REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202502241108
Alexandre Henrique Silva de Lima1
Paulo Cézar Ramos Filho2
Resumo
Este estudo tem como objetivo analisar os benefícios da prática regular de atividade física nas academias instaladas nos quartéis da Polícia Militar do Paraná, com foco na melhoria da saúde mental dos policiais militares. A pesquisa envolveu uma revisão bibliográfica em artigos científicos, teses e dissertações sobre a relação entre atividade física, saúde mental e a profissão policial, além da aplicação de um questionário aos policiais que utilizam as novas instalações. Os resultados evidenciam que a presença dessas academias nos quartéis favorece a prática constante de atividades físicas, o que contribui positivamente para a saúde mental dos policiais. O estudo também destaca a importância de programas institucionais que incentivem e promovam a prática de exercícios físicos, visando a melhoria do bem-estar psicológico e emocional desses profissionais. Conclui-se que a implementação e o uso dessas academias podem representar uma estratégia eficaz para minimizar o impacto do estresse e melhorar a qualidade de vida dos policiais militares.
Palavras-chave: atividade física; saúde mental; Polícia Militar do Paraná.
Abstract
This study aims to analyze the benefits of regular physical activity in gyms located in Paraná Military Police barracks, with a focus on improving the mental health of military police officers. The research involved a bibliographical review of scientific articles, theses and dissertations on the relationship between physical activity, mental health and the police profession, in addition to the application of a questionnaire to police officers who use the new facilities. The results show that the presence of these gyms in the barracks favors the constant practice of physical activities, which contributes positively to the mental health of police officers. The study also highlights the importance of institutional programs that encourage and promote the practice of physical exercise, aiming to improve the psychological and emotional well-being of these professionals. It is concluded that the implementation and use of these academies can represent an effective strategy to minimize the impact of stress and improve the quality of life of military police officers.
Keywords: physical activity; mental health; Military Police of Paraná.
INTRODUÇÃO
Para adentrar no campo da saúde mental, é importante compreender que falar em saúde envolve pensar no conceito de promoção da saúde no sentido amplo, em que o sujeito demandante é visto pelo todo e não pelas partes (Czeresnia, 1999; Scliar, 2007).
Várias pesquisas (Lipp e Tanganelli, 2002; Maciel, 1997; Proença, 1998; Rosa, 2003; Silva,2003; Soares, 1990), vêm sendo feitas para avaliar o estresse em diversas categorias profissionais. Pode-se encontrar trabalhos sobre estresse ocupacional entre juízes, professores, policiais militares, executivos, atletas, jornalistas entre outros. Estas pesquisas têm enfatizado duas áreas específicas: uma que se refere à ocupação profissional e outra que diz respeito aos efeitos do estresse na ontogênese das doenças (Lipp, 2004).
Para melhor discorrer sobre o tema é importante entendermos qual o significado do termo estresse. Inicialmente, cunhado com uma palavra destinada a identificar o quanto uma estrutura pode se deformar quando submetida uma carga ou força. Comumente utilizada na física. A partir desse conceito Selye (Limongi-França, 2002), criou o modelo clássico trifásico de estresse e o descreve como o conjunto de reações que o organismo sofre, quando é colocado em uma situação que vai exigir esforços de adaptação para enfrentá-lo (Limongi-França, 2002).
Intimamente ligado ao serviço policial, ao qual o operador de segurança pública é constantemente submetido a situações estressantes, as quais deve rapidamente se adaptar e buscar uma saída, e principalmente, que mantenha a sua segurança, a de seu companheiro de serviço e dos demais cidadãos que observam o trabalho policial.
Nesse diapasão, o Policial Militar acaba por identificar em seu ambiente de trabalho uma situação de ameaça constante, criando internamente obstáculos e entraves que possibilitem o desempenho com excelência, e por vezes a própria prática da atividade a qual se destina. Segundo Limongi-França (2002), o estresse no trabalho se refere a uma situação na qual a pessoa vê seu local de trabalho como ameaçador à sua necessidade de crescimento pessoal e profissional ou à sua saúde física e psíquica, prejudicando, assim, sua relação com o trabalho, à medida que este trabalho se torna muito excessivo para a pessoa ou esta não possui estratégias adequadas para lidar com a situação.
Dessa forma, cabe à Polícia Militar, como instituição, preocupada com a saúde física e mental de seu efetivo, criar mecanismos que possibilitem a identificação e tratamento de doenças desenvolvidas em decorrência da atividade policial, ou não, para o melhor desempenho e a busca pela excelência no exercício da segurança pública
Exemplo da preocupação com o policial militar é a criação do programa Prumos, o qual oferece suporte à saúde mental, não só do efetivo, mas também de seus dependentes por meio de profissionais da área da psicologia e da assistência social.
Aliado a isso, em alguns batalhões do interior, por meio do CEFID (Centro de Educação Física e Desportos) da Polícia Militar do Estado do Paraná, que instalou academias de musculação para a prática de atividades físicas, a qual pode ser uma importante aliada para o combate e tratamento de doenças psíquicas.
Contudo, é necessário o fomento de tal atividade, aliando-se profissionais capacitados que possam identificar o problema, como por exemplo por meio do programa Prumos, com educadores físicos que possam prescrever treinos voltados para a individualidade daqueles que frequentam este espaço.
Assim, o presente trabalho visa discorrer sobre o tema demonstrando a importância da atividade física para a prevenção e tratamento das doenças psíquicas, bem como fornecer ao policial militar uma melhoria em sua qualidade de vida. Pois, segundo Tavares, o nível de estresse é superior ao de outras categorias profissionais devido às características das atividades realizadas, à sobrecarga de trabalho, às relações interpessoais, à baixa remuneração e às precárias condições de trabalho. (TAVARES et al, 2021)
Objetivo do Artigo:
Objetivo Geral
O presente trabalho busca contribuir para os estudos acerca do tema, a partir da coleta e análise de dados de um grupo específico de trabalho dentro da Polícia Militar do Paraná, qual seja aquelas unidades que possuem academias instaladas nas áreas militares.
O objetivo geral deste trabalho é analisar os benefícios da prática regular de atividade física nas academias instaladas nos quartéis, com ênfase na melhoria da saúde mental dos policiais militares.
Objetivos Específicos
Identificar os principais benefícios da prática regular de atividade física; Investigar a relação da prática de atividade física nas academias instaladas nos quartéis da Polícia Militar do Paraná e a saúde mental dos usuários;
Propor recomendações para o otimizar uso das academias instaladas nos quartéis da Polícia Militar do Paraná.
Justificativa:
Estabelecer um objetivo claro e abrangente é crucial para direcionar a pesquisa e garantir que todas as dimensões relevantes do tema sejam abordadas. (Mattar & Ramos, 2021).
Algumas atividades realizadas pelos policiais podem ser insalubres causando esforços físicos e exigem bastante acuidade e habilidades mentais estratégicas, tendo em vista que sua missão é garantir com dedicação a paz pública e o patrimônio dos cidadãos comuns, mesmo que com o custo da própria vida (GAVIN, 2017).
O presente artigo busca demonstrar os benefícios da implementação das academias nos quartéis da Polícia Militar do Paraná, como um método de prevenção e tratamentos das doenças ligadas a fatores estressantes, e principalmente a doenças psicológicas.
Visa ainda desenvolver o fomento da prática de atividades físicas dentro das Organizações Policiais Militares como um método eficaz de prevenção, mas principalmente de tratamento para àqueles militares estaduais, e seus familiares, que apresentam desordens psíquicas.
Após a revisão da literatura, percebe-se uma descrição de risco da atividade policial no desenvolvimento de estresse e uma possível atuação mediadora do comprometimento sobre esta variável. Embora pareça que os profissionais mais comprometidos com sua carreira e satisfeitos no trabalho apresentam menor sintomatologia de estresse, não há estudos nacionais avaliando essas relações. Portanto, não existem dados específicos, no contexto brasileiro, avaliando o impacto da percepção do estresse sobre o comprometimento no ambiente de trabalho, especialmente no contexto policial. (OLIVEIRA, 2009).
Ainda aliado a tal fato, a crescente preocupação da Polícia Militar em fornecer aos membros tratamento psicológico digno, sendo assim tal fomento alia-se à já política aplicada do projeto Prumos, onde tem-se profissionais da saúde contratados para auxiliar na identificação e tratamentos de doenças psíquicas.
Revisão de Literatura:
1) Das doenças psicológicas resultantes da atividade Policial Militar:
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental refere-se ao estado de bem estar emocional, psicológico e social de uma pessoa. A OMS destaca que a saúde mental é um componente essencial da saúde geral e do bem estar, assim como a saúde física. Envolve a maneira como pensamos, sentimos e reagimos, bem como a forma como lidamos com o estresse, enfrentamos os desafios e nos relacionamos com os outros.
Sendo assim, a saúde mental está intimamente ligada a como o sujeito se adapta às mudanças que ocorrem ao seu entorno.
É notório que a prática regular de atividade física traz benefícios à saúde física e mental de seus praticantes. O exercício físico passou a ser uma estratégia preventiva contra diversas psicopatologias. De acordo com Faulkner et al. (2015 apud Peixoto, 2021), pesquisas mostram que a prática da atividade física está intimamente relacionada com a prevenção de doenças mentais, com a redução dos efeitos do estresse e da depressão, e no favorecimento de emoções positivas. Além de possuir baixos custos e ter potencial para a melhora do nível de saúde física e mental da população.
Segundo Gomes (2021), os policiais estão suscetíveis a diversos fatores negativos que podem ocasionar estresse extremo. As altas jornadas de trabalho, o acúmulo de funções e o desgaste físico, ocasionam significativos danos psicológicos e sociais aos policiais. Interferindo, desta forma, negativamente nas relações interpessoais e na atividade laboral.
Um quadro comum de adoecimento dos policiais é o estresse e a ansiedade causado por uma pressão externa aplicada sobre um indivíduo, enquanto a ansiedade é uma resposta subjetiva que o indivíduo dá a esse fator estressante. Dito isso, refletimos que os fatores estressantes aos quais os policiais são submetidos no exercício da profissão podem ser geradores de um processo de sofrimento psíquico que interfere em suas respostas às demandas laborais (FRAGA, 2016).
O cansaço físico dos policiais militares em virtude de suas atividades ordinárias, somado aos serviços de segurança que prestam em seus horários de folga como complemento de renda favorece maior desgaste físico e mental (MINAYO; SOUZA E CONSTANTINO, 2007).
Para as autoras:
exercer outra atividade laboral além da polícia militar sem intervalo de descanso também se mostrou associado a vivenciar mais riscos decorrentes do trabalho policial. Os militares que têm outra atividade permanente, sofrem 5 vezes mais riscos de violência; e para os que exercem esporadicamente outra atividade sem descanso, o risco é duas vezes maior do que para os que cumprem apenas função no serviço público.(Minayo, Souza e Constantino, 2007, p. 2774)
A condição da natureza da atividade policial militar atinge a vida social e pessoal do militar estadual. É necessário um estilo de vida diferenciado que exige deste profissional abnegação constantes, inclusive em seus momentos de descanso ele sempre está em alerta e vigilante. A condição policial atinge a sua vida como um todo (MINAYO; SOUZA E CONSTANTINO, 2007).
Para Valla (2002), a profissão militar exige inúmeros sacrifícios, inclusive o da própria vida. Nesta esteira a ideia de morte torna-se uma realidade na vida deste profissional. A morte na sociedade (criminosos e vítimas), a morte dentro da própria caserna (companheiros de serviço) e a “ideia de que sua própria vida corre perigo” (Gomes, 2021, p. 24).
Segundo Sposati, 2017, buscar apoio social, resolver problemas emocionais e procurar tratamento profissional quando necessário, são medidas importantes para manter uma boa saúde mental. O acesso a serviços de saúde mental de qualidade também é fundamental para o tratamento e a recuperação de transtornos mentais. É este estado de equilíbrio que irá proporcionar à pessoa uma participação laboral atrelada a seu bem-estar (SPOSATI, 2017).
2) Exercícios Físicos:
Dentro do presente artigo foi realizada uma pesquisa junto aos batalhões que foram contemplados com equipamentos de musculação para instalação de uma Academia destinada aos policiais militares e seus familiares. Durante a revisão da literatura achou-se um conceito mais amplo que se refere à exercícios resistidos, que abrange não somente aos aparelhos de musculação, mas também a outros tipos de exercícios que podem ser praticados dentro dos espaços destinados à prática de atividade física.
Os exercícios resistidos são uma forma de treinamento físico onde os músculos trabalham contra uma resistência, como pesos livres, máquinas de musculação, ou faixas elásticas. (Pinheiro, 2023). Exercícios resistidos podem ser classificados em diferentes tipos, incluindo treinamento com pesos livres, exercícios em máquinas, treinamento com faixas elásticas e treinamento isométrico. Cada tipo tem suas particularidades e benefícios específicos. (Dias, 2022).
Vários são os aspectos que podem ser observados dos exercícios resistidos, contudo, destaca-se com maior relevância aqueles ligados aos fatores psicológicos e cognitivos:
Benefícios Psicológicos e Cognitivos: Além dos benefícios físicos, os exercícios resistidos têm um impacto positivo na saúde mental. Eles podem reduzir os sintomas de depressão e ansiedade, melhorar o estado de humor e aumentar a autoestima. O aumento da força e da capacidade física também está associado a uma melhor qualidade de vida e a um maior sentimento de realização e bem-estar (Rosa, 2024).
Aliado a tal ponto, tem-se ainda os demais benefícios, conforme a literatura destaca:
Benefícios Fisiológicos:
Estudos demonstram que os exercícios resistidos contribuem para a hipertrofia muscular (aumento da massa muscular) e o aumento da força. Eles também ajudam a melhorar a densidade óssea, o que é crucial para a prevenção da osteoporose. Além disso, esses exercícios podem melhorar o metabolismo basal, ajudar no controle do peso e melhorar a sensibilidade à insulina, reduzindo o risco de diabetes tipo 2 (Silva, 2023).
Benefícios para a População Policial Militar:
Existem três componentes que estruturam a situação de trabalho: físico, cognitivo e psíquico. O componente psíquico é tabu em muitas instituições militares, ficando, muitas vezes, deixado de lado tanto pelo trabalhador quanto pela instituição à qual pertence. (WISNER, 1994).
A saúde mental dos policiais militares foi lembrada, recentemente, através da implementação da Lei do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), Lei nº. 13.675/18 e suas alterações. Através dela o Programa Nacional de Qualidade de Vida para Profissionais de Segurança Pública (Pró-Vida) foi instituído. Em seu artigo 42, a Lei do SUSP, traz que o Pró-Vida tem como objetivo a elaboração, a implementação, o apoio, o monitoramento e a avalição de projetos e programas de atenção psicossocial e de sáude no trabalho dos agentes de Segurança Pública e Defesa Social. Desta forma, o programa visa a proteção, valorização e reconhecimento desses profissionais acompanhando a realidade da profissão e os riscos envolvidos nela, bem como, as condições de trabalho, percalços e a saúde física, mental e social. (BRASIL, 2021).
A Polícia Militar vem ao longo dos anos avançando em passos largos na questão de combate à doenças psicológicas, e principalmente em sua prevenção. Um bom exemplo que tem gerados frutos é o programa Prumos, que é desenvolvido pela Diretoria Estrutural da Secretaria da Segurança Pública do Paraná, oferecendo suporte à saúde mental dos servidores e seus dependentes por meio de profissionais Psicólogos e Assistentes Sociais que oferecem atendimento em situações de violência, estresse e pressão, promovendo assim um acompanhamento adequado (PARANÁ, 2021).
Através deste programa são contratados Psicológicos e Assistentes Sociais que ficam sediados nos quartéis para atendimento aos Policiais Militares, sejam eles em tratamentos, ou mesmo resultantes de uma ação policial, como por exemplo o confronto armado. Dessa forma, pode-se perceber que a preocupação com o Policial Militar, tem entrado em foco da Administração Pública, a qual tem-se adaptado às novas realidades e necessidades do seu efetivo.
A implantação de academias em ambientes militares pode ser uma estratégia eficaz para melhorar o acesso aos exercícios resistidos e promover a prática regular (Tavares, 2021).
Contudo, a eficácia das academias militares depende da qualidade da infraestrutura e do equipamento disponível. Academias bem equipadas devem incluir uma variedade de equipamentos de resistência, como pesos livres, máquinas de musculação e faixas elásticas, bem como áreas adequadas para exercícios funcionais e de flexibilidade. (do Nascimento e dos Santos, 2024).
Concomitantemente, para alcançar sucesso no programa de combate às doenças psicológicas, deve-se ter implementação de programas de treinamento bem estruturados, mas principalmente bem adaptados à realidade do Policial Militar, respeitando as suas limitações físicas, de tempo, horários condizentes com a sua jornada de trabalho, entre outros fatores.
Para isso, faz-se necessário a presença de profissionais de educação física qualificados, como treinadores e instrutores de fitness, os quais são cruciais para garantir que os exercícios sejam realizados corretamente e de forma segura. Esses profissionais podem fornecer orientação técnica, supervisionar o treinamento e ajustar os programas conforme necessário (ALVES e Rodrigues, 2023).
Por óbvio que a atividade operacional deve manter-se como prioridade dentro de programas de tal envergadura, não devendo as necessidades individuais sobrepujar o interesse coletivo e da instituição. Soma-se também o gerenciamento do espaço físico e a logística necessária para manter a academia em condições de uso pelos policiais militares.
A disponibilidade de espaço adequado para a construção e operação de academias pode ser um desafio, especialmente em locais com infraestrutura limitada. A logística de instalação e a integração das academias com as rotinas dos militares também devem ser cuidadosamente planejadas (Afonso, 2023).
Por fim, é necessário um programa de treinamento que crie a adesão dos Policiais Militares, mas principalmente que mantenham a adesão daqueles que iniciem com o programa de treinamento, dessa maneira garantindo a constância e resultados eficazes de um treinamento especializado e voltado para a realidade do operador de segurança pública. A necessidade de uma criação de uma rotina de treinamento é crucial para o êxito de um programa de combate a doenças psicológicas resultantes da atividade policial, visto que tão somente a rotina e constância gerará os resultados esperados.
Metodologia
Pesquisa Quantitativa:
A necessidade de se obter dados objetivos, e principalmente que possam ser mensurados, que indiquem padrões e tendências, levam a necessidade de se abordar a pesquisa de maneira quantitativa.
A pesquisa quantitativa é um método de pesquisa social que utiliza a quantificação nas modalidades de coleta de informações e no seu tratamento, mediante técnicas estatísticas, tais como percentual, média, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, entre outros. (MICHEL,2005). Portanto, a pesquisa quantitativa é conseguida na busca de resultados exatos evidenciados por meio de variáveis preestabelecidas, em que se verifica e explica a influência sobre as variáveis, mediante análise da frequência de incidências e correlações estatísticas. (MICHEL, 2005).
Objetivo da Pesquisa Quantitativa:
A pesquisa foi realizada junto aos Batalhões de Polícia Militar que possuem academias em suas instalações físicas, academias essas provenientes de compras realizadas pela Polícia Militar do Paraná, por meio de destinação de verba do Estado.
Visou principalmente captar as percepções dos Policiais Militares quanto a frequência do uso, os benefícios das atividades físicas na qualidade de vida dos usuários, bem como a frequência da utilização das instalações.
Os questionários foram aplicados nas seguintes OPM’s (1º BPM, 3º BPM, 5º BPM, 6º BPM, 9º BPM, 11º BPM, 13º BPM, 14º BPM, 16º BPM, 25º BPM, BOPE e APMG).
Utilizou-se escalas de Likert que são aplicadas para avaliar a satisfação dos usuários e a percepção dos benefícios. Respostas em escalas de Likert (por exemplo, de 1 à 5) permitem uma análise detalhada das opiniões dos participantes (Santos e Segundo, 2023).
Resultados e Discussão
1) Exercícios resistidos têm um impacto positivo na minha saúde mental.
Nota-se que 91,3% dos Policiais Militares que responderam ao questionário, concordam ou concordam totalmente quando questionados se exercícios resistidos possuem um impacto positivo na saúde mental.
Isso demonstra que apesar de não ser um programa institucional, ou mesmo, uma orientação médica, empiricamente, os policiais militares percebem uma melhora significativa dos problemas psicológicos que podem ser decorrentes da atividade policial.
2) Com que frequência você utiliza a academia do quartel.
Por meio deste gráfico pode-se perceber que dos policiais militares que responderam ao questionário apenas 13% nunca frequenta a academia, ou pratica uma atividade física dentro das instalações militares.
Contudo, por outro viés, nota-se que 87% dos militares estaduais têm uma rotina de atividade física constante, o que favorece a aplicação de projetos contínuos e orientados por profissionais da saúde que possam vir a contribuir e melhorar os possíveis danos psicológicos que a atividade de segurança pública pode acarretar.
Nesse sentido, é importante fomentar a atividade, incentivando os Policiais Militares que já praticam a terem uma regularidade maior, para dessa forma possam, por meio do exemplo, atrair novos usuários e desenvolver mais os programas voltados para a saúde física e psíquica dos operadores de segurança pública.
3) Tempo de serviço.
Outro fator importante a ser analisado é o tempo de serviço dos Policiais Militares. Nota-se que dentre aqueles que responderam aos questionários a grande maioria possui mais de 06 anos de serviço, o que demonstra que já possuem um período de serviço considerável.
Sabe-se que o acúmulo de serviço, aliado com situações estressantes, ao qual o serviço policial militar submete seu operador, juntamente com os demais atores de risco da profissão acabam por intensificar os sintomas, e as doenças psicológicas decorrentes da atividade.
Dessa forma, quanto maior o tempo de serviço, maior o fator de risco, e consequentemente deve-se ter uma maior atenção aos policiais militares, que por muito tempo são os bastiões da ordem contra o caos.
Programas que visam combater as doenças psicológicas devem ser voltados para todos os Militares Estaduais, mas tal fator aqui evidenciado demonstra que aquele policial militar com maior tempo de serviço possui um maior cuidado com a sua saúde física e mental, bem como, mesmo que sem um programa institucional para tal, acaba por procurar atividades que possam aliviar e combater os fatores estressantes do dia a dia de serviço. Buscando, dessa forma, meios aos quais possam manter a sua regulação psicológica para o bom desempenho da função ao qual é imbuído, bem como às suas relações interpessoais extra-corporação.
4) Quais dos seguintes desafios você enfrenta ao utilizar a academia no quartel? (Marque todos os que se aplicam.).
Quando apresentado aos Policiais Militares quais desafios que enfrenta para utilizar a academia do quartel, nota-se que 71% dos questionados tem problemas com a falta de tempo.
Quando exposto à rotina operacional, ou mesmo administrativa, acaba que o tempo para prática de exercício físico fica limitado. Não havendo possibilidade de, juntamente com os demais afazeres da vida particular, conciliar o tempo necessário para a atividade física regular.
Por óbvio que aqueles militares que se encontram lotados em serviços administrativos, acabam por ter dois dias na semana um tempo reservado para a atividade física, o que já contribui para a prática regular.
Contudo, tem-se que se analisar também o Policial Militar aplicado nas atividades fins, o qual após uma jornada de 12 ou 24 horas, não tem o ânimo necessário para deslocar até o aquartelamento para a prática física.
Dessa forma, a atenção primária deve ser a estes policiais, que por motivos diversos não possuem, ou não conseguem adequar o horário para regularidade de atividade física.
Conclusões
Este trabalho buscou evidenciar uma problemática que afeta a polícia militar em seu ativo mais importante, o efetivo. Homens e mulheres que diuturnamente trabalham em prol da população paranaense, buscando entregar uma sociedade mais segura e harmônica para cada cidadão que aqui habita ou está de passagem.
Contudo, conforme evidenciado, uma das maiores problemáticas enfrentadas pelo capital humano da segurança pública, e com maior enfoque da polícia militar do Paraná, são as doenças psicológicas. Nesse diapasão a Organização Mundial da Saúde considera a depressão e suas similaridades como as doenças mais incapacitantes do mundo.
As práticas com enfoque na identificação, tratamento e controle dos distúrbios psíquicos devem estar cada vez mais presentes nas discussões de trabalho. Fica evidenciada a preocupação da corporação quando, no plano estratégico 2022-2035, amplamente divulgado, encontra-se como um dos quatro pilares das políticas institucionais o “desenvolvimento das pessoas e aprendizado” e dentro desse tópico a manutenção da saúde do efetivo.
Dessa forma, nota-se que a instituição Polícia Militar já identificou o problema que acomete uma parcela do efetivo, e volta-se à procura de soluções.
Não se pode olvidar que o projeto Prumos, o qual foi esmiuçado anteriormente, possui um caráter de relevância dentro desse prisma, contudo o tratamento e manutenção da saúde necessita de um enfoque global, o qual atue por diversas frentes para que se obtenha um resultado satisfatório.
Nessa senda, pode-se identificar ao longo do presente artigo a importância da prática da atividade física no combate a doenças psicológicas, e a relevância que possui diante dos Policiais Militares, o qual identificaram que, quando praticam atividade física de maneira regular tem uma melhora significativa em sua saúde mental.
Portanto, é de suma importância que se mantenha tais projetos ativos, mas principalmente que o fomento à prática de atividades físicas regulares ocorra em todas as Organizações Policiais Militares. Aliado a isto, ainda tem-se que o incentivo à aquisição de novas academias, bem como a atualização e compra de novos equipamentos para aquelas já existentes é de suma importância para a manutenção do projeto, visto que o resultado é intimamente ligado com a qualidade do serviço a ser oferecido.
Com base na literatura, entre as intervenções que podem ser eficazes para o manejo do estresse estão: o desenvolvimento de um programa de diagnóstico, orientação e controle do estresse; a identificação dos estressores externos e internos, presentes no cotidiano dos policiais; a implementação de um programa de atividades físicas, que incluiria uma alimentação adequada, exercícios físicos regulares, técnicas de relaxamento, sono apropriado às necessidades individuais, repouso e lazer. Em resumo, um conjunto de intervenções que abranja o social, o afetivo e a saúde física dos profissionais (Costa et al., 2007; Limongi-França, 2002). Conclui-se, então, que é de fundamental importância o fomento à prática de atividades físicas, não somente como tratamento, mas também como combate às doenças psicológicas provenientes do estresse da atividade policial. Para tanto, é necessário que àquelas Unidades que possuem academias já instaladas, incentivem seu efetivo a utilizá-la de forma rotineira, criando programas de treinamento, capacitando profissionais para que possam auxiliar na criação de rotinas de treino, horários específicos para os policiais militares que são empregados na atividade operacional, para que, durante seu turno de serviço, possam ter um horário destinado para a prática de atividades físicas, de forma a auxiliar não somente no combate às doenças psicológicas, mas também na qualidade de vida como um todo do policial militar.
Para melhor consecução dos objetivos, sugere-se um alinhamento entre o projeto Prumos e o CFID – PMPR, para a padronização, fiscalização e preparação dos profissionais que irão acompanhar o desenvolvimento das atividades junto à Academias dos Batalhões da Polícia Militar do Paraná, para que, dessa forma, os resultados possam ser maximizados. Ainda, pode-se buscar parcerias junto à universidades e faculdades que oferecem o curso de educação física nos municípios aos quais os quartéis possuem academia, para firmar convênios de estágios nos quais seus alunos possam estagiar, contribuindo com os treinos dos militares já conhecedores das práticas físicas, como também aos que não estão habituados a realizar essas atividades, auxiliando no desenvolvimento e manutenção do projeto, de modo também a não onerar financiamento o Estado, tendo em vista que no curso mencionado, há a necessidade da realização de estágio como parte integrante de sua grade curricular.
Dessa forma, profissionais do Projeto Prumos, superiores, pares, subordinados, ou mesmo o próprio Policial Militar, ao deparar-se com qualquer alteração psicológica poderia prontamente, ser encaminhado ou buscar auxílio, junto à profissionais especializados, os quais estariam capacitados para prestar o apoio necessário no combate a doenças decorrentes do estresse da atividade policial.
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11º Tenente QOPM
21º Tenente QOPM