A INFLUÊNCIA DE FATORES SOCIOECONÔMICOS E SOCIAIS NA PREVALÊNCIA DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202507071620


Gabrielle Tatiane Silva Almeida1, Isabela Cássia Reis Rodrigues1, Amanda Valéria Resende1, Giovanna Egg Sousa Resende1, Maria Eduarda de Paula Barbosa1, Maria Gilceia de Paula Carvalho1, Andreia Andrade dos Santos2, Marcela Nolasco3


RESUMO

A adolescência representou uma etapa crucial no desenvolvimento da sexualidade, em que a ausência de informações adequadas resultou em riscos como a gravidez precoce, associada a impactos na saúde, na economia e no contexto social. A educação sexual e o suporte familiar foram considerados essenciais para a prevenção dessas situações. Este estudo, de natureza qualitativa, analisou publicações entre 1992 e 2023, incluindo artigos científicos e documentos oficiais, com o objetivo de compreender os impactos negativos da gravidez precoce na saúde física, mental e social de adolescentes. A revisão evidenciou que a falta de orientação sexual adequada levou a comportamentos de risco, como o início precoce da vida sexual, ausência de contracepção e vulnerabilidade socioeconômica, aumentando o risco de gravidez indesejada, especialmente entre jovens de baixa renda. As consequências incluíram riscos à saúde da mãe e do bebê, abandono escolar, dificuldades no mercado de trabalho e comprometimento da saúde mental, com traumas emocionais, isolamento social e maior propensão à depressão. Concluiu-se que a gravidez na adolescência constituiu um problema complexo, influenciado por fatores sociais, econômicos e culturais. Para mitigar seus efeitos, foi destacada a importância de políticas públicas voltadas à educação sexual de qualidade e ao apoio psicossocial, contribuindo para a redução das taxas de gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis e transtornos mentais entre os jovens.

Palavras-chave: Gravidez na adolescência. Educação sexual. Saúde do adolescente.

INTRODUÇÃO

A adolescência, que para a Organização Mundial de Saúde (OMS), compreende o período de vida entre 10 e 20 anos incompletos, é uma etapa da vida na qual a personalidade está em fase final de estruturação e a sexualidade se insere nesse processo como um elemento estruturador da identidade do adolescente (OSÓRIO, 1992). Nessa perspectiva, adolescentes podem experimentar uma maior curiosidade sobre questões sexuais, influenciados por diversos fatores, como a mídia, os grupos de amigos e, especialmente, a internet (NUNES, 2013). Esses aspectos, muitas vezes, geram inseguranças e desafios relacionados ao desenvolvimento da sexualidade, o que pode resultar em comportamentos de riscos, como o início precoce da atividade sexual sem proteção, aumentando as chances de uma gravidez na adolescência.

Dados do DataSUS (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos) mostram que, em 2023, houve 289.093 partos em meninas entre 15 e 19 anos e 13.932 partos em meninas entre 10 e 14 anos. Esses números representam, respectivamente, 11,39% e 0,55% do total de partos registrados no país. Esses dados evidenciam a persistência da gravidez precoce como um desafio de saúde pública e social. Consequente a esse cenário, a gravidez nesse faixa etária pode levar a riscos aumentados de complicações obstétricas, além de problemas econômicos, como a evasão escolar, que dificulta a inserção no mercado de trabalho, contribuindo para a perpetuação de ciclos de pobreza e desigualdade (ASSIS, 2021). Nesse viés, evidenciam-se os impactos negativos gerados na saúde física, mental e social da gestante.

A gravidez na adolescência é frequentemente resultado de uma combinação de fatores, incluindo falta de educação sexual adequada, pressão social e desigualdades socioeconômicas (MACHADO, 2013). Além disso, o início precoce da vida sexual, a falta de orientações adequadas, a vulnerabilidade social, o acesso a informações distorcidas e a permissividade familiar também contribuem para a ocorrência da gravidez nessa faixa etária (CARVALHO, 2000). Considerando esses fatores, a antecipação da atividade sexual pela adolescente e a decorrente gravidez tem sido problematizadas socialmente, principalmente sob três enfoques: o das políticas públicas, o da saúde e o da reprodução social.

Portanto, transmitir conhecimento sobre a fisiologia sexual e os métodos contraceptivos, constitui uma abordagem limitada e de baixa eficácia na prevenção das consequências advindas. O meio responsável por disseminar essas informações precisa estar acessível à complexidade do contexto psicossocial dessas adolescentes, considerando de forma específica o significado da gravidez no contexto social (DADOORIAN, 2003). Nessa perspectiva, se os indivíduos forem melhor preparados emocionalmente, cognitivamente, e no seu comportamento geral, isto refletirá no seu comportamento sexual reduzindo a incidência da gravidez na adolescência e suas consequências psicossocioeconômicas, promovendo maior autonomia e planejamento para o futuro dos jovens.

Nesse contexto, torna-se necessária a análise da gravidez na adolescência a partir dos fatores determinantes e de suas consequências, considerando também o contexto da sexualidade. É necessário investigar os aspectos socioeconômicos e sociais relacionados a essa realidade, compreendendo de que forma esses determinantes influenciam sua prevalência e quais impactos acarretam. Além disso, é importante observar a qualidade das informações sobre sexualidade e saúde reprodutiva acessadas por adolescentes nas redes sociais, bem como o impacto desses conteúdos digitais na construção da sexualidade e nos comportamentos que podem levar à gravidez precoce. Diante disso, este estudo propõe-se a analisar os fatores sociais e econômicos associados à gravidez na adolescência no Brasil, buscando compreender sua influência, suas consequências e as possibilidades de intervenções efetivas nesse cenário.

METODOLOGIA

A pesquisa foi conduzida por meio de uma revisão integrativa da literatura, desenvolvida com o objetivo principal de identificar a incidência da gravidez na adolescência no Brasil, bem como identificar os principais fatores socioeconômicos e sociais ligados a esse desafio. Entre os fatores analisados, destacam-se a vulnerabilidade e a desigualdade econômica, a baixa escolaridade, a falta de educação sexual adequada, a influência do contexto familiar e as falhas no acolhimento pelos serviços de saúde. Esta abordagem metodológica foi escolhida por possibilitar uma análise ampla, crítica e abrangente do conhecimento produzido sobre o tema, permitindo reunir, comparar e sintetizar as principais evidências e alegações apresentadas por estudos já publicados.

Para a seleção das fontes, foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: artigos publicados entre os anos de 2004 e 2024, disponíveis em texto completo, escritos em português, e localizados em bases de dados reconhecidas, como a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scielo e PubMed. A escolha desse recorte temporal visa refletir as tendências e transformações mais recentes relacionadas à gravidez na adolescência e seus fatores associados.

Foram excluídos do estudo artigos indisponíveis na íntegra, trabalhos duplicados ou que não ofereciam embasamento suficiente para a análise dos determinantes socioeconômicos, psicossociais ou educacionais da gravidez precoce.

A análise dos artigos selecionados concentrou-se em estudos que abordam os principais fatores associados à gravidez em adolescentes, como indicadores de prevalência, taxas de fecundidade, evasão escolar, acesso a métodos contraceptivos, políticas públicas e contextos socioculturais. Os dados extraídos foram submetidos a uma síntese integrativa, visando perceber padrões, lacunas e tendências que permitam contribuir para a discussão sobre a prevenção e o enfrentamento deste fenômeno na sociedade contemporânea.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os artigos definidos para compor esta revisão foram categorizados em: Título da Publicação, Autor, Periódico, quando disponíveis, Ano de Publicação, assim como bem como compêndio abrangente da Metodologia e dos Resultados do Trabalho. Esses dados foram dispostos na Tabela 1, visando estabelecer uma estrutura clara de pesquisa. 

TÍTULOAUTOR ANO DE PUBLICAÇÃOMETODOLOGIA OBJETIVO 
Gravidez na Adolescência: enfrentamento na estratégia de saúde da famíliaCOUTO- DOMINGOS, A. 2010Pesquisa bibliográfica nos bancos de dados Scielo, Medline e Lilacs, no período de julho a dezembro de 2009 e busca em sites oficiais do Governo: DATASUS e IBGE, além de dados levantados durante o diagnóstico situacional da ESF Francisco Santirocchi. Descrever, por meio da literatura, a compreensão de gravidez na adolescência e propor ações de enfrentamento à questão 
Gravidez na adolescência: análise contextual de risco e proteçãoCERQUEIRA-SANTOS, E. et al.2010Estudo exploratório-descritivo, realizado com uma amostra de 1.015 jovens de ambos os sexos, com idades entre 14 e 24 anos.Identificar as diferenças existentes entre adolescentes que vivenciaram a experiência da gravidez durante. Buscando compreender os fatores de risco e proteção associados à gravidez precoce.
Gravidez na adolescência no Brasil: fatores associados à idade maternaASSIS, T. DE S. C. et al.2021Estudo transversal, de base hospitalar, baseado nos dados do inquérito nacional “Nascer no Brasil”. A amostra incluiu puérperas adolescentes de diferentes regiões do país.Analisar características socioeconômicas, obstétrica e neonatais entre grupos de adolescentes grávidas de 12 a 16 anos e de 17 a 19 anos. Buscando identificar como a idade materna influencia os riscos e condições de saúde materno-infantil.
  Gravidez na adolescência: conhecimentos e prevenção entre jovensGUIMARÃES, E. A.; WITTER, G. P.2024Pesquisa conduzida com uma amostra de 22 adolescentes grávidas, com idades entre 14 e 16 anos. Após obter o consentimento livre e esclarecido das participantes e de seus responsáveis, foi aplicado um questionário para coletar dados sobre seus conhecimentos, comportamentos e sentimentos relacionados à gravidez.Compreender o nível de informação que adolescentes grávidas têm sobre métodos contraceptivos e os fatores que influenciam suas práticas preventivas, além de analisar os impactos da gravidez na adolescência em suas vidas educacionais e pessoais.

Ao colocar as pesquisas delimitadas em análise, possibilitou-se identificar a estreita relação entre os aspectos multifatoriais que influenciam a incidência da gravidez na adolescência, assim como, delimitar as principais consequências deste fenômeno.

Sexualidade na adolescência

A adolescência é tida como uma fase de transição entre a infância e a vida adulta, representando um marco vultoso no processo de desenvolvimento físico e psicossocial (SOPERJ, 2019). Essa etapa é marcada por intensas transformações corporais, psicológicas e comportamentais, em que o indivíduo busca sua própria identidade e sentido de pertencimento, estando sob ampla influência do contexto familiar e sociocultural. Durante esse período, ocorrem mudanças hormonais e comportamentais que despertam curiosidade e estimulam a necessidade de experimentação. Segundo MUUSS (1976, apud Domingos, 2010), fisiologicamente, é nessa fase que as funções reprodutivas amadurecem, ou seja, ocorrem mudanças hormonais que provocam estados de excitação, tidos como incontroláveis, ocorrendo a consolidação da atração sexual (MOREIRA, 2008). Em síntese, há a descoberta da sexualidade, impactada tanto pelas alterações físicas da puberdade quanto por fatores culturais. Contudo, quando essa vivência ocorre sem a devida orientação, pode estar associado a outra mudança significativa: a gravidez (DOMINGOS, 2010). Segundo Chipkevitch (1994, apud Domingos, 2010), um dos fatores biológicos predisponentes para a gravidez na adolescência é o surgimento da maturação sexual.

À vista disso, é possível afirmar que as principais fontes de informação sobre sexualidade e gravidez são a escola e a família. No entanto, muitas vezes esses espaços não abordam o tema de forma aprofundada, ainda refletindo um alto nível de interdito cultural, o que dificulta a construção de uma vivência saudável da sexualidade (CARVALHO, C.C, 2013). Embora grande parte dos adolescentes possua conhecimento sobre métodos contraceptivos, isso não garante práticas sexuais seguras. Muitos jovens, mesmo informados, não utilizam corretamente os métodos de prevenção (ALVES, B.O.O.M, 2022). Além disso, a sexualidade, nessa etapa da vida, está diretamente relacionada à construção da identidade e às experiências afetivas, levando diversos adolescentes a iniciarem sua vida sexual sem acesso a informações adequadas, o que gera comportamentos de risco, como relações sexuais desprotegidas (BRASIL, 2013). Atrelado à atuação da família e da escola, os serviços de saúde, como a Estratégia de Saúde da Família, também possuem papel fundamental na promoção da saúde sexual e reprodutiva. Contudo, muitas vezes, falham em abordar o assunto de forma clara, efetiva e acolhedora (DOMINGOS, 2010). 

Diante disso, é notório que a sexualidade na adolescência não é apenas uma questão biológica, mas também é moldada por fatores emocionais, culturais, familiares e sociais, que, quando negligenciados, expõe os jovens à gravidez, risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e possíveis complicações emocionais (DOMINGOS, 2010).

Fatores determinantes da gravidez na adolescência

A gravidez na adolescência se apresenta como fenômeno multifatorial, sendo influenciado por aspectos biológicos, psicológicos, sociais, culturais e econômicos (DIAS, A. C. G.; TEIXEIRA, M. A. P, 2010). Diversos estudos indicam que os principais fatores que contribuem para sua ocorrência envolvem o início precoce da vida sexual, o uso irregular ou inexistente de métodos contraceptivos, a falta de informação adequada sobre saúde sexual e reprodutiva, bem como a influência de contextos familiares e sociais marcados pela vulnerabilidade.

Um dos determinantes majoritariamente citado tange o início precoce da vida sexual, associado à ausência de maturidade emocional, assim como, a deficiência de conhecimento acerca dos riscos envolvidos. De acordo com Cerqueira-Santos et al. (2010), a média de idade para a primeira relação sexual entre adolescentes de baixo nível socioeconômico é inferior a 14 anos. Essa precocidade aumenta significativamente a probabilidade de ocorrer uma gestação indesejada, principalmente quando aliada ao não uso de preservativos ou anticoncepcionais (CERQUEIRA-SANTOS, E, 2010). A falta de acesso à educação sexual qualificada e à orientação profissional também aparece como um fator central, mesmo quando as adolescentes possuem algum conhecimento sobre métodos contraceptivos, muitas não os utilizam corretamente, o que demonstra uma lacuna entre o saber e a prática. Isso evidencia que apenas fornecer informações técnicas não é suficiente: é necessário que haja um trabalho educativo contínuo, afetivo e contextualizado (CASTRO, J. F. DE; ALMEIDA, C. M. T.; RODRIGUES, V. M. C. P. A, 2020).

No que tange a vulnerabilidade socioeconômica, a pobreza, a baixa escolaridade, a ausência de projetos de vida e a exclusão social expõe adolescentes a um ciclo de desinformação e falta de perspectiva (Carvalho, 2013). Destacando que adolescentes em situação de vulnerabilidade tendem a vivenciar a gravidez como uma espécie de “transição para a vida adulta”, muitas vezes como tentativa de alcançar reconhecimento social ou preencher lacunas afetivas deixadas por famílias desestruturadas (SILVA. C.Y.G, 2022).

A influência familiar e comunitária também exerce papel relevante. Em muitos contextos, há a naturalização da maternidade precoce, especialmente entre mães e avós que também vivenciaram a gestação na juventude. Ao mesmo tempo, a ausência de diálogo aberto sobre sexualidade e prevenção nas famílias contribui para a manutenção e propagação de mitos e crenças equivocadas. Em situações mais graves, a gravidez pode decorrer de violência sexual, especialmente em lares marcados por negligência ou abuso, como relatado por (Domingos, 2010).

Ao que concerne o sentimento de invulnerabilidade, popularmente conhecido “pensamento mágico”, no qual o adolescente acredita que quaisquer eventos não o afetam, se apresenta como uma percepção distorcida que compromete a capacidade de tomada de decisões conscientes acerca de sua saúde sexual e reprodutiva.

Isto posto, a compreensão dos fatores determinantes da gravide na adolescência exige uma abordagem interdisciplinar, conjecturando as realidades vividas por esses jovens. 

Principais consequências da gravidez na adolescência

As consequências da gravidez na adolescência são inúmeras, gerando impactos tanto para a adolescente quanto para todos os envolvidos na situação (CERQUEIRA-SANTOS et al., 2010). No caso da mulher, na faixa etária de 15 a 19 anos, a gravidez é considerada a principal causa de mortalidade materna, seja por complicações gestacionais ou pela prática clandestina de aborto (SOUZA, 2001, apud DOMINGOS, 2010). Segundo Souza (1998, apud Domingos, 2010), o aborto, muitas vezes, é visto como a única saída, levando essas jovens a colocarem suas vidas em risco, de forma solitária e clandestina, utilizando qualquer recurso que tenham à mão, uma vez que no Brasil essa prática é proibida. Ainda, com a evolução da gestação, há maior incidência de complicações como anemia, doença hipertensiva específica da gravidez, desproporção céfalo-pélvica, infecção urinária, placenta prévia, além de intercorrências no parto e no puerpério (LANGILLE, 2007, apud DOMINGOS, 2010). Ademais, é importante ressaltar que no âmbito psicossocial, as chances dessas adolescentes permanecerem na escola são muito menores quando comparadas às que não têm filhos, sendo essa probabilidade ainda mais reduzida entre meninas negras, de baixa renda ou que trabalham fora (BERQUÓ e CAVENACHI, 2005, apud DOMINGOS, 2010). Esse cenário pode ser considerado uma ameaça direta ao futuro dessas jovens (DOMINGOS, 2010), visto que o abandono escolar e a falta de profissionalização limitam o acesso ao mercado de trabalho (WHO, 2004, apud DOMINGOS, 2010), perpetuando, assim, a dependência econômica em relação aos pais. Por último, na esfera psicológica, essas meninas-mulheres precisam se reajustar em diversas dimensões, como a mudança na identidade e no seu papel social, passando por uma transição precoce para a vida adulta. Esse processo pode gerar traumas no desenvolvimento emocional (DOMINGOS, 2010), além de exigir que lidem com sentimento de insegurança, falta de apoio, isolamento social e familiar, fatores que aumentam o risco de depressão, suicídio e exploração sexual (MINAS GERAIS, 2007, apud, CARVALHO, 2013).

Para o bebê, uma gestação materna precoce está associada a maiores índices de baixo peso ao nascer, aumento da mortalidade infantil, pior desenvolvimento cognitivo e, no caso de meninas, maior chance de repetir o comportamento materno, engravidando também na adolescência (YAZLLE, 2006, apud DOMINGOS, 2010). Soma-se a isso a maior probabilidade de nascimento prematuro (LANGILLE, 2007, apud DOMINGOS, 2010) e o risco de receberem menos ações voltadas às suas necessidades, menos estímulo, comunicação e suporte, devido à imaturidade dos pais para educar e criar uma criança (CABRAL, 2003, apud SANTOS et al., 2010). Segundo dados do Ministério da Saúde (2018), a mortalidade infantil entre filhos de mães com até 19 anos é uma das maiores do país, chegando a 15,3 óbitos para cada mil nascidos vivos, acima da taxa nacional de 13,4.

Reconhecida como um problema de saúde pública, a gravidez na adolescência é, na maioria dos casos, evitável. Estudos conduzidos por Creatsas e Elsheikh demonstram que uma educação sexual formal e efetiva contribui significativamente para ampliar o conhecimento sobre saúde reprodutiva e a utilização correta de métodos de proteção, colaborando diretamente para a redução dos índices de gravidez e de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Contudo, mesmo diante das medidas preventivas, caso ocorra uma gravidez na adolescência, suas consequências podem ser minimizadas quando a gestante recebe assistência pré-natal adequada, de forma precoce, contínua e regular ao longo de toda a gestação (LAO; HO, 1997; MOREIRA, 2008, apud DOMINGOS, 2010), associada também ao acompanhamento psicológico (WHO, 2009, apud DOMINGOS, 2010). Logo, é importante destacar que gravidez e maternidade fazem parte do ciclo natural do desenvolvimento humano, porém, devem ocorrer de maneira consciente, planejada e alinhada ao momento de vida, de modo a mitigar os efeitos negativos que podem impactar diretamente o desenvolvimento biológico e psíquico da adolescente (SUZUKI et al., 2007, apud, CARVALHO, 2013).

CONCLUSÃO

Diante do que foi abordado, conclui-se que a gravidez na adolescência é um problema de saúde pública que precisa ser tratado de forma integrada, considerando aspectos biológicos, emocionais, culturais, sociais, econômicos e familiares. Essa situação exige uma atuação conjunta entre família, escola e serviços de saúde pública, para oferecer aos adolescentes uma educação sexual e reprodutiva ampla, eficaz e acolhedora, além de apoio psicológico contínuo. Para que essa educação funcione de verdade, é fundamental que esteja baseada nas vulnerabilidades dos jovens e de suas famílias. Quando bem aplicada, uma educação de qualidade contribui diretamente para reduzir os casos de gravidez precoce e infecções sexualmente transmissíveis, além de diminuir situações de depressão, suicídio e exploração sexual. Assim, os adolescentes têm mais chances de construir um futuro mais seguro e promissor.

REFERÊNCIAS

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1Discente do Curso do curso de Enfermagem do Centro
Universitário Presidente Tancredo de Almeida Neves – UNIPTAN

2Enfermeira, Mestre, Docente nos cursos de Enfermagem e Medicina no Centro
Universitário Presidente Tancredo de Almeida Neves – UNIPTAN

3Enfermeira, Mestra em Psicologia com ênfase em Saúde Mental, Docente nos cursos de
Enfermagem e Medicina no Centro Universitário Presidente Tancredo de Almeida Neves – UNIPTAN
E-mail para contato: gabrielletatiane71@gmail.com