A INFLUÊNCIA DA DISBIOSE INTESTINAL NO AGRAVAMENTO DO TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR: UMA REVISÃO DE LITERATURA

THE INFLUENCE OF GUT DYSBIOSIS ON THE WORSENING OF DEPRESSIVE DISORDER: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10202350


Deborah Ozima Mota Aroso1
Iasmin Miranda ferreira2
Bárbara Elisa Barroso Machado3
Valterdes Fábio Pessoa Soares4


RESUMO

INTRODUÇÃO:A disbiose intestinal refere-se ao desequilíbrio da microbiota intestinal em que prevalece a presença de bactérias maléficas limitando a capacidade do organismo de absorver nutrientes afetando na produção da serotonina, sendo relevante na exacerbação de doenças  psíquicas  como  depressão. OBJETIVO: O estudo teve como objetivo de analisar a influência da disbiose no eixo intestino cérebro na modulação de serotonina como determinante no agravamento da depressão. METODOLOGIA: A elaboração do trabalho aborda uma revisão narrativa onde os artigos serão selecionados de acordo com as pesquisas nas bases de dados PubMed, ScienceDirect e Scielo. Usando Descritores em Ciência de Saúde (DeCS) que são: transtorno depressivo, disbiose e microbiota intestinal. Serão utilizados artigos nos idiomas português e inglês nos anos de 2017 a 2022. RESULTADOS: Verificou-se uma correlação entre indivíduos portadores do transtorno depressivo maior e com desequilíbrio da microbiota intestinal na exacerbação do transtorno depressivo maior. CONSIDERAÇOES FINAIS: O microbioma intestinal em desequilíbrio influencia negativamente na saúde mental do individuo devido sua conexão direta com o cérebro que resulta em uma inflamação que ocasiona alterações dos níveis de serotonina, agravando o transtorno depressivo maior.

Palavras-chave: Disbiose; Depressão; Microbiota intestinal.

ABSTRACT

OBJECTIVE: The study aimed to analyze the influence of dysbiosis in the gut-brain axis in the modulation of serotonin as a determinant in the worsening of depression. METHODOLOGY: The elaboration of the work approaches a narrative review where the articles will be selected according to the searches in the PubMed and ScienceDirect databases, among others. Using Health Science Descriptors (DeCS) which are: depressive disorder, dysbiosis and intestinal microbiota. Articles in Portuguese and English from 2004 to 2022 will be used. RESULTS: A correlation was found between individuals with major depressive disorder and with an imbalance of the gut microbiota in the exacerbation of major depressive disorder. FINAL CONSIDERATIONS: The unbalanced gut microbiome negatively influences the individual’s mental health due to its direct connection to the brain resulting in inflammation that causes altered serotonin levels, aggravating major depressive disorder.

Key words:. Depressive Disorder, Dysbiosis, Gastrointestinal Microbiome

INTRODUÇÃO

A história da humanidade, ao passo do seu desenvolvimento, vivenciou o surgimento de diversas manifestações patológicas não só físicas, mas também mentais. A depressão, nas suas mais variadas concepções, sempre esteve presente no processo evolutivo do ser humano, ainda que, muitas vezes não compreendida, como na contemporaneidade 1. Vieira (2018) a define como uma doença psiquiátrica crônica e recorrente que produz uma alteração do humor caracterizada por uma grande tristeza, acompanhada de sentimentos de dor e culpa, dentre outros 2. Desse modo, entende-se como uma doença que exige bastante atenção.

Essa problemática consegue se tornar ainda mais preocupante, quando se observa o recorte de incidência em diversos países, dentre eles, o Brasil. Quando considerado um período de doze meses consecutivos, o Brasil, dentre os países em desenvolvimento, é aquele que possui a maior prevalência de transtorno depressivo2.

Tal enfermidade pode ser agravada quando associada a fatores externos, como a manifestação de outros problemas de saúde. Para Souza (2021)3, a saúde mental do indivíduo pode ser influenciada por fatores sociais e genéticos. Nesse sentido, acrescentamos ainda a influência do funcionamento adequado do trato gastrointestinal, em que se pode destacar o fenômeno da disbiose, que, de acordo com Bastos (2012)4, consiste em uma condição clínica que acontece quando a microbiota intestinal está sofrendo algum tipo de desequilíbrio de bactérias.

Segundo Souza (2022)5, o estado de desequilíbrio da microbiota intestinal comprovadamente pode influenciar no quadro de depressão do paciente, devido a sua ligação direta com o cérebro. A disbiose altera a permeabilidade intestinal e, quando acentuada,  produtos bacterianos promovem um quadro inflamatório, evidenciado em pacientes depressivos 6.

Frente ao contexto exposto, o presente estudo, por meio de uma revisão sistemática, buscará analisar a influência da disbiose na exacerbação do transtorno depressivo. De Sá (2022)7 entende que apesar dos fortes indícios da correlação entre disbiose e depressão, mais estudos são necessários, visando traçar um mecanismo completo entre estas duas condições.

Assim com base no exposto, para tal estudo teve o objetivo de analisar a relevância do eixo microbiota-intestino-cérebro na saúde mental, as vias de comunicação, como o nervo vago e o sistema imune, e sua envoltura da disponibilidade de serotonina, um dos neurotransmissores mais importantes para a regulação do humor, e onde seu desequilíbrio influência no desenvolvimento do transtorno depressivo.

MÉTODOS

Esse trabalho foi conduzido por meio de uma revisão integrativa da literatura disponível, com base na literatura vigente referente a influencia da disbiose intestinal no agravamento do transtorno depressivo, com o intuito de apresentar uma abordagem descritiva sobre o tema abordado. Os dados para fomentar este trabalho de pesquisa científica foram coletados nas seguintes bases de dados: ScienceDirect, Scielo e Biblioteca nacional de Medicina dos Estados Unidos (PUBMED), usando os descritores presentes nos Descritores em Ciência de Saúde (DeCS) que são: transtorno depressivo, disbiose e microbiota intestinal, Depressive Disorder, Dysbiosis, Gastrointestinal Microbiome.

O procedimento de seleção por aplicação dos critérios de inclusão foram estudos de casos, estudos transversais, artigos de ensaios clínicos randomizados, estudos laboratoriais, entre outros; ano de publicação 2017 a 2022 , idioma em português e inglês; abordar o tema em questão, sobre a relação da disbiose com a exacerbação do quadro de transtorno depressivo.

Dessa forma, com identificação dos assuntos pertinentes à questão norteadora, serão excluídos arquivos referentes a monografias, revisões, livros, resumos em eventos, artigos que não atenderam a temática e artigos duplicados ou trabalhos sem objetivos ou com objetivos inconclusivos ou ambíguos.

A coleta de dados será dividida em dois eixos, independentes, que identificaram os artigos nas bases de dados, fazendo a triagem e seleção dos estudos mediante os critérios de inclusão e exclusão pré-determinados, a partir da leitura dos títulos e resumos.

Superada a primeira filtragem, o trabalho será conduzido à etapa de leitura de títulos e resumos. Assim, os que não abordarem a temática pré-determinada serão automaticamente excluídos. Ao final de cada fase de filtragem, será registrado a quantidade de trabalhos inclusos, para a posterior confecção de um fluxograma explicativo, contendo os motivos de exclusão dos artigos .

O conteúdo dos artigos será analisado e aqueles considerados mais relevantes sobre o tema serão incluídos na revisão da literatura para posterior análise e discussão dos principais pontos identificados. A análise será feita mediante a abordagem dos principais pontos encontrados nas obras. Por meio do Fluxograma da Figura 1 é possível ver o processo de filtragem de forma resumida.

RESULTADOS E DISCUSSÕES 

Ao utilizar a metodologia proposta para a pesquisa, foram encontrados, inicialmente, 756 trabalhos, sendo 702 provenientes da ScienceDirect , 54 da PubMed e não foi encontrado estudos da Scielo. Posteriormente, foram excluídos 560 artigos por duplicidade, além de 2 estudos que estavam em língua diferente daquelas definidas (inglês e português), resultando em 196 estudos selecionados. Após leitura dos resumos (abstracts) e do corpo do texto, restaram 6 estudos, que foram analisados nesta revisão, já que 5 foram excluídos por não atenderem estritamente à temática estudada.

Tabela: Distribuição das produções científicas publicadas no período de 2017 a 2022, segundo o ano, foco principal e o tipo de estudo.

AUTOR/ANOTITULOSRESULTADOSOBEJTIVOS
Liu, Y., et al. 2021Análise proteômica do eixo intestino-cérebro em um modelo de depressão com disbiose da microbiota intestinalCapturar as principais alterações de proteínas envolvidas no eixo intestino-cérebroOs resultados sugeriram que a microbiota intestinal induziu a alteração dos níveis de expressão de proteínas em vários tecidos do eixo intestino-cérebro em camundongos com fenótipo semelhante à depressão, e essas alterações do proteômica quantitativa para examinar o córtex pré- frontal (PFC) e do fígado foram específicas do modelo em comparação com modelos de estresse crônico
Chung,SY.;Kostev,K.;Tanis lav,C.        2022.Disbiose: um potencial precursor para o desenvolvimento de uma Desordem depressivaInvestigar a incidência de depressão em pacientes com disbioseIdentificaram a disbiose como um fator de risco para o desenvolvimento de depressão dentro de 5 anos após a data do índice.Este risco parece ser maior em pacientes do sexo masculino do que em mulheres.
Sang Jin Rhee, et al, 2020.  Comparação da composição do microbioma sérico em transtornos bipolares e depressivos maiores.Comparar a composição do microbioma sérico de pacientes com transtorno bipolar, transtorno depressivo maior e controles saudáveisOs gêneros Prevotella 2 e Ruminococcaceae UCG- 002 foram identificados como potenciais candidatos para distinguir transtorno bipolar e transtorno depressivo maior. Mais estudos com tamanhos de amostra maiores, desenhos longitudinais e controle para outros vários fatores de confusão são necessários.
Sarah J. Eustis 2021  Associação entre sintomas gastrointestinais e depressão em uma amostra representativa de adultos nos Estados Unidos: descobertas do National Health  Estudar associações entre sintomas gastrointestinais e sintomas depressivos em nível populacionalEnquanto as complexidades do eixo cérebro-intestino estão sendo investigadas no nível molecular, esses dados populacionais fornecem mais evidências para a associação entre sintomas depressivos e sinais de disbiose.
    Yu et al., 2017Variações na microbiota intestinal e no fenótipo metabólico fecal associados à depressão por sequenciamento do gene 16S rRNA e metabolômica baseada em Cromatografia liquida-espectometria de massa (LC/MS)Avaliar o impacto da   microbiota intestinal  no fenótipo metabólico fecal em  condições depressivasResultados mostraram que a microbiota intestinal foi alterada em associação com o metabolismo fecal em condições depressivas. Essas descobertas sugerem que o sequenciamento do gene 16S rRNA e a abordagem metabolômica baseada em Cromatografia líquida- espectrometria de massa(LC-MS/MS) podem ser posteriormente aplicado para avaliar a patogênese da depressão


Huang et al., 2019


A análise proteômica do bulbo olfatório sugere subunidade alfa-1E do canal de cálcio tipo R (CACNA1E) como um promotor de Sinalização proteína de ligação do elemento de resposta (CREB) na depressão induzida pela microbiota

Analisar a proteômica do bulbo olfatório na depressão induzida pela microbiota


Uma análise combinada com proteínas do Bulbo olfativo (OB) significativamente alteradas do modelo de depressão Estresse leve crônico imprevisível (CUMS) apoiou o papel da sinalização de Proteína de ligação do elemento de resposta (CREB), cuja desregulação provavelmente interrompe a axonogênese OB sob condições de microbiota.

Os estudos citados na tabela foram analisados e mostraram que existem uma ligação entre disbiose e depressão, onde a seleção de nutrientes adequados na dieta diária das pessoas afeta a qualidade de vida. Assim, a relação entre nutrientes e depressão desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da depressão.

Nesse sentido, o estudo de Liu et al. (2021)8 realizaram um estudo aprofundado sobre o eixo intestino-cérebro, no qual a serotonina é um importante neurotransmissor envolvido na interação entre disbiose, depressão e nutrição, sendo este neurotransmissor de grande importância no trato digestivo. Segundo esses autores, esse hormônio afeta a habilidade motora e a secreção intestinal, além de afetar a ativação e a transmissão de informações ao sistema nervoso central. A diminuição da ingestão de nutrientes pode impedir a síntese e a disponibilidade de serotonina, o que pode contribuir para o surgimento da depressão8.

Pela análise dos autores acima, fica claro que o fornecimento de bons nutrientes juntamente com o tratamento nutricional deve fazer parte do tratamento de todos os pacientes que sofrem de depressão, pois além da ausência de efeitos colaterais, também traz uma melhora na saúde de depressão do paciente8.

Outro estudo que também destaca a importância da nutrição no eixo intestino-cérebro é o de Chung; Kostev et al (2022)9, que mostrou a influência da disbiose em algumas doenças mentais, principalmente a depressão. Assim, esse achado confirma que as alterações nas interações cérebro- intestino estão associadas a enterite, síndromes de dor abdominal crônica e distúrbios alimentares. Portanto, entende-se que a modulação da função do eixo cérebro-intestino está associada a mudanças específicas na resposta ao estresse e no comportamento geral9.

Conclusões semelhantes podem ser tiradas da análise cuidadosa dos estudos de Sang Jin Rhee et al. (2020) 10 que observaram a presença de probióticos e prebióticos na alimentação auxilia na manutenção da composição da flora intestinal, o que tem efeitos benéficos. Portanto, esses nutrientes ajudam a tratar a disbiose, contribuindo para uma flora intestinal mais saudável.

Nesse ínterim, Sarah et al. (2021)11 apresentam concepções convergentes quanto à associação entre os sintomas gastrointestinais e a depressão, onde indicam uma amostra representativa de adultos nos Estados Unidos. O estudo evidenciou o fato de que altos níveis de estresse alteram a composição de bactérias no intestino, que por conseguinte, influenciam diretamente nos transtornos depressivos11.

Yu et al. (2017)12 avaliaram o impacto de como as bactérias do intestino e as substâncias presentes nas fezes estão relacionadas à depressão. Eles descobriram que diferenças na composição dessas bactérias e nas substâncias das fezes podem afetar o desenvolvimento da depressão. Essas descobertas foram possíveis graças a análise do material genético das bactérias junto ao estudo das pequenas moléculas presentes em nosso corpo. Foi demonstrado que as variações na microbiota intestinal e no fenótipo metabólico fecal são determinantes quando admitiu-se quadros de depressão por sequenciamento do gene 16S rRNA e por estudo dos metabólitos que consiste em um experimento em que é realizado um arranjo de todas as pequenas moléculas presentes em cada organismo. Para fazer essas análises, os pesquisadores usaram um equipamento chamado Cromatografia Líquida Acoplada à Espectrometria de Massa (LC/MS)12.

Essa técnica usando de metodologia que envolve bioquímica avançada permite separar e identificar diferentes substâncias presentes nas fezes. É como se separássemos e estudássemos os ingredientes das fezes para entender como eles podem estar ligados à depressão. Resumidamente, a técnica LC baseia-se na separação de mistura dos componentes moleculares em forma líquida, na MS é o fornecimento da massa estrutural na forma gasosa, sendo usada para analisar de forma específica os compostos biológicos.12 Quanto à depressão induzida pela microbiota, Huang et al. (2019)13, investigou a relação entre as bactérias do intestino e as proteínas em uma região do cérebro chamada bulbo olfatório (OB), que está relacionada à depressão. Pacientes com depressão costumam ter alterações no tamanho do bulbo olfatório e na capacidade de sentir cheiros, e evidencias relatam que o OB é um das áreas prevalentes para o processo de formação de novos neurônios no cérebro.

Nesse estudo, os pesquisadores compararam as proteínas presentes no bulbo olfatório de camundongos livres de bactérias prejudiciais com camundongos que tinham essas bactérias. Para fazer essa comparação, eles usaram uma técnica chamada iTRAQ, que é uma forma de marcar e quantificar as proteínas nas amostras de várias massas utilizadas para facilitar a quantificação, acoplado com LC/MS, sendo aplicado para comparar as proteínas expressas nas células do OB.(12-13) Isso permitiu comparar as proteínas do bulbo olfatório entre os grupos de camundongos que possuíam disbiose intestinal e sua relação com o transtorno depressivo. Além dessa abordagem, eles descobriram que as bactérias do intestino causaram mudanças moleculares que podem afetar a formação de novos neurônios no cérebro.13

Esses exames são importantes para entendermos melhor como a depressão afeta nosso corpo. Ao estudar as bactérias do intestino, as substâncias nas fezes e as proteínas no cérebro, podemos identificar padrões que estão relacionados à depressão. Essas informações nos ajudam a desenvolver novas formas de tratamento para melhorar o bem-estar mental das pessoas com depressão, buscando equilibrar as substâncias e bactérias em seus corpos(12-13).

Com base nos achados, foram organizadas quatro categorias para melhor discussão da temática, sendo elas: Eixo-microbiota-intestino-cérebro e o papel dos probióticos no transtorno depressivo; Disbiose intestinal; Processo inflamatório da disbiose intestinal ; Disbiose intestinal e exacerbação do transtorno depressivo.

Eixo-microbiota-intestino-cérebro e o papel dos probióticos no transtorno depressivo

Através do eixo-intestino-cérebro a microbiota estabelece conexão de mão dupla com o sistema nervoso, sendo influenciada e influenciando nos determinantes de transtornos psicológicos, destacando-se a depressão, de acordo com  a  composição  de  bactérias  em atividade. Tal influência desencadeia efeitos negativos na saúde entérica do  indivíduo14.

Recentemente foi-se demonstrado a importância da microbiota intestinal e sua relação direta com a modulação de diversas respostas no cérebro. Para entender melhor essa conexão, é necessário compreender a relação entre o eixo-intestino-cérebro e a microbiota, compreendendo suas vias  de comunicação e como abrange diversas atividades  neurais 14.. A  principal via de comunicação desse eixo ocorre pelo nervo vago que se associa com células enteroendócrinas que atuam no trato gastrointestinal controlando diversas funções15.

Para uma melhor compreensão acerca da relação entre microbioma e as patologias psiquiátricas, convém admitir as definições de elementos como a microbiota, os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e os probióticos. Sob uma perspectiva conceitual, admite-se que a microbiota intestinal concerne a um ecossistema formado pela presença de micro-organismos transitórios e autóctones que habitam o intestino grosso ou delgado15. Estima-se que haja em média 10 a 100 trilhões de fungos, vírus e bactérias residentes no corpo humano, sendo esse número, muitas vezes maior que a quantidade de células. Grande parte dessas bactérias convive com o hospedeiro de maneira harmoniosa tendo com o mesmo uma relação mutualista (15-16).

A microbiota residente desempenha ainda funções fisiológicas a nível local e sistêmico que são fundamentais para a manutenção do organismo. Nesse sentido, destaca-se a síntese de nutrientes benéficos para a mucosa, provenientes da fermentação de substratos não digeríveis como as fibras dietéticas, muco endógeno do intestino e amidos resistentes. Essa fermentação produz gases e ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), principalmente acetato, propionato e butirato, resultando em vitaminas do complexo B, vitamina K e energia para os enterócitos e colonócitos (células intestinais) durante o processo.17

Acerca dos ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), tem-se que estes compreendem moléculas formadas através de uma quebra anaeróbica de proteínas, fibras e peptídeos através de complexas interações microbianas17. O acetato, propionato, butirato (responsáveis por 5 a 10% da energia total da dieta), assim como outros gases como dióxido de carbono, metano são os produtos finais dessa fermentação. Desta forma, o tipo de fibra ingerida é diretamente relacionada a composição da microbiota intestinal18.

Vale ressaltar que para a modulação da microbiota intestinal e a influência do eixo-intestino-cérebro usa-se os probióticos que são considerados microrganismos vivos de apoio nutricional da microbiota intestinal, regulando a composição de bactérias benéficas, que tem papel na modulação da permeabilidade intestinal podendo diminuir inflamações, por virtude da influência na ativação da função imunológica19

Quando administrados em quantidades adequadas em Unidades formadoras de colônias (UFC) podem ofertar efeitos positivos sobre a saúde intestinal do hospedeiro. Dentre os efeitos benéficos pode-se destacar a modulação positiva da microbiota intestinal, perda de gordura corporal, redução de marcadores pró-inflamatórios, restabelecimento de quadros de infecções bacterianas, entre outros. Existem várias espécies de probióticos e alguns destes são especificamente relacionados ao tratamento de várias doenças, comoa obesidade, diarreia crônica, doenças inflamatórias intestinais, DM II, doenças cardiovasculares, autismo e a depressão20.

 Disbiose intestinal

Entende-se por disbiose intestinal o desequilíbrio de bactérias que coabitam no intestino do ser humano, as quais são conhecidas como ”bactérias do bem” e que participam na regulação e proteção do sistema digestório e sistema  imune,  prevenindo  inúmeras  doenças21.

No entanto, devido a fatores como, má alimentação sendo ela rica em carboidratos ou industrializados, o estresse e o uso inadequado de medicamentos contribuem para a prevalência de bactérias patogênicas e diminuição de bactérias saudáveis21.

O trato gastrointestinal é colonizado por milhões de microrganismos e o seu desequilíbrio é denominado de disbiose. Existe assim uma relação de caráter positivo entre o hospedeiro e a microbiota intestinal, sendo essencial o equilíbrio que venha a favorecer as duas partes. Qualquer alteração que possa comprometer significativamente o estado homeostático pode levar a um declínio da sua funcionalidade e consequentemente a uma diminuição das suas funções protetoras e benéficas, desencadeando a disbiose22.

A reincidência de desequilíbrio do microbioma intestinal promove um aumento das bactérias patobiontes e a consequente redução das simbiontes na disbiose, presente em transtornos mentais, como na ansiedade e na depressão.23 Dentre diversos desarranjos que podem estimular a disbiose, há a disfunção da barreira intestinal. Ocorre a exposição da mucosa intestinal aos antígenos luminais pró- inflamatórios23.

Sabe-se que somente pequenas quantidades dos antígenos são permitidas atravessar a mucosa. A partir disso, acontece a interação com o sistema imunológico local e sistêmico ativando-os, sendo esta ativação controlada pelo sistema regulatório imunológico, ocasionando a manutenção e equilíbrio entre a exposição ao antígeno e a ativação imunológica indispensável para a proteção da integridade da barreira. A hiperativação inapropriada do sistema imunológico pode decorrer da penetração desordenada de antígenos luminais ou desequilíbrio imunológico, acarretando em doenças inflamatórias intestinais, distúrbios inflamatórios gastrointestinais ou sistêmicos e a disbiose24.

O sistema imunológico do ser humano exerce um papel fundamental no processo de manutenção e regulação envolvendo a quantidade e a diversidade de bactérias intestinais no corpo do ser humano. Nesse sentido, podem ser consideradas evidências que indicam a concepção a qual se admite que as condições homeostáticas são essenciais para que haja uma comunicação contínua entre os sistemas nervosos (entérico e central), vindo a formar o eixo cérebro-intestino24.

Vale ressaltar ainda que, além de intervir no sistema imunológico, o microbioma intestinal também exerce influência na regulação de micróglias, e pelo fato de este ter uma participação complexa do intestino no número de micróglias produzidas, considera-se que a disbiose intestinal pode incidir em microglias defeituosas25.

O manejo nutricional da disbiose envolve a associação entre dois aspectos, a parte dietética, que abrange os alimentos funcionais chamados de prebióticos e o componente microbiológico, que corresponde aos probióticos que podem ser suplementados. A combinação desses dois elementos implica em uma relação de simbiose e forma um complexo restaurador da flora e saúde entérica26.

Processo inflamatório da disbiose intestinal

Compreende-se que as alterações na microbiota intestinal possuem ligação com as modificações da permeabilidade intestinal, resultante na deslocação de bactérias maléficas que promove o estímulo do sistema imunológico da mucosa intestinal e a liberação de antígenos luminais pró inflamatórios sendo considerados relevantes para a processo de inflamações sistêmicas e consequentemente a patogênese de doenças neurodegenerativas27.

 A Integridade da barreira epitelial intestinal executa o processo de manutenção da homeostase intestinal e a estabilidade do sistema imunológico do mesmo. Na homeostase da mucosa intestinal observam-se padrões moleculares associados a patógenos (PMAPs) que na presença de um grupo de agentes patogênicos são reconhecidas pelas células do sistema imune inato como sinal de invasão. O reconhecimento de PAMPs induz células apresentadoras de antígenos (APCs) como macrófago entre outras diferentes tipos de células que subsequentemente expressam citocinas inflamatórias que controlam o potencial de invasão de patobiontes que são micróbios prejudiciais, e seu predomínio pode ser indicio de disbiose28.

À medida que a inflamação se instala na microbiota o sistema imunológico induz o sistema nervoso a produzir moléculas neuroprotetoras. Para que ocorra a produção dessas moléculas é necessário o precursor Triptofano (TRP) que é considerado um aminoácido essencial que deve ser obtido através da alimentação. O TRP possui duas fundamentais vias de metabolização, sendo a serotonina (5-HT) e a quinurenina (QUIN) tratando-se de 95% da metabolização do TRP no hospedeiro. Na situação de inflamação, a presença de mediadores inflamatórios, como as citocinas e quimiocinas, a via da QUIN apresenta-se com atividade elevada28.

Sabe-se que o TRP é o aminoácido que contribui para a síntese de diversos compostos , e que possui também a via serotoninérgica como responsável pela sua metabolização, sendo precursor da serotonina. No entanto, a inflamação contribui para o estado de esgotamento de TRP na via de QUIN, que ocorre devido um mecanismo de defesa induzido por células do sistema imune. Em consequência disso, a depleção do TRP contribui para baixa produção de serotonina, que induz de forma considerável para a exacerbação de sintomas observados no transtorno depressivo29.

Disbiose intestinal e exacerbação do transtorno depressivo

A concepção da influência da disbiose intestinal no agravamento dos transtornos depressivos se dá pela condição na qual as bactérias não desempenham suas funções de maneira adequada, dificultando tanto a síntese quando a disponibilidade da serotonina (5-HT) que consiste em um neurotransmissor do grupo das aminas (monoaminas) que tem papel na regulação do humor. Segundo a teoria das monoaminas a fisiopatologia da depressão consiste pela a redução de monoaminas provocando um aumento compensatório do número de receptores 5HT2 pós-sinápticos. Dessa forma, a 5-HT está associada com alterações comportamentais, proporcionando o agravamento da depressão 4. o que acaba incidindo na formação de quadros depressivos 30.

Uma maior predisposição ao desenvolvimento de disbiose está relacionada a fatores como: uso frequente de medicamentos do tipo antibióticos; envelhecimento; sedentarismo; consumo excessivo de alimentos ultra processados e de adoçantes artificiais; genética; alcoolismo; sono e o estresse. Estes são fatores que geram danos e desajustes entre os microrganismos intestinais e comprometem sua função de barreira. Nesse sentido, considera-se que o estresse representa um fator de risco determinante para a formação dos quadros em que são suscitados os transtornos depressivos31.

A microbiota intestinal em equilíbrio tem relevância no desenvolvimento e modulação em aspectos do sistema imune e nutricional do hospedeiro, como também tem influência no sistema nervoso central com a produção do neurotransmissor serotonina, sendo associado no agravamento das manifestações de doenças psiquiátricas como a depressão32.

Estudos científicos têm demonstrado uma associação entre o papel da qualidade nutricional na saúde mental, ou seja, um padrão alimentar saudável e a prevenção da disbiose intestinal pode reduzir o risco dos transtornos depressivos. O que sugere que uma dieta equilibrada e medidas para evitar a disbiose (desde a suplementação até o uso de probióticos e prebióticos) podem representar uma estratégia eficaz na prevenção de transtornos e desordens mentais33. (SARRIS et al, 2015.

Os transtornos depressivos podem ser associados aos hábitos alimentares, bem como ao consumo de álcool, sedentarismo, tabagismo, mas, fundamentalmente, as manifestações patológicas concernentes ao estresse, sob a perspectiva da saúde mental. O que sugere uma associação com as funções cognitivas, pois as funções cognitivas nos possibilitam organizar o funcionamento do cérebro, isto é, a sua estrutura cognitiva que são divididas entre memória (capacidade de reter informações), atenção (receptível ao estímulo), linguagem (compreensão e produção verbal), percepção (sensação) e funções executivas (processos mentais superiores), estas de suma importância no controle e regulamentação de condutas, responsáveis pelos pensamentos, emoções e ações34.

A constituição do desequilíbrio da microbiota intestinal favorece a ocorrência de bactérias oportunistas que enviam toxinas para o cérebro, afetando a produção de hormônios como a serotonina, sendo de suma importância para a saúde mental34.

Ensaios clínicos em modelos animais demonstram que o nervo vago intercede na relação entre os psicobióticos e os seus efeitos psicofisiológicos, devido ao fato de que o corte do nervo vago (vagotomia) acaba abolindo as respostas esperada pela administração psicobiótica. Os estudos realizados em modelos animais dispõem de evidências objetivas quando ao efeito gerado pelos ácidos graxos de cadeia curta junto a distúrbios neuropsiquiátricos, com destaque para os transtornos depressivos. Nesse sentido, sugere-se que a microbiota intestinal possa ser responsável pela modulação do eixo intestino-cérebro, influenciando sensivelmente nas manifestações clínicas da depressão35.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As alterações no microbioma intestinal resultam em disbiose, em que ocorre o predomínio de bactérias maléficas. Através da comunicação com o sistema nervoso central por meio do eixo-intestino-cérebro, essas bactérias enviam toxinas para o cérebro, ocasionando inflamação e afetando a produção de neurotransmissores, como a serotonina, e influenciando no agravamento das psicopatologias, como o transtorno depressivo maior, que consiste em uma condição na qual o individuo apresenta variadas manifestações clinicas que interferem na vida diária, como tristeza e pessimismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. GOMES, Leonardo Queiroz; SILVA, Gessé de Souza. A depressão: da história para a clínica psicanalítica contemporânea. Revista Ciência (In) Cena, v. 1, n. 6, p. 51-68, 2018.
  1. VIEIRA, Carlos. Depressão-doença: o grande mal do século XXI. Editora Vozes Limitada, 2018.
  1. SOUZA, Claudia Danielly Batista de. O efeito da disbiose intestinal na depressão e em outras desordens mentais. 2021.
  1. BASTOS, TCNM. A neurobiologia da depressão. 2011. Dissertação – Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, 2012.
  1. SOUZA, Gabriel et al. DISBIOSE INTESTINAL E DEPRESSÃO: UM ESTUDO DE REVISÃO. 2022.
  1. MARESE, Angélica Cristina Milan et al. Principais mecanismos que correlacionam a microbiota intestinal com a patogênese da depressão. Fag Journal Of Health (FJH), v. 1, n. 3, p. 232-239, 2019.
  1. DE SÁ, Mirelli Anicarlos Ferreira Paula et al. DEPRESSÃO E DISBIOSE: EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS. RECIMA21-Revista Científica Multidisciplinar-ISSN 2675-6218, v. 3, n. 2, p. e321108-e321108, 2022.
  1. Liu, Y., Wang, H., Gui, S. et al. Análise proteômica do eixo intestino-cérebro em um modelo de depressão com microbiota intestinal. Transl Psychiatry 11 , 568 (2021). https://doi.org/10.1038/s41398-021-01689-w

9.Chung SY, Kostev K, Tanislav C. Dysbiosis: A Potential Precursor to the Development of a Depressive Disorder. Healthcare (Basel). 2022;10(8):1503. Published 2022 Aug 10. doi:10.3390/healthcare10081503

10. Sang Jin Rhee, Hyeyoung Kim, Yunna Lee, Hyun Jeong Lee, C. Hyung Keun Park, Jinho Yang, Yoon-Keun Kim, Sungmin Kym, Yong Min Ahn, Comparison of serum microbiome composition in bipolar and major depressive disorders,Journal of Psychiatric Research,Volume123,2020,Pages31-38,ISSN0022-3956,https://doi.org/10.1016/j.jpsychires.2020.01.004.(https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S002239561931338X)

11. Sarah J. Eustis, Michael W. McCall, E. Angela Murphy, Michael D. Wirth,Association Between Gastrointestinal Symptoms and Depression in a Representative Sample of Adults in the United States: Findings From National Health and Nutrition Examination Survey (2005–2016),Journal of the Academy of Consultation-Liaison Psychiatry,Volume 63, Issue 3,2022,Pages 268-279,ISSN 2667-2960,

https://doi.org/10.1016/j.jaclp.2021.08.008.(https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2667296021001488)

 12. Yu, M., Jia, H., Zhou, C., Yang, Y., Zhao, Y., Yang, M., & Zou, Z. (2017). Variations in gut microbiota and fecal metabolic phenotype associated with depression by 16S rRNA gene sequencing and LC/MS-based metabolomics. Journal of pharmaceutical and biomedical analysis, 138, 231–239. https://doi.org/10.1016/j.jpba.2017.02.008

13. Huang C, Yang X, Zeng B, et al. Proteomic analysis of olfactory bulb suggests CACNA1E as a promoter of CREB signaling in microbiota-induced depression. J Proteomics. 2019;194:132-147. doi:10.1016/j.jprot.2018.11.023

14. Dinan TG, Cryan JF. Brain-Gut-Microbiota Axis and Mental Health. Psychosom Med. 2017;79(8):920-926. doi:10.1097/PSY.0000000000000519

15. PEREIRA L ,SILVA D. DISBIOSE INTESTINAL: APLICAÇÃO DOS PREBIÓTICOS, PROBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS NA RECUPERAÇÃO E ESTABILIDADE DA MICROBIOTA INTESTINAL. Londrina, 2020.

16. CANI PD, Delzenne NM. The gut microbiome as therapeutic target. Pharmacol Ther. 2021;130:202–12. doi: 10.10116/j.pharmthera.2021.01.012.

17. NEUHANNIG Camila, et al. “Disbiose Intestinal: Correlação com doenças crônicas da atualidade e intervenção nutricional.” Research, Society and Development 8.6 (2019): e25861054- e25861054.

18. ECKBURG PB, EM Bik, CN Bernstein, Purdom E, Dethlefsen L, Sargent M, Gill SR, Nelson KE, Relman DA. Diversity of the human intestinal microbialflora. Science 2017; 308(5728): 1635-1638.

19. Gibson GR, Hutkins R, Sanders ME, et al. Expert consensus document: The International Scientific Association for Probiotics and Prebiotics (ISAPP) consensus statement on the definition and scope of prebiotics. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2017;14(8):491-502. doi:10.1038/nrgastro.2017.75

20. Dahiya DK, Renuka, Puniya M, et al. Gut Microbiota Modulation and Its Relationship with Obesity Using Prebiotic Fibers and Probiotics: A Review. Front Microbiol. 2017;8:563. Published 2017 Apr 4. doi:10.3389/fmicb.2017.00563

21. GONCALVES, MAP. Microbiota: implicações na imunidade e no metabolismo. 2014. 41f. Dissertação (Mestre em Ciências Farmacêuticas) – Universidade Fernando Pessoa. Porto, 2014.

22. Faintuch, J. Microbioma, disbiose, probióticos e bacterioterapia. 1. ed. São Paulo: Manole, 2017. 352 p.

23. CHRISTOFOLLETI, GSF. O microbioma intestinal e a interconexão com os neurotransmissores associados a ansiedade e depressão. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.5, n.1, p. 3382- 3408 jan./fev. 2022

24. KUCHARZIK, T. et al. Role of M cells in intestinal barrier function. Ann NY Acadsci. 915(1):171- 183, 2020.

25. El Aidy S, Dinan TG, Cryan JF. Gut Microbiota: The Conductor in the Orchestra of Immune-Neuroendocrine Communication. Clin Ther. 2015;37(5):954-967. doi:10.1016/j.clinthera.2015.03.002

26. PANTOJA, C. L. et al. Diagnóstico e tratamento da disbiose: revisão sistemática. Revista Eletrônica Acervo   Saúde, [s.l.], n. 32,  2019.Disponívelem:https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/downlad/1368/787. Acesso em: 26 out. 2022.

27. Gummesson A, Carlsson LM, Storlien LH, et al. Intestinal permeability is associated with visceral adiposity in healthy women. Obesity (Silver Spring). 2011;19(11):2280-2282. doi:10.1038/oby.2011.251

28. Amoroso C, Perillo F, Strati F, Fantini M, Caprioli F, Facciotti F. O Papel dos Biomoduladores da Microbiota Intestinal na Imunidade da Mucosa e Inflamação Intestinal. Células . 2020;9(5):1234. doi:10.3390/cells9051234

29. Desbonnet L, Clarke G, Traplin A, et al. Gut microbiota depletion from early adolescence in mice: Implications for brain and behaviour. Brain Behav Immun. 2015;48:165-173. doi:10.1016/j.bbi.2015.04.004

30. SARAIVA, FRS; Carvalho, LMF; Landim, LASR. Depressão e disbiose. Nutrição Brasil, v.18 n. 3, p. 175 – 181, fev.2020. Disponível em: https://doi.org/10.33233/nb.v18i3.

31. PASCHOAL, V.; Naves, A.; Fonseca, A. B. B. L. Nutrição clínica funcional: dos princípios à prática clínica. 2. ed. São Paulo: VP Editora, 2014. 328 p.

 32. Fung TC, Olson CA, Hsiao EY. Interactions between the microbiota, immune and nervous systems in health and disease. Nat Neurosci. 2017;20(2):145-155. doi:10.1038/nn.4476

33. SARRIS, J., Logan, A. C., Akbaraly, T. N., Amminger, G. P., Balanzá-Martínez, V., Freeman, M. P.,et al. Nutritional medicine as mainstream in psychiatry. Lancet Psychiatry 2015; 2(3):271-4.

34. Barros MBA, Lima MG, Azevedo RCS, et al. Depression and health behaviors in Brazilian adults – PNS 2013. Rev Saude Publica. 2017;51(suppl 1):8s. Published 2017 Jun 1. doi:10.1590/S1518-8787.2017051000084

35. BERCIK P. O efeito ansiolítico do Bifidobacterium longum NCC3001 envolve vias vagais para a comunicação intestino-cérebro. Neurogastroenterol. Motil. 2017; 26: 1132-1139