REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7942356
Alice Barbosa Goulart¹
Victória Castro Sabóia¹
Thatyana Borges Machado²
RESUMO
Objetivo: Apontar a influência da espiritualidade e da religiosidade no processo de recuperação de um cliente. Método: Revisão integrativa de literatura com artigos selecionados nas plataformas PubMed, SciELO, WHO e EEAN. Resultados: Foram selecionados 13 artigos para a elaboração da pesquisa, que permitiram a observação de 3 pontos importantes a serem discutidos, os quais envolvem analisar as evidências existentes referentes aos benefícios da espiritualidade e religiosidade em pacientes, a influência da enfermagem em incentivar práticas que diminuam o sofrimento espiritual e o benefício da espiritualidade e/ou religiosidade na recuperação do paciente. Conclusão: A espiritualidade e a religiosidade se mostram benéficas no tratamento de doenças, apresentando benefícios como a adesão de tratamentos e redução de ansiedade relacionadas ao quadro clínico.
Palavras-chave: Espiritualidade, Religiosidade, Enfermagem.
ABSTRACT
Objective: The influence of spirituality and religiosity on the process of the clients recovery Method: An integrative revision study with articles selected from PubMed, SciELO, WHO and EEAN platforms. Results: There were selected 13 articles for this research, that allowed the observation of 3 important points to be discussed, which Anvolve analyze the evidences referring to the benefits of spirituality/ religiosity on patients, the influence of nursing in stimulating practices that decrease the spiritual suffering and the benefit of spirituality and/or religiosity on the patients recovery. Conclusion: Spirituality and religiosity showed to be beneficial to the treatment of diseases, showing benefits such as treatment adherence and anxiety reduction related to the clinical chart.
Keywords: Spirituality, Religiosity, Nursing.
INTRODUÇÃO
Espiritualidade e religiosidade são dois conceitos que costumam ser considerados como sinônimos, porém possuem suas particularidades. A espiritualidade consiste em uma busca pessoal com a intenção de entender questões sobre a vida, como o seu motivo e sentido de existir e viver, e ainda o que vai além do mortal e terrestre, não necessariamente envolvendo alguma prática religiosa de qualquer forma. Já a religiosidade se trata de um prolongamento do que a pessoa crê, acompanha e exerce uma religião, como um compilado de crenças e práticas relacionadas a uma religião, abrangendo cultos ou rituais que se associam com a fé sendo de cunho organizacional ou não organizacional (BRAVIN et al., 2019; SILVA FILHO et al., 2022).
Tanto a espiritualidade quanto a religiosidade estão intimamente ligadas com o indivíduo e apresentam impactos positivos quando introduzidos como parte do cuidado durante o tratamento de pacientes. A presença de ambas na vida de alguém tende a levar a menor ocorrência de comportamentos considerados de risco, como o consumo exacerbado de álcool, tabagismo, uso de drogas ilícitas e presença de atitudes violentas, comportamentos esses que afetam diretamente a saúde física e mental. Dessa forma, utilizar as crenças e práticas religiosas dentro do tratamento de quaisquer patologias tende a mostrar um caminho positivo para esses indivíduos, uma vez que é necessário tratar não só o corpo, como também a mente (SILVA FILHO, 2022).
No intuito de determinar o planejamento de enfermagem mais adequado para cada paciente, é necessário entender todo o contexto no qual essa pessoa está inserida. Sendo assim, a Organização Mundial de Saúde define saúde como sendo o bem-estar biopsicossocial e não somente a ausência de patologias ou enfermidades, isto é, para prestar uma atenção de qualidade faz-se necessário conhecer o que engloba a realidade da pessoa e ajustar conforme as suas necessidades (WHO, 1948).
Na observação em campo de Corrêa, Souza e Santo (2018), a assistência prestada é majoritariamente voltada para o modelo biomédico, na qual o profissional acaba deixando de lado a visão holística dos pacientes e foca apenas em cuidar da comorbidade. Isso acontece, em especial, devido a automatização dos procedimentos realizados, ignorando a pessoa que está passando por eles, suas vontades, necessidades mentais e espirituais e como a falta disso pode vir a prejudicar o tratamento.
Em pesquisa feita com Enfermeiras assistenciais, foi referido o uso de abordagens que englobam a espiritualidade e a religiosidade com o intuito de incentivar o cuidado com a saúde mental e, principalmente, aprimorar o processo de recuperação. Ao incorporar no planejamento do cuidado esses dois aspectos e permitir a aplicação de uma atenção integral ao paciente, contando com a visão psicossocial de cada um, é possível fortalecer nessa pessoa a vontade de viver e superar o momento pelo qual está passando (SILVA FILHO et al., 2022).
Sendo assim, a seguinte revisão bibliográfica tem como propósito avaliar a influência da espiritualidade e da religiosidade no processo de recuperação de um cliente, em especial como esse método de enfrentamento e busca na melhora da saúde mental influenciam a visão do paciente sobre seu quadro clínico do paciente e o papel do enfermeiro no incentivo dessas práticas.
De acordo com Silva e Bittencourt (2021), a revisão integrativa de literatura é uma forma que auxilia a condensar os resultados de pesquisas relevantes e reconhecidas, o que provê grande abrangência de conhecimento.
METODOLOGIA
Os meios de busca de dados utilizados foram: PubMed (US National Library of Medicine), SciELO (Scientific Electronic Library Online), WHO (World Health Organization) e EEAN (Escola de Enfermagem Anna Nery).
Foram encontrados 27 artigos os quais apresentavam relevância com o tema no resumo e, após a leitura íntegra dos artigos, 09 deles foram excluídos, sendo 04 descartados por não conterem conteúdo compatível com os objetivos específicos, 05 descartados pela data de publicação e 18 selecionados como base, dos quais 13 entraram para a elaboração.
Os artigos incluídos foram nos idiomas inglês e português. Sendo estipulado o período de publicação de no máximo 5 anos contando o ano vigente (2018 – 2023).
Com relação aos descritores foram utilizadas as palavras: Espiritualidade; Religião; Cuidados de Enfermagem; Saúde Mental; Relações Profissional-Paciente.
RESULTADOS
Ao todo foram escolhidos 18 artigos, sendo utilizados como base para maior compreensão do assunto, e selecionados 13 artigos para a elaboração desta pesquisa, seguindo os critérios de exclusão de acordo com o intuito da revisão. A busca pelo material utilizado foi realizada tanto em português quanto em inglês com o intuito de abranger mais publicações acerca do assunto.
FIGURA 1 – FLUXOGRAMA REPRESENTANDO O PROCESSO DE ESCOLHA DOS ARTIGOS
QUADRO 1- APRESENTAÇÃO DA RELAÇÃO DOS ARTIGOS SEGUNDO AUTORES, TÍTULOS, ANO DA PUBLICAÇÃO E RESUMO
Autores | Título do artigo | Ano da publicação | Resumo/Principais resultados |
Irini Gergianaki, Maria Kampouraki, Sian Williams, Ionna Tsiligianni | Assessing spirituality: is there a beneficial role in the management of COPD | 2019 | The role of spirituality in chronic lung diseases such as COPD |
Emanuelle Caires Dias Araújo Nunes, Hévellin da Silva Santos, Gleica Afonso Dutra, Juliana Xavier Pinheiro da Cunha, Regina Szylit | O cuidado da alma no contexto hospitalar de enfermagem: uma análise fundamentada no cuidado transpessoal | 2019 | Como se desenvolve a espiritualidade no processo de cuidado dos profissionais de enfermagem no contexto hospitalar |
Elizabeth Palmer Kelly, Anghela Z. Paredes, Stephanie DiFilippo, Madison Hyer, Diamantis I. Tsilimigras, Daniel Rice, Junu Bae, Timothy M. Pawlik | The religious/ spiritual beliefs and needs of cancer survivors who underwent cancer- directed surgery | 2020 | The role and importance of religiosity and spirituality among patients during the perioperative period |
Monalisa Claudia Maria da Silva, Alexandre Moreira- Almeida, Edna Aparecida Barbosa de Castro | Idosos cuidando de idosos: a espiritualidade como alívio das tensões | 2018 | Conhecer a rotina de um cuidador de idoso e estratégias de enfrentamento para alívio de tensões. |
Marilei de Melo Tavares, Antônio Marcos Tosoli Gomes, Diogo Jacintho Barbosa, Julio Cesar Cruz da Rocha, Margarida Maria Rocha Bernardes, Priscila Cristina da Silva Thiengo | Espiritualidade e religiosidade no cotidiano da enfermagem hospitalar | 2018 | Espiritualidade e religiosidade e enfermagem hospitalar |
Mônica Midori Kano, Acácia Maria Lima de Oliveira Devezas | Ações de enfermagem na espiritualidade dos pacientes oncológicos adultos: pesquisa bibliográfica | 2020 | Atuação do enfermeiro desenvolvendo habilidades e estratégias para realizar um planejamento individualizado da assistência, levando em conta a espiritualidade no tratamento contra o câncer. |
Amanda Ienne, Rosa Aurea Quintella Fernandes, Ana Claudia Puggina | A espiritualidade de enfermeiros interfere no registro do diagnóstico sofrimento espiritual? | 2018 | Experiências vivenciadas ao longo da vida interferindo na espiritualidade dos indivíduos. Impossibilidade de dissociação do eu pessoal do eu profissional. |
Leonardo Gottuzo Rocha, Alvenize de Quadros de Souza, | Fé e espiritualidade no cotidiano de pacientes pré-operatórios | 2020 | Conhecer e compreender como a fé e espiritualidade se manifestam na vivência |
Isabel Cristina de Oliveira Arriera | internados na clínica cirúrgica | de pacientes que realizarão uma intervenção cirúrgica. | |
Luciane Escobar Copello, Adriana Dall’Asta Pereira, Carla Lizandra de Lima Ferreira | Espiritualidade e religiosidade: importância para o cuidado de enfermagem de paciente em processo de adoecimento | 2018 | Cuidados paliativos e espiritualidade no campo da enfermagem. |
José Adelmo da Silva Filho, Helvis Eduardo Oliveira da Silva, Jéssica Lima de Oliveira, Caik Ferreira Silva, Geanne Maria Costa Torres, Antônio Germane Alves Pinto | Religiosidade e espiritualidade em saúde mental: formação, saberes e práticas de enfermeiras | 2021 | Importância de novas perspectivas no processo de formação dos enfermeiros na área de saúde mental. |
Ariane Moysés Bravin, Armando dos Santos Trettene, Luis Gustavo Modelli de Andrade, Regina Célia Popim | Benefícios da espiritualidade e/ou religiosidade em pacientes renais crônicos: revisão integrativa | 2018 | Os benefícios da espiritualidade/ religiosidade para pacientes renais crônicos. |
Andreia Mara Gonçalves Daniel Corrêa, Aparecida da Costa Souza, Maria Claudia Bispo do Espírito Santo | Humanização na unidade de terapia intensiva: vivência da equipe de enfermagem | 2018 | Reconhecer fatores que interferem na humanização durante o tratamento do paciente e analisar a percepção dos profissionais de enfermagem quanto a seus atos e ações no processo de cuidar humanizado. |
Pedro Henrique Oliveira Silva, Ibsen Mateus Bittencourt | Revisão sistemática da literatura de competências profissionais para inovação: uma análise dos últimos 10 anos | 2021 | Aquisição de conhecimentos para um modelo formativo voltado para o desenvolvimento de competências profissionais, permitindo que o indivíduo consiga de se desenvolver |
A partir da leitura e da seleção dos artigos, destacaram-se 3 objetivos que conduzem o curso da discussão dessa pesquisa, sendo eles: 1) Identificar e analisar as evidências existentes referentes ao auxílio da espiritualidade e/ou religiosidade em pacientes; 2) Evidenciar a influência da enfermagem em incentivar práticas que diminuam o sofrimento espiritual na recuperação do cliente; 3) Discutir o benefício da espiritualidade e/ou religiosidade na recuperação do paciente.
DISCUSSÃO
Auxílio da espiritualidade e/ou religiosidade em pacientes
É notável como o tema espiritualidade e religiosidade tem sido cada vez mais abordado e colocado como foco de pesquisa, uma vez que profissionais têm percebido a influência positiva que ela causa quando inserida no tratamento e processo de recuperação de pacientes, como visto em quadros de doenças crônicas como patologias renais, câncer, transtornos mentais e AIDS. Ambos são conceitos intrínsecos do ser humano, fazendo parte de toda a sua dimensão, e que não podem, e nem devem, ser deixados de lado (GERGIANAKI et al., 2019; NUNES et al., 2020).
Em estudo feito por Kelly et al. (2020), observou-se que mais de 80% de pacientes cirúrgicos gostariam de ter a espiritualidade e a religiosidade dentro do cuidado no tratamento de câncer, incluindo acesso aos artifícios que permitissem exercer o mesmo. Vale ressaltar que fatores como sexo, idade, estado civil ou tipo de câncer não apresentam relação com a preferência dos participantes da pesquisa de desejarem o envolvimento da espiritualidade e religiosidade na prática do cuidado, demonstrando que a inclusão desse método de enfrentamento é benéfica e essencial para diversos tipos de pacientes e não somente os de uma parcela específica.
Durante uma metanálise de pacientes com doenças cardiovasculares e câncer observada por Gergianaki et al. (2019), constatou-se que a integração de cuidado espiritual no planejamento da assistência melhorou a qualidade de vida dessas pessoas, além de ajudar a reduzir níveis de ansiedade e depressão e aumentar o sentimento de esperança. Esses benefícios também foram verificados em pacientes em estágio terminal de doenças renais, tornando-se evidente com todas essas pesquisas a influência e o efeito da implantação da espiritualidade e da religiosidade como parte do cuidado com pacientes e os benefícios agregados a mesma.
Empecilhos relacionados a questões religiosas provenientes da falta de espaço no ambiente acadêmico e até mesmo profissional, estudos revelam que há uma crescente discussão nesse espaço, sendo a busca pela fé e espiritualidade vistos como primordial para a assistência holística do paciente (SILVA; MOREIRA-ALMEIDA; CASTRO, 2018; TAVARES et al., 2018).
A influência da enfermagem em incentivar práticas que diminuam o sofrimento espiritual na recuperação do cliente
A espiritualidade, pode ser vista como uma necessidade básica do ser humano, intrínseca ao paciente, exigindo do enfermeiro uma postura que busque entender essa necessidade. Este profissional tem como principal conduta ofertar condições para o bem-estar biopsicossocial e espiritual dos pacientes, promovendo assim melhores formas de enfrentamento de qualquer doença, evidenciando também que este auxílio traz grande esperança e paz a aqueles que estão passando por esse processo de enfrentamento e/ou adoecimento (TAVARES et al., 2018).
Enfermeiros, enquanto profissionais instruídos para prestar assistência qualificada e humanizada, possuem meios para entender, reconhecer e apontar o conceito e a influência da espiritualidade nos pacientes, assim como a capacidade de identificar a necessidade que cada cliente apresenta. Dessa forma, esses profissionais devem ser moderadores do controle da saúde biopsicossocial, facilitando o processo da inserção do cuidado espiritual como uma forma de enfrentamento de doenças, podendo realizar ações como falar ou cantar orações, leitura de textos tranquilizadores e outras atividades de acordo com a crença da pessoa, feitas individualmente ou em grupo (TAVARES et al., 2018).
Estes profissionais podem usar de variados meios para implementar uma assistência espiritual no cuidado com seus pacientes, como observado na pesquisa de Kano e Devezas (2020), desde estar presente fisicamente e realizar orações, conversar de acordo com o ritmo do cliente, até demonstrar apoio e abrir espaço para que o mesmo expresse sua religiosidade e/ou espiritualidade da maneira que preferir.
Ao atuar dessa forma, associando a assistência física com a psicossocial, o profissional englobará todas as esferas do ser humano, assim como estará reconhecendo, apontando e suprindo suas necessidades. Sendo assim, o cuidado se torna mais integral e humanizado, do mesmo modo que cria um ambiente propício para o paciente expressar seus desejos e receios, ser ele mesmo e fortalecer em si a vontade de viver e enfrentar a situação pela qual está passando, aderindo ao tratamento proposto.
Por isso, faz-se necessário a presença de um enfermeiro que integre o cuidado espiritual no seu planejamento, uma vez que a atenção integral ao cliente tem sido cada vez mais abrangida e reforçada de sua relevância ao visualizar as pessoas como um todo, sendo a espiritualidade uma parte intrínseca do ser humano (IENNE; FERNANDES; PUGGINA, 2018).
Entretanto, estudos apontam que mesmo enfermeiros identificando a ausência desse cuidado na assistência ao paciente, ainda existem questões que acabam por impedir essa atenção, tais como o foco na assistência biomédica, tabus e descriminação, ou até rejeição do próprio cliente para tal. Além disso, ainda existem outros desafios que acabam por intervir na execução desse auxílio, como: interferência de crenças pessoais e descrenças acadêmicas, levando a deixar a atenção holística de lado e fazer com que esses profissionais atuem voltados ao cuidado biomédico, centrado na patologia (IENNE; FERNANDES; PUGGINA, 2018; NUNES et al., 2020; ROCHA; SOUZA; ARRIEIRA, 2020).
A religiosidade e espiritualidade do próprio enfermeiro são fatores que influenciam a observação e compreensão das situações que acontecem ao seu redor, incluindo sua percepção das mesmas nos seus pacientes, bem como sua interpretação de como esses fatores influenciam o processo saúde-doença e como abordar essas questões com o cliente. Contudo, assim como existem profissionais que, por aplicarem esses conceitos com mais frequência em suas vidas pessoais, têm mais confiança para tratar sobre eles, existem os profissionais que têm pouco domínio e, consequentemente, menos habilidade para tratar sobre os mesmos com os clientes (COPELLO; PEREIRA; FERREIRA, 2018).
Em pesquisa feita por Silva Filho et al. (2022), percebe-se como esse tem sido um desfalque vindo desde a graduação, espelhando-se na prática profissional. A falta dessa base durante a formação do enfermeiro, ou até mesmo no formato de educação continuada, reflete diretamente na falta de preparo e aptidão nos momentos os quais são necessários aplicar esse conhecimento em benefício do paciente. Reconhecer a influência da religiosidade e espiritualidade na recuperação de pacientes se torna um passo primordial para incentivar mais pesquisas acerca do assunto e buscas de mais profissionais sobre o tema para aplicar em seus planejamentos de enfermagem e sua rotina de cuidado.
Benefício da espiritualidade e/ou religiosidade na recuperação do paciente
Sabe-se que o bem-estar biopsicossocial, tratando-se especialmente de questões referidas a espiritualidade e/ou religiosidade, é considerado uma ferramenta fundamental para o enfrentamento de situações difíceis e que requerem maior estabilidade mental para serem suportadas, como a necessidade da realização de tratamentos visando a melhora da saúde (BRAVIN et al., 2019).
Pessoas que agregam a religiosidade e/ou a espiritualidade em sua vida, costumam usar das mesmas para conduzir situações mais complicadas e delicadas em contextos variados, uma vez que esses são fatores correlacionados com a sensação de bem-estar consigo mesmo e contentamento. A presença de ambas na vida de alguém tende a gerar motivos para que essa pessoa queira continuar vivendo e mantenha sua esperança de dias melhores, uma vez que acredita em “algo maior e mais poderoso”, servindo como apoio em momentos difíceis e se tornando uma estratégia válida na busca de meios para enfrentamento de doenças e melhorando a qualidade de vida da pessoa, tendo em vista que ela buscará agregar hábitos mais saudáveis e benéficos à sua saúde (BRAVIN et al., 2019).
Por outro lado, assim como existem diversos benefícios da espiritualidade na vida de pacientes, há também pontos negativos, sendo principalmente a possibilidade da não adesão ao tratamento clínico por acreditar que receberá a cura apenas por meio de uma divindade e/ou a crença em um milagre. (KANO; DEVEZAS, 2020).
E ainda, é importante pesquisar e assimilar mais sobre esse assunto, tendo em vista o entendimento que a aplicação da espiritualidade e/ou da religiosidade na assistência ao paciente pode suavizar o sofrimento, promovendo uma outra visão de vida para essa pessoa e criando um espaço com maior positividade, além de incentivar, direta ou indiretamente, o compromisso de aderir e manter o tratamento em busca da sua recuperação (KANO; DEVEZAS, 2020).
CONCLUSÃO
A espiritualidade e a religiosidade, quando parte do planejamento de enfermagem e incluídas durante o tratamento de doenças, apresentam benefícios aos pacientes como maior adesão ao tratamento e redução de sentimentos negativos relacionados ao quadro clínico, além da diminuição de comportamentos de risco e melhora na saúde mental. Assim sendo, o enfermeiro tem papel fundamental na identificação da necessidade de adicionar ambas como método de enfrentamento, uma vez que trabalha atuando diretamente com o bem-estar biopsicossocial de pacientes, tendo também a competência de escolher o meio de aplicar esse cuidado com cada pessoa. Ademais, vale ressaltar a necessidade de mais pesquisas como essa acerca do assunto para que, dessa forma, o tema continue ganhando visibilidade para ser mais estudado e seja efetivamente aplicado como procedimento habitual de enfermeiros.
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¹Acadêmica de Graduação em Enfermagem da Universidade Nilton Lins – UNL, Manaus, Amazonas, Brasil
²Enfermeira Especialista em Urgência e Emergência, Pós-Graduada em Docência do Ensino Superior, Docente da Universidade Nilton Lins – UNL, Manaus, Amazonas,