A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NO COMPORTAMENTO ELEITORAL BRASILEIRO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7602567


Fabiana Cruz Silva Pinto1
Airton Pereira da Silva Leão2
Randal Silva Gomes3
Ronnyere Pereira Staiger4
Gustavo Moreira Borges5
Adriano Evangelista Freitas6
Solange Borges Alves Pessoa7
Ian Victor Celestrino Sousa8


RESUMO

O presente artigo visa tratar acerca das influências das redes sociais no comportamento eleitoral brasileiro. Diante o avanço da comunicação em massa as redes sociais ganharam espaços abrangentes no cotidiano dos indivíduos, nesse sentido, para as democracias o marketing político tem sido um dos principais pilares, é ele quem oportuniza dinâmicas políticas, planejamentos e ações com foco central no eleitorado. Em frente a essa temática, o artigo busca responder o questionamento: Como as redes sociais podem influenciar o comportamento eleitoral brasileiro? De acordo com o estudo “O eleitor brasileiro: uma análise do comportamento eleitoral” de Radmann (2001), o comportamento eleitoral brasileiro, apesar de alguns grupos encaixarem-se em alguma das três escolas de comportamento eleitoral, a maioria dos brasileiros detém um comportamento emotivo, e que não se encaixa perfeitamente em uma das teorias citadas durante a pesquisa. Para o desenvolvimento, foi-se utilizado a pesquisa bibliográfica para construção teórica e conceitual da pesquisa, além da exploratória para englobar autores nas concepções necessárias. Dentre os autores utilizados estão Rubim e Azevedo (1998), Miguel (2002), Porto (1997), Tavares e Massuchin (2015), Zago e Bastos (2013), Silva e Pellizzaro (2015), Castro (1994), Moro (2009) e Radmann (2001).

PALAVRAS-CHAVE: Marketing digital; Mídias digitais; Campanhas.

1 INTRODUÇÃO

A comunicação em massa no viés da Ciência Política é um assunto pouco abordado considerando que a maioria das concepções teóricas dessa ciência social foi constituída antes do período da mídia, as áreas em que essa temática ainda é abordada são relacionadas a opinião política, opinião pública, comportamento eleitoral/escolhas políticas e cultura política.

Apesar das poucas teorias que consagram a mídia sobre o viés da Ciência Política, sabe-se a importância de tratar sobre a temática, pois com a evolução tecnológica as condições midiáticas ficaram mais abrangentes, ainda mais no que se refere aos meios de comunicação atual.

De acordo com estudos realizados pelo Estatista, conforme o site Convergência Digital, entre os 20 países da pesquisa de dados, o Brasil aparece entre os principais colocadas na utilização de redes sociais somando cerca de 159 milhões de pessoa conectadas as mídias digitais ocupando a 5a posição dos países que mais utilizam redes sociais no mundo. Esses dados apenas reforçam como a redes sociais estão presente no dia a dia do brasileiro e como podem ter diferentes influências, entre elas a influência política.

É possível afirmar que dependendo do contato do eleitorado com a mídia ela pode influenciar na decisão de voto, considerando campanhas políticas com marketing digital. Diante disso, nas democracias o marketing político tem sido um dos principais pilares, é ele quem oportuniza dinâmicas políticas, planejamentos e ações com foco central no eleitorado.

Tendo em vista o cenário político, o marketing político digital vem se consolidando fortemente no cenário das redes sociais, ele possibilita o contato mais próximo com o eleitorado, e diante disso ele tem impacto direto ou indireto no que se relaciona com o comportamento eleitoral.

O comportamento eleitoral é definido em três escolas, sendo a Escola Sociológica, a Escola Psicossocial e a Escola da Teoria da Escolha Racional. Teorias essas que se encaixam no âmbito da ciência política que estuda os fatores que influenciam a decisão de voto do eleitorado e os perfis de eleitores.

Para tanto, o artigo apresenta uma argumentação teórica-conceitual para coletar dados e definir as influências das redes sociais no comportamento eleitoral do eleitor brasileiro. A problemática que pretende ser elucidar é: diante da evolução da comunicação em massa, como as redes sociais podem influenciar o comportamento eleitoral brasileiro?

Tem-se a hipótese de que o comportamento eleitoral brasileiro está ligado às conexões que o eleitor faz com a imagem dos candidatos, considerando confiáveis ou não, diante disso, o artigo responderá se essa posição pode ser influenciada através das mídias digitais presentes no dia a dia do eleitorado.

Nesse sentido, o objetivo geral é: argumentar acerca das possíveis influências que as redes sociais têm no comportamento eleitoral brasileiro. Como objetivos específicos foi definido: apresentar a relação entre mídia e Ciências Políticas; Analisar como funcionam o marketing político nas redes sociais; conceituar sobre as Escolas de Comportamento eleitoral; expor o perfil do eleitorado brasileiro e como podem ser influenciados através das redes sociais.

Dessa maneira, a presente temática justifica-se por ser um tema atual é de suma importância considerando a era digital que vivemos. As interconexões digitais através das redes sociais são intensas no dia a dia do indivíduo e consequentemente a política migrou para utilizar dela como estratégia, seja de forma justa como divulgação de projetos e imagem como de forma injusta como divulgação de fake news. Nesse sentido, vê-se claramente como tratar das influências das redes sociais no comportamento eleitoral é importante para a compreensão do meio político que se vive atualmente.

Para isso, foi utilizado a pesquisa bibliográfica para construção teórica e conceitual da pesquisa, além da exploratória para englobar autores nas concepções necessárias. Dentre os autores utilizados estão Rubim e Azevedo (1998), Miguel (2002), Porto (1997), Tavares e Massuchin (2015), Zago e Bastos (2013), Silva e Pellizzaro (2015), Castro (1994), Moro (2009) e Radmann (2001).

O atual capítulo trata das considerações iniciais a respeito do trabalho, logo em seguida será comentado a respeito da relação da mídia com a ciência política, marketing político digital nas redes sociais, fake news e escolas do comportamento eleitoral e comportamento eleitoral brasileiro. Por fim tem-se as considerações finais a respeito da pesquisa. Essa temática pode ser de interesses de todos, visando que questões políticas sejam abrangentes, especificamente para áreas afins das Ciências Políticas.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Mídia e Ciência Política

O conceito de mídia é recente no que se relaciona a área da comunicação, considerando que somente a partir da década de 90 começou-se a tratar abertamente sobre, apesar de muitas vezes ainda ser utilizada como imprensa, jornalismo, veículo, entre outros. A palavra mídia está mais relacionada no que se refere aos estudos de Comunicação e Política.

Segundo Rubim e Azevedo (1998) foi somente a partir das eleições de 1989, em houve o fenômeno Collor, que os estudos a respeito de Comunicação e Política tiveram seu “ponto de virada”, quando passaram a compreender nesse período a importância da comunicação em massa para o processo político brasileiro. Diante disso, para compreender essa novidade tiveram que relacionar estudos multidisciplinares entre as perspectivas da Comunicação, Sociologia, Ciência Política e, até mesmo, Psicologia Social e foi nesses estudos que a palavra mídia passou a ser bastante utilizada.

No que se refere à Ciência Política, as pesquisas a respeito de mídia estão relacionadas geralmente a opinião política, opinião pública, comportamento eleitoral/escolhas políticas e cultura política. Segundo Miguel (2002), a mídia não é um assunto muito abordado nos estudos de Ciência Política, considerando que a maior parte das importâncias teóricas construídas ao longo dos anos pela área foram consolidadas no período pré-mídia.

Porto (1997) menciona a escassez da mídia, por exemplo, nos estudos relacionados ao comportamento eleitoral, para tanto, ele admite que a maneira como a mídia se relaciona com a sociedade é complexa de ser analisada. Nesse sentido, Miguel (2002) relembra que Walter Lippmann, em 1920, lastimava o fato que a ciência política era ensinada nas universidades como se jornais não existissem, e continua citando que, oitenta anos depois, é capaz mencionar que a ciência política já identifica a existência do jornal, bem como do rádio, da televisão e até da internet.

Aldé (2004) apresenta que dependendo das situações de comunicação do indivíduo com a mídia pode ser um fator que influencia suas ações políticas. Nesse sentido, trazendo para o contexto atual, a mídia sofreu grande ascensão e as informações passaram a serem captadas em tempo real a partir da criação das redes sociais com a internet, é possível então, compreender que a facilidade e rapidez com que as informações chegam atualmente para os indivíduos, eles se encontram muito mais propensos às influências políticas garantidas pela presença das redes sociais em seu dia a dia.

2.2 Marketing político digital nas redes sociais

De acordo com Aldé e Borges (2004), a internet foi palco para visibilidade política dos candidatos no Brasil em 2002, nesse ano a disputa presidencial foi violenta com ultrajes e ataques entre os candidatos. Nesse sentido, ainda conforme Aldé e Borges, a internet configura um espaço para os candidatos ganharem visibilidade e se tornarem uma nova modalidade de fazer campanha política.

Conforme Tavares e Massuchin (2015), nas campanhas políticas, há diversas condições que auxiliam para a conduta dos candidatos que concorrem a votação, incluindo intenção de votos entre os candidatos, programa eleitoral, acontecimentos sociais e políticos contextuais, além das coberturas jornalísticas.

Com o avanço das mídias digitais e as interconexões entre usuários de redes sociais, os candidatos passaram a fazerem suas campanhas na internet, e nesse ambiente ele pode revelar suas intenções, seu plano de governo, auxiliando na demonstração de suas posturas, fazendo com que os eleitores fiquem frente a frente com as ideologias dos candidatos, além de ser criada uma relação maior entre candidato e eleitor através das redes.

Com o avanço da internet foi-se desenvolvendo meios de comunicação em massa que gera interação instantânea, as redes sociais. Nas redes é possível conectar-se a um aglomerado de pessoas de forma digital. De acordo com Zago e Bastos (2013), o fluxo de informações se expandiu e aperfeiçoou com as mídias digitais. Se antes as informações só eram obtidas através de leitura de jornais impressos, agora, além dos jornais tradicionais, há meios que as notícias conseguem atingir grande quantidade de pessoas, como Facebook. Com os mecanismos de “compartilhamento”, “curtida”, “comentário”, muito mais pessoas alcançam aquela mesma informação.

Diante disso, no processo eleitoral os meios de comunicação são as principais maneiras que os políticos encontram para propagar suas informações a respeito das suas candidaturas de acordo com Silva e Pellizzaro (2015). Dessa maneira, as redes sociais são ótimas ferramentas para campanhas eleitorais, em que os políticos utilizam delas para propagar suas propostas das campanhas eleitorais, além de um novo espaço para que os candidatos ganhem visibilidade (MARQUES, 2012). Assim, os candidatos passaram a trabalhar o marketing digital em suas redes sociais.

O art. 57-A da Lei n. 9.504/1997 (Lei das Eleições), dispõe ser permitido o uso da propaganda eleitoral na internet a partir do dia 5 de julho do ano da eleição, nesse sentido, sendo incluído, blog, sites, redes sociais e entre outros. Esse dispositivo foi acrescentado à Lei das Eleições pela Lei n. 12.034/2009, até então utilizava-se apenas recursos de rádio e TV como propaganda eleitoral.

Nessa abordagem, a partir da implementação da Lei, as redes sociais se tornaram importantes ferramentas eleitorais no Brasil. Na eleição presidencial de 2014, por exemplo, Tavares e Massuchin (2015) ao analisar os candidatos que concorriam à presidência da república nessa eleição, constataram que todos utilizaram o Facebook como estratégia. Atualmente, além do Facebook outras redes sociais também estão sendo muito acessadas, como Instagram, Twitter e WhatsApp.

Se no ano de 2014 a utilização das redes sociais para campanha eleitoral já era considerável, nas eleições presidenciais de 2018 se tornaram ferrenhas. Somente no Twitter, segundo estudo da FGV DAPP, no primeiro mês de campanha oficial, foram identificados 22.572.583 posts relacionados aos candidatos à presidência melhores estabelecidos (Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Marina Silva e Fernando Haddad). O candidato que se elegeu à presidência neste ano, Jair Bolsonaro, teve o marco de 47 milhões de visualizações de seus vídeos na plataforma Youtube, de acordo com Ruediger et al. (2018).

De acordo com uma pesquisa do Instituto do DataSenado em que 2,4 mil pessoas foram entrevistadas a respeito das eleições de 2018. Um dos questionamentos feitos foi “Ao decidirem seu voto durante um período de eleições, você já levou em consideração informações vitais em alguma rede social?”

Gráfico 1: Voto e redes sociais

Fonte: Pesquisa Data Senado, 2019

De acordo com a pesquisa, 45% dos entrevistados afirmaram que tomaram decisões de voto a partir de informações que obtiveram nas redes sociais, como representa o gráfico da figura 1. Nessa abordagem, considera-se que quase metade dos entrevistados tiveram influências através de redes sociais na última eleição presidencial do Brasil.
Ainda segundo a pesquisa, a principal rede social utilizada como meio de informação é o WhatsApp, sendo a resposta de 79% dos entrevistados, aplicativo que o brasileiro mais utiliza para comunicações diárias atualmente. Além disso, o gráfico abaixo apresenta as redes sociais tiveram impacto para a tomada de decisão dos entrevistados:

Gráfico 2: Redes sociais

Fonte: pesquisa Data Senado, 2019

É possível notar, então, que o Facebook foi a resposta de 31% dos entrevistados, sendo essa rede social mais utilizada para a decisão de voto, logo em seguida o WhatsApp com 29%.

Além disso, 80% dos entrevistados acreditam que as redes sociais influenciam as decisões de voto, dessa forma, para tanto, compreende-se como as redes são meios determinantes para as eleições.

2.3 Fake news

Com o processo eleitoral sendo realizado também nas redes sociais, uma grande problemática surge com o crescimento expressivo das mídias digitais, a fake news, as falsas notícias sendo disseminadas diariamente na internet com o grande poder de influenciar internautas. A problemática das fakes news se dá pela disseminação da notícia falsa e as desinformações que ela pode trazer, seja por jornal impresso, televisão, rádio ou on-line.

Diante disso, quando se trata das fakes news no campo das mídias digitais, trata-se da rapidez que a desinformação chega aos usuários, com o intuito de enganar, manipular para fins financeiros e políticos, com manchetes falsas, algumas vezes escandalosas para chamar a atenção dos internautas.

De acordo com ManhanellI (1988) as eleições são como guerras e as campanhas como batalhas, enquanto a artilharia são a publicidade através dos veículos de informações, nesse sentindo, pode-se compreender o porquê alguns políticos utilizam como ferramentas as fakes news na luta pela candidatura, considerando que a divulgação de notícias falsas gera um engajamento negativo ao político concorrente. De acordo com Junior (2021) as fakes News tornaram-se instrumentos estratégicos de comunicação política muito utilizado na última eleição presidencial, nesse sentido, as agências de checagem Lupa e Aos Fatos e o projeto Fato ou Fake, do Grupo Globo, tiveram que revelar 104 fake news que prejudicaram Fernando Haddad (PT) e outras 19 contra a Bolsonaro (PSL).

Portanto, percebe-se que as fakes news são grandes responsáveis por gerar desinformação intencional para ludibriar e manipular os eleitores e as disseminações nos meios digitais são ainda mais expansivas. Dessa maneira, o processo de decisão de voto nas eleições pode ser prejudicado através de informações falsas e tendenciosas.

2.4 Comportamento eleitoral e suas principais características

No estudo da Ciência Política, historicamente se desenvolveram três escolas de comportamento eleitoral, sendo: a escola sociológica (escola de Colúmbia), a escola psicossocial (escola de Michigan) e a escola da teoria da escolha racional. Durante esse capítulo, será apontado brevemente algumas características acerca de cada uma delas.

A escola sociológica se trata do argumento relacionado à posição social, ou seja, cada indivíduo determina seu voto e posição política a partir da sua condição socioeconômica. De acordo com Junior (2009), o eleito sociológico, as pessoas que vivem, se divertem ou trabalham juntos inclinam-se a votarem em um mesmo candidato, portanto, eles tendem a unirem socialmente diante a questão política considerando apenas sua questão social.

Nesse sentido, a classe baixa tende a votar na esquerda, a classe média vota no centro e a classe alta vota na direita. Cada indivíduo se encaixa socialmente em partidos que defendem as suas condições sociológicas, para tanto, condutas que se distanciam desse padrão são consideradas um “desvio”. Conforme Boudon (1990) explica, desvio significa uma transgressão, como estivesse infringindo sua condição social e pode acontecer por dois fatores: a alienação e a imitação.

A alienação é marcada pelo desinteresse do eleitor pela política, enquanto a imitação é definida como imitar o eleitor de outra classe social. Nesse sentido, compreende-se que na escola sociológica a decisão do voto é determinada pela situação socioeconômica do eleitor e considera a análise de um eleitor social, com interesses voltados ao seu grupo social.

No que se refere à escola psicossocial, ela relaciona-se ao indivíduo, não só ao grupo social e reconhece os “desvios” da outra escola citada como variáveis. Nessa escola, a condição psicológica e social do indivíduo é relevante para a tomada de decisão no voto. Segundo Camino, Silva e Souza (1998) tanto as questões relacionadas ao sentimento de pertencimento de um grupo quanto os interesses necessários dos grupos sociais, dependendo da sua posição econômica, são fatores pertinentes à decisão do voto nessa escola.

De acordo com Castro (1994) aqui a ideologia não é relevante, o que importa são as crenças, sentimentos e laços afetivos. Nesse sentido, a escolha política varia de indivíduo para indivíduo considerando os estímulos políticos do seu grupo social, contudo, sem atribuições de classe social, origens e fatores socioeconômicos.

Em contrapartida, a escola da teoria da escolha racional rompe as questões sociais abordadas na escola sociológica e na psicossocial. Nessa escola o voto é decidido a partir de questões e interesses individuais que podem ser de curto prazo. Nesse sentido, o indivíduo realiza cálculos e põe na balança o que o seu voto pode lhe possibilitar e favorecer, assim, agem de forma racional para escolher suas predileções de votos que alcance suas metas, esses indivíduos analisam a alternativa de voto que melhor os beneficia (MORO, 2009).

2.4.1 O comportamento eleitoral brasileiro

De acordo com o estudo “O eleitor brasileiro: uma análise do comportamento eleitoral” de Radmann (2001), o comportamento eleitoral brasileiro, apesar de alguns grupos encaixarem-se em alguma das três escolas de comportamento eleitoral, a maioria dos brasileiros detém um comportamento emotivo, e que não se encaixa perfeitamente em uma das teorias citadas.

Conforme Radmann (2001) apresenta em seu estudo, o eleitor brasileiro apresenta uma cultura política cética e personalista, considerando que a maior parte dos eleitores brasileiros não acreditam em política com uma visão negativa a respeito dos políticos, Radmann define que os eleitores brasileiros apresentam uma desilusão (por conta que fatores históricos e estruturais) mas, ao mesmo tempo uma esperança constante na hora de votar.

Pois à medida que o eleitor é pessimista diante o cenário brasileiro, ele tem esperanças de que um dia encontre “um bom candidato”, por isso ele escolhe o candidato em que vai votar por afeição e simpatia, aquele que mais lhe passa confiança, caracterizando, assim, o comportamento emotivo. Nesse sentido, a imagem que o candidato passa torna-se elemento-chave para a decisão do voto brasileiro, portando, Radmann afirma que o perfil do eleitor brasileiro é emotivo e sempre está à procura do candidato “menos pior”, embora tenha esperança, o eleitor ainda mantém seu comportamento cético e pessimista.

3 METODOLOGIA

O presente projeto pode ser classificado como uma pesquisa de caráter exploratório, logo, este tipo de estudo visa proporcionar uma visão geral de um determinado fato. A respeito do método de abordagem, foi utilizado o método quantitativo para oferecer informações numéricas e o qualitativo para obter dados significativos, pois, esclarecem os procedimentos lógicos que deverão ser seguidos no processo de investigação científica dos fatos da natureza e da sociedade.

Como mencionado, para elucidação da problemática que consiste em compreender como as redes sociais influenciam no comportamento eleitoral brasileiro, o artigo baseou-se na pesquisa exploratória para fomentar as ideias iniciais e para proporcionar maior familiaridade com o tema abordado. Em relação aos procedimentos técnicos foi utilizada a pesquisa bibliográfica que consiste na busca de embasamentos teóricos, com o intuito de levantar informações literárias como base da exploração e buscou-se artigos e materiais que apresentassem teorias sobre a temática apresentada.

Além da pesquisa exploratória utilizou também a pesquisa descritiva, a fim de elencar conhecimentos acerca das relações da Ciência Política com a mídia e o comportamento eleitoral. Primeiramente, buscou-se relacionar o conceito de mídias e a Ciência Política, em seguida foi tratado acerca das campanhas eleitorais nas redes sociais e fake news, por fim, tratou-se sobre o comportamento eleitoral brasileiro.

O desenvolvimento da pesquisa se deu pelas buscas de dados através do site ‘Google acadêmico” em que apresenta artigos científicos confiáveis acerca da temática abordada. Diante disso, foi coletado bibliográficas a respeito das mídias digitais foram utilizados diferentes autores, enquanto o último ponto preocupou-se em abordar brevemente o perfil do eleitor brasileiro a partir do estudo da Radmann (2001). No quadro 1 observa-se a disposição de autores a respeito de cada parte do referencial teórico.

Quadro 1 – Metodologia

ObjetivosCapítulosAutores
Entender as relações que há entre o conceito de mídia com a Ciência Política.2.1 Mídia e Ciência PolíticaRubim e Azevedo (1998); Miguel (2002); Porto (1997); Aldé (2004).
Entender como funcionam as campanhas eleitorais nas redes sociais.2.2 Campanha nas redesAldé e Borges (2004); Tavares e Massuchin (2015); Zago e Bastos (2013); Silva e Pellizzaro (2015); Marques (2012); Brasil (2009); Ruediger (2018);
Compreender a problemática das fake news no processo eleitoral.2.3 Fake NewsJunior (2012).
Apresentar as escolas de comportamento eleitoral e o comportamento eleitoral brasileiro.2.3 Comportamento eleitoral e suas principais características.Junior (2009); Boudon (1990); Camino, Silva e Souza (1998); Castro (1994); Moro (2009); Radmann (2001).

Fonte: desenvolvido pela autora, 2022.

Diante disso, tem-se o aparato bibliográfico para a construção da fundamentação teórica que possibilitou os resultados baseados nos dados coletados para elucidação da problemática a respeito da influência das redes sociais no comportamento eleitoral brasileiro.

O primeiro passo foi a delimitação do tema, em seguida, a busca por materiais que abrangesse a temática, logo desenvolveu-se a construção do artigo visando estudos teóricos que respondessem os questionamentos da problemática.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Diante do exposto percebeu-se que apesar de poucos estudos no que se relaciona a Ciência Política e as mídias, é perceptível como essa abordagem é indispensável para se tratar de algumas questões relacionados a Ciências Sociais, pois na realidade atual identifica-se a forte presença da mídia no cotidiano dos indivíduos, logo também, nas questões políticas.

As redes sociais, são os principais meios de comunicação da atualidade, nelas as pessoas interagem simultaneamente e de forma instantânea mesmo a quilômetros de distância, é através delas que a comunicação em massa ganha caminhos diferentes e a rapidez das informações é imediata. As conexões interpessoais na navegação na internet ficaram muito mais intensas com compartilhamentos, curtidas e comentários, com isso criam-se ligações com pessoas sem ao menos ter contato pessoalmente.

Nessa abordagem, o uso das redes sociais para cunho político torna-se uma estratégia a favor da criação de laços com os eleitores, pois ali é um local que se garante a identificação tanto ideológica quanto sentimental. As campanhas políticas nas redes sociais são formas estratégicas para alcançar o maior número de pessoas em menos tempo, por isso os políticos têm investido em marketing digital. As mídias digitais como Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, WhatsApp conectam o eleitor às informações dos candidatos de forma mais intensa, em que o acesso ao feito, a conduta, aos planos de governo e ideologias do político ficam mais acessíveis.

Diante do levantamento teórico acerca do comportamento eleitoral, para a escola sociológica e a escola psicossocial, as campanhas políticas nas redes sociais não têm tanta importância, considerando que os votos nessas escolas são decididos por questões socioeconômicas, históricas e psicológicas. Contudo, no que se refere aos considerados “desvios” mencionado na escola sociológica, pode ser que as campanhas nas redes sociais influenciam o que foi chamado de alienação e imitação, considerando que na alienação não há interesses políticos e podem votar de acordo com influências das redes e os de imitação, que imitam outras classes também por intervenção midiática.

Em contrapartida, na escola racional as campanhas nas redes socais e o contato com o candidato através das mídias digitais é primordial para a tomada de decisão, já que para o indivíduo dessa escola tomar decisões ele precisa de informações para calcular seus interesses e as redes sociais disponibiliza isso a ele, nesse sentido, o indivíduo pode analisar, calcular e decidir quais seriam seus benefícios com seus votos através de informações obtidas facilmente pelas redes sociais.

No que se refere ao comportamento emotivo do eleitor brasileiro, as mídias digitais proporcionam grande influência para a decisão, tendo em conta que eles precisam identificar confiança pelo perfil do candidato, já que eles votam pela imagem e atributos pessoais segundo Radmann (2001). Dessa maneira, os candidatos, obviamente, trabalham a questão de conduta e imagem nas redes sociais, através dela o eleitor pode se identificar com o político e ter a esperança que ele possa fazer a diferença no Brasil.

Portanto, compreende-se que diante os avanços na comunicação e o surgimento e ascensão das redes sociais é perceptível como as elas representam forte influência na decisão de voto, ou seja, no comportamento eleitoral do brasileiro, tendo em vista, a rapidez das informações, o marketing digital e as conexões instantâneas, contudo, pode-se afirmar que as fakes news também influenciam de forma negativa os resultados nas urnas eleitorais, como apresentado, disseminar notícias falsas contra o oponente político se tornou também uma estratégia na política atual. É válido se pensar em um letramento midiático para não haver influências negativas nas redes sociais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a teorização levantada durante a pesquisa percebeu-se que a mídia e a Ciência Política tem grandes relações, contudo, pouco estudada por teóricos da área considerando que a maior parte da concepção teórica dessa área foi construída no período pré-mídia, o que não quer dizer que não tem importância ou que não tenha como construído argumentos válidos a respeito.

A evolução da tecnologia foi um fator determinante nas comunicações diárias, com o uso das redes sociais muito pôde ser utilizado no campo político considerando a rapidez das informações e o grande número de pessoas que as mídias digitais alcançam. O Facebook, Instagram, Twitter e WhatsApp são as principais plataformas utilizadas como meio de comunicação.

Durante a pesquisa apresentada do DataSenado, 45% de 2,4 mil pessoas entrevistadas afirmaram que tomaram decisões de voto a partir de informações que obtiveram nas redes sociais durante as eleições presidências de 2018. Ainda segundo a pesquisa, a principal rede social utilizada como meio de informação é o WhatsApp, sendo a resposta de 79% dos entrevistados, aplicativo que o brasileiro mais utiliza para comunicações diárias atualmente. Nesse sentido, cabe ressaltar que muitos são os fatores que geram influências nas redes sociais no que determina a decisão de voto e necessárias as considerações a respeito tendo em vista a utilização em massa dos aplicativos de comunicação.

O comportamento eleitoral brasileiro foi definido por Radmann (2001) como um comportamento emotivo, em que os eleitores vivem em situação de desilusão, pessimista, mas, ao mesmo tempo, com esperanças de achar um candidato ideal que seja no mínimo o “menos pior”, dessa forma, os eleitores brasileiros votam a partir da imagem que o candidato passa e a rede social é essencial para a construção da imagem de um candidato, portando, é perceptível que a rede social pode ser o eixo principal que o candidato utiliza para a construção da confiança que o eleito necessita.

Para além desta pesquisa, pode-se seguir com as análises e apoios teóricos aqui apresentados com uma pesquisa de campo que atinge esferas mais amplas, por isso, cabe dizer que a pesquisa não se finda aqui, ela é ponto de partida para outras que desejam prosseguir na mesma temática.

REFERÊNCIAS

ALDÉ, A. A Construção da Política. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.

ALDÉ, A.; BORGES, J. Internet, imprensa e as eleições de 2002: pautando notícias em tempo real. Logos, Rio de Janeiro, v. 21, 2004.

BRASIL. Lei no 12.034, de 29 de setembro de 2009. Altera as Leis nos 9.096, de 19 de setembro de 1995 – Lei dos Partidos Políticos no 9.504, de 30 de setembro de 1997, que estabelece normas para as eleições, e 4.737, de 15 de julho de 1965 – Código Eleitoral. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/> Acesso em: 30 jul. 2022.

BOUDON, R. Os Métodos em Sociologia, Lisboa: Ed. Rolim, s/d, 1990.

CAMINO, L., SILVA, E. A. da, SOUZA, S. M. de. Primeiros passos para a elaboração de um Modelo Psicossociológico do Comportamento Eleitoral: estudo dos eleitores de João Pessoa na campanha de 1992. Revista Estudos de Psicologia, 1998. 3(1), 7-33. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/epsic/v3n1/a02v03n1.pdf>. Acesso em: 04. jul. 2022.

CASTRO, M. M. M. de. Determinantes do comportamento eleitoral: a centralidade da sofisticação política. Tese de Doutorado em Ciência Política, IUPERJ, Rio de Janeiro, 1994.

JUNIOR, A. de C. A.. Fake news e as eleições brasileiras de 2018: o uso da desinformação como estratégia de comunicação eleitoral. Más poder local, n. 44, p. 81-108, 2021.

JUNIOR. J. P. M. Dossiê partidos, eleições e participação. Revista Debates, Porto Alegre, 2009. v. 3, n. 2, p. 68-96, jul.-dez. Disponível em:<http://www.seer.ufrgs.br/index.php/debates/article/viewFile/10836/6848>. Acesso em: 02 jul. 2022.

MANHANELLI, C. A. Estratégias eleitorais: marketing político. São Paulo: Summus, 1988.

MIGUEL, L. F. Os meios de comunicação e a prática política. Lua Nova, São Paulo, n.55-56, 2002, p. 155-184.

MORO, E. J. A Teoria da Escolha Racional e a Explicação do Voto. Revista Intratextos. Rio de Janeiro, 2009. vol.1, n.1, p. 6-21. Disponível em: www.epublicacoes.uerj.br./index.php/intratextos/article/view/212/225. Acesso em 04. jul.2022.

NO BRASIL, 159 milhões usam redes sociais diariamente. YouTube é a campeã. [S. l.], 4 abr. 2022. Disponível em:https://www.convergenciadigital.com.br/Internet/No-Brasil%2C-159-milhoes-usam-redes-sociais-diariamente.-YouTube-e-o-campeao-59919.html?UserActiveTemplate=mobile#:~:text=Segundo%20a%20pesquisa%2C%20as%20redes,%25)%2C%20outros%20(7%25). Acesso em: 2 ago. 2022.

PORTO, M. Dilemas da Racionalidade: o caso dos efeitos da mídia no comportamento político. In: CAMINO, L., LHULIER, L. e SANDOVAL, S. (Orgs.). Estudos sobre Comportamento Político: teoria e pesquisa. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 1997. p. 39-53.

RADMANN, E. R. H. O eleitor brasileiro: uma análise do comportamento eleitoral. 2001.

RUBIM, A.A. C.; AZEVEDO, F. Mídia e Política no Brasil. Lua Nova, São Paulo, n. 43, 1998, p. 189-216. REDES sociais influenciam voto de 45% da população, indica pesquisa do Data Senado. Senado Notícias, 2019. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/12/12/redes-sociais-influenciam-voto-de-45-da-populacao-indica-pesquisa-do-datasenado>. Acesso em: 4 ago. 2022.

RUEDIGER, M. A. (coord.). Redes Sociais nas Eleições de 2018. FGV – DAPP. Rio de Janeiro, 2018.

SILVA, B. F. da; PELLIZZARO, A. C. A cobertura da eleição presidencial de 2014 no Facebook: aspectos da visibilidade da campanha e dos candidatos nas postagens do Estadão, Folha de S. Paulo e O Globo. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA: RELEITURAS CONTEMPORÂNEAS: O BRASIL NA PERSPECTIVA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS, 6, 2015, Curitiba. Anais… Disponível em: <http://www.e-democracia.com.br/sociologia/anais_2015/busca-por-area/>. Acesso em: 30jul. 2022.

TAVARES, C. Q.; MASSUCHIN, M. G. Campanha eleitoral nas redes sociais: um estudo sobre as estratégias empregadas pelos candidatos à Presidência da no Facebook em 2014. Trabalho apresentado no 4. Fórum Brasileiro de Pós-Graduação em Ciência Política, Niterói, 2015.

ZAGO, G. da S.; BASTOS, M. T. Visibilidade de notícias no Twitter e no Facebook. Revista Jounarlism Research, v. 9, n. 1, 2013.


1Graduando em Adminstração pela Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL)
Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL)
R. Topázio, 100 – Vila São Francisco, Açailândia – MA, 65930-000
fabianacruz.20200006280@uemasul.edu.br

2Doutorando em Administração e Contabilidade pela Fucape Business School (FUCAPE). Mestrado em Administração e Contabilidade pela Fucape Business School (FUCAPE). Especialista em Gestão Pública pela Universidade Estadudal do Maranhção (UEMA). Graduado em Adminstração pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Br 222, KM-02, Nº 01, Bairro Jardim de Alah. Açailândia-MA. CEP 65930-000
airtonleao@outlook.com

3Engenheiro Civil (CEULP/ULBRA). Especialização em Docência no Ensino Superior (FACIBRA). Especialização em Estruturas e Fundações (IPOG). Especialização em Infraestrutura de Transportes e Rodovias (IPOG). Pós-graduando em Engenharia Ferroviária. Mestrando em Estrutras e Materiais (UFPA).
Faculdade Valo do Aço (FAVALE)
Br 222, KM-02, Nº 01, Bairro Jardim de Alah. Açailândia-MA. CEP 65930-000
randal.gomes@hotmail.com

4Engenheiro Civil (CEULP/ULBRA). Especialização em Infraestratura e Transportes (UNYLEYA).
Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/ULBRA)
1503 sul alameda 29 lote 12, plano diretor sul, Palmas – TO, CEP: 77025-416
ronnyere15gmail.com

5Graduando em Adminstração pela Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL)
Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL)
R. Topázio, 100 – Vila São Francisco, Açailândia – MA, 65930-000
gustavo.uemasul@gmail.com

6Graduado em Tecnólogo em Gestão Ambiental pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)
Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL)
adrianoevangelistafreitas05@gmail.com
iansousa.20200006137@uemasul.edu.br

7Especialista em Gestão Pública pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Graduação em Ciência Contábeis.
Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL)
R. Topázio, 100 – Vila São Francisco, Açailândia – MA, 65930-000
gestao.contadora@gmail.com

8Graduando em Adminstração pela Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL)
Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL)
R. Topázio, 100 – Vila São Francisco, Açailândia – MA, 65930-000
iansousa.20200006137@uemasul.edu.br