-chave. Inteligência Analítica; Análise de dados; Otimização; Eficiência operacional.
Abstract. In The globalized and highly competitive environment of international trade, companies face complex challenges that demand informed and strategic decision-making. Analytical Intelligence emerges as a fundamental tool to address these needs. This work discusses the significance of Analytical Intelligence in international trade companies, emphasizing its role in data collection, analysis, and utilization to enhance import and export operations. Through data collection and analysis, companies can identify valuable trends, patterns, and insights that directly influence the selection of target markets, optimization of transportation routes, risk management, and regulatory compliance. Analytical Intelligence not only improves operational efficiency but also provides a competitive advantage, enabling companies to adapt to market changes and tailor services to meet specific customer needs. However, the implementation of Analytical Intelligence also presents challenges, including data collection and integration from various sources, as well as considerations of security and privacy. This work addresses these challenges and explores potential future trends in the field. In conclusion, Analytical Intelligence is a critical tool for international trade companies, enabling them to make strategic decisions, enhance operational efficiency, and meet the complex demands of the global market. Its positive impact is evident in the competitiveness and sustainability of international operations.
Keywords. Analytical Intelligence; Data Analysis; Optimization; Operacional Efficiency
1. introdução
A crescente globalização dos mercados tem transformado o comércio exterior em uma arena altamente dinâmica e competitiva. A complexidade do comércio internacional é evidente na vasta rede de países, commodities e produtos industriais comercializados globalmente. A Organização Mundial do Comércio (OMC), englobando a maioria dos Estados soberanos com comércio exterior ativo, enfrenta desafios significativos devido ao extenso número de países (195 no total) e à diversidade de commodities e produtos industriais envolvidos. Esse cenário cria um ambiente caótico, especialmente em relação às informações derivadas de tarifas.
Nesse contexto, a capacidade de tomar decisões informadas e estratégicas desempenha um papel fundamental para o sucesso das operações internacionais. É nesse cenário que a inteligência analítica emerge como uma ferramenta essencial para as empresas que atuam no comércio exterior. A capacidade de coletar, analisar e interpretar grandes volumes de dados é um diferencial estratégico, permitindo às organizações a identificação de oportunidades de mercado, mitigar riscos, otimizar cadeias de suprimentos e, em última instância, maximizar o valor das operações internacionais.
A pesquisa apresentada neste artigo representa uma abordagem focada no desenvolvimento de um produto de Gestão Informacional. Esta abordagem busca acelerar os processos informacionais e organizacionais, utilizando Business Intelligence, para a localização de produtos e suas tarifas no Comércio Internacional por parte das empresas. Neste estudo, exploraremos essa perspectiva única e seu impacto no cenário empresarial global.
Neste artigo, exploraremos como a inteligência analítica se integra de maneira fundamental ao comércio exterior, capacitando as empresas a enfrentar os desafios e explorar as oportunidades em um mundo cada vez mais globalizado e interconectado.
2. Fundamentação teórica
2.1 BUSINESS INTELLIGENCE
De acordo com Efraim Turban (2009), o processo do BI baseia-se na transformação de dados em informações, depois em decisões e finalmente em ações, ou seja, é permitir o acesso interativo aos dados (às vezes, em tempo real), proporcionando a manipulação e fornecendo aos gerentes e analistas de negócios a capacidade de realizar a análise adequada.
Em geral, o BI não pode ser enquadrado como um sistema, nem como um produto e nem as suas ferramentas, mas pode ser compreendido como o uso de arquiteturas, aplicativos e banco de dados (ZAMAN, 2005)
As empresas estão enfrentando a necessidade de adquirir, compreender e utilizar eficazmente seus dados, a fim de aprimorar as operações comerciais por meio do suporte à tomada de decisões.
Hedgebeth (2007) examinou as utilizações do Business Intelligence (BI) nas organizações, focalizando a capacidade de tomar decisões embasadas em informações, e identificou seis categorias de sistemas que dão suporte a essa tomada de decisão no contexto do BI. Essas categorias incluem sistemas orientados por modelos, dados, comunicação, documentos, conhecimento e, por último, os baseados na internet, que alimentam os atuais bancos de dados centralizados na web e portais de conhecimento. Portanto, existem diversas maneiras de aproveitar o BI para aumentar a eficiência na administração empresarial.
2.2 GESTÃO DA INFORMAÇÃO NO COMÉRCIO INTERNACIONAL
Nas tarefas de Gestão da Informação relacionadas ao processo de exportação, (Figura 1) de Granabetter (2017), chama a atenção para o fato de que há necessidade de elaborar e implementar a Gestão da Informação dentro das Relações Internacionais, especificamente no Comércio Internacional, em sentido estrito, como comércio exterior, sendo exercido por empresas específicas entre dois ou três Estados.
A própria decisão de exportar deve estar informada e provida de processos de Gestão da Informação, Gestão do Conhecimento e Gestão Colaborativa. Somente após as tarefas sugeridas por cada fase é que haverá a possibilidade de decidir exportar, ou seja, a atividade de exportação depende da gestão da informação. Somente com a informação correta no lugar correto e no tempo correto é que os processos físicos e virtuais de comércio exterior ocorrem. (LUCAS, 2019)
Figura 1 – Tarefas de Gestão da Informação relacionadas ao Processo de Exportação
Fonte: Granabetter (2017, Tradução nossa)
2.3 ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DAS INFORMAÇÕES
Kalathil (2011) apresenta um modelo para gestão do comércio internacional que se discute em quatro princípios: virtualização, inovação, eficiência e efetividade. Todos ligados diretamente a gestão da informação de forma que a virtualização está relacionada, por exemplo, a integralização dos dados dos fornecedores junto aos de despacho, a inovação promovendo o foco em melhorias e problemas estratégicos, eficiência nas documentações evitando erros por possíveis preenchimentos incompletos e efetividade devida a redução de tempo nas operações.
Kalathil (2011) apresenta ainda um modelo para a Gestão do Comércio global o ‘Modelo para Gestão do Comércio Global’ de Kalathil é uma condensação das linhas gerais em torno de quatro princípios: virtualização, inovação, eficiência, e efetividade. Em todos os princípios existem atividades ligadas à Gestão da Informação e do Conhecimento em que consiste impacto para a organização inserida no comércio global/comércio internacional, bem como para o todo do comércio internacional que necessita dos processos de GIC para seu correto desenvolvimento. (LUCAS, 2019)
2.4 BI COMO COMPLEMENTO DO ENTERPRISE RESOURCE PLANNING (ERP)
De acordo com Andréia (2017) Um dos impulsionadores do BI têm sido os projetos de ERP (Enterprise Resource Planning), pois após um alto investimento na implantação destes as organizações percebem que ainda não tem suas informações estruturadas de forma estratégica. Assim, o BI vem complementar essa falta com o objetivo de oferecer aos seus tomadores de decisão a informação de forma mais precisa.
ERP é uma arquitetura que facilita o fluxo de informação entre todas as funções dentro de uma organização, tais como logística, finanças e recursos humanos (Hicks, 1997, p.24).
Alguns pontos que devem ser levados em consideração foram destacados para o sucesso de implantação, conforme artigos de SIDEMAR (2007, p.3):
. Manter um ciclo contínuo de melhorias e não achar que o mesmo termina com a implantação de BI;
. Estar alinhado ao planejamento estratégico da organização;
. Ter o envolvimento das áreas de negócios sempre que necessário;
. Possuir uma infraestrutura padronizada e consolidada dos sistemas de informação;
. Definir as políticas de infraestrutura em função do ambiente tecnológico e não das ferramentas de BI.
2.5 ABORDAGENS DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO PARA OTIMIZAR O COMÉRCIO EXTERIOR
No contexto do artigo, o Ciclo da Gestão da Informação de Choo (Figura 2) ilustra um processo contínuo no qual a informação flui ciclicamente, desde a identificação das necessidades informacionais até a adaptação do comportamento. Esse ciclo é retroalimentado, resultando na geração de novas questões e demandas informacionais a serem tratadas. Essa dinâmica demonstra a natureza em constante evolução da gestão da informação, onde as necessidades e perguntas em constante mudança impulsionam o ciclo de forma contínua.
Figura 2 – Ciclo da Gestão da Informação
Fonte: Choo (2003, Tradução nossa)
Primeiro, há a obtenção de informações, onde o usuário lê e seleciona dados. Em seguida, as informações são organizadas e armazenadas, e isso inclui catalogá-las e decidir se são mantidas ou eliminadas. Essas informações também são usadas para criar produtos e serviços que são distribuídos. Esse processo transforma dados em informações que podem ser usadas para tomar decisões, permitindo à organização se adaptar e lidar com desafios.(CHOO, 2003)
Este artigo explora a crucial mas muitas vezes negligenciada análise das necessidades de informação, destacando sua influência significativa na qualidade da informação recebida pelos usuários. Além disso, examinamos o papel essencial do uso da informação, ressaltando como a compreensão profunda de como a informação é empregada, ou deixada de lado, para tomar decisões, resolver problemas e interpretar situações, é fundamental para aprimorar continuamente outros processos de gestão da informação. Através de uma análise detalhada desses aspectos, este artigo destaca a importância vital de investir na análise cuidadosa das necessidades e no entendimento do uso da informação, essenciais para uma gestão da informação verdadeiramente eficaz e orientada para o futuro.
3. Materiais e métodos
Esta pesquisa tem como método de estudo o descritivo de caráter qualitativo. Segundo Oliveira (2011), a finalidade da pesquisa descritiva é descrever as características observadas de uma determinada amostra ou fenômeno, cujo também determinar relações variáveis, principalmente usufruindo de coleta de dados padronizados, questionários e observações minuciosas, com isto realizando o levantamento das informações.
Conforme Gil (2007) o método bibliográfico tem objetivo aproximar a relação com o problema, afim de torná-lo mais exposto, assim podendo desenvolver possíveis hipóteses. No presente artigo será realizado o levantamento bibliográfico em livros e artigos para demonstrar os benefícios da implantação do sistema de Business Intelligence, voltado para o Comércio Exterior. Com isto, será realizado um estudo de análise e observação da implantação deste poderoso conjunto de estratégias e técnicas empregadas pelas empresas com o propósito de analisar dados e melhorar a tomada de decisões nas organizações, buscando evidenciar com base em 3 artigos suas principais vantagens e os impactos nas organizações na mudança de estratégia, correlacionando com a gestão de informação.
4. resultados e discussão
4.1.1. ESTUDO 1
A pesquisa exploratória e bibliográfica realizada por Dedonatto, Mucelini e Mazzioni (2006), que através da utilização do sistema Business Intelligence em uma cooperativa agropecuária na cidade de Chapecó – SC, onde foi atestado que independente do faturamento ou porte que uma empresa possa vir a possuir, se faz necessário o uso de algum tipo de tecnologia para a gestão das informações de suas atividades. O sistema de BI pode ser um diferencial, pois agiliza as informações, proporciona análises mais críticas, direcionadas aos gestores para a tomada de decisões.
Através das informações da empresa utilizada como objeto de estudo que conta com 110 unidades de atendimento, distribuídas nos municípios, e tem aproximadamente 35 mil itens de produtos em movimentação no dia-a-dia.
Figura 1 – Movimentação de cada grupo de produto e faturamento líquido
Fonte: Mucelini (2006).
Na Figura 1, pode-se visualizar a movimentação de cada grupo de produto, juntamente com o faturamento líquido de cada atividade, desse modo, é possível concluir que o volume de dados gerados pelo sistema operacional da empresa é elevado, e a necessidade de informações em determinados momentos se torna indispensável para o gerenciamento das atividades desenvolvidas.
Foram sugeridos os modelos de relatórios e tabelas comparativas, demonstrando as movimentações ocorridas num determinado período, com detalhamento dos resultados por unidade de atendimento.
As informações apresentadas na sequência foram processadas pelo sistema operacional em forma de arquivo texto e trabalhadas no Business Intelligence, para demonstrar as movimentações, do período em estudo, das filiais previamente selecionadas pelo usuário.
Figura 2 – Movimentação de cada grupo de produto e faturamento líquido
Fonte: Mucelini (2006).
Na Figura 2, pode-se identificar quais unidades fazem parte da movimentação apresentada na Figura 1 pela atividade, fazendo-se a comparação gráfica referente às proporções comercializadas.
Essa informação é relevante para o gestor comparar o faturamento individual por filial e por atividades ocorridas no período que ele desejar.
Figura 3 – Movimentação de cada grupo de produto e faturamento líquido
Fonte: Mucelini (2006).
Na Figura 3, observa-se o ranking dos produtos vendidos, através de uma análise gráfica, destacando-se a movimentação de uma unidade e de um grupo de mercadorias, o ranking dos produtos vendidos, com quantidade, valor unitário e total geral líquido, em ordem decrescente de faturamento, o demonstrativo em forma gráfica dos dez maiores itens comercializados, o seletor das aberturas disponíveis para listagem das informações.
De posse dessa informação, o usuário poderá verificar quais os clientes que compraram determinado produto, e quais os documentos fiscais que compõem essa movimentação, bem como as datas e locais onde foram adquiridas as mercadorias.
Essas informações auxiliam o gestor na hora da tomada de decisão devido à facilidade de comparação entre as movimentações de um período para outro, atendendo às particularidades de cada atividade ou filial. Nesse sentido, entende-se que a cooperativa pode dar vários encaminhamentos, tais como: acompanhar o comportamento do faturamento em relação ao ano anterior, podendo assim, diagnosticar ou reverter os problemas que afetam o desempenho e evitar futuros prejuízos para a empresa.
4.1.2 ESTUDO 2
A pesquisa conduzida por Lucas Vinicius Junqueira Cavalache (2019), teve como objetivo analisar a inserção da empresa Sigmarhoh Group aonde o principal foco da organização é o fabrico e venda de peças de perfuração e sondagem de poços de petróleo em Sergipe no âmbito dos conceitos e práticas de Gestão da Informação.
Após a fase de adaptação a pesquisa apresentou o ‘e-Gestor informacional GATT- OMC’, que é um produto de análise de dados (data analytics) embasado no aparato de software de Business Intelligence, para conseguir a organização dos dados relativos a tarifas de comércio internacional. Após a introdução do conceito a empresa Sigmarhoh Group concedeu um treinamento sobre o uso do app e após uso intenso para organizar os dados por duas semanas, o setor pôde se beneficiar da rapidez na geração de relatórios, com gráficos que demonstram padrões de tarifas por produto e por país, melhorando na visualização dessas tarifas para diversos propósitos dentro do setor de exportação.
Houve, também, um problema com o e-Gestor, pois quem está usando o produto precisa saber os códigos SH (códigos do Sistema Harmonizado de Comércio Internacional) para cada produto de antemão, ou pesquisar em uma fonte secundária simultaneamente, já que no atual estágio de desenvolvimento o e-Gestor apresenta somente os códigos SH sem identificação de produto. Naturalmente as empresas comercializam por setor, então o usuário interno, um despachante aduaneiro ou analista de exportação, naturalmente reconhece os códigos SH para os produtos específicos que a empresa trabalha, o que poderia reduzir o impacto dessa deficiência do produto.
Foi observado que o departamento de comércio exterior (comex) da organização não possui um sistema adequado para gerenciar informações. Isso abre a oportunidade de implementar um Sistema de Gestão da Informação Classificada para melhorar o uso das informações no setor de comex. Além disso, há a chance de utilizar o Business Intelligence (BI) para analisar dados tarifários da empresa. As principais fraquezas identificadas na organização incluem a falta de suporte específico para Gestão da Informação e do Conhecimento, a ausência de um sistema de TI adequado para o setor de importação/exportação (impex) e a desorganização geral das informações, dificultando a visualização correta dos dados e a geração de novos conhecimentos pela empresa.
4.1.3 ESTUDO 3
De acordo com a pesquisa de Marcelo Tavares De Freitas (2022) que teve como objeto de estudo a empresa Alpha, uma multinacional que atua nos mercados de máquinas e equipamentos agrícolas e de construção foi encontrada, dentro do setor de compras, uma problemática onde dentro da gerência de pós-vendas existe um indicador utilizado para medir a quantidade de peças com algum tipo de pendência comercial. Esse indicador é chamado de Commercial Issues (CI). Trata-se de um indicador operacional e seu desempenho faz parte das metas definidas pela diretoria da empresa no plano de remuneração variável dos compradores.
Para que o planejamento possa incluir a CI dentro do banco de dados é necessário atribuir o motivo da pendência que justifica a atuação do time de compras. Foi definido entre as áreas doze causas para que seja criada uma CI e cada um deles possui um código identificador de caráter numérico. O Quadro 1 apresenta os motivos da pendência e seu respectivo código.
Tabela 1: Códigos de cada Causal de CI
Código do Causal | Motivo |
01 | Peça está sem fornecedor no sistema |
02 | Peça não foi reconhecida pelo fornecedor |
03 | Fornecedor pediu reajuste de preços |
04 | Fornecedor solicita desenvolvimento de ferramental |
05 | Peça com lote mínimo alto (seja em custo ou quantidade) |
07 | Fornecedor não fornece mais a peça |
08 | Fornecedor encerrou as atividades |
13 | Referência da peça do fornecedor incorreta |
14 | Entrega suspensa por falta de pagamento |
16 | Necessário negociação comercial de embalagens |
19 | Peça em processo de cotação/contrato |
20 | CNPJ do fornecedor sofreu alteração |
Fonte : Marcelo (2022)
Com a observação interna na empresa foi possível perceber que o formato utilizado na divulgação e acompanhamento do indicador de CI não estava adequado. Era feita uma extração do banco de dados central e divulgada uma tabela com a lista de peças com pendência. Esse trabalho era feito diariamente por um comprador, o que lhe demandava tempo de trabalho e centralizava o conhecimento de atualização e divulgação do indicador em uma única pessoa. Além disso, muitas comunicações do planejamento se sobrepunham e geram um fluxo de e- mails muito grande, por exemplo, vários e-mails de pendência do mesmo fornecedor, e-mails faltando informação, e-mails repetidos etc.
Para implementação do BI dentro da organização foi utilizado o padrão de arquitetura definido por Chaudhuri et al. (2011), composto de cinco componentes ou fases demonstrado na Figura 1.
Figura 1 – Arquitetura de BI
Fonte: Adaptado de Chaudhuri et al. (2011)
O software escolhido para a realização de todas as etapas foi o Microsoft Power BI (PBI) que é uma coleção de softwares, conectores e aplicativos utilizados para transformar dados não relacionados em informações coerentes, possibilitando com que o desenvolvedor possa criar análises interativas em uma interface visual e com a possibilidade de compartilhamento dessas visualizações com diferentes usuários.
As melhorias percebidas na transparência, acessibilidade e confiabilidade dos dados indicam que através do uso do dashboard criou-se uma visão mais clara do desempenho atual do processo, permitindo que os compradores possam detectar com maior velocidade ações para melhoria de performance e gerenciamento do indicador.
A alta concordância na percepção dos compradores sobre a identificação de “gargalos” e priorização de atividades indica que as decisões a serem tomadas com a utilização da ferramenta tendem a ser mais estruturadas, uma vez que o dashboard torna os dados acessíveis e permite análises OLAP. Os compradores conseguem visualizar todo o cenário do indicador antes de tomar suas decisões. Levando em conta que se trata de um departamento com muitas demandas, tomar melhores decisões e saber quais são as ações críticas são fatores chave para o bom desempenho.
4.2. ANÁLISE COMPARATIVA
Ao examinarmos os três estudos destacados nesta seção, é evidente que podemos realizar uma análise comparativa das pesquisas e da implementação dos sistemas de Business Intelligence (BI) em diferentes perspectivas. Um ponto unificador entre todos os trabalhos é a constatação de que o BI proporciona uma série de benefícios para as organizações em várias áreas, com foco particular na tomada de decisões. Em cada pesquisa, a implementação do BI foi avaliada como uma ferramenta vital na análise e mensuração do desempenho organizacional, com o objetivo claro de reduzir incertezas e garantir a continuidade e sucesso da organização. Assim foram elencados as principais perspectivas observadas, como demonstra na tabela 1
Tabela 1: Comparação dos resultados
Importante | Facilita a gestão das informações | Acompanhar o comportamento do faturamento | Antecipação à mudança de mercado | Planejamento estratégico abrangente para a empresa | |
Estudo 1 | x | X | X | – | X |
Estudo 2 | x | X | – | X | X |
Estudo 3 | x | X | – | X | X |
Fonte : Autores (2023)
Especialmente no estudo 1 realizado por Dedonatto, Mucelini e Mazzioni (2006), foi possível notar que após a coleta dos dados e uso do sistema de Business Intelligence se fez possível acompanhar o comportamento do faturamento em relação ao ano anterior, podendo assim, diagnosticar ou reverter os problemas que afetam o desempenho e evitar futuros prejuízos para a empresa.
5. Conclusão
Após a análise e comparação dos conceitos teóricos, permitiu o melhor entendimento sobre a ferramenta de business intelligence, no qual o principal objetivo é realizar o auxílio na gestão de dados em diferentes setores, que neste caso foi abordado na gestão de finanças, compras e exportação, visando a eficiência nos processos e melhoria na tomada de decisões, a fim de reduzir custos e possíveis erros.
Anteriormente no decorrer do referencial teórico proporcionou alcançar o melhor entendimento sobre o que é a estratégia de BI, tanto a origem e o propósito desta ferramenta. Sendo assim, foi possível comparar os estudos no setor de finanças, compras e exportação, tendo parâmetros com a finalidade de verificar os benefícios deste sistema. A partir dos gráficos, quadros e tabelas dos artigos analisados, foi possível apontar os impactos com a implementação da estratégia, que determina que a pesquisa atingiu o objetivo proposto.
Na comparação dos trabalhos analisados notou – se a importância do BI em ambos e que proporcionou mudanças e benefícios. Entretanto, a implementação errônea dessa ferramenta impossibilita o aproveitamento total dos benefícios, no qual é necessário realizar treinamentos mais detalhados com os colaboradores, assim não comprometendo os processos de análise empresarial. Esta pesquisa demonstrou a integração dos dados utilizando softwares, ferramentas e sistemas de Business Intelligence, evidenciando a importância de tomar as melhores decisões apresentando, de forma simplificada, os dados atuais e históricos no contexto dos negócios, comprovando também que a não visualização ocasiona transtornos indesejados.
Portanto, é evidente que para obter simplificação de processos, compreender e utilizar eficazmente seus dados, é necessário adotar um planejamento e treinamentos aos colaboradores para que promova a melhor implementação do BI. Por isso, conhecer as ferramentas disponíveis e como implementar é essencial para o crescimento da empresa.
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1 Fatec Zona Leste, laisa.oliveira@fatec.sp.gov.br
2 Fatec Zona Leste, vinicius.souza118@fatec.sp.gov.br