A INFLUÊNCIA DOS ESTEREÓTIPOS NA BUSCA POR ATENDIMENTO PSICOLÓGICO ENTRE HOMENS E MULHERES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7365115


Ingrid Sales de Castro
Taynara Lima de Lima


RESUMO  

A busca por atendimento psicológico tem ganhado grande visibilidade na população  nos últimos tempos, e foi possível constatar uma diferença entre os gêneros nesta  busca. O objetivo central é compreender como os papéis e os estereótipos podem  influenciar homens e mulheres em busca por atendimento, bem como seus impactos na vida dos indivíduos. Para tanto, é necessário descrever o gênero e suas relações,  identificar a relação entre os seus papéis, mostrar os impactos que os estereótipos e  apresentar quais os motivos que os levam ao atendimento psicológico. Realiza-se, então, uma pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa, que utiliza o método de revisão sistêmica e os instrumentos de plataformas digitais, como Scielo, Pepsic,  Monografias e Google acadêmico. Diante disso, verifica-se que os papéis gênero e  os estereótipos impostos aos indivíduos pela sociedade, tem grande impacto nesta  problemática, pois, desde a antiguidade as famílias carregam consigo crenças,  valores e doutrinas onde impõe-se que homens tem como sua principal função ser o  provedor da casa e mostrar virilidade, enquanto as mulheres devem ser submetidas  a afazeres domésticos e a maternidade; o que impõe a constatação de que a  repressão de alguns sentimentos podem intervir na busca psicológica por parte de  homens, assim como, estereótipos reforçam o cuidar ás mulheres. 

Palavras-chaves: gênero; estereótipos de gênero; papéis de gênero; atendimento  psicológico. 

ABSTRACT 

The search for psychological care has gained great visibility in the population in  recent times, and it was possible to observe a difference between genders in this  search. The central objective is to understand how roles and stereotypes can  influence men and women seeking care, as well as their impacts on individuals’ lives.  Therefore, it is necessary to describe gender and its relationships, identify the  relationship between their roles, show the impacts that stereotypes have and present  the reasons that lead them to psychological care. A bibliographical research is then  carried out, with a qualitative approach, which uses the systemic review method and  the instruments of digital platforms, such as Scielo, Pepsic, Monographs and  academic Google. In view of this, it appears that the gender roles and stereotypes  imposed on individuals by society have a great impact on this problem, since, since  antiquity, families carry with them beliefs, values and doctrines where it is imposed  that men have as their main function being the provider of the house and showing  virility, while women must be submitted to domestic chores and motherhood; which  imposes the observation that the repression of some feelings can intervene in the  psychological search on the part of men, as well as stereotypes reinforce caring for  women. 

Keywords: genre; gender stereotypes; gender roles; psychological support.

INTRODUÇÃO  

Desde muito tempo, é enraizado nas atividades culturais da sociedade  perante os gêneros, onde a mulher tem como principal função, ser mãe e os  homens por sua vez, devem ser provedores da casa, não podendo expressar  vulnerabilidade. Em geral, as mulheres costumam procurar mais consultas  médicas, sejam por motivos físicos ou psicológicos, que os homens buscam. É  notório que os homens cuidam pouco de sua saúde, seja física ou mental, e  quando o fazem, buscam ajuda no momento em que os problemas estão  quase que irreversíveis. Isso se dá, devido aos estereótipos da masculinidade,  onde cobranças sobre si mesmo tendem a ser maiores, os impedindo de  serem frágeis. Enquanto o público feminino cresce com o estabelecimento de  serem amáveis e frágeis, facilitando na busca por seu cuidado físico e mental.  

Os papéis, tem grande ênfase nessa divisória entre os gêneros e os  estereótipos reforçam o que a sociedade desde os primórdios impõe. Os pais  acometidos pelos valores e doutrinas, veem os primeiros empregos  masculinos como sensação de alívio, de responsabilidade. No entanto, o  emprego para as mulheres é analisado como algo provisório, devido à  maternidade ou ao casamento. Essas e outras características são carregadas  do berço familiar e reforçada pela escola primária. Com isto, podemos afirmar  que a educação, os valores que são transmitidos, sejam sobre o que é ser  homem e/ou ser mulher, o que sentir ou deixar de sentir, o que mostrar ou  deixar de mostrar, assim como a forma como a sociedade define esses papéis,  são fatores importantes na formação de gênero e em como isso pode moldar  seu pensamento enquanto adulto. 

O respectivo trabalho visa compreender a fundo as influências que os  estereótipos e os papéis sociais podem ter sobre a busca por atendimento  psicológico, diferenciando os motivos do público masculino e do feminino na  procura. Tem-se como principal objetivo compreender como os estereótipos e  os papéis de gênero influenciam na busca por este atendimento psicológico. É observado uma lacuna presente em atendimentos psicológicos com gênero de  sexo masculino e um déficit nas pesquisas acadêmicas sobre esta situação.  Onde a cada dia aumenta-se casos de acometimentos psicológicos deste  sexo.

Partindo-se deste ponto, espera-se que este artigo apresente uma  visão ampliada de um assunto pouco observado e comentado dentro de uma  realidade não observada. Obtendo visibilidade para este problema dentro da  sociedade, de homens e mulheres adoecidos psicologicamente que tem  firmeza na busca por atendimento. Procura-se elaborar mecanismos que  levem os indivíduos para dentro do consultório psicológico, por conta própria e  antes de acometimentos de doenças psicológicas. Tratará de uma pesquisa  bibliográfica, com o método qualitativo, subdivido em gêneros, estereótipos e  dos papéis de gênero na sociedade, para compreensão aflorada sobre a  problemática. A contribuição que se espera dessa pesquisa será de nível  acadêmico, social e profissional, compartilhando um conhecimento científico e  social enquanto a compreensão dos gêneros no âmbito psicológico. 

DESENVOLVIMENTO 

Inicialmente, para melhor entendimento sobre as influências dos  estereótipos, precisamos compreender um pouco sobre o gênero homem e  mulher dentro da sociedade e, como ele é visto desde os primórdios. Fávero  (2012), relata que papel de gênero serve como meio de vinculação da categoria  gênero com as influências sociais e culturais, o que justifica a aceitação  individual de determinados papéis. Estes defendem que o ponto central da  construção da subjetividade e da identidade dos gêneros está interligado nas emoções, e na maneira como é entendida e atribuída significados ditados como ‘femininos’ ou ‘masculinos’. O papel de gênero faz parte das influências sociais  e culturais, trazendo normas a serem seguidas, onde o indivíduo tem que  aceitar o que foi colocado para ele seguir, se não seguir a sociedade julga,  exclui, olha com um olhar diferenciado para esse ser, que quis seguir o que  acha certo. O termo “Gênero” segundo Colling (2018), surgiu através de  movimentos feministas que tinham o intuito de “desnaturalizar” a separação  entre homem e mulher, essa “separação“ até o século XXI, separava-se através da genitália do indivíduo, conhecido pelo vocabulário popular “o sexo”. 

Podemos assim então afirmar, que o termo utilizado tem como objetivo  definir e consolidar uma noção, em comparação à diferença e o valor  determinados socialmente, entre o uso do masculino e do feminino, pois ambos  não são semelhantes. Dentro do senso comum, vemos como o gênero é a 4 acepção de homens e mulheres, porém, alguns estudos indicam que estas  noções fazem parte de uma construção social e cultural. Sendo essa  construção advinda de estereótipos e papéis sociais impostos por nossa  sociedade. De acordo com Maia (2018), o uso do conceito de gênero surgiu  como tentativa de abandonar a explicação da natureza, como sendo  responsável pela grande diferença existente entre os comportamentos e os  lugares ocupados por homens e mulheres na sociedade. 

Tendo em vista, que o Ser Homem e Ser Mulher por muito tempo esteve  atrelado às certas expectativas e desde então, existe uma tentativa coletiva de  quebra desses paradigmas, muito explorada pelo público feminino. Para Fávero  (2010), a ideologia da naturalização atribui aos homens e às mulheres  características diversificadas e tidas como naturais ou inatas e, portanto, dadas  pela natureza e imutáveis. Dessa forma, durante a sua socialização, os  indivíduos internalizam modelos de feminilidade e de masculinidade, os quais  são sustentados por essa ideologia que, por sua vez, é mantida pelo  pensamento patriarcal. O papel do homem desde antigamente foi de prover a  casa, onde tinha como dever sustentar a família, já a mulher era de ser o objeto  sexual e mãe dos filhos. Atualmente ainda há resquícios desses papéis de  gêneros na sociedade, porém muitos indivíduos já pensam de outra forma. E  de acordo com Saffioti (2004), estes estabelecem o que podemos chamar de “pacto masculino” que asseguram as opressões nas mulheres, que são alvos  de objetos de satisfação sexual e/ou reprodutoras de seus herdeiros. (apud CUNHA, 2014, pág. 6).  

Gêneros na Antiguidade e Contemporaneidade 

De acordo com Garcia (2019), em meados do século XXI, os homens  estavam acima das mulheres, sendo sempre responsável pela gestão e a direção, deste modo, tomavam posse das mulheres por meio de vínculos conjugais, parentais ou até mesmo de dependência, sendo muito reforçadas pela posição pública e política dos homens e na maioria das vezes, estes  reforçavam a elas está dependência. Diante disto, era visto como papel  principal da mulher tarefas domésticas e obrigatoriedades reprodutivas, neste  sentido, podemos afirmar que a maioria das mulheres foram exploradas e controladas pelo marido, pai, guardião ou patrono. Por muito tempo, mulheres eram representadas, ou quase sempre associada a imagens predeterminadas  onde era um ser frágil, vítima ou culpada, santa ou pecadora em casos de  religião. 

Os sentimentos do homem em relação à mulher na maioria das vezes  eram expressos por raiva ou até mesmo repulsa, onde acreditavam que estas  serviam apenas para ser submissas ou reprodutoras. A mulher sempre era  posta para estar em disposição a servir o homem, para seguir as regras ditas,  não podendo opinar, sendo sempre compreensiva, amigável em prol do seu  marido, deixando de lado suas vontades, seus desejos. Em discurso do  catolicismo, Lopes (2010) relata como a mulher não era reconhecida como  sujeito individual, com posicionamento e ideias próprias, mas sim com a doçura  de quem está pronta para servir ao seu senhor (apud SILVA, 2011, pág. 3.) 

No campo dos iluministas, temos uma mudança de visão referente a  estes comportamentos, a mulher não deve mais ser considerada inferior ao  homem, está por sua vez, deve ser complementar, ou seja, mesmo diferentes  biologicamente isso não daria o direito de serem tratadas diferentes na  sociedade. Sendo assim, estes pensadores, ante o exposto, podemos ver uma  visão deturpada onde era idealizado que cabia à mulher cuidar da casa, dos  filhos e do marido, enquanto o homem deve pertencer à esfera pública. Esses  argumentos fazem fundamento a ideia onde os papéis sociais de gênero já  foram determinados pela natureza, sendo assim estes, reforçando perante a  sociedade, uma necessidade de convencer as mulheres do seu destino  “natural” de ser mãe. (NUNES, 2000) 

Até este momento, persistem profundas impasses que separam os  indivíduos, sobretudo no cenário da educação. Onde abrange diversos  preconceitos acerca dos comportamentos, atitudes, saberes e gestos. Logo,  quando se discute sobre sexualidade na sociedade atual, imediatamente,  podemos pensar no ser gendrado1 e como tornar acessível o desmistificamento  de seu pensamento anterior. Neste cenário, percebe-se na grande maioria das  vezes, temas associados à educação sexual e gênero são ignorados,  favorecendo para o senso comum, assim sendo, a preservação de percepções equivocadas e preconceituosas que debilitam a interlocução entre a  subjetividade, identidade e saúde. (PEREIRA, et al, 2021) 

Os autores Bordini e Speb (2012), realizaram estudos sobre as relações  da maternidade e do casamento na atualidade, que concordam com os  pensamentos de Rios e Gomes (2009), onde os papéis sustentam como e/ou o  porquê a identidade feminina tem sido histórica e tradicionalmente construída em função da maternidade. Bem como, enquanto as meninas vivenciam uma  relação de apego, e enfrentam empecilhos quanto traumas de separação e a  sua individuação, os meninos, por outro lado, lidam com a dificuldade da  intimidade ou laços que gerem dependência. 

Devido a todas as evoluções ocorridas até o atual cenário do século XXI,  teve-se avanço significativo, mas ainda assim, as mulheres sofrem na  sociedade em relação ao sexo que os homens. Hoje o número de mulheres  inseridas na sociedade como donas do seu próprio retorno financeiro e  escolarizadas no sistema educacional, é superior, e isso para muitos homens  devotos na cultura e educação antiga é algo inaceitável. 

Papéis e Estereótipos de Gênero 

É importante salientarmos a diferenciação dos termos para, enfim,  compreender as expectativas sociais que findam em um engessamento de  homens e mulheres em papéis de gênero específicos. Podemos afirmar, que a sociedade criou maneiras de caracterizar os indivíduos, através de estereótipos e papéis de gênero que atribuíram alguns estigmas como “comuns e naturais” para os membros, essas divisões acarretaram em definições no qual seria o  papel de cada uma delas dentro da sociedade e como deveriam ser vistos  pelos demais. (LIMA, 2019).

Para Verlart (2021), a construção de papéis de gênero se refere as expectativas relacionadas ao modo como as mulheres e os homens deveriam se comportar e se apresentar. Eles retratam e determinam como o indivíduo diante de sua sexualidade deve pensar, agir, se vestir e comportar, por  exemplo, a ideia que a menina deve ou tem que vestir rosa e menino azul, no  contrário, gera certos julgamentos. Estes criam um repertório de vida para  esse indivíduo seguir. Por outro lado, os estereótipos abrangem um conjunto de 7 crenças que estão ligadas às expectativas sociais do que seriam características  femininas e/ou masculinas. (TRAVASSOS, 2015).  

O autor Paechter (2009), elaborou estudos que denominava como “locais ou comunidades de prática”, contextos onde as crianças aprendem o  que os adultos lhe ensinam, devido a isto, o aprendizado de masculinidades e  feminilidades, acontece desde os seus primeiros meses de vida, com o  desenvolver da criança e a complexificação dos processos cognitivos, alguns  modos de ser e se comportar são incentivados ou desestimulados, tornando para a criança um conhecimento determinado do que é ser homem e ser  mulher, quase como uma lei do que é certo e o que é errado e quais  comportamentos são aceitáveis para cada gênero. 

Desde o nascimento somos designados com um gênero, onde é rotulado  um repertório de vida a ser seguido de acordo com seu gênero, onde a família  reforça comportamentos e inibi outros. Esses aprendizados advindos do berço  familiar a respeito dos papéis de gênero são mantidos, visto que meninos e  meninas tendem a imitar indivíduos com semelhança, a invés, de se modificar  ao outro sexo, baseando-se tanto na observação direta, que os permitem  interpretar o que pode ser esperado, permitido e consentido o seu devido papel  perante ao seu gênero. (NEGREIROS e FÉRES-CARNEIRO, 2004). 

De acordo com Crochik (1996), a menina começa a imitar  comportamentos da mãe, em cuidar da casa, cuidar do outro, ser mãe e o  menino em trabalhar, ser forte, pois esses comportamentos são observados  desde criança na sua vivência. Deste modo, é perpassado o aprendizado  durante toda a infância sobre quais papéis sociais relacionados ao gênero devemos ter e qual seria o “certo” para exercer. Mantém-se, assim, por  gerações a diferenciação elaborada entre homens e mulheres, determinando  quais deveriam ser suas funções, posições e como devem se portar. Como o  autor bem cita, os estereótipos do homem são mais valorizados na sociedade, visando ser viril, forte, independente, podemos esperar assim um público masculino, onde a cobrança possa vir ser excessiva, não aceitar ser ou ter vulnerabilidades, nem admitir que precisa de ajuda. 

Segundo Soares (2010), a globalização e a informação é o que dita a  maneira de expressar as emoções e da forma como as pessoas se relacionam, considerando também aspectos como padrões de beleza e conduta e até  mesmo os papéis masculinos e femininos designados pela sociedade atual.  Essas perspectivas enraizadas em nossa sociedade e cultura delimita papéis  de gênero como o homem sendo provedor e a mulher por obrigação ser a  progenitora. E a mídia propaga e fixa ainda mais esta ideia, seja em  comerciais, política, programas, entrevistas e outros. Podemos verificar  exemplos dessa propagação em comerciais de bebidas alcoólicas, onde  geralmente são mulheres de biquínis exibindo seus corpos, uma vez que a  virilidade dos homens é o objetivo de alcance neste momento, ou em  comerciais de fraudas que possivelmente vemos mulheres com bebês, visando  a maternidade. 

A autora Zanello (2016), retrata uma teoria dos dispositivos de gênero  onde explica que para elas, há o dispositivo amoroso e materno, sendo que  para eles, retrata-se no dispositivo da eficácia, fundado na virilidade sexual e  laborativa, conforme os exemplos dos comerciais citados. O cuidar é uma  capacidade humana, mas historicamente foi ligada aos corpos das mulheres e  somente nelas interpelado. Como vimos anteriormente, o gênero por muito  tempo esteve atrelado ao que ditavam ser “cultura”, isso implica, portanto, dizer  que, em nossa cultura, as mulheres são subjetivadas em um processo de  heterocentramento (ao contrário dos homens, nos quais o que se interpela é o  ego-centramento, o egoísmo). Consequentemente mesmo que uma mulher não  tenha filhos, será demandada culturalmente a ser cuidadora – a se doar pelos  outros. Por outro lado, quanto aos homens temos o dispositivo da eficácia, o  qual também foi configurado historicamente. Este é baseado na afirmação da  virilidade sexual e laborativa.  

No geral, os estereótipos são ilustrações, pré-conceitos e “rótulos”  criados de maneira generalizada e simplificada pelo senso comum. A evolução  da sociedade desenvolveu estereótipos que padronizaram diversos aspectos  relacionados ao ser humano e suas ações. De acordo com Verlaet (2021),  esses estereótipos influenciam não somente o exercício de papéis de gênero,  mas impactam os sentimentos e as subjetividades dos indivíduos, ou seja, falas  como ‘homem não pode chorar’ e ‘as mulheres são mais sentimentais que os  homens’ são exemplos de estereótipos de gênero que ouvimos frequentemente. Segundo Zanello (2014), o choro é uma expressão emocional  aceitável quando vindo de uma mulher, mas que compromete a imagem  masculina de um homem, uma vez que é imposto, desde a infância, a  supressão dos seus sentimentos. Deste modo, os estereótipos e papéis de  gênero impostos pelas sociedades estão extremamente naturalizados de forma  que não percebemos os impactos negativos que eles causaram. 

Atendimento Psicológico  

Segundo Cerioni e Herzberg (2016), a procura por atendimento  psicológico parece ser, na sua grande maioria, motivada por um sofrimento, um  momento de dor, de dúvida e muitas vezes de esperança. Para realizar um  acompanhamento psicológico faz-se necessário a aceitação de seu sofrimento  e de possibilitar o outro, ajudar. No entanto, os papéis e estereótipos de gênero impostos, impedem homens de apresentar quaisquer emoções que os pareça  serem frágeis, como o medo, a tristeza, culpa e outros. Dessa forma, podemos verificar a dificuldade dos homens em procurar ajuda, pois não querem  demonstrar vulnerabilidade para a sociedade impôs que eles têm que ser fortes. Strey e Pulcherio (2010), indagam que essa negação por parte dos homens,  acumulam-se em conjunto de fatores, estes, que levam a detecção de doenças  em níveis avançados e/ou falecimentos prematuros. Esse desleixo no público masculino com sua própria saúde, pode ser decorrência da negligência dos  sinais e sintomas, onde foi aprendido através dos estereótipos que sintomas de  vulnerabilidade colocariam em risco por exemplo sua orientação, sendo motivo  de “chacota” por seus conhecidos, tornando assim mais complexo a aceitação  e o reconhecimento da possibilidade da fragilidade do próprio corpo. Até mesmo os programas de saúde dão ênfase à saúde da mulher, assim deixando a desejar a saúde do homem que já tem uma dificuldade em se  tratar, trazendo consequências sérias para sua vida e seu bem-estar tanto  físico quanto psicológico. Para Rodríguez (apud PIMENTEL et al, 2020), entre  os motivos principais de mortes ou adoecimentos, os homens costumam sofrer  com problemas de saúde por causas como acidentes, problemas respiratórios,  violência e outros, e morrem mais cedo do que as mulheres. No entanto,  segundo o Ministério da Saúde (2017), quando falamos de saúde mental,  apesar da população feminina ser a mais afetada pelo mal do século, a depressão, os índices de suicídio aravam-se em 79% do público masculino, em  uma faixa etária de 15 a 29 anos. Período este de maior cobrança, seja de  escolhas sobre o futuro, sexualidade, ser provedor e outros.  

Pensemos em alguns transtornos como por exemplo, transtorno  depressivo, onde de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de  Transtornos Mentais (DSM), um dos seus principais sintomas seria o sintoma  de “tristeza”, o choro. Agora vejamos os conteúdos dos estereótipos onde  intitula que mulheres são frágeis e homens costumeiramente ríspidos. É de  praxes imaginar esse transtorno ser vinculado a mulher, pois somente a  mesma seria vulnerável, mas como descartar os sentimentos pouco  demonstrados e vistos pelos homens? O quão isso poderia ser “saudável”? 

Simon (2014), em seus estudos apresenta o quanto homens e mulheres  sofrem, porém de formas diferentes e por distintos fatores. Devido a bagagem  da maternidade e de multitarefas mesmo que domésticas, tendem sobretudo,  sofrerem com transtornos depressivos ou ansiedade, enquanto homens que  buscam inacessivelmente sua laboratividade e se autocobram pelo alimento da família, costumam consumir álcool em excesso ou recorrem as drogas,  perfazendo um possível transtorno de comportamento antissocial. Desta forma,  os fatores estressores que ocasionam o adoecimento psíquico dos gêneros na  maioria das vezes para os homens se trata de problemas que mexem com  problemas financeiros e de trabalho, e levando em consideração a negação a  pedidos de ajuda, tendem a vivenciar as dores e por muita das vezes  conseguiram realizar atitudes contra própria vida, devido sua força. No caso  das mulheres, as pesquisam mostram um índice de problemas voltados aos  filhos e a família, no entanto, pela não rigidez ao atendimento, é possível  reverter antes de um agravante. 

Manejos Clínicos da Teoria Cognitivo Comportamental 

Pesquisas clínicas desenvolvidas na teoria Cognitivo  Comportamental (TCC), exibem como as pessoas se sentem ou deveriam se  comportar, em uma situação de acordo com as interpretações que fazem diante  de uma determinada situação. A teoria propõe que o pensamento disfuncional exposto, que influência não somente o humor, mas também, o pensamento do  paciente, é comum em todos os transtornos. Deste modo, podemos visualizar como o processamento cognitivo pode levar o indivíduo a avaliar os eventos e criar significados próprios, sendo interpretado como pensamentos automáticos  (WRIGHT, 2018). 

De acordo com Marinho (2012), o psicólogo juntamente com o  paciente, cria maneiras de enfrentamento para aquele determinado sofrimento e  a TCC oferece uma gama de técnicas para obter êxito no tratamento. Uma das  técnicas mais fundamentais da TCC é a psicoeducação, onde ela pode ser  abordada em diversos lugares, onde tem como objetivo a educação, promoção  e prevenção em saúde. Em seu manejo, a psicoterapia em questão, propicia-se de aplicações técnicas psicológicas, onde a psicoeducação pode ser utilizada  no paciente como meio de conscientiza-los de seus pensamentos e crenças  errôneos, e que estimule uma investigação competente do terapeuta no  comportamento do indivíduo. Estes conhecimentos por sua vez, podem ser  transmitidos através de grupos, individual, rodas de conversas, vídeos,  palestras, entre outros. (OLIVEIRA E DIAS, 2018). 

Os autores Oliveira e Dias (2018), comentam que os pontos  positivos de utilizar esta técnica é permitir ao indivíduo o conhecimento de uma  determinada problemática dentro de si, que permitam sua participação no  tratamento referido, motivando os em novos hábitos. Desta forma, espera-se  que ao inferir matérias de cuidados como a saúde mental dentro das escolas através de matérias especializadas para o mesmo, torna-se o  compartilhamento da aceitação do adoecimento ou a necessidade de se  expressar algo mais natural e normal, não um divisor e ditador de sua  orientação sexual. 

Considerações Finais 

A pesquisa apresenta os motivos da resistência que o gênero  masculino tem em não procurar atendimento psicológico, enquanto as  mulheres tendem a procurar com mais facilidade. E podemos compreender que  está problemática está enraizada desde antigamente e tem resquícios até hoje  na atualidade, onde muitos ainda seguem as gerações passadas que ditavam o  que era dever do homem e o que era dever da mulher. 

Para meios acadêmicos, o presente trabalho poderá desenvolver  uma determinada curiosidade em universitários sobre este tema com possíveis  elaborações de palestras e pesquisas, fazendo com que haja maiores  questionamentos acerca das queixas principais dos gêneros, uma vez que, o  tema seja escasso e pouco notado. Dentro do âmbito social, este trabalho  poderá contribuir para a abertura de um espaço elaborado justamente para as  pessoas que se privam deste atendimento e buscar trabalhar o gênero com  maior déficit. Com o objetivo de conscientizar, ajudar e propagar informações  sobre está problemática.  

Os resultados obtidos na pesquisa ultrapassam uma “simples problemática” sobre as influências entre os gêneros na busca por ajuda psicológica, diante das bibliografias pesquisadas, tivemos a percepção do quão  escasso esse conhecimento pode ser e o quanto ainda seria um tabu para os  homens. Os objetivos propostos foram alcançados onde, foi discorrido sobre os  gêneros, o que é gênero, identificou-se as relações dos papéis com o indivíduo,  foi explicado o que é papéis de gênero, mostrou os impactos dos estereótipos  na vida do indivíduo, onde há consequências futuras, e com isso entendemos o  porquê de o público masculino ter essa resistência em procurar ajuda tanto  física, como psicológica. Tivemos êxito no objetivo geral, foi compreendido os  impactos dos estereótipos na busca por atendimento psicológico entre homens  e mulheres. 

O respectivo trabalho servirá como oportunidade para novas  pesquisas, onde o tema irá se propagar, visando mais visibilidade no tema que  não é tão comentado. A pesquisa não se encerra nesse trabalho e sim terá  continuidade em outros trabalhos por outras pessoas, buscando sempre mais  informações, atualizando as bibliografias, com a finalidade de abranger mais  sobre a temática, levando para o público desde as escolas até a faculdade. 


  1Gendrado é um ser inserido na dinâmica social e cultural relacionadas à experiência sexuada e aos valores, normas,  regras e configurações vinculados a essa experiência.

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