A INFLUÊNCIA DO CONSUMO DE ALIMENTOS ANTIOXIDANTES E ANTIINFLAMATÓRIOS NO CONTROLE DA ENDOMETRIOSE: UMA REVISÃO DA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12524632


Lorrana Morais dos Santos¹, Expedito Miranda Sampaio Neto², Elisane Gabrielle de Lima Cavalcanti³, Luísa Gonçalves de Frias⁴, Bárbara Roberta Araújo de Souza Gonçalves⁵, Antônio Moisés de Amorim⁶, Cícero Bezerra Neto⁷, Rayssa Vasconcelos de Oliveira Farias⁸, Italo José do Nascimento Silva⁹, Lucas Roberto da Costa Estevam¹⁰, Yure Tavares Gomes¹¹, Marcos Gustavo Batista Nogueira¹²


RESUMO

INTRODUÇÃO: A endometriose é uma doença ginecológica crônica caracterizada pela presença de tecido endometrial fora do útero, resultando em dor pélvica crônica e infertilidade. Afetando cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva, a endometriose possui uma etiologia complexa e multifatorial. Recentemente, tem-se investigado o papel da dieta no manejo da endometriose, focando em alimentos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, que podem influenciar os mecanismos de inflamação e estresse oxidativo, essenciais na progressão da doença. Este estudo revisa a literatura disponível para avaliar a influência do consumo desses alimentos nos sintomas dessa doença. OBJETIVO: O presente estudo tem como principal objetivo analisar os principais benefícios do consumo de alimentos anti-inflamatórios e antioxidantes no controle da endometriose e seus sintomas. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão de literatura com objetivo de trazer o que a literatura científica já tem falado sobre a importância da dieta anti-inflamatória e antioxidante no controle dos sintomas da endometriose. Para sua realização foram elencados os seguintes critérios de inclusão: disponível na íntegra de forma gratuita, estar em português, inglês ou espanhol e o tema alinhado com o que o artigo desenvolvido propõe. Foram excluídos os artigos que não se enquadraram nas ordens acima. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Estudos indicam que dietas ricas em antioxidantes, como vitaminas C e, e compostos fenólicos presentes em frutas e vegetais, ajudam a reduzir o estresse oxidativo. Alimentos ricos em ácidos graxos ômega-3, como peixes gordurosos, sementes de linhaça e nozes, possuem propriedades anti-inflamatórias que podem mitigar a inflamação associada à doença. Compostos bioativos de alimentos como chá verde, cúrcuma e gengibre também foram relatados como eficazes na redução dos marcadores inflamatórios em modelos de endometriose. Embora as evidências sejam promissoras, há variações na qualidade metodológica dos estudos, sugerindo a necessidade de maior rigor nos futuros estudos para confirmar esses achados e entender melhor os mecanismos envolvidos. CONCLUSÃO: A revisão da literatura indica que o consumo de alimentos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias pode desempenhar um papel significativo no controle da endometriose. Dietas ricas em frutas, vegetais, nozes, peixes e alimentos como chá verde, cúrcuma e gengibre mostraram-se promissoras na redução dos sintomas e na progressão da doença. No entanto, são necessários mais estudos com maior rigor metodológico para confirmar esses efeitos e elucidar os mecanismos de ação envolvidos.

Palavras-chave: Endometriose. Dor pélvica. Dieta anti-inflamatória. 

INTRODUÇÃO

A endometriose é uma doença ginecológica crônica, definida pela presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina, resultando em dor pélvica crônica e infertilidade. Estima-se que a endometriose afete aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva, causando impacto significativo na qualidade de vida e na produtividade (Bellelis et al., 2010). A patogênese da endometriose é multifatorial, envolvendo aspectos genéticos, imunológicos e hormonais (Santoro et al., 2014). Nos últimos anos, a atenção tem se voltado para o papel da dieta no manejo da endometriose, especialmente no que tange ao consumo de alimentos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Essas substâncias podem influenciar os mecanismos de inflamação e estresse oxidativo, que são centrais na progressão da endometriose. A presente revisão, baseada em uma abordagem qualitativa, visa discutir as evidências sobre a influência desses alimentos no controle da endometriose.  

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão narrativa com abordagem qualitativa, a qual sob o ponto de vista contextual permite a discussão sobre um assunto delineado (ROTHER, 2007). As revisões narrativas são comunidades abrangentes e neutras para descrever e debater o desenvolvimento de determinado tema, sob o ponto de vista teórico e contextual. Esse tipo de revisão possui papel essencial para a educação continuada, visto que permite ao leitor a atualização de conhecimentos sobre assuntos específicos em curto período de tempo. Dessa forma, esse modelo de revisão fundamenta o artigo em uma análise e interpretação dos autores, conduzindo assim à demonstração de novas ideias e aprimoramento sobre a temática em questão (TOLEDO, 2017). Sendo assim, utiliza-se esse tipo de revisão com o intuito de explorar uma temática específica, permitindo evidenciar novos conhecimentos sobre o esgotamento profissional por parte dos enfermeiros. A busca na literatura ocorreu nos meses de Maio e Junho de 2024. Como essa metodologia não requer métodos específicos para procura de fontes na literatura (CORDEIRO et al. 2007), o processo de coleta foi realizado por meio das bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde (LILACS) e PubMed. Para realização da busca utilizou-se os seguintes Descritores em Ciências Saúde (DeCS): “Endometriose” e  “Antioxidantes”. Os critérios adotados para inclusão das publicações foram aqueles que abordaram sobre a temática, disponível na íntegra e online, publicado nos idiomas português, inglês e espanhol. Excluíram-se artigos indisponíveis na íntegra de forma gratuita e que não abordavam a temática. Foram selecionados 5 estudos para compor a revisão. Por ter como referência bases públicas, não será preciso a submissão ao Comitê de Ética e Pesquisa, respeitando, porém, os preceitos éticos alcançados na resolução número 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2013).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A literatura revisada sugere que dietas ricas em antioxidantes e anti-inflamatórios podem ter um impacto positivo no manejo dos sintomas da endometriose. Antioxidantes como vitaminas C e, e compostos fenólicos presentes em frutas e vegetais, desempenham um papel crucial na redução do estresse oxidativo, um fator chave na patogênese da endometriose. A vitamina C, por exemplo, é conhecida por sua capacidade de neutralizar radicais livres, enquanto a vitamina E protege as membranas celulares contra danos oxidativos (Zheng et al., 2023; Yalçin Bahat et al., 2022).

Além dos antioxidantes, alimentos ricos em ácidos graxos ômega-3, como peixes gordurosos, sementes de linhaça e nozes, exibem propriedades anti-inflamatórias potentes. Estudos observacionais sugerem que mulheres com endometriose que consomem regularmente esses alimentos experimentam uma redução significativa na dor pélvica e na progressão da doença. Os ácidos graxos ômega-3 competem com os ácidos graxos ômega-6 pelas enzimas envolvidas na produção de eicosanoides, resultando em uma redução dos mediadores inflamatórios derivados dos ácidos graxos ômega-6 (Yalçin Bahat et al., 2022).

Compostos bioativos presentes em alimentos como o chá verde, cúrcuma e gengibre também têm sido investigados por suas propriedades anti-inflamatórias. O chá verde contém catequinas, que têm demonstrado reduzir a produção de citocinas inflamatórias em modelos experimentais de endometriose. A cúrcuma, rica em curcumina, é outro exemplo de alimento com efeitos anti-inflamatórios significativos, demonstrando potencial na redução dos sintomas e dos marcadores inflamatórios em pacientes com endometriose (Gudarzi et al., 2023). 

Entretanto, apesar das evidências promissoras, a qualidade metodológica dos estudos existentes varia consideravelmente. Muitos estudos são observacionais e, portanto, sujeitos a vieses e limitações inerentes a esse tipo de desenho. Além disso, há uma heterogeneidade nos métodos de avaliação da dieta e na definição dos desfechos clínicos, o que dificulta a comparação entre estudos e a extrapolação dos resultados para a prática clínica.

É importante destacar a necessidade de ensaios clínicos randomizados e controlados para estabelecer de forma mais robusta a eficácia dos alimentos antioxidantes e anti-inflamatórios no manejo da endometriose. Estudos futuros devem também explorar os mecanismos biológicos pelos quais esses alimentos exercem seus efeitos, o que poderia proporcionar uma compreensão mais profunda e direcionar estratégias de tratamento mais eficazes.

CONCLUSÃO

A revisão da literatura indica que o consumo de alimentos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias pode ter um papel significativo no controle da endometriose. Dietas ricas em frutas, vegetais, nozes, peixes e alimentos como chá verde, cúrcuma e gengibre mostraram-se promissoras na redução dos sintomas e na progressão da doença. No entanto, são necessários mais estudos com maior rigor metodológico para confirmar esses efeitos e elucidar os mecanismos de ação envolvidos. A implementação de tais estratégias dietéticas pode representar uma abordagem complementar eficaz no manejo da endometriose, melhorando a qualidade de vida das pacientes (Bellelis et al., 2010; Santoro et al., 2014).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bellelis, P., Dias, J. A., Podgaec, S., Gonzales, M., Baracat, E. C., & Abrão, M. S. (2010). Aspectos epidemiológicos e clínicos da endometriose pélvica: uma série de casos. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 32(11), 533-539. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ramb/a/Mq6n7NhkhNVGmdyNS79WHYv/abstract/?lang=pt. Acesso em: 22 jun. 2024.

Santoro, L., D’Onofrio, F., Flore, R., Gasbarrini, A., & Santoliquido, A. (2014).
Endometriosis and atherosclerosis: what we already know and what we have yet to discover.
The American Journal of Obstetrics and Gynecology, 210(4), 238-243. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25935777/. Acesso em: 22 jun. 2024.

ZHENG, S. H.; CHEN, X. X.; CHEN, Y. et al. A suplementação de vitaminas antioxidantes reduz a dor pélvica relacionada à endometriose em humanos: uma revisão sistemática e metaanálise. Reproductive Biology and Endocrinology, v. 21, n. 79, 2023. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37644533/. Acesso em: 22 jun. 2024.

YALÇIN BAHAT, P. et al. Dietary supplements for treatment of endometriosis: A review.
Acta Bio-Medica: Atenei Parmensis, v. 93, n. 1, p. e2022159, 2022. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35315418/. Acesso em: 22 jun. 2024.

REYHANEH GUDARZI et al. Effect of curcumin on painful symptoms of endometriosis: A triple‐blind randomized controlled trial. Phytotherapy Research, 11 out. 2023. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ptr.8030. Acesso em: 22 jun. 2024.


¹E-mail: lorranamoraisbva@gmail.com
Graduanda em Medicina pela Faculdade Pernambucana de Saúde – FPS

²E-mail: expeditosampaio63@gmail.com
Graduando em Medicina Faculdade Pernambucana de Saúde – FPS

³E-mail: gabriellelimac@hotmail.com
Graduanda em Medicina pela Faculdade Pernambucana de Saúde – FPS

⁴E-mail: luisagfrias21@gmail.com
Médica pela Faculdade Pernambucana de Saúde – FPS, 2018-2023.

⁵ E-mail: barbara.araujo@aluno.ufca.edu.br
Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Cariri – UFCA

⁶E-mail: moisesamorim77@gmail.com
Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri – UFCA

⁷E-mail: ciceronetomoreira29@ufpi.edu.br
Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Piauí – UFPI

⁸Email: fariasrayssa@yahoo.com
Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba – FCM PB Médica de Família e Comunidade

⁹E-mail: italojns.silva@gmail.com
Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri – UFCA

¹⁰E-mail: lucasrobeerto231@hotmail.com
Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri – UFCA

¹¹E-mail: yure.tavares@aluno.ufca.edu.br
Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri – UFCA

¹²E-mail: mgustavobatistan@gmail.com
Graduando em Medicina pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR