A INSERÇÃO DO ENFERMEIRO EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7684730


Adriano Portugal de Oliveira1
Matheus Amorim Paulucio2
Leandro Ineth de Souza3
Helaine Santos de Miranda Dias4
Sheila Santos Torres5
Elidelson Macedo Farias6
Merivalda dos Santos Pinheiro7
Josiane Da Silva Bentes8
Gisele Viana Teixeira9
Joefferson Alves da Silva10
Matheus Rodrigues Moraes11


RESUMO

Introdução: O enfermeiro por muitos anos foi visto somente no contexto hospitalar, mas diante da realidade vivida mundialmente e da competência que o profissional de enfermagem tem, a inserção desse profissional tornou de extrema importância considerando a enfermagem transformador social, usando o ambiente escolar ou outros espaços como parte desse processo. Objetivo: Compreender o papel do enfermeiro frente a espaços de atuações não formais. Metodologia: Esta pesquisa foi realizada através de uma revisão bibliográfica integrativa de caráter qualitativo. Foram usados 5 artigos Resultados:

Conduzindo-se por meio dos Descritores em Ciência e Saúde (DeCS), o processo de seleção do estudo na base de dados resultou na identificação de 28 artigos publicados e inseridos na plataforma da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), na Scientific Electronic Library Online (SciELO) e na literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Apenas 05 foram selecionados para compor a analise devido à dificuldade de encontrar artigos relacionados ao tema. Considerações finais: Acreditamos que com a pesquisa realizada podemos observar o quanto o profissional enfermeiro pode atuar em outros espaços fora do âmbito hospitalar, uma nova visão de atuação do enfermeiro pode e deve ser vista por todos, a fim de mencionar os seus vários meios de atuação.

Palavras-chave: Atuação do enfermeiro; Espaço não formal; Inserção do enfermeiro.

ABSTRACT

Introduction: The nurse was seen for many years only in the hospital context, but given the reality experienced worldwide and the competence that the nursing professional has, the insertion of this professional has become extremely important considering social transformative nursing, using the school environment or others spaces as part of this process. Objective: To understand the role of nurses in non-formal spaces. Methodology: This research was carried out through an integrative literature review of a qualitative nature. 5 articles and a few more readings were used. Results: Conducting through the Descriptors in Science and Health (DeCS), the study selection process in the database resulted in the identification of 28 articles published and inserted in the Virtual Health Library (VHL) platform in the Scientific Electronic Library Online (SciELO) and in the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS). Only 05 were selected to compose the analysis due to the difficulty of finding articles related to the topic. Final considerations: We believe that with the research carried out, we can observe how the nurse professional can work in other spaces outside the hospital environment, a new view of the nurse’s work can and should be seen by everyone, in order to mention its various means of acting.

Keywords: Nurse performance; Non-formal space; Insertion of the nurse.

1. INTRODUÇÃO

1.1. TEMA ESTUDADO

De acordo com Costa et al., (2020), o enfermeiro por muitos anos foi visto somente no contexto hospitalar, mas diante da realidade vivida mundialmente e da competência que o profissional de enfermagem tem, a inserção desse profissional tornou de extrema importância considerando a enfermagem transformador social, usando o ambiente escolar ou outros espaços como parte desse processo.

Percebe-se que a promoção da saúde é dentre outros direitos um dos mais importantes processos que a sociedade precisa garantir a todo cidadão, tendo caráter abrangente, pois ocorre em todos os lugares em que um determinado serviço é oferecido ao ser recebido, forma e desenvolve quem o recebe. Por isso, entende-se que a promoção á saúde pode acontecer através das experiências vividas entre o profissional enfermeiro (a) e a sociedade, que perpassam por todas as classes sociais, a todos os lugares e a todo o momento, Malta et al., (2009).

Segundo a lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências, Cofen (2021).

“Art. 2o A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício” Cofen (2021).

“§ 1o O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de politicam econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”, Cofen (2021).

Nesse sentido, o processo de cuidados não fica restrito só ao contexto hospitalar ou ambulatorial, não se detém somente à saúde formal, mas também abrange uma série de âmbitos sociais, como: Organizações não Governamentais (ONG’s), igrejas, projetos sociais, entre outros lugares, os quais são considerados não formais.

Em consequência desse fator, o enfermeiro (a) que por sua vez, é um profissional da saúde, precisa estar compromissado também com essa questão social e cultural, demanda essa de pessoas que estão inseridas no espaço não formal, pois ele possui papel muito impor- antedesses contextos. A Organização Pan-Americana de Saúde (OPS; OMS, 1999) afirma que a participação é um processo social inerente à saúde e ao desenvolvimento.

A atenção básica resume se em ações de saúde, tanto quanto individualmente e coletivamente, onde dá ênfase a proteção à saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. O enfermeiro utiliza várias estratégias para realizar a prática educativa, mediante a organização de palestras, utilização de recursos audiovisuais, porém mesmo contando com recursos humanos e materiais para este fim, a garantia de efetividade dessa ação educativa, depende da criatividade de cada profissional em executá-la (GONGALVES; SOARES, 2010).

Então podemos perceber que o profissional de enfermagem está apto a desenvolver, ações educativas visando que a saúde é um direito social humano, que passou a ser objeto da Organização Mundial de Saúde (OMS) que goza e conceitua: “Saúde é o completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença” (OMS, 2009).

1.2.JUSTIFICATIVA

A presente proposta de projeto de pesquisa se justifica a partir da proximidade de um dos dois estudantes do curso Bacharelado em Enfermagem da Escola Superior da Amazônia, com as ações educativas de âmbito não formal no Grupo “GEMPAC: Grupo De Mulheres Prostitutas Do Estado Do Pará”.

No Grupo GEMPAC um dos pesquisadores que atua como voluntário estimulou o segundo em relação à temática, pois esse campo não formal também é um espaço para a atuação do enfermeiro. Um fator em comum entre os pesquisadores que instigou essa pesquisa foram às experiências vivenciadas na graduação com a disciplina políticas públicas que possibilitou aos pesquisadores a oportunidade de vivenciar experiências pedagógicas, sociais, culturais em outros tipos de ambiente não formal e compreender a importância da atuação do enfermeiro nesses espaços, o que os focou ainda mais nessa perspectiva.

Previamente, é necessário frisar a importância da promoção em saúde em espaços não formais, pois é através dela que o processo de saúde e doença é acessível em vários locais e ambientes, por meio do enfermeiro que proporciona essa extensão. Por isso, o enfermeiro precisa cada vez mais se dedicar a tais locais e se preparar para tratar dos mais diversos casos, pois, como bem acentua o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2001):

“Destaca-se também a atuação do enfermeiro, principalmente nas ações educativas e na promoção à saúde; além de fazer toda a super- visão do trabalho da equipe, também faz a capacitação dos agentes comunitários e dos técnicos de enfermagem, assumindo a responsa- bilidade da formação e do trabalho em equipe”.

ADAMY (2020), Apesar das responsabilidades administrativas serem múltiplas, no processo de prestar assistência de enfermagem ao indivíduo, família e outros grupos da comunidade, compete à enfermeira executar as atividades mais complexas e de maior responsabilidade e delegar ao pessoal auxiliar de enfermagem, as tarefas mais simples ou de mediana complexidade.

Por toda via, o tema é importante para a comunidade acadêmica e científica, pois se entende que desenvolver um trabalho no âmbito social, possibilita uma maior visibilidade a sua profissão, que precisam da transformação que a educação pode proporcionar, por meio do profissional enfermeiro.

1.3.PROBLEMÁTICA

Dentro da saúde pública o enfermeiro pode exercer diversas funções, como analisar os fatores de risco da população, desenvolver políticas para reduzir os problemas de saúde e garantir a provisão de serviços, Marques (2008).

Além da inserção no contexto formal, o enfermeiro está presente também no espaço não formal, que é essencial nos mais diversos locais que o hospital não abrange. O enfermeiro é um profissional primordial na atuação em vários espaços, tais como: praças, cárcere, indústria, empresa, ambientes que também podem proporcionar um processo mais abrangente de educação em saúde. Segundo SANTOS et al. (2008):

“Portanto, a atuação do enfermeiro possibilita melhoria da qualidade de vida da população, tornando-a responsável pela sua própria saúde. Tal profissional possui competências técnica e científica para ajudar na resolutividade dos problemas, criando vínculos com o indivíduo, família e comunidade”.

Contudo o processo de educação em saúde que caracteriza o cerne do contexto mais ambulatorial contribui para a transformação dos cuidados dos usuários, seja na atenção básica, nos hospitais, Unidades de Pronto Atendimentos, e outros meios de serviços de saúde, no qual se apropriam de valores como cuidados e bem estar, os quais são essenciais para o a recuperação do indivíduo. Para que esse processo ocorra, faz-se necessário que uma equipe de profissionais atue de forma com que venha a contribuir para o desempenho desses usuários, tendo o enfermeiro como um profissional essencial neste processo de cuidado, Oliveira (2021).

Diante disso, levantamos as seguintes questões norteadoras:

a) Qual o perfil do enfermeiro que atua no espaço não formal?

b) Quis as concepções que os enfermeiros possuem sobre o espaço de atuação não formal?

c) Quais as contribuições do enfermeiro sobre em espaços de atuação não formais?

2. OBJETIVOS

2.1.OBJETIVO GERAL

Compreender o papel do enfermeiro frente a espaços de atuações não formais.

2.2.OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar o perfil do enfermeiro que atua em espaços não formais; Analisar quais as atribuições do profissional enfermeiro em espaços de atuações não formais.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1. A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS

A competência dos enfermeiros no contexto da saúde pública está em resolver os problemas da população, além de proteger a saúde dos mesmos, visto a necessidade de cada área (SANTOS et al., 2008). Em outras palavras, o enfermeiro não se restringe a somente um espaço ou uma forma de cuidar, pois a educação em saúde está presente nos vários âmbitos da vida das pessoas.

As ações educativas devem contemplar atividades de assistência integral em todas as fases do ciclo de vida (criança, adolescente, mulher, adulto e idoso). Na educação em saúde, os profissionais devem utilizar sistematicamente conhecimentos, habilidades de ensino, metodologias ativas/participativas, privilegiando o diálogo, saberes formal e informal, atuando como facilitador, estimulando o desenvolvimento de capacidades individuais e coletivas visando à melhoria das condições de saúde das pessoas e grupos, e não somente a criação de grupos de doenças específicas, ARAUJO et al., (2018, p.650).

Segundo Witt (2005) estudos mostram que os profissionais de enfermagem vêm buscando aperfeiçoar-se em suas práticas, o grande equívoco de algumas pessoas é acharem que o enfermeiro fica restrito somente em um meio de atuação, mas vai muito, além disso, no decorrer de cinco anos de graduação os acadêmicos aprendem sobre os diferentes meios de atuação do enfermeiro, podendo atuar em diversos espaços não formais como ruas, ONGs, praças, indústrias e etc. Sua atuação é muito vasta, o que possibilita transitar em diferentes lugares.

Dessa forma, dentro desses outros espaços, que vão além de um hospital, o enfermeiro pode atuar em várias funções, entre elas: formador, educador, orientador, consultor educacional, etc.

Além dessas funções, podem desenvolver atividades não hospitalares em empresas públicas e privadas, no âmbito da cultura, da educação, da alimentação, da promoção social e desenvolver políticas para reduzir os problemas de saúde e garantir a provisão de serviços Marques (2008).

Diante do exposto, é necessário salientar que sua atuação nessas várias funções e espaços citados acima é realizadas de formas diferentes, pois a educação em saúde não se dá somente por uma via, mas ela pode ser dividida em educação formal, a qual é mais conhecida pela sociedade, praticada dentro de hospitais e cursos de treinamento, usando uma didática que tem como ambiente predominante a sala de aula; também existe a vertente da educação em saúde não formal, que se refere aquela praticada fora dos hospitais, porém com um teor intencional, preocupada com a realidade social, sendo realizada por organizações políticas, grupos sociais, entre outros, tal profissional possui competências técnica e científica para ajudar na resolutividade dos problemas, criando vínculos com o indivíduo, família e comunidade SANTOS et al. (2008).

A educação em saúde é uma prática que permeia o fazer de todos os enfermeiros, independentemente de sua área de atuação, pois os mesmos são considerados agentes de informações, e a educação de pacientes/usuários é considerada um dos principais componentes do cuidado dispensados pelos mesmos. Um dos aspectos norteadores do fazer do enfermeiro é ensinar ao ser mediador nas ações educativas (Bastable, 2010; Costa, 2012).

O enfermeiro precisa avaliar muito bem o local onde irá atuar, avaliar suas limitações, pois não pode começar um trabalho e não terminar. Ele precisa estar preparado para atuar em todas as situações, com qualquer pessoa, saber trabalhar com o material adequado e prático. Tudo dentro da sua limitação. Pedir ajuda a outros integrantes, se for o caso, é saber trabalhar em equipe. Para se desenvolver uma educação em saúde não formal é necessário um trabalho multidisciplinar que consiga compreender as várias vertentes que formam uma pessoa, pois é preciso primeiro alcançá-las para poder usá-las como aprendizado, Oliveira (2021).

Dessa forma, a educação em saúde se destaca como uma estratégia de sensibilização dos usuários através de ações que enfoquem os aspectos de liberdade, autoridade, autonomia e independência, promovendo o autocuidado, a identidade individual, a dignidade e a responsabilidade, bem como a solidariedade e a responsabilidade comunitária. Possui como objetivo levar o indivíduo a realizar suas possibilidades intrínsecas e, com isso, formar e desenvolver sua personalidade Brasil (2007).

3.2. A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO ENFERMEIRO

O papel da Instituição de Ensino Superior (IES) na formação de estudantes da área da saúde com uma visão crítica e reflexiva é essencial para a transformação da prática profissional nos diversos cenários do Sistema Único de Saúde (SUS), fazendo assim, que cada vez mais os futuros enfermeiros sejam melhores capacitados Tonhom et al. (2016).

Segundo Souza et al (2008), corroboramos com a ideia de que a instituição formadora deve considerar todas as nuances que levem à formação integral do profissional, colaborando na construção das competências individuais, de acordo com o perfil profissional desejado. No caso da enfermagem, as diretrizes curriculares definem que o enfermeiro deve ter uma formação generalista, humanística, crítica e reflexiva, devendo receber qualificação para o exercício profissional com base no rigor científico e intelectual, sendo pautado nos princípios éticos.

O enfermeiro deve ser o profissional que a todo o momento deve buscar uma atualização profissional, a fim de oferecer para seus usuários o que tem de mais recente na sua área. Segundo Alves (2005):

“Dessa forma, hoje é fundamental que o enfermeiro esteja capacita- do para a assistência integral e contínua dos usuários da unidade básica, identificando situações de risco e muito mais do que isso: que ele esteja preparado para desenvolver ações educativas em parceria com a comunidade, para a melhoria do autocuidado dos indivíduos”.

Dessa forma, o enfermeiro, em sua formação acadêmica, através de teorias educacionais para nortear as práticas hospitalares, tem a possibilidade de qualificação para diferentes tipos de atuação, podendo transitar em diversos espaços. Este profissional pode atuar como docente, como orientador educacional, como supervisor, conduzindo, assim, a elaboração, a execução e a avaliação de projetos institucionais e propostas multidisciplinares, além de ser especialista e mediador de rotinas institucionais, Oliveira (2021).

O Conselho Federal de Enfermagem, por meio da Resolução no 358 de 2009, discorre sobre a SAE que tem o objetivo de organizar o cuidado a partir da adoção de um método sistemático, que orienta o cuidado de enfermagem e a documentação da prática profissional, fortalecendo a visibilidade e o reconhecimento da categoria profissional. Como afirma Tonhom et al. (2016):

“Nesse sentido, os estudantes se reconhecem mais próximos da sua prática profissional, acrescentando no seu desempenho essas aprendizagens bem como, no que se referem à classificação de NANDA Internacional. Entretanto, um aspecto importante é que tanto a SAE como este sistema de classificação utilizado para a realização do cuidado de enfermagem, apesar de auxiliarem a organização do serviço, podem promover um processo de automação do cuidado, sendo fundamental que o professor propicie espaço de escuta e reflexão sobre essa prática evitando que isto aconteça”.

Contudo, o fazer educação em saúde em espaços não formais contém dificuldades a serem superadas, as quais perpassam desde a visão limitada que se construiu sobre a imagem do enfermeiro, que ele tem apenas a função de atuar no âmbito hospitalar, até o desafio da complexidade do seu trabalho, já que o mesmo tem que lidar com as diferentes dimensões que podem ser tratadas por uma mesma pessoa ou em um mesmo ambiente para poder se chegar a um crescimento pessoal e um aprendizado social, logo é preciso que o profissional esteja preparado para se deparar com as mais diversas situações do cotidiano social, Oliveira (2021).

3.3. ENFERMEIRO E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE

Vários conceitos de Educação em Saúde são estabelecidos para o profissional enfermeiro, até mesmo dentro da academia, porém o homem compreende o conceito de educação em saúde de diferentes formas, pelo fato de percorrer em uma vasta área de conhecimento. Contudo, o significado desse conceito está ancorado na promoção de saúde, conscientização individual e coletiva das responsabilidades de cada ser humano sobre a mesma, fortalecendo a confiança em si mesmo. (SANTOS; CAETANO; MOREIRA, 2008).

“A educação em saúde é um campo multifacetado, para o qual convergem diversas concepções, das áreas tanto da educação, quanto da saúde, as quais espelham diferentes compreensões do mundo, demarcadas por distintas posições político filosóficas sobre o homem e a sociedade. (SCHALL; STRU- CHINER, 2009, p.1)”.

De acordo com Souza; Jacobina (2009), o principal objetivo da educação em saúde não era só de informação, mas de transformação de pensamentos e ideias visando à autonomia, individual dos indivíduos no cuidado com saúde mantendo a estratégia utilizada por esse modelo, que visa a promover, manter, e recuperar a saúde.

“A política de promoção da saúde combina diversas abordagens complementares, que incluem legislação, medidas fiscais, taxações e mudanças organizacionais. É uma ação coordenada que aponta para a equidade em saúde, distribuição mais equitativa da renda e políticas sociais. As ações conjuntas contribuem para assegurar bens e serviços mais seguros e saudáveis, serviços públicos saudáveis e ambientes mais limpos e desfrutáveis. A política de promoção da saúde requer a identificação e a remoção de obstáculos para a adoção de políticas públicas saudáveis nos setores que não estão diretamente ligados à saúde. O objetivo maior deve ser indicar aos dirigentes e políticos que as escolhas saudáveis são as mais fáceis de realizar (OTTAWA, 1986)”.

O Ministério da Saúde aprovou a I Portaria M/MS no 1.996, de 20 de agosto de 2007, que trata da implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. (BRASIL, 2009). De acordo com Brasil (2009, p.7): A Educação Permanente é o conceito pedagógico, no setor da saúde, para efetuar relações orgânicas entre ensino e as ações e serviços, e entre docência e atenção à saúde, sendo ampliado, na Reforma Sanitária Brasileira, para as relações entre formação e gestão setorial, desenvolvimento institucional e controle social em saúde. Nessa perspectiva, a educação em saúde tem como proposta atuar produzindo novos processos de ensino, seu alvo principal é trabalhar com o coletivo, de modo que desperte a consciência de se olhar para o outro, e faça dele o seu principal objetivo (BRASIL, 2004).

Dito isso, hoje é fundamental que o profissional enfermeiro esteja capacitado para a assistência integral e contínua dos usuários, identificando situações de risco e muito mais do que isso, que ele esteja preparado para desenvolver ações educativas em parceria com a comunidade, para a melhoria do autocuidado dos indivíduos (ALVES, 2005).

Igualmente, podemos ressaltar que o enfermeiro usa a educação em saúde a todo o momento, sendo o ensino peça chave dentro de uma boa assistência em enfermagem, pois através dele se modificam padrões de estilo de vida que predispõem pessoas aos riscos de saúde.

Sendo que é preciso que a educação em saúde e a comunicação entre profissional e usuário caminhem juntos, visto que constituem em um importante instrumento capaz de estimular, informar, interligar os indivíduos entre si, buscando alcançar o objetivo proposto sem prescrições imperativas.

4. METODOLOGIA

4.1.TIPO DE ESTUDO

Esta pesquisa foi realizada através de Revisão Integrativa da Literatura (RIL), de caráter qualitativo. Em “pesquisas avançadas, onde exige-se certo ineditismo e originalidade na contribuição, a revisão bibliográfica desempenha um papel preponderante” (CONFORTO;AMARAL; SILVA, 2011, p. 1).

A pesquisa contou com 6 etapas até chegar na realização final do estudo, que será mostrado em um esquema abaixo, produzido pelos autores:

Fonte: Elaborado pelos autores 2021.

A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização. O pesquisador qualitativo pauta seus estudos na interpretação do mundo real, preocupando-se com o caráter hermenêutico na tarefa de pesquisar sobre a experiência vivida dos seres humanos, (OLIVEIRA, 2015).

Minayo (2017) discorre que a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

4.2. FONTES DE INFORMAÇÃO E COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi feita em meio eletrônico através de consulta a publicações sobre o tema proposto. Inicialmente os artigos foram selecionados por meio da leitura crítica dos títulos e resumos. Foram encontrados 25 artigos ao decorrer da pesquisa, porém foram excluídos uma cerca de 20 artigos por não se enquadrarem no assunto de forma mais especifica, ou por não fazerem parte dos objetivos. Após essa etapa, uma segunda seleção foi feita a partir da leitura crítica dos artigos na íntegra.

Para o levantamento dos artigos na literatura, realizou-se uma busca nas seguintes bases de dados: Lite ratura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (Medline). Para a seleção dos artigos usou-se as palavras chaves: “Espaço não formal”; “Inserção do Enfermeiro”; “Atuação do enfermeiro”.

4.3.ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos estudos selecionados foi feita pelo método de Bardin, inicialmente os estudos foram selecionados a partir dos títulos, e em seguida realizamos uma leitura flutuante de todo o material o que permite um conjunto das informações e sua associação como objeto pesquisado.

Em seguida, foi realizada uma leitura exaustiva de todo o material, sendo realizada na segunda leitura a sublinha de informações referentes aos conhecimentos necessários para responder ao problema de estudo.

Nessa perspectiva, e mediante reconhecimento, seleção e ordenação das informações dos documentos foram feitas leituras interpretativas, consideradas mais complexas, tendo em vista que as mesmas viabilizaram o entendimento e a compreensão em relação ao que o autor afirmava com o problema para o qual se almejava resposta, que auxiliou na discussão deste trabalho.

4.4 CRITÉRIO DE INCLUSÃO

Foram utilizados como critérios de inclusão pesquisas artigos de publicação, monografias, teses, estabelecido entre um período de 2008 a 2021 para que haja uma abordagem do tema atualizada, nos proporcionando a inclusão dos mesmos. Uma vez que teve uma certa dificuldade em achar estudos sobre o tema.

4.5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Foram excluídos artigos que não priorizem a temática, que não possuam informações procedentes com os descritores, os que não apresentarem as características do referido estudo, artigos eletronicamente repetidos, trabalhos de reflexão, nota prévia e artigos pagos.

4.6. RISCOS E BENEFÍCIOS

4.6.1. RISCO DA PESQUISA

O risco é mínimo a possibilidade de danos à dimensão física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual do ser humano, em qualquer pesquisa e dela decorrente.

Não ocorrerá contato direto com pessoas. Somado a isso, os riscos são representados por uma possibilidade de troca de informações a seus respectivos autores, podendo haver uma errônea interpretação ou uma má colocação de uma frase ou oração específica.

4.6.2. BENEFÍCIOS DA PESQUISA

Os benefícios dessa pesquisa são de disponibilizar informações e conhecimento para a sociedade, profissionais e acadêmicos da área da saúde, principalmente da enfermagem, sobre a inserção do enfermeiro em espaços não formais.

4.7 ASPECTOS ÉTICOS

O estudo respeitará as diretrizes e critérios estabelecidos na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), mesmo sendo de revisão, os preceitos éticos estabelecidos no que se refere a zelar pela legitimidade das informações, privacidade e sigilo das informações, quando necessárias, tornando os resultados desta pesquisa públicos, serão considerados em todo o processo de construção do trabalho.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Conduzindo-se por meio do processo de seleção do estudo na base de dados resultou na identificação de 28 artigos publicados e inseridos na plataforma da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), na Scientific Electronic Library Online (SciELO) e na literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Apenas 05 foram selecionados para compor a analise devido à dificuldade de encontrar artigos relacionados ao tema.

Quadro 1 – Artigos selecionados

Nome do artigoAno de publicaçãoAutoresRevistaObjetivoResultados
A INSERÇÃO DO ENFERMEIR O NO CENTRO DE APOIO PSICOSSOCI AL (CAPS): REFLETIND O SOBRE A PRÁTICA PROFISSIONAL2008ADRIANO RODRIGUES DE SOUZA1 ANA ROBERTA VILAROUCA DA SILVA2 CAMILLA PONTES BEZERRA3 VIOLANTE AUGUSTA BATISTA BRAGARENE  Estudo reflexivo que objetivou analisar a prática do enfermeiro do CAPS, buscando-se um paralelo entre as experiências já relatadas e presentes na literatura e os preceitos da Reforma Psiquiátrica. PConsideramos, ainda, que muito tem a ser feito e transformado na prática em saúde mental, exigindo o engajamento dos vários segmentos sociais na construção de uma rede de atenção que atenda a nova ordem de preceitos e de demandas emocionais.  
A formação do enfermeiro em pesquisa na graduação: percepções docentes2017Moraes A, Guariente MHDM, Garanhani ML, Carvalho BG.Rev Bras EnfermAnalisar como a abordagem do tema “investigação científica” pode contribuir para o desenvolvimento da competência científica do estudante de Enfermagem.A análise dos dados constituiu três categorias: “A pesquisa como tema estruturante e princípio científico na formação do estudante”; “A pesquisa como seiva e princípio educativo no currículo integrado”; “A pesquisa como princípio científico e educativo nas atividades extracurriculares”.
Educação em enfermagem: desafios e perspectivas em tempos da pandemia COVID-19                           2020Lira ALBC, Adamy EK, Teixeira E, Silva FV.                                   Rev  Bras Enferm. Discutir sobre os desafios e perspectivas da educação em enfermagem em tempos da pandemia COVID- 19. M.  Identificam-se quatro seções, a saber: Educação em enfermagem: atualidades e perspectivas; Educação e tecnologias em tempo de pandemia: aceleração, alteração e paralisação; Diferença entre ensino remoto emergencial, intencional e ensino a distância; O retorno à “nova normalidade”: novos eixos estruturantes e normativas legais. C.  
PROMOÇÃO DA SAÚDE NO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA E A INSERÇÃO DA ENFERMAGEM2014Kenia Lara Silva; Roseni Rosângela de Sena; Elen Cristiane; Gandra; Juliana Alves Viana Matos; Kelciane Rodrigues Andrade CouraRev Min EnfermO presente trabalho analisa o Programa Saúde na Escola (PSE) em um município do estado de Minas Gerais, identificando sua organização, a atuação dos profissionais de enfermagem e sua inserção no campo da promoção da saúde.Foi possível analisar uma polaridade entre os assistentes de educação – um “novo profissional” que integra a escola, comunidade e equipe de saúde – e os enfermeiros que compõem as equipes. Destaca-se o papel dos enfermeiros nas ações educativas em saúde com grande potencial de responder às condições de saúde escolar
A IMPLEMENT AÇÃO DA ENFERMAG EM NAS REDES    DE EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL                                                              2021                      JANYARLA LAYLA FERNANDES DA SILVA                          CENTRO UNIVERSITÁRI O DE GOIÁS UNI-GOIÁSO objetivo desse trabalho por meio de uma revisão bibliográfica é demonstrar o quando o profissional de enfermagem pode contribuir com a educação em saúde, trazendo para a comunidade escolar, vantagens, e benefícios, utilizando programas do (MS) leis e decretos a favor de sua autonomia como profissional da área da saúde.Causando impacto na vida das crianças e adolescentes, criando uma política de conscientização na vida escolar, e pessoal dos futuros cidadãos implementando o profissional de enfermagem como orientador, na educação básica no Brasil.

Analisando o cenário em que está sendo vivenciando pela covid-19 nos últimos tempos, percebe-se a extrema importância do enfermeiro em espaços de atuações não formais, bem como, com a finalidade de desenvolver ações educativas e que abrangem os vários grupos da sociedade. O enfermeiro pode desenvolver ações, como primeiros socorros, práticas de higienização, técnica lavagem das mãos, palestras que envolvam temas de prevenção de IST e gravidez na adolescência, orientação sexual, conscientização da importância das vacinas, prevenção uso de álcool e drogas focado no autocuidado.

“As ações educativas devem contemplar atividades de assistência integral em todas as fases do ciclo de vida (criança, adolescente, mulher, adultos e idoso). Na educação em saúde, os profissionais devem utilizar sistematicamente conhecimentos, habilidades de ensino, metodologias ativas/participativas, privilegiando o diálogo, saberes formal e informal, atuando como facilitador, estimulando o desenvolvimento de capacidades individuais e coletivas visando à melhoria das condições de saúde das pessoas e grupos, e não somente a criação de grupos de doenças específicas (ARAUJO et al.,2018, p.650) “.

Podemos descrever alguns benefícios de ter um enfermeiro, com posto de triagem na escola, dentre eles se alguma criança, ou adolescente apresentar sinais e sintomas que pode ser prejudicial à comunidade, ou para si próprio. O enfermeiro com seu saber e autonomia, de identificar doenças associadas a sinais e sintomas, patologias, 13 descrito pelos profissionais que trabalham nas escolas, podendo encaminhar esse indivíduo e acionar a família para que possa acompanhar esse caso clínico e encaminhando para a UBS (GALVÃO, 2018). Ou seja, dessa forma podemos perceber a importância de ter um profissional enfermeiro atuando em espaço não formais, sendo o principal facilitador nesse processo de ensino e aprendizagem, e no processo de educação em saúde.

Segundo Brasil (2009), reafirma-se que ações promotoras de saúde requerem o envolvimento de diferentes profissionais, entre eles os enfermeiros, que compartilham ações comuns com todos os profissionais da atenção básica, tais como: conhecer e lidar com os fatores de risco e vulnerabilidades que afetam sua comunidade escolar adstrita, promovendo e protegendo a saúde, com o propósito de impactar de maneira positiva a qualidade de vida, as condições de aprendizado e, consequentemente, a construção da cidadania.

Diante dos artigos analisados, percebe-se que muito se fala sobre a atuação e contribuição do profissional enfermeiro em diversos campos de atuação não formal, e percebe-se mais ainda a importância que esse profissional possui sobre essa massa que é contemplada com esses atendimentos. Os artigos abordam informações sobre como esse trabalho do enfermeiro é desenvolvido dentro do contexto que é fora da área hospitalar, ambulatorial ou algo relacionado a saúde. Um espaço completamente diferente, com pessoas com vivencias diferentes e um fardo imenso de experiências. Abordam também sobre a inserção do enfermeiro em outros espaços, bem como pontuam sua função em espaços escolares, e o desenvolvimento profissional nesses campos. Como afirma Backes (2012):

“Tem-se observado a emergência de diversos programas no âmbito da saúde nos quais a enfermagem exerce papel protagonista na tomada de decisões e na promoção e proteção da saúde da população, bem como acompanhamento das atividades de educação em saúde que são preponderantemente conduzidas por enfermeiros”.

A análise dos dados indica que a escolha pelos enfermeiros parece ser muito mais pela sua capacidade de se adaptar a diferentes cenários de prática e pela sua atuação ampliada nas ações de promoção, proteção, tratamento e recuperação da saúde. Ademais, a inserção do enfermeiro no cenário escolar com atividades educativas e assistenciais contribui para o fortalecimento da relação entre a saúde e o espaço não formal, tão necessária para o enfrentamento das situações que afetam crianças e adolescentes nesses cenários, Silva et al (2014). Esses dados demonstram que cada vez mais os enfermeiros estão ocupando outros espaços no mercado de trabalho, espaços que antes não eram ocupados por esses profissionais, devido à falta de entendimento sobre sua atuação, ou falta de formação profissional.

Sob essa perspectiva, predomina uma concepção higienista de promoção da saúde ao lado de outra que se foca nos hábitos e estilos de vida considerados saudáveis. Ambas as correntes são importantes para a ampliação da qualidade de vida das pessoas, contudo, apresenta-se limitadas para transformar os determinantes sociais, Silva (2010).

5.1. ESPAÇOS NÃO FORMAIS E A ASSISTÊNCIA À SAÚDE

De acordo com Casarim (2011), os campos de ação da promoção da saúde estão atrelados ao desenvolvimento de atitudes e habilidades pessoais que favoreçam a saúde. Dessa forma, é imprescindível a divulgação de informações sobre a educação para a saúde em todos os ambientes da sociedade uma vez que essas ações podem ser concretizadas em diversos espaços e instituições sociais.

Desse modo, percebe-se a importância de compreender o papel do enfermeiro em espaços de atuação não formal, pois se percebe que esses profissionais são de extrema importância em um cenário social, no qual atinge tipos de públicos diferentes. Como afrima Ameida (2011):

“Nesse sentido, faz-se necessário desenvolver ações voltadas à promoção da educação direcionada às crianças e aos adolescentes, visto que é na fase da adolescência que ocorrem as principais mudanças físicas e psicológicas, sendo, portanto, um período de profunda aprendizagem e amadurecimento”.

Existe referência à educação para a saúde em escolas, já que esse é um amplo espaço de convívio social, favorecendo as relações interpessoais, além de ser um ambiente onde as crianças e os adolescentes passam maior parte de sua vida. Entretanto, existem outras instituições que ainda necessitam do olhar da sociedade e são pouco investigadas nas pesquisas. Assim como nas escolas, crianças e adolescentes permanecem grande parte de seu tempo nos lares de adoção, Guimarães (2014).

Nesse mesmo intuito, o presente estudo avaliou o papel do enfermeiro em espaços não formais uma vez que, esses profissionais apresentaram um bom nível de conhecimento sobre o tema. Cabe enfatizar que as condições que esse profissional enfrenta, em sua maioria, as impede de praticarem exercícios de atuação continua, bem como ter informações teóricas e práticas de como se trabalha e nesses espaços.

Do mesmo modo, na análise dos dados da presente pesquisa, foi possível observar que os enfermeiros devem ocupar cada vez mais esses espaços, tendo como ponto positivo de conhecimento sobre os principais cuidados de higiene, saúde e bem estar, bem como demonstraram envolvimento na atividade relacionada a atenção a saúde. Dessa forma, é possível reafirmar que, para obter mudanças na forma de agir e atuar, é preciso ultrapassar os limites da simples comunicação da informação e avançar para a efetiva participação e envolvimento criativo nesses espaços não formais.

Segundo Montenegro (2010), a construção do modo de ser do enfermeiro envolve atitudes e posicionamentos perante a realidade que exige uma gestão de si: o enfermeiro realiza um vasto leque de atividades na atenção primária. Além das questões objetivas, observa-se seu envolvimento com as subjetividades que abarcam o trabalho em saúde. Assim, ele precisa exercitar uma gestão de si, uma gestão que envolve escolhas, valores e tomadas de decisão. Ao refletir sobre o próprio processo de trabalho o enfermeiro tem condições de filtrar as demandas que lhe competem exclusivamente e aquelas que podem ser compartilhadas com os demais profissionais.

Dessa forma, fica evidenciada a importância do enfermeiro em espaços ditos como não formais, e mais ainda, cabe a eles compreenderem o seu papel no mesmo. Uma vez que seus campos de atuações são amplos, no qual devem oferecer serviço de assistência à saúde, sendo abrangente com seu público e suas demandas.

Percebe-se também, que cada vez mais esses espaços vêm crescendo dentro do cenário mundial, e requer direcionamento desse profissional nesses campos, a fim de oferecer um serviço maior e mais prático a essas pessoas qiue fazem uso desse outro meio de atuação da enfermagem.

5.2. PERFIL DE TRABALHO E AS PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES DOS ENFERMEIROS EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS

Segundo Soares (2011) as transformações que ocorrem no mundo moderno vêm exigindo dos serviços de saúde constante atualização de suas práticas, requerendo dos profissionais um perfil de trabalhador diferenciado, para que se adéquem às novas tecnologias e ao trabalho mais compartilhado. Neste cenário, o enfermeiro constitui parte fundamental e, dessa forma, precisa preocupar-se com o seu autodesenvolvimento, adquirindo novas habilidades e conhecimentos visando uma assistência de qualidade.

Dessa forma, cabe ao profissional enfermeiro estar sempre em busca de novas práticas e atualizações, a fim de sempre ter práticas atualizadas de como atuar em diferentes campos.

Tendo sempre um perfil ativo, desenrolado e com técnicas que possam vir a contribuir de forma significativa com seu público de atuação.

Camelo et. al (2013), diz que a identificação do perfil do enfermeiro requer o reconhecimento de que, toda pessoa tem direito à adequada assistência de enfermagem, que o atendimento de enfermagem ao paciente crítico deve ser considerado na sua totalidade e em constante interação com o meio ambiente, que o enfermeiro atua exercendo atividades de assistência, administração, ensino e pesquisa, exigindo sua constante atualização e, muitas vezes, especialização.

Além da possibilidade de formação durante a graduação, o enfermeiro deve se conscientizar de que necessita rever e atualizar os seus conhecimentos a fim de acompanhar as constantes mudanças e exigências do mercado de trabalho neste setor, Camelo et. al (2013).

“Um programa de preparação, treinamento de recursos humanos em saúde deve ser um investimento a ser realizado pelas escolas formadoras, bem como, pelos gestores das instituições de saúde, como um importante instrumento para desenvolver profissionais diante das transformações ocorridas neste cenário de trabalho”.

Portanto, o perfil desse enfermeiro que atua em espaços não formais, deve ser baseado em estar atento a mudanças que o mercado de trabalho está necessitando, nesse caso, esse profissional, como já citado, deve sim buscar estratégias de como atuar nesses espaços, usando aquilo que cada lugar oferece, utilizando suas especificidades e características próprias, sabendo que cada pessoa que vai utilizar esse serviço trás consegue sua própria história e um fardo imenso de contexto significativos.

As informações retiradas e analisadas dos artigos selecionados relatam que cada vez mais os enfermeiros estão e devem ocupar esses espaços não formais de atuação, sendo eles escolas, centos comunitários, creches e etc. Tampouco revelam ações desenvolvidas nas unidades de saúde. Essa situação leva a várias reflexões sobre as ações educativas serem pontuais e esporádicas, ocorrendo por vezes meramente para cumprir uma tarefa ou uma demanda da escola ou de outro espaço não formal.

Partindo dessas informações, entende-se que a formação da graduação em enfermagem não é suficiente para que o indivíduo desempenhe o papel de educador. Rodrigues & Sobrinho (2007) entendem “que a formação profissional centrada nos aspectos da assistência ao paciente nem sempre possibilita conhecer com mais propriedade as especificidades do trabalho pedagógico”. Dessa forma, se faz necessário que as atribuições do enfermeiro em espaços não formais sejam cada vez mais extensas dentro desse meio, e lista-se como um profissional que deve oferecer um serviço de qualidade, atencioso, proativo e apto a usar as experiências de cada pessoa como forma de ensino.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acreditamos que com a pesquisa realizada, podemos observar o quanto o profissional enfermeiro pode atuar em outros espaços fora do âmbito hospitalar, uma nova visão de atuação do enfermeiro pode e deve ser vista por todos, a fim de mencionar os seus vários meios de atuação.

Realizando várias ações para a sociedade, relacionado a educação e saúde, bem como nos espaços não formais, beneficiando várias pessoas de diferentes idades e diferentes classes sociais, diante disso e muito importante sempre continuamos buscando, e pesquisando sobre os temas que envolve essas temáticas.

Recomendar a precisão de ressignificar à promoção da saúde para além de uma aplicação técnica e normativa, aceitando-se que não basta conhecer o funcionamento das doenças e encontrar mecanismos para seu controle. Assim, espera- -se o fortalecimento da saúde dos espaços não formais por meio da construção de capacidade de escolhas saudáveis.

O cuidado de enfermagem é importante e imperioso. Assim, a concepção de profissionais para cuidar de vidas humanas requer noções, agilidades e jeitos na integração ensino serviço comunidade e no trabalho interprofissional.

Portanto, o movimento de mais cursos de graduação em Enfermagem em torno do desenvolvimento da competência científica, como uma realidade no país, poderá alavancar a formação do estudante, contribuindo para que este, como futuro enfermeiro, relacione a pesquisa a sua prática cotidiana profissional para a assistência qualificada em saúde, bem como possibilite a base científica para quem almeja o percurso acadêmico-científico.

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1Enfermeiro – Centro Universitário da Amazônia (UNIESAMAZ)
Adrianoportugal88@gmail.com

2Graduando em Enfermagem – Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia (FAM)
Teteupaulucio@hotmail.com

3Graduando em Enfermagem – Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia (FAM)
leandroinethdesouza@gmail.com

4Graduanda em Enfermagem
Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia (FAM)

5Graduanda em Enfermagem Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia (FAM)
sheilatorres933@gmail.com

6Graduando em Enfermagem Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia (FAM)
elidelsontorres1522@gmail.com

7Graduanda em Farmácia Faculdade de Educação e tecnologia da Amazônia( FAM)
pinheiromerivalda@gmail.com

8Graduanda em Enfermagem
Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia
josianesbentes81@gmail.com

9Graduanda em Enfermagem
Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia
giselevianateixera53@gmail.com

10Graduando em Enfermagem Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia
jhoefarma@gmail.com

11Graduando em Enfermagem
Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia- FAM
rodriguesmatheus04@Outlook.com