A INTEGRAÇÃO DA ENFERMAGEM NA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA COM A VIGILÂNCIA EM SAÚDE: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE COLETIVA

INTEGRATION OF NURSING IN EMERGENCY CARE WITH HEALTH SURVEILLANCE: CHALLENGES AND STRATEGIES FOR PROMOTING PUBLIC HEALTH

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202501312221


Thais Silva Sena1
Bruno Cassiano de Lima2


Resumo

A integração da enfermagem na urgência e emergência com a vigilância em saúde fortalece a saúde coletiva, unindo assistência imediata e prevenção. Essa articulação promove cuidados holísticos, enfrentando desafios estruturais e capacitando profissionais para reduzir desigualdades e melhorar o SUS. O objetivo geral deste artigo é analisar a integração da enfermagem na urgência e emergência com a vigilância em saúde, identificando os desafios e as estratégias necessárias para promover a saúde coletiva e melhorar a qualidade de vida da população. A pesquisa visa compreender como a atuação dos profissionais de enfermagem pode ser aprimorada por meio da articulação com a vigilância em saúde, considerando os determinantes socioambientais, por meio de uma revisão sistemática de literatura de 2014 a 2024. A integração da enfermagem com a vigilância em saúde enfrenta desafios em pequenos municípios devido à descentralização de recursos e sobrecarga de trabalho. Para superá-los, é necessário reorganizar fluxos, adotar protocolos claros e promover interdisciplinaridade, humanização e capacitação contínua.

Palavras-chave: Enfermagem; Urgência e Emergência; Vigilância em Saúde; Saúde Coletiva.

ABSTRACT

The integration of nursing in emergency care with health surveillance strengthens public health, combining immediate care and prevention. This partnership promotes holistic care, addressing structural challenges and training professionals to reduce inequalities and improve the SUS. The general objective of this article is to analyze the integration of nursing in emergency care with health surveillance, identifying the challenges and possible strategies to promote public health and improve the quality of life of the population. The research aims to understand how the performance of nursing professionals can be improved through coordination with health surveillance, considering socio-environmental determinants, through a systematic review of literature from 2014 to 2024. The integration of nursing with health surveillance faces challenges in small municipalities due to the decentralization of resources and work overload. To overcome these challenges, it is necessary to reorganize flows, adopt clear protocols and promote interdisciplinarity, humanization and continuous training.

Key-words: Nursing; Urgency and Emergency; Health Surveillance; Public Health.

1 INTRODUÇÃO

A integração da enfermagem na urgência e emergência com a vigilância em saúde é um tema de grande relevância para o aprimoramento das políticas públicas de saúde no Brasil. O sistema único de saúde (SUS) enfrenta desafios diários em sua missão de oferecer atendimento eficiente e equânime à população, especialmente nas áreas de urgência e emergência. A prática de enfermagem nesses contextos exige não só conhecimentos técnicos, mas também uma compreensão holística dos fatores que influenciam a saúde das pessoas, incluindo os determinantes socioambientais (De Moura Villela et al., 2020). 

A articulação entre a vigilância em saúde e as práticas assistenciais pode contribuir significativamente para a promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. A urgência e emergência, por sua natureza, estão frequentemente associadas a situações de risco iminente à vida, como acidentes, infartos, AVCs (acidente vascular cerebral) e outras condições graves. 

Nesses cenários, a ação rápida e eficaz dos profissionais de enfermagem é crucial. Contudo, é fundamental que o cuidado transcenda a abordagem imediata e inclua um olhar preventivo e integrador, que leve em conta os determinantes socioambientais que impactam a saúde da população. Nesse sentido, a vigilância em saúde, que monitora e identifica riscos à saúde pública, se torna um aliado estratégico para a enfermagem, permitindo que intervenções preventivas sejam incorporadas ao processo de cuidado (De Moura Villela et al., 2020).

Além disso, a integração da vigilância em saúde com a urgência e emergência promove uma abordagem mais ampla da saúde pública. Essa articulação não se limita apenas à resposta imediata, mas também à prevenção de doenças e agravos por meio do monitoramento contínuo dos fatores de risco e da educação em saúde. A promoção da saúde coletiva, um dos pilares do SUS, se beneficia dessa integração, pois permite que as ações de saúde sejam direcionadas a toda a população, e não apenas aos indivíduos em situações de crise. A identificação de grupos vulneráveis e a atuação preventiva em contextos de urgência e emergência são fundamentais para a redução das desigualdades em saúde (Boccato et al., 2012).

Os desafios para a implementação eficaz dessa integração são diversos, principalmente em um sistema de saúde com recursos limitados e sobrecarga de atendimentos. As barreiras estruturais, como a falta de infraestrutura adequada e a escassez de recursos humanos, podem comprometer a efetividade da integração entre as práticas de enfermagem e a vigilância em saúde (Silva et al., 2014). 

Além disso, é necessário superar a resistência dos profissionais a novas abordagens de trabalho, que demandam mudanças nos processos tradicionais de cuidado e gestão. A capacitação contínua dos profissionais de saúde, especialmente dos enfermeiros, é essencial para que essas estratégias sejam implementadas de maneira eficaz (Kolhs et al., 2017).

Este estudo visa analisar os principais desafios e estratégias para a integração da enfermagem na urgência e emergência com a vigilância em saúde, focando na promoção da saúde coletiva e na melhoria da qualidade de vida. A pesquisa busca explorar como a enfermagem pode atuar de forma mais integrada com as ações de vigilância em saúde, identificando os determinantes socioambientais que impactam a saúde da população e propondo intervenções que possam contribuir para a melhoria da saúde pública. Ao compreender essas relações e propor soluções práticas, espera-se contribuir para a construção de um modelo de atenção mais eficiente e holístico dentro do SUS.

O objetivo geral deste artigo é analisar a integração da enfermagem na urgência e emergência com a vigilância em saúde, identificando os desafios e as estratégias necessárias para promover a saúde coletiva e melhorar a qualidade de vida da população. A pesquisa visa compreender como a atuação dos profissionais de enfermagem pode ser aprimorada por meio da articulação com a vigilância em saúde, considerando os determinantes socioambientais.

Este estudo se justifica pela necessidade de aprimorar a qualidade do atendimento nas áreas de urgência e emergência, alinhando a prática da enfermagem com as ações de vigilância em saúde. A integração dessas áreas é fundamental para identificar riscos à saúde, implementar estratégias preventivas e promover a saúde coletiva, considerando os determinantes socioambientais. Ao explorar essa articulação, busca-se contribuir para a redução das desigualdades em saúde e melhorar a qualidade de vida da população atendida pelo SUS.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A Vigilância em Saúde e sua Articulação com a Enfermagem

 A vigilância em saúde desempenha um papel essencial na promoção e proteção da saúde pública, funcionando como uma estratégia que articula a identificação, análise e prevenção de riscos e agravos à saúde (BRASIL, 2018). Seu objetivo é monitorar o comportamento de doenças e outros fatores de risco, permitindo a elaboração de políticas públicas mais efetivas. Nesse contexto, a enfermagem surge como uma peça fundamental, devido à sua proximidade com a população e sua atuação em diversas áreas do cuidado, incluindo a urgência e emergência.

A atuação integrada da enfermagem com a vigilância em saúde requer a compreensão de que a saúde é determinada por fatores biológicos, sociais, econômicos e ambientais (Buss; Pellegrini Filho, 2007). Assim, o enfermeiro tem o potencial de atuar não apenas no cuidado direto, mas também na coleta de dados relevantes para a vigilância, identificando padrões e tendências de doenças e contribuindo para a formulação de intervenções baseadas em evidências. Essa articulação amplia a capacidade de resposta do sistema de saúde frente aos desafios epidemiológicos (Silva et al., 2022).

O trabalho do enfermeiro na vigilância em saúde também envolve a sensibilização da população para a importância da prevenção e do autocuidado. Segundo Veras (2021), o enfermeiro desempenha um papel crucial na educação em saúde, uma vez que sua prática inclui atividades de orientação sobre hábitos saudáveis, vacinação e controle de doenças transmissíveis. Essas ações, alinhadas à vigilância, contribuem para reduzir a incidência de doenças e melhorar os indicadores de saúde.

Na urgência e emergência, a articulação com a vigilância em saúde ganha ainda mais relevância, pois permite uma resposta mais ágil e coordenada diante de surtos e epidemias. Brandão et al. (2022) destacam que, nesses contextos, a enfermagem pode atuar na identificação precoce de sinais de risco epidemiológico, como o aumento de atendimentos relacionados a sintomas específicos, possibilitando a rápida mobilização de recursos e estratégias de contenção.

A integração entre a vigilância e a enfermagem também promove uma visão ampliada do cuidado, que vai além do atendimento individual e considera os determinantes sociais da saúde. Segundo Peres et al. (2018), é necessário compreender o contexto em que os indivíduos vivem para propor intervenções que sejam, de fato, efetivas e equitativas. Nesse sentido, a vigilância em saúde orienta a prática da enfermagem para uma abordagem mais estratégica, que busca transformar as condições de vida que impactam a saúde.

Entretanto, a implementação dessa integração ainda enfrenta desafios, como a formação insuficiente dos profissionais para atuar de forma articulada com a vigilância e a ausência de protocolos bem definidos em muitos serviços de saúde. Esses obstáculos reforçam a necessidade de investimentos em capacitação e no fortalecimento de políticas públicas que promovam a interdisciplinaridade e a valorização do trabalho em equipe.

Portanto, a articulação da enfermagem com a vigilância em saúde é uma estratégia promissora para enfrentar os desafios contemporâneos da saúde pública. Ao combinar o olhar clínico da enfermagem com a capacidade analítica da vigilância, é possível potencializar os resultados das ações em saúde e contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população, fortalecendo os princípios do SUS.

2.2 Determinantes Socioambientais na Urgência e Emergência

 Os determinantes socioambientais da saúde exercem uma influência significativa nos atendimentos realizados nos serviços de urgência e emergência. Esses determinantes incluem fatores como condições socioeconômicas, ambientais, culturais, e o acesso aos serviços de saúde, que impactam diretamente a ocorrência e a gravidade dos casos atendidos (Buss; Pellegrini Filho, 2007). O reconhecimento desses fatores é fundamental para a organização de respostas eficazes no âmbito da saúde coletiva, considerando as demandas específicas de diferentes populações.

A relação entre desigualdade social e saúde é evidente na sobrecarga dos serviços de urgência e emergência. Segundo De Noronha Barreto et al. (2024), populações em situação de vulnerabilidade são mais suscetíveis a doenças e agravos que demandam atendimentos emergenciais, como acidentes de trânsito, complicações de doenças crônicas e violência interpessoal. Esses fatores evidenciam a necessidade de uma abordagem integrada que considere os determinantes sociais na formulação de estratégias de atendimento.

Além disso, os aspectos ambientais também desempenham um papel crucial, especialmente em contextos de desastres naturais, como enchentes, secas e deslizamentos de terra. Estudos como o de Sousa et al. (2024) destacam que mudanças climáticas intensificam os riscos ambientais, aumentando a demanda por atendimentos de urgência devido a traumas físicos, surtos de doenças e deslocamentos populacionais. Esses cenários requerem uma articulação eficiente entre os serviços de saúde e os setores de vigilância ambiental.

As condições de habitação e saneamento básico são exemplos de determinantes socioambientais que impactam diretamente os serviços de urgência. De acordo com Mota (2014), a ausência de saneamento adequado e o consumo de água contaminada contribuem para a disseminação de doenças infecciosas, como diarreia e leptospirose, que frequentemente necessitam de atendimentos emergenciais, sobretudo em regiões periféricas e de baixa renda.

No campo da urgência e emergência, o papel da enfermagem é essencial para lidar com os determinantes socioambientais. Profissionais de enfermagem têm uma posição privilegiada para identificar as condições socioambientais que influenciam o estado de saúde dos pacientes, como alimentação inadequada, exposição a poluentes ou precariedade no transporte público para o acesso aos serviços de saúde (De Almeida et al., 2018). Essa atuação pode orientar intervenções específicas para mitigar esses fatores.

A articulação da vigilância em saúde com os serviços de urgência e emergência também é crucial para monitorar e enfrentar os determinantes socioambientais. Segundo Franco et al. (2017), a integração entre essas áreas permite identificar padrões epidemiológicos relacionados a questões socioambientais, como surtos de doenças associadas a mudanças climáticas, e organizar ações preventivas que reduzam a pressão sobre os serviços emergenciais.

Ainda assim, persistem desafios na abordagem dos determinantes socioambientais nos serviços de saúde, como a escassez de recursos e a falta de integração entre as políticas públicas de saúde e outros setores, como educação, habitação e meio ambiente. Nunes (2007) ressalta que, para superar essas barreiras, é necessário adotar uma visão ampliada da saúde, considerando-a como resultado de processos sociais e históricos que exigem respostas intersetoriais e contextualizadas.

Portanto, compreender e atuar sobre os determinantes socioambientais é essencial para aprimorar a qualidade dos atendimentos de urgência e emergência. Ao integrar a análise desses fatores às práticas de enfermagem e à vigilância em saúde, é possível não apenas atender às necessidades imediatas dos pacientes, mas também contribuir para a promoção de saúde e a redução de desigualdades. Essa abordagem reforça os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), promovendo uma assistência mais equitativa e eficaz.

3 METODOLOGIA

Este artigo foi realizado por meio de uma revisão sistemática de literatura, com o objetivo de identificar e analisar as principais produções científicas relacionadas à integração da enfermagem na urgência e emergência com a vigilância em saúde e os determinantes socioambientais associados. A pesquisa abrangeu publicações realizadas entre os anos de 2014 e 2024, garantindo a atualização e relevância dos dados analisados.

Os artigos e materiais foram coletados em bases de dados amplamente reconhecidas: SciELO, PubMed e Google Scholar. Foram utilizados descritores relacionados ao tema, como “vigilância em saúde”, “enfermagem em urgência e emergência” e “determinantes socioambientais”. Para garantir a qualidade das informações, os critérios de inclusão envolveram estudos redigidos em português e inglês, publicados no período especificado e disponíveis na íntegra.

A seleção dos artigos seguiu uma triagem rigorosa em etapas, começando pela leitura dos títulos e resumos para identificar a relevância ao tema central. Em seguida, foi realizada a leitura completa dos textos para verificar a adequação aos critérios de inclusão e a qualidade metodológica. Estudos duplicados, incompletos ou que não apresentassem dados relevantes foram excluídos.

A análise dos dados foi feita com base nos objetivos do estudo, destacando as principais contribuições teóricas e práticas sobre a articulação entre a enfermagem e a vigilância em saúde, bem como os impactos dos determinantes socioambientais na urgência e emergência. As informações extraídas dos artigos foram organizadas em categorias temáticas, facilitando a interpretação dos resultados.

Por fim, a revisão possibilitou uma síntese detalhada dos achados mais relevantes, oferecendo subsídios para a discussão sobre os desafios e estratégias de integração entre os campos abordados. Esta metodologia permitiu estabelecer um panorama atualizado e fundamentado, alinhado aos objetivos propostos pela pesquisa.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

 Após o processo de busca, seleção, leitura de resumos e textos completos, foram identificadas e selecionadas seis publicações relevantes, que serão apresentadas a seguir.

Quadro 1 – Artigos selecionados para a revisão.

TÍTULOAUTOR/ANOOBJETIVOMETODOLOGIACONCLUSÕES
A organização e a prática da Vigilância em Saúde em municípios de pequeno porteRecktenwaldt; Junges (2017)Discutir as consequências dessa sobreposição de responsabilidades sobre o desempenho do papel da vigilância em saúde em quatro pequenos municípios da região do Vale do Rio Caí (RS).Pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso.Esses resultados permitiram discutir criticamente o papel da vigilância para alcançar a integralidade das práticas; os modelos de gestão e de atenção à saúde definidores das prioridades dos serviços de saúde; e a pertinência do processo de descentralização e delegação de tarefas da vigilância para a responsabilidade de municípios de pequeno porte.
Atuação da enfermagem em urgência e emergênciaDos Santos Silva et al. (2019)Abordar a atuação da enfermagem em unidades de urgências e emergências e a importância da capacitação destes profissionais para um bom desenvol- vimento do trabalho e obtenção de bons resultados no atendimento aos pacientes.Revisão bibliográfica.É de suma importância que o profissional atuante na área do setor de urgência e emergência se qualifique e ainda que este setor se torne cada vez mais humanizado e com maior qualidade, pois os ambientes laborais impõe um esforço fora do comum destes profissionais.
Humanização nos serviços de urgência e emergência: contribuições para o cuidado de enfermagemSousa et al. (2019)Analisar as evidências das pesquisas desenvolvidas sobre a humanização no atendimento de urgência e emergência, tendo em vista suas contribuições para o cuidado de enfermagem.Revisão integrativa.O Acolhimento com Classificação de Risco foi evidenciado como principal dispo- sitivo para a efetiva operacionalização da Política Nacional de Humanização e existem barreiras para sua efetivação relacionadas à organização das redes de atenção à saúde, problemas estruturais e ao trabalho multiprofissional.
A enfermagem na urgência e emergência: entre o prazer e o sofrimentoKolhs et al. (2017)Verificar quais os fatores que levam prazer e sofrimento aos profissionais da enfermagem que atuam em um setor de urgência e emergência hospitalar, e estratégias defensivas.  Estudo qualitativo, descritivo, estudo de caso.Mudanças de condutas podem permitir uma melhor forma de lidar e transformar os fatores geradores de sofrimento e potencializar os sentimentos de prazer.
Acolhimento com classificação de risco nos serviços de urgência e emergência: aplicabilidade na enfermagemWeykamp et al. (2015)Identificar o conhecimento de enfermeiros acerca da implementação da proposta de Acolhimento com Classificação de Risco, num serviço de urgência e emergência.Estudo de abordagem qualitativa do tipo descritivo, exploratório.Foi possível compreender a realidade vivenciada pelos entrevistados acerca da temática e constatar que, apesar das dificuldades, eles consideram que a proposta contribui para a reorganização do fluxo de atendimento da demanda de usuários.
Processo de enfermagem em unidades de atendimento de urgência e emergência: uma revisão integrativaCosta et al. (2017)Realizar um levantamento acerca do que a literatura traz sobre o Processo de Enfermagem em Unidades de Urgência e emergência, descrevendo as principais dificuldades de implementação deste processo.Revisão integrativa.O enfermeiro, como responsável pela equipe de enfermagem e detentor de conhecimento clínico, deve ser o responsável pelo fluxo de atendimento dos usuários de acordo com acolhimento e classificação de risco e com um foco voltado também para segurança dos pacientes.
Humanização da assistência de enfermagem em unidade de urgência e emergênciaDe Almeida Rocha et al. (2015)Analisar na literatura científica as produções sobre humanização da assistência de enfermagem em unidade de urgência e emergência.Revisão integrativa.Conclui-se que a assistência humanizada contribui para a garantia do direito à saúde integral ao paciente, além de humanizar também o trabalho do enfermeiro (a).

Fonte: Autores, 2025.

 Recktenwaldte e Junges (2017) apontam que a vigilância em saúde nos pequenos municípios apresenta sobreposição de atribuições, atribuída à falta de recursos financeiros decorrente do processo de descentralização. Essa situação é vista como desvalorização da vigilância, comprometendo seu desempenho adequado. Quando a vigilância não se alinha ao princípio da integralidade do SUS, perde seu potencial transformador. As dificuldades estão relacionadas aos modelos de gestão e atenção à saúde, que influenciam diretamente a distribuição de recursos, definição de prioridades e práticas das equipes.

Dos Santos Silva et al. (2019) destacam a importância da capacitação contínua para enfermeiros no setor de urgência e emergência, visando um atendimento mais humanizado e eficiente. As instituições devem garantir condições adequadas para o bom desempenho das equipes. A Educação Permanente é essencial para o desenvolvimento profissional, promovendo a integração entre teoria e prática, o que prepara os enfermeiros para os desafios dessa área. A capacitação prática permite uma compreensão mais profunda das demandas diárias, favorecendo o aprimoramento da profissão.

Os artigos analisados por Sousa et al. (2019) destacam a importância da humanização na assistência à saúde. O ACR é o dispositivo mais utilizado pela PNH, apresentando bons resultados, mas enfrenta barreiras como a falta de recursos, problemas no trabalho multiprofissional e o mau funcionamento das redes de saúde, o que sobrecarrega as unidades de emergência.

Na urgência e emergência, o enfermeiro pode ser protagonista na implementação da PNH, gerenciando casos e integrando a rede de atenção, o que qualifica o cuidado de enfermagem. A revisão mostra a importância da qualificação do atendimento nestes setores, contribuindo para a melhoria do cuidado e da assistência à saúde (Sousa et al., 2019).

A qualidade da experiência e a satisfação dos pacientes são indicadores-chave de humanização e devem ser considerados nas práticas de atendimento. A humanização precisa ser abordada nos cursos de formação em enfermagem, pois permite um papel estratégico do enfermeiro nas equipes e no cuidado aos pacientes. O estudo pode ser ampliado ao incluir a satisfação dos usuários e comparações com pesquisas internacionais sobre a PNH (Sousa et al., 2019).

Kolhs et al. (2017) apontam a importante relação da identificação dos fatores que geram prazer e sofrimento, bem como as estratégias de defesa, pode promover mudanças significativas, desde que soluções sejam desenvolvidas para minimizar seus efeitos. Isso pode tornar o ambiente de trabalho da equipe de enfermagem mais produtivo e menos desgastante, valorizando o trabalhador tanto no aspecto humano quanto profissional, e promovendo uma visão integral da saúde do trabalhador.

O estudo incentivou discussões sobre a saúde do trabalhador na enfermagem, identificando situações geradoras de sofrimento e estimulando reflexões sobre como o trabalho é estruturado e coordenado no setor. Ao dar voz ao trabalhador, é possível tornar o ambiente de trabalho mais saudável, o que não só beneficia os profissionais, mas também melhora a qualidade da assistência prestada aos pacientes (Kolhs et al., 2017).

Weykamp et al. (2015) analisou a percepção dos enfermeiros sobre o acolhimento com classificação de risco em serviços de urgência e emergência. Apesar das dificuldades enfrentadas, como falhas na rede de serviços, os enfermeiros reconhecem que a proposta contribui para a reorganização do fluxo de atendimento.

A falta de diálogo entre gestores e profissionais prejudica a compreensão completa da proposta. Para que o acolhimento seja eficaz, é essencial a qualificação de todos os envolvidos, incluindo a comunidade, e a divulgação na mídia para garantir a participação de todos. Este estudo pode melhorar o gerenciamento do atendimento, otimizar o fluxo de trabalho e aumentar a satisfação dos profissionais e usuários. Contudo, foi realizado em um único serviço, e mais pesquisas são necessárias para ampliar a compreensão e a qualidade da assistência oferecida (Weykamp et al., 2015).

O estudo realizado por Costa et al. (2017) abordou a análise do Processo de Enfermagem em unidades de urgência e emergência, destacando a importância dos profissionais de enfermagem, especialmente os enfermeiros, na gestão do atendimento. O enfermeiro é responsável pelo fluxo de atendimento, baseado no acolhimento e na classificação de risco, com ênfase na segurança do paciente.

O estudo identificou pontos críticos, como a necessidade de protocolos específicos, efetivação do acolhimento com classificação de risco, e a garantia de atendimento seguro, visando evitar iatrogenias. Além disso, sugere uma reorganização do sistema de atendimento de urgências e emergências, priorizando casos graves (Costa et al., 2017).

Uma reorganização do processo de trabalho e o cumprimento de protocolos podem reduzir o risco de mortalidade e aumentar a expectativa de vida, ressaltando a relevância desta pesquisa para a saúde pública. Conclui-se com a necessidade de mais estudos para melhorar a evidência científica e a atuação profissional nesse contexto (Costa et al., 2017).

De Almeida Rocha et al. (2015) aprofundaram o tema da humanização na assistência de enfermagem em unidades de urgência e emergência, destacando a importância da formação humanizada e da interdisciplinaridade como estratégias-chave. Também evidenciou o papel da classificação de risco como ferramenta essencial nesses serviços.

Os resultados indicaram que o trabalho dos enfermeiros em hospitais de urgência e emergência é altamente estressante, devido à falta de espaço físico adequado e à insuficiência de profissionais qualificados. Além disso, os estudos destacaram a necessidade de estratégias que promovam a humanização tanto para os pacientes quanto para os profissionais, reforçando o impacto positivo do trabalho interdisciplinar na integração das equipes e na oferta de uma assistência mais humanizada e integral (De Almeida Rocha et al., 2015).

A integração da enfermagem nas unidades de urgência e emergência com a vigilância em saúde enfrenta desafios significativos, especialmente em pequenos municípios, onde a descentralização de recursos financeiros leva à sobreposição de atribuições (Recktenwaldte; Junges, 2017). Essa situação compromete o desempenho da vigilância em saúde e dificulta a implementação de práticas alinhadas aos princípios do SUS, como a integralidade e a promoção da saúde coletiva. A reestruturação dos modelos de gestão e a definição de prioridades são essenciais para superar essas barreiras e fortalecer o papel da enfermagem nesse contexto.

O trabalho interdisciplinar é uma estratégia valiosa para integrar a enfermagem com a vigilância em saúde, melhorando o cuidado nos serviços de urgência e emergência. Sousa et al. (2019) destacam que a humanização do atendimento, aliada à interdisciplinaridade, favorece a integração das equipes e a oferta de uma assistência mais integral. A adoção de práticas colaborativas entre os profissionais da saúde pode também reduzir a sobrecarga de trabalho e criar um ambiente mais saudável para os trabalhadores.

Uma reorganização dos serviços de urgência e emergência, baseada na integração com a vigilância em saúde, deve incluir protocolos claros para o gerenciamento de fluxos e a priorização de casos graves (Costa et al., 2017). Além disso, é necessário investir em infraestrutura e em uma gestão eficiente que valorize a articulação entre os diferentes níveis de atenção à saúde. Essas ações podem reduzir os riscos de mortalidade e promover uma assistência mais segura e eficiente, beneficiando tanto os pacientes quanto os profissionais.

A integração entre a vigilância em saúde e os serviços de urgência e emergência depende de uma abordagem que valorize a gestão eficiente, a interdisciplinaridade e a formação contínua dos profissionais. A superação das dificuldades geradas pela descentralização de recursos, especialmente em pequenos municípios, exige planejamento estratégico, reestruturação do processo de trabalho e investimento na qualificação das equipes. Tais medidas são fundamentais para alinhar as práticas de saúde aos princípios do SUS, garantindo a integralidade e a equidade no atendimento.

Além disso, a implementação de ações de humanização e a adoção de protocolos claros podem otimizar o fluxo de atendimento e fortalecer a segurança do paciente. Investir na formação e no bem-estar dos profissionais é essencial para minimizar os impactos do trabalho exaustivo e promover a satisfação das equipes e dos usuários. Assim, a articulação entre vigilância e assistência direta pode se tornar uma ferramenta transformadora para alcançar uma saúde pública mais efetiva e inclusiva.

5 CONCLUSÃO

 A integração da vigilância em saúde com os serviços de urgência e emergência apresenta desafios significativos, especialmente em pequenos municípios, onde a descentralização de recursos financeiros e a sobreposição de atribuições comprometem o desempenho das ações de saúde. Para superar essas limitações, é imprescindível investir em modelos de gestão que priorizem a organização dos fluxos de trabalho, a definição clara de responsabilidades e o fortalecimento das práticas interdisciplinares. 

Essas ações são fundamentais para garantir a integralidade e a equidade preconizadas pelo SUS, promovendo uma assistência mais qualificada e acessível. A humanização do atendimento emerge como um pilar central nesse processo, reforçando a importância de práticas que considerem tanto as necessidades dos pacientes quanto o bem-estar dos profissionais de saúde. 

A capacitação contínua e a valorização das equipes são elementos indispensáveis para promover a segurança do paciente e a eficiência nos serviços de saúde. Além disso, a adoção de protocolos claros e a implementação de estratégias colaborativas podem reduzir a sobrecarga de trabalho, melhorar a experiência dos usuários e fomentar um ambiente mais saudável para os trabalhadores.

Por fim, a reorganização dos serviços de saúde deve estar alinhada à necessidade de integração entre os diferentes níveis de atenção, garantindo uma rede eficiente e resolutiva. Essa abordagem exige o compromisso de gestores e profissionais de saúde em promover mudanças estruturais e operacionais que impactem positivamente na qualidade da assistência prestada. Assim, ao unir vigilância, assistência direta e humanização, é possível alcançar avanços significativos na saúde pública, beneficiando pacientes, trabalhadores e a sociedade como um todo.

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1Graduação em Enfermagem pela Universidade Estadual de Goiás – UEG (2011); Especialização em Saúde Pública com ênfase em Estratégia Saúde da Família e Docência pelo Instituto Sollus (2012); Especialização em Urgência e Emergência pela PUC Goiás (2016). Tecnologia em Gestão de Saúde Pública pelo Centro Universitário Anhanguera Pitágoras de Niterói (2024). Email: tha_sena_@hotmail.com.

2Graduado em Enfermagem pela Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG (2019); Especialista em Saúde Pública com ênfase em ESF – Estratégia Saúde da Família pela FAVENI (2021) e Mestrando em Saúde Pública pela Universidade Europeia do Atlântico (UNEATLANTICO). E-mail: enfbruno.cassiano@gmail.com.