REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202410310010
Jercivalda Da Anunciação Oliveira
Leonardo De Lima Braga
Neemias Silva Gonzaga Do Sacramento
Orientador: Graciely Lima Ferraz Da Silva
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo discutir a respeito da prática de atividade física na prevenção e controle das principais patologias em idosos. A população idosa vem aumentando a cada dia, o que se atribui a uma maior expectativa de vida, provavelmente, relacionada a um melhor controle de doenças crônicas. O envelhecimento vem acompanhado de uma série de efeitos nos diferentes sistemas do organismo, o que de uma certa forma diminui a aptidão e a performance física. Para que essas pessoas tenham uma boa qualidade de vida, se faz necessário uma mudança na estrutura social desses indivíduos. Através de seus inúmeros benefícios, a atividade física e a prescrição individualizada são fatores importantes na promoção e prevenção da saúde dos idosos. Além de servir na prevenção das doenças próprias dessa idade (hipertensão arterial, osteoporose, diabetes mellitus etc.), melhora consideravelmente a qualidade de vida e sua independência.
Palavras-chave: Idoso, Atividade, Física, Saúde, Doenças, Benefícios.
ABSTRACT: The present article aims to discuss the practice of physical activity in the prevention and control of major pathologies in the elderly. The elderly population is increasing every day, which is attributed to a higher life expectancy, probably related to better control of chronic diseases. Aging is accompanied by a series of effects on different body systems, which in some way decrease fitness and physical performance. For these people to have a good quality of life, a change in their social structure is necessary. Through its numerous benefits, physical activity and individualized prescription are important factors in promoting and preventing the health of the elderly. In addition to preventing diseases typical of this age (hypertension, osteoporosis, diabetes mellitus etc.), it considerably improves quality of life and independence.
Keywords: Elderly, Physical, Activity, Health, Diseases, Benefits
INTRODUÇÃO
Diversos estudos comprovam os benefícios da atividade física para a saúde. No entanto, cada vez menos pessoas praticam atividades físicas, e isso se deve a avanços da tecnologia que eliminou quase completamente a necessidade de esforço físico na vida diária.
Esses estudos demonstram que indivíduos fisicamente ativos não apenas vivem mais tempo do que indivíduos sedentários, como vivem com melhor qualidade de vida e menos doenças (REZENDE et al., 2014, CHAU et al., 2014).
Isso é confirmado quando observamos indivíduos que ao longo da vida tiveram uma rotina equilibrada, ativa e saudável e chegaram na terceira idade. Hoje com os avanços da tecnologia, um aumento da consciência da população sobre os cuidados com a saúde, a parcela da população idosa cresceu em todo mundo, inclusive aqui no brasil. Projeções indicam que até 2050 o número de idosos ultrapasse os 30% da população do Brasil. O que traria novos e grandiosos desafios na condução de políticas públicas para cuidar dessa população.
O envelhecimento populacional é um fenômeno global que reflete o sucesso das políticas de saúde pública e o avanço da medicina, resultando em uma maior expectativa de vida. Este processo traz consigo importantes transformações sociais, econômicas e políticas. Com uma parcela maior da população vivendo mais, há um aumento na demanda por serviços de saúde especializados, adaptações nas políticas de previdência e assistência social, e uma necessidade crescente de considerar os idosos em planejamentos urbanos (MESQUITA et al, 2005).
A promoção do envelhecimento ativo e saudável é essencial para que os idosos possam contribuir ativamente para a sociedade, promovendo uma visão mais positiva da terceira idade. A participação dos idosos na sociedade não deve ser vista apenas como um desafio, mas como uma oportunidade para enriquecer a sociedade com sua experiência e sabedoria. Portanto, o envelhecimento populacional não é apenas uma questão demográfica, mas um indicador de progresso e um convite para tirar os indivíduos de uma rotina sedentária, com uma rotina ativa e saudável (MESQUITA et al, 2005).
Atualmente o sedentarismo é considerado um grave problema de saúde pública. Uma das maneiras de lidar com esse problema é por meio da manutenção de um nível mínimo de condicionamento físico. No entanto, o condicionamento físico é geralmente associado apenas aos atletas, sendo que na verdade todos devem ter um nível adequado de condicionamento para melhorar a qualidade de vida e ter uma vida mais saudável.
Inúmeras pesquisas divulgadas pela comunidade científica demonstraram que a falta de atividade física e a adoção de um estilo de vida sedentário causam sérios prejuízos à saúde e podem, inclusive, ser considerados um problema de saúde pública (HASKELL et al., 2007; SALMON et al., 2011; EDWARSON et al., 2012).
Ao contrário, quando adotamos um estilo de vida onde a atividade/exercício físico faz parte de nossa rotina diária, colhemos resultados positivos que conduzirão a um bem-estar físico, social e mental melhor ao longo da vida adulta chegando a terceira idade mais preparados para os desafios que serão impostos.
A realização de estudos científicos sobre a prática de atividade física para idosos podem ajudar a compreender quais serão os benefícios e as melhores abordagens para essa faixa etária. Pesquisas podem indicar quais são os melhores exercícios para melhorar a força muscular, a flexibilidade, a capacidade cardiovascular e a saúde mental dos idosos.
Estudos também podem apontar quais as estratégias mais eficazes para incentivar a participação dos idosos em atividades físicas, o que é de muita importância, considerando que a taxa de inatividade física nessa população é bastante relevante. Portanto, a pesquisa científica ajuda a preencher lacunas de conhecimento, orientando políticas públicas e práticas profissionais para apoiar um envelhecimento ativo e saudável.
MÉTODOS
Foram realizadas pesquisas de revisão literária, através de publicações disponíveis nos bancos de dados das plataformas digitais como Google Acadêmico, SciELO, National Library of Medicine, entre outros. A pesquisa foi direcionada pelo uso de palavras-chave como “idoso/elderly, atividade física/physical activity, benefícios/benefits, doenças crônicas/chronic illnesses, condicionamento físico/physical conditioning.
Os artigos que se encontram na língua inglesa, foram traduzidos utilizando a ferramenta de tradução do buscador Google.
Como critérios de inclusão, foram selecionados artigos científicos completos e de revisão de literatura, gratuitos, publicados nos idiomas inglês e português que abordavam o tema proposto. Foram selecionadas 23 referências bibliográficas e 4 estudos científicos. Todo o material foi submetido a leitura criteriosa pela equipe, para a coleta de dados. Todos esses dados foram utilizados na confecção do referencial teórico, dispostas nas categorias que compõem esse trabalho.
Tabela 1, elencando sobre as referências e suas origens nas plataformas digitais.
DEFINIÇÃO DE ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO
Atividade física e exercício físico possuem o mesmo significado? Embora em muitos casos sejam utilizados como sinônimos, as duas expressões possuem características diferentes. Caspersen et al. define atividade física como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gasto de energia. Essas atividades podem ser categorizadas em atividades ocupacionais, esportivas, condicionantes, domésticas ou outras (CASPERSEN et al., 1985). Exemplo: Passear com o cachorro, subir as escadas, ir ao mercado de bicicleta, limpar a casa etc.
Já o exercício físico é uma atividade que é planejada, estruturada e repetitiva e tem como objetivo final a melhoria ou manutenção da aptidão física (CASPERSEN et al., 1985). Exemplo: treino de musculação na academia, treino de atleta para competições etc.
ENVELHECIMENTO E ATIVIDADE FÍSICA
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define “idoso” como o indivíduo com 60 anos de idade ou mais em países desenvolvidos, e no caso do Brasil, com 65 anos ou mais. Entre 2015 e 2030 o número de pessoas no mundo com idade igual ou superior a 60 anos deverá crescer 56%, passando de 901 milhões para 1,4 bilhões. Até 2050, a população global de pessoas idosas deverá aumentar mais do que o dobro, atingindo quase 2,1 bilhões de pessoas (OMS).
Kramer et al., inferem que o processo de envelhecimento está associado a diminuição das capacidades motoras, como a força, flexibilidade, velocidade, agilidade, equilíbrio, redução das capacidades cognitivas e psicológicas, dificultando a realização das atividades diárias e um estilo de vida saudável. Além disso, os efeitos de longos anos de vida geralmente envolvem aumento da incidência de doenças crônicas (KRAMER et al., 2004).
Picoli et al., discorrem que o envelhecimento provoca uma série de alterações na composição corporal. A idade resulta em um aumento na massa de gordura corporal, especialmente na região abdominal, e diminui a massa corporal magra como resultado das perdas da massa muscular esquelética. O termo sarcopenia é usado para definir essa perda de massa muscular ocorre fisiologicamente com o envelhecimento (PICOLI; FIGUEIRERO; PATRIZZI, 2011; ZIAALDINI et al., 2017).
A partir dos 40 anos perde-se 0,5% da força ao ano, aumentando para 1% ao ano a partir dos 55 anos e podendo chegar a 2% aos 65 anos. Aos 50 anos, em geral perde-se 10% da massa muscular máxima. A partir dos 50 anos a perda acelera e a massa muscular diminui 15% por década entre os 60 e 70 anos e mais de 30% na acima dos 80 anos de idade.
Além da força muscular, a flexibilidade, o equilíbrio e a densidade óssea também diminuem. No entanto, o nível de perda muscular pode ser atenuado de acordo com vários fatores, como a genética e, principalmente, o nível individual de atividade física (RAHL, 2010, SILVA et al., 2006).
Embora a perda de massa muscular seja um processo natural, pesquisas científicas mostram que o exercício físico pode atenuar de forma significativa esse processo e combater suas consequências debilitantes. Existem evidências que demonstram que a prática regular de exercício físico é capaz de retardar as mudanças fisiológicas do envelhecimento; diminuir a perda de massa óssea e muscular; aumentar a força, coordenação e equilíbrio; reduzir a incapacidade funcional e aumentar a longevidade, bem como, também à redução de fatores de risco cardiovasculares (ACSM, 2009; SINGH, 2002).
Para Cheik et al., o exercício físico é capaz de promover o bem-estar psicológico; diminuindo a intensidade de pensamentos negativos e o risco de desenvolver depressão, além de melhorar o humor e, consequentemente, a qualidade de vida (CHEIK et al., 2003).
FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO NA POPULAÇÃO IDOSA
A) FATORES INDIVIDUAIS
Para Silva et al., a prática da atividade física por idosos é multifatorial, que pode tanto facilitar quanto dificultar a adesão e manutenção do idoso na prática do exercício físico, o que é essencial para a saúde e bem-estar. Para os autores está entre esses fatores: as atitudes em relação à atividade física, a crença na própria capacidade de ser ativo e o conhecimento de oportunidades para se exercitar no dia a dia (SILVA et al. 2006).
Outro fator elencado pelos autores é a orientação médica. O conselho de um médico de confiança tem demonstrado influência dos idosos na prática da atividade física. No Brasil 58% dos idosos começaram a praticar atividade física após consultarem com algum médico. Além disso, a saúde, o prazer e a sociabilidade emergem como fatores motivacionais significativos, sugerindo que a integração social e a satisfação pessoal são componentes importantes para a continuidade da atividade física na terceira idade (SILVA et al. 2006).
B) FATORES SOCIAIS
O apoio social de familiares e amigos é fundamental, pois a presença de companhia e incentivo pode aumentar significativamente a motivação para a prática regular de exercícios. Além disso, a integração em grupos de atividade física proporciona uma oportunidade para socialização e construção de uma rede de apoio, o que é benéfico para a saúde mental e emocional dos idosos (PADOIN et al., 2010).
Padoin et al., elenca outro aspecto importante, que é o acesso a espaços adequados e seguros para os idosos fazerem os exercícios. Podemos citar os parques, centros de recreação, clubes e academias que são essenciais para promover a adesão a um regime de atividade física.
O idoso requer cuidados especiais e devem estar sempre orientados por um médico, e também por um profissional de educação física qualificado. Por fim, políticas públicas que promovam a saúde e o bem-estar dos idosos, incluindo a criação de programas de atividade física acessíveis (PADOIN et al., 2010).
C) DIFICULDADES ENFRENTADAS
Os idosos enfrentam diversas barreiras para a adesão à prática de atividades físicas, sendo algumas das mais comuns as limitações físicas, como doenças, dor ou lesões, que podem desencorajar a participação em exercícios regulares. Além disso, questões como falta de segurança, medo de cair ou se machucar, e até mesmo a percepção de já serem suficientemente ativos, são fatores que contribuem para a inatividade (PADOIN et al., 2010).
Outras barreiras incluem a falta de disposição, excesso de cuidado por parte da família, exercícios físicos inadequados, e até aspectos sociais como o casamento e o cuidado com os netos. É importante que programas de atividades físicas para idosos considerem essas barreiras e busquem formas de facilitar a participação, promovendo ambientes seguros e exercícios adaptados às necessidades individuais, para que possam desfrutar dos benefícios da atividade física para a saúde e bem-estar (SILVA et al. 2006).
DOENÇAS CRÔNICAS
A atividade física regular vem sendo analisada há bastante tempo como uma grande importância no dia a dia dos idosos. Há indicativo de que os exercícios físicos atuam diretamente para reduzir a incidência de doenças crônicas a longo prazo. Diante disso, alguns modelos e programas de promoção à saúde associados à atividade física estão sendo aplicados como estratégia barata para promover a saúde, aprimorando a saúde física, mental e social, e reduzindo custos no setor econômico (ARAÚJO; GONÇALVES, 2016).
Segundo De Neto Melo et al, (2017) as doenças mais comuns em idosos, destacam-se a cardiovasculares que podem influenciar negativamente a qualidade de vida e expandir o risco de óbito, podendo extrapolar os custos na saúde pública e privada. As doenças cardiovasculares podem ser classificadas como qualquer doença que impacta o sistema circulatório, com etiologias multifatoriais e complexas. Além disso, a existência de fatores de risco aumenta exponencialmente o desenvolvimento e piora clínica das cardiopatias.
A) HIPERTENSÃO ARTERIAL
A hipertensão arterial é uma doença classificada pelos níveis pressóricos elevados, associados a alterações metabólicas e hormonais, assim como a fenômenos nutricionais (hipertrofia cardíaca e vascular). Além do mais, é uma doença que pode ser detectada essencialmente pela aferição da pressão arterial, tornou-se um grave problema de saúde pública no Brasil devido à sua expansão, isto é, aumento significativo do número de pacientes acometidos (MION, 2020)
Mion, (2020) ressalta que o sintoma mais comum da hipertensão é o aumento da pressão arterial, que provoca desconfortos físicos, como, palpitações, tremores, fadiga, formigamento nos membros inferiores e superiores, dores de cabeça e visão turva, entres outros sintomas, sendo capaz de levar ao acidente vascular cerebral, com consequências irreversíveis. Nos idosos, é apontada uma das mais importantes causas de morbimortalidade prematura devido à sua elevada prevalência e por constituir um fator de risco relevante para complicações cardiovasculares.
B) DIABETES MELLITUS
O diabetes mellitus é uma doença crônica que afeta cerca de 3% da população mundial, com perspectiva de aumento até 2030, e tem sua procedência dado o envelhecimento populacional. Em 2015, a Federação Internacional de Diabetes (IDF, em inglês) estimou que um em cada 11 adultos entre 20 e 79 anos tinha diabetes tipo 2. O diabetes mellitus ocupa a nona posição entre as doenças que causam perda de anos de vida saudável (MUZY; EMMERICK; SCHRAMM, 2021).
De acordo com Muzy et al, (2021) o diabetes no Brasil é considerado um importante problema de saúde pública. Neste caso, aponta as suas principais complicações, nas quais podemos citar; neuropatia, retinopatia, cegueira, pé diabético, amputações e nefropatia.
C) OSTEOPOROSE
A osteoporose é uma doença crônica que é um problema de saúde pública que atinge principalmente as pessoas com idade mais avançada. Além dessa faixa etária, as mulheres também apresentam maior probabilidade de desenvolver após a menopausa (ARAÚJO; GONÇALVES, 2016).
Araújo e Gonçalves, (2016) ressalta ainda que é um problema causado por uma alteração na massa óssea. Considerada grave quando além dessa alteração, há possibilidade também de haver uma fratura prévia. A perda dessa massa óssea compromete a microarquitetura do osso. Na prática clínica, a osteoporose é quando a densidade mineral óssea apresenta um desvio padrão de 2,5 ou inferior, quando comparado a um adulto jovem do mesmo sexo (T-score).
D) DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS
Segundo Da paz et al, (2021) doenças neurodegenerativas correspondem a moléstias causadas pela perda progressiva de neurônios nas estruturas do sistema nervoso, resultando em alterações funcionais gradativas. O desencadeamento de tais doenças pode ocorrer por diversos fatores como distúrbios genéticos, anormalidades proteicas, estresse oxidativo e exposição a substâncias tóxicas. Caracterizam-se como sendo incuráveis, debilitantes, de início insidioso e progressão crônica, além de apresentarem altas taxas de mortalidade e podem causar grandes perturbações comprometimentos físicos quanto cognitivo, o que levam a morte do indivíduo.
Em comum, tais doenças compartilham a perda de neurônios e a presença de proteínas mal enoveladas em áreas cerebrais. Além do mais, a crescente prevalência das doenças neurodegenerativas se deve, em parte, ao aumento da expectativa de vida, concomitante ao envelhecimento populacional. O envelhecimento consiste em um processo natural caracterizado por diversas mudanças que ocorrem em todo o organismo, sendo o principal fator de risco para as doenças crônicas, o que culmina por gerar então uma estreita relação entre o avanço da idade e o surgimento de tais patologias (DA PAZ ET AL, 2021).
BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA PARA A POPULAÇÃO IDOSA
A prática regular de exercício físico é um dos pilares para a saúde do indivíduo. A partir dessa relação, existem guias de recomendação de exercícios para a população de forma geral. Em 2008, o Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM, 2008) em conjunto com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA e os Institutos Nacionais de Saúde emitiram um guia de referência sobre atividade física e saúde.
O principal objetivo deste guia é esclarecer, o volume e a intensidade da atividade física necessária para melhorar a saúde, reduzir os riscos de doenças crônicas e diminuir a mortalidade prematura.
A) BENEFÍCIOS FÍSICOS
Segundo Harati et al., a realização de atividades físicas na frequência e intensidade recomendadas pelo Guia de 2008 trazem os seguintes benefícios físicos: melhora na capacidade cardiovascular e respiratória, redução da gordura corporal, redução da inflamação, melhora da saúde óssea, melhora das funções cognitivas, bem como, reduzem os riscos de mortalidade prematura, doença cardiovascular, aterosclerose, hipertensão, acidente vascular cerebral, osteoporose, diabetes tipo 2, síndrome metabólica, obesidade, câncer de cólon, câncer de mama, quedas na função cognitiva e outros (HARATI; HADAEGH; MOMENAN, 2010; SHIROMA et al., 2002).
B) BENEFÍCIOS PSICOLÓGICOS
Segundo o autor Piercy et al., além da prevenção de doenças, o exercício regular promove diversos outros benefícios como a melhora da qualidade do sono, da sensação de bem estar, da saúde mental e emocional e na realização de tarefas diárias. Estudos demonstram que a prática regular de atividade física reduz níveis de ansiedade, depressão e outras doenças associadas (PIERCY et al., 2018).
Aspectos cognitivos como memória, atenção, capacidade de planejar, organizar, iniciar tarefas e controlar emoções, além do desempenho acadêmico, também são melhorados com a prática de exercícios físicos (HEYN et al. 2004). Isso é ainda mais importante quando nós tratamos da população idosa, onde foi confirmado que a prática de qualquer atividade física é importante protetor contra o declínio cognitivo e demência em indivíduos idosos (LAURIN et al., 2001).
Além de melhorar a qualidade de vida, a prática regular de atividade física oferece a oportunidade de se divertir, fazer novos amigos, passar tempo com a família, aproveitar o ar livre e sentir-se mais ativo e saudável. Em resumo, a preparação física é essencial tanto para atletas de alto desempenho quanto para qualquer pessoa que deseje melhorar seu condicionamento físico para uma vida mais saudável e livre de dores.
Quais são as recomendações de atividades físicas que devem ser seguidas pelos idosos? A seguir segue as orientações do Guia 2008 do Colégio Americano de Medicina Esportiva recomenda (ACSM, 2008).
RECOMENDAÇÕES PARA A PRÁTICA DA ATIVIDADE FÍSICA PARA A POPULAÇÃO IDOSA
Segundo Picoli et al., exercícios de resistência ainda são a intervenção mais efetiva para aumentar a massa e força muscular em idosos e prevenir a sarcopenia. Isso porque o treinamento de força pode otimizar as respostas neuromusculares (hipertrofia muscular e força muscular) por meio do aumento da capacidade contrátil dos músculos esqueléticos (PICOLI; FIGUEIRERO; PATRIZZI, 2011).
Recentemente, tem-se mostrado que exercícios aeróbios também são capazes de atenuar a perda muscular e de melhorar a capacidade cognitiva, por isso também devem ser incluídos no esquema de treinamento desses indivíduos (ZIAALDINI et al., 2017).
Vamos ver então, quais são as recomendações do Colégio Americano de Medicina do esporte para prescrição de exercícios para essa população (ACSM, 2008):
EXERCÍCIOS DE FLEXIBILIDADE:
A) Frequência: exercícios de flexibilidade devem ser realizados pelo menos duas vezes por semana.
B) Intensidade: qualquer atividade física que mantenha ou aumente a flexibilidade para todos os grupos musculares. Sugere-se o uso de alongamentos estáticos em vez de movimentos balísticos.
EXERCÍCIOS AERÓBICOS:
A) Frequência: 5 dias ou mais por semana para intensidade moderada ou 3 dias ou mais para intensidade vigorosa ou alguma combinação de exercício moderado e vigoroso de intensidade de 3-5 dias por semana.
B) Intensidade: a partir da escala de Borg de 0 – 10 pontos para mensurar a percepção subjetiva de esforço, sugere-se 5 a 6 para intensidade moderada e 7 a 8 para intensidade vigorosa.
C) Modo de exercício: qualquer modalidade que não imponha estresse ortopédico excessivo. O exercício aquático e o exercício em bicicleta estacionária, por exemplo, podem ser vantajosos para aqueles com tolerância limitada à atividade de sustentação de peso.
EXERCÍCIOS DE RESISTÊNCIA:
A) Frequência: deve ser realizada pelo menos duas vezes por semana.
B) Intensidade: os exercícios devem ser realizados em intensidade moderada, ou seja, 60% –70% de uma repetição máxima (1-RM). Intensidade leve, ou seja, de 40% – 50% de 1RM, para idosos iniciantes de algum programa de treino de resistência. A escola de Borg também pode ser usada para mensurar a intensidade do esforço, sendo 5-6 para atividade moderada e 7-8 para intensidade vigorosa. – Sugere-se a realização de 8 a 10 exercícios que envolvem os principais grupos musculares; subir escadas e outras atividades de fortalecimento que usam os principais grupos musculares também são altamente recomendadas.
ESTUDOS CIENTÍFICOS
Tabela 2
RESULTADOS
Dentre os inúmeros benefícios que a prática de exercícios físicos promove, está a proteção da capacidade funcional em todas as idades, principalmente nos idosos. Por capacidade funcional entende-se o desempenho para a realização das atividades do cotidiano ou atividades da vida diária (MESQUITA et al, 2005).
Conforme estudo realizado na cidade Campos dos Goytacazes/Rio de Janeiro, um programa de exercícios físicos regulares pode promover mudanças significativas. De acordo com os resultados obtidos, foi constatado que o grupo de idosos praticantes de atividade física sistematizada obteve a média do Índice GEDLAM (IG) de 18,42 o que na classificação do protocolo de testes é considerado como um nível muito bom de autonomia funcional. A pesquisa evidenciou que 97% dos idosos praticantes de atividade física obteve um nível de autonomia muito bom, representada pelo percentual acima descrito e pela considerado pelo Protocolo GDLAM (GOMES et al., 2022).
Além de beneficiar a capacidade funcional, o exercício físico promove melhora na aptidão física. No idoso os componentes da aptidão física sofrem um declínio que pode comprometer sua saúde. A aptidão física relacionada à saúde pode ser definida como a capacidade de realizar as atividades do cotidiano com vigor e energia e demonstrar menor risco de desenvolver doenças ou condições crônico degenerativas, associadas a baixos níveis de atividade física (MESQUITA et al, 2005).
Dallacosta et al., inferem que os componentes da aptidão física relacionados à saúde e que podem ser mais influenciados pelas atividades físicas habituais são a aptidão cardiorrespiratória, a força e resistência muscular, flexibilidade, melhora da composição corporal, a diminuição de dores articulares, o aumento da densidade mineral óssea etc (DALLACOSTA et al., 2023).
Em estudo realizado em Florianópolis/ Santa Catarina, dos 410 idosos participantes deste estudo, 58,5% foram mulheres, com média de idade de 72 anos. Foram considerados ativos ou muito ativos 41% dos idosos. Os idosos sedentários foram os que apresentaram maior limitação física pela dor. A análise de rede mostrou que as maiores limitações pela dor foram relacionadas a atividades de lazer, sociais e para realização de necessidades básicas. Observou-se que quanto maior o nível de atividade física, menor foi a limitação pela dor (DALLACOSTA et al., 2023).
Além dos benefícios fisiológicos citados acima. Mesquita et al. inferem os benefícios psicossociais, tais como, o alívio da depressão, o aumento da autoconfiança, a melhora da autoestima, sensação de bem-estar, sensação de resgate da condição de eficiência, independência e autonomia, sociabilidade etc. (MESQUITA et al, 2005).
No estudo científico realizado na cidade de Uberlândia/Minas Gerais, foram selecionados 54 idosos saudáveis com mais de 60 anos, de ambos os sexos. Os resultados obtidos pela equipe de pesquisa foi que, a prática regular de exercício físico orientado com parâmetros fisiológicos, pode contribuir na redução dos escores para depressão e ansiedade em indivíduos com mais de 60 anos (CHEIK et al.2003).
Padoin et al., e Silva et al., em seus estudos conforme já demonstrado, que os idosos enfrentam inúmeras barreiras para a prática de atividade física. Temos barreiras fisiológicas (dores, doenças incapacitantes, lesões e limitações físicas), temos as barreiras psicológicas (medo, preguiça) e por fim as barreiras sociais (excesso de zelo pela família, falta de incentivo e apoio de parentes, espaço público e privado adequado e seguro, bem como profissionais qualificados).
Tal afirmação pôde ser constatada em pesquisa realizada na cidade de Pelotas/ Rio Grande do Sul. Onde após preenchimento dos questionários e análise das respostas dos idosos participantes, tivemos como resultados que principais barreiras foram: clima desfavorável; falta de tempo livre; necessidade de descansar e relaxar no tempo livre; doença/lesão/incapacidade; medo de cair e sofrer lesões; timidez e preguiça ou desmotivação (CAVALLI et al., 2020).
DISCUSSÕES
Após leitura e análise do conteúdo do material recolhido e dos resultados dos estudos científicos aferidos, podemos chegar a algumas discussões pertinentes. Na prática clínica demonstrou que os resultados destacam a importância de programas de exercícios físicos regulares para idosos, sugerindo que profissionais de saúde devem incentivar a prática de atividades físicas sistematizadas para melhorar a autonomia funcional e a aptidão física dos idosos. Bem como, programas de treinos personalizados com atividades físicas que irão reduzir as limitações físicas, dores e melhorar as condições crônicas.
Além dos benefícios físicos, os resultados indicam melhorias significativas na saúde mental e bem-estar dos idosos. Profissionais qualificados devem considerar a inclusão de atividades físicas que também abordam aspectos psicossociais, como depressão e ansiedade. Os profissionais envolvidos devem também fornecer educação e suporte contínuos para ajudar os idosos a superar essas barreiras físicas, psicológicas e sociais. Isso pode incluir a criação de ambientes seguros e acessíveis para a prática de exercícios e o envolvimento de familiares no processo de incentivo.
No âmbito de futuros estudos podem ser explorados os efeitos de programas de exercícios físicos em diferentes populações de idosos, incluindo aqueles com diferentes condições de saúde e em diferentes contextos socioeconômicos. Esses estudos futuros devem considerar a realização de pesquisas para avaliar os efeitos a longo prazo da prática regular de exercícios físicos na saúde e bem-estar dos idosos, bem como, podem investigar intervenções que combinam exercícios físicos com outras abordagens, como suporte psicológico e social, para maximizar os benefícios para os idosos.
E por fim, os estudos podem ajudar na criação de ferramentas de avaliação mais específicas para medir a eficácia de programas de exercícios físicos em diferentes aspectos da saúde dos idosos, o que pode ajudar a padronizar e comparar resultados entre estudos. Esses estudos são fundamentais para orientar tanto a prática clínica quanto a pesquisa futura, visando melhorar a qualidade de vida dos idosos através da promoção da atividade física.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que os estudos mostram a importância da atividade física no envelhecimento para que o indivíduo tenha uma melhor qualidade de saúde, sendo essencial para o controle de doenças crônicas um estilo de vida mais ativo, esbarrando muitas vezes com o comodismo do mundo moderno que potencializa o surgimento de doenças como a obesidade, hipertensão, depressão, entre outras.
Contudo é de extrema importância que a atividade física seja estimulada entre a população idosa, com a conscientização dos benefícios que ela vai proporcionar para vida desses indivíduos. Além da saúde, o exercício físico traz o prazer e a sociabilidade como fatores significativos para a diminuição de ansiedade e depressão nos idosos.
Como sugestão para futuras pesquisas nesse âmbito, podemos investigar o uso de tecnologias, como aplicativos de saúde e dispositivos vestíveis, para incentivar e monitorar a prática de atividades físicas entre idosos. Podemos sugerir também, qual o impacto de atividades físicas lúdicas e recreativas na socialização e bem-estar emocional dos idosos, especialmente em ambientes comunitários. Bem como, pesquisar a relação entre a prática regular de atividades físicas e a gestão de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e doenças cardíacas em idosos.
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