REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7259434
Maria Eduarda Peixoto Sarrazin¹
Maria Helena Ferreira dos Santos¹
Francisca Marta Nascimento de Oliveira Freitas²
José Carlos de Sales Ferreira³
RESUMO
A nutrição, de uma forma geral, é um assunto pouco abordado e não tem a devida atenção e importância que realmente merece. Existem áreas que são ainda mais escassas como nutrição infantil, por exemplo. A nutrição infantil é de cunho decisivo na primeira infância, pois é nela que será definido a prática ou não de bons hábitos nos anos subsequentes. Durante as pesquisas, constatou-se a escassez de estudos relacionados ao tema, dessa forma, sendo limitado. Portanto, esta revisão visa discutir sobre o desenvolvimento neuropsicomotor e cognitivo da criança expondo e esclarecendo a importância e a influência da boa alimentação durante esse processo.
Palavras-chave: alimentação funcional, primeira infância, desenvolvimento neuropsicomotor e cognitivo.
ABSTRACT
Nutrition, in general, is a subject that is rarely addressed and does not have the attention and importance it really deserves. There are areas that are even more scarce, such as child nutrition, for example. Child nutrition is crucial in early childhood, as it will define whether or not to practice good habits in subsequent years. During the research, it was found the scarcity of studies related to the topic, thus, being limited. Therefore, this review aims to discuss the child’s neuropsychomotor and cognitive development, exposing and clarifying the importance and influence of good nutrition during this process.
Keyword: functional nutrition, early childhood, neuropsychomotor and cognitive development.
INTRODUÇÃO
A preocupação com a importância da alimentação na manutenção e promoção da saúde tem aumentado por todo o mundo e, nesse contexto, surgem os alimentos funcionais, ganhando espaço, principalmente, no dia a dia das famílias. Podem ser definidos como alimentos que, além de fornecerem nutrientes básicos, apresentam ainda benefícios para o funcionamento metabólico e fisiológico, trazendo benefícios à saúde física e mental, tendo a capacidade de prevenir doenças crônico-degenerativas (SALGADO, J. 2015).
Os padrões alimentares, segundo Silva et al. (2014), principalmente nos países em via de desenvolvimento, variam substancialmente com os fatores regionais, econômicos, ambientais, culturais ou mesmo religiosos, tornando-se fundamental o conhecimento dos hábitos alimentares das comunidades e populações em geral.
Pesquisas frisam a importância do estudo particular dos hábitos alimentares de crianças, visando a correção dos desvios encontrados, pois são as alterações do estado nutricional da população infantil que ditam e têm importantes consequências para a saúde, podendo ou não acarretar futuras enfermidades. Figueiredo et al (2015) citou que, na transição nutricional vivida nas últimas décadas, observou-se uma diminuição nos índices de desnutrição e, em contrapartida, houve uma prevalência crescente de obesidade. Em 2017, Melo et al em um estudo realizado com 4.388 crianças com idade inferior a cinco anos, constatou uma prevalência de excesso de peso acometendo 6,6% das crianças.
Para Carlos (2018), a otimização de práticas alimentares em crianças é considerada uma das intervenções mais efetivas para melhorar a saúde infantil e o aleitamento materno tem um papel importante na prevenção da má nutrição particularmente na primeira infância. Visto que é nessa fase que ocorre a introdução alimentar, a ajuda e acompanhamento dos pais é imprescindível e de suma importância, devendo haver incentivo para que os filhos mantenham hábitos saudáveis como a prática de exercícios físicos e o consumo de alimentos in natura.
Pode-se ainda dizer que a criança possui suas limitações e preferências alimentares, portanto, vale salientar que que a formação do paladar infantil possui componentes genéticos e ambiental/social que podem interferir nesses hábitos determinando os padrões alimentares dos anos subsequentes (ARAÚJO, 2021).
Nas pesquisas de Lopes et al (2018), ressalta-se a importância do acompanhamento das famílias por profissionais da saúde e, para resultados mais satisfatórios, o acompanhamento de um nutricionista, pois, a partir dele, haverá melhores orientações para uma boa alimentação nos primeiros estágios de vida, visando o destaque da influência positiva do aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida, principalmente, em crianças acometidas pela teratogênese que se trata da formação de anomalias no útero, com maior possibilidade de acometimento da quarta a oitava semana de gestação.
No período que rege a primeira infância, o desenvolvimento infantil é um processo contínuo e intenso, onde o corpo se modifica rapidamente e o cérebro aperfeiçoa habilidades fundamentais, como visão, inteligência e capacidade de interação (BRASIL, 2019).
DiPietro (2022) citou em seu estudo que o desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) e cognitivo é um processo sequencial, contínuo e está ligado a idade cronológica, porém, não depende exclusivamente dela, tendo uma grande correlação com o estado emocional da mãe durante a gravidez, com o estímulo da família e com o ambiente em que a criança está inserida. O autor afirmou ainda que, o estresse materno, durante o período de gravidez, age como um fator teratogênico tal como o álcool e as drogas e, por mais que não existam conexões neurais diretas com o feto, as emoções nesse período provocam uma série de reações hormonais e variações no fluxo sanguíneo do útero, influenciando o meio intrauterino. Portanto, comprova-se que a exposição do feto a fatores teratogênicos resulta ao comprometimento e prejuízo das funções motoras e, comparativamente, a menor aptidão para aprendizagem e dificuldade da criança em lidar com novas situações.
Portanto, o objetivo desta pesquisa foi analisar a influência da alimentação funcional do desenvolvimento neuropsicomotor e cognitivo durante a primeira infância.
2. METODOLOGIA
2.1 Tipo de estudo
O estudo realizado foi feito a partir de fontes secundárias, através do levantamento bibliográfico de estudos já vivenciados e feitos por outros autores. Para a organização da coleta de dados, será utilizado o método hipotético dedutivo que, segundo Marconi e Lakatos (2010), parte de um problema a qual se oferece uma solução provisória, visando criticar a solução e, posteriormente, a eliminação do erro.
2.2 Coleta de dados
Para o levantamento literário foram usadas plataformas como SCIELO (Scientific Eletronic Library), Google Acadêmico, PubMed (National Service Library of Medicine), Revistas Científicas, Livros, Diretrizes da Sociedade da Brasileira e Guia Alimentar da Criança.
Para a busca dos artigos foram utilizados descritores como: desenvolvimento neuropsicomotor infantil, alimentos funcionais, alimentação na primeira infância, desenvolvimento cognitivo infantil e suas combinações nas línguas portuguesa e inglesa.
2.3 Análise de dados
Para critérios de inclusão serão utilizados artigos com referências entre 2012 e 2022 que se enquadrem no tema proposto.
Serão analisados artigos, livros, revistas científicas e acadêmicas para ser feito o tipo de pesquisa de revisão integrativa para um projeto com informações mais completas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A alimentação é um dos fatores que contribuem para o aparecimento de doenças crônico-degenerativas no ser humano que, hoje, são a principal causa da mortalidade do adulto. Uma vez que é na infância que o hábito alimentar se forma, é necessário o entendimento dos seus fatores determinantes, para que seja propor processos educativos efetivos para a mudança do padrão alimentar da criança (RAMOS; MAUREM, 2000).
3.1 A importância do aleitamento materno
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a amamentação seja exclusiva até o sexto mês de vida e deverá ser complementada até o segundo ano de vida podendo ir além. O aleitamento materno exclusivo (AME) é definido como a prática de quando a criança recebe única e exclusivamente o leito humano, diretamente da mãe ou, ainda, ordenhado, sem a presença de nenhum outro líquido ou sólido, exceto gotas ou xaropes contendo suplementação vitamínica e/ou medicamentos prescritos pelo médico (PONTES; TATIANA ELIAS, 2009).
O aleitamento materno exclusivo ainda é amplamente discutido devido aos seus inúmeros benefícios. A recomendação feita pela OMS é baseada nas evidências científicas que mostram a importância do AME até o sexto mês de vida, tanto para a criança quanto para a lactente. Entre os benefícios dessa prática pode-se destacar o aumento da sobrevivência em casos de prematuridade, devido a melhora da saúde (GIUGLIANI; SANTOS, 2016), é um fator protetor contra a diarreia, infecção respiratória na infância (HORTA; VICTORIA, 2013), contém os nutrientes essenciais para um bom desenvolvimento e crescimento no primeiro semestre de vida (SILVA, 2014) e, pode ainda, segundo estudos epidemiológicos, influenciar nas preferências alimentares da criança e, consequentemente, nos hábitos alimentares quando adultos (ERGANG; BARBARA C., 2020).
Boccolini et al. (2017) afirma que, durante os primeiros seis meses de vida, o leite materno é o suficiente para a nutrição adequada da criança e, segundo Oliveira, Cariello e Dinelly (2016), isso dá-se devido à variedade de vitaminas, minerais, proteínas, gorduras e anticorpos presentes. Ciampo e Ciampo (2018) constatou em seus estudos que o aleitamento materno, engloba ainda, um melhor desenvolvimento intelectual da criança, melhorando o seu desenvolvimento cognitivo.
Estudos fazem uma associação positiva entre o aleitamento materno e o desenvolvimento não somente na infância, mas também, na adolescência e fase adulta, sendo assim, comprovando que o leite humano é o ‘alimento ouro’ para o desenvolvimento cerebral. O desenvolvimento dá-se pela ação bioquímica e funcional devido aos nutrientes e componentes que constituem o leite materno. Ainda se diz importante para o desenvolvimento e maturação do sistema estomatogmático (DE SOUZA OLIVEIRA, TAISA R. ET AL., 2017).
Dados científicos revelam que o ato da amamentação não somente estreita a relação entre mãe e filho (CASSIMIRO, ISADORA, 2019) como também é um ato benéfico a mãe, prevenindo-a contra o câncer de útero e de mama, ajudando-a a reestabelecer o peso corporal, gerando um menor sangramento pós-parto e, pode ainda, atuar na prevenção de doenças cardiovasculares (ROCHA, I. ET AL., 2018).
3.2 Alimentos Funcionais
De acordo com Salgado (2017), o conceito de alimentos funcionais pode mudar de acordo com a legislação vigente no respectivo país. Ainda em seu estudo, o autor faz comparação de conceitos de alguns países e alguns órgãos que regem a parte de alimentícia e nutricional.
Nas pesquisas de Salgado e Almeida (2009), os alimentos funcionais são aqueles que apresentam funções nutricionais básicas e, além delas, têm efeitos metabólicos e/ou fisiológicos que são benéficos à saúde caso façam parte da dieta usual da pessoa e, segundo os autores, essa é a definição concedida pela Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais (SBAF).
Já para a Functional Food Science in Europe (Fufose), Franco (2006) cita que alimentos funcionais têm efeitos satisfatórios em cima de uma ou mais funções do organismo mantendo ou melhorando a saúde e o bem estar, reduzindo risco de doenças, mantendo, também, as funções nutricionais básicas.
Moraes e Colla (2006), afirmaram que existe uma grande variedade de compostos que podem ser definidos como compostos bioativos que compõem o alimento partindo da estrutura química, propriedades e benefícios à saúde.
Os principais compostos bioativos são os carotenoides, flavonoides, ácidos graxos ômega 3 e 6, as fibras e os probióticos (BRASIL, 2009).
3.2.1. Carotenóides
Mesquita et al. (2017) afirma que os carotenoides são um grupo de pigmentos naturais representados pela coloração amarela, vermelha ou vermelha que são facilmente encontrados na natureza, podendo estar presentes em vários seres vivos, desde micro-organismos até animais. O beta caroteno e a luteína são os carotenoides mais fáceis de serem encontrados na natureza.
Bergmann et al. (2021) diz que como principais benefícios dos carotenoides pode-se destacar aqueles que são pró-vitamina A e, também, o efeito protetor à pele contra a radiação ultra-violeta.
3.2.2. Flavonoides
Os flavonoides são um grupo de estruturas polifenólicas que se encontram de forna abrangente no reino vegetal e ganham destaque por suas diversas ações biológicas tendo um grande potencial farmacêutico (COUTINHO et al., 2009).
Apresentam atividade vasodilatadora, antioxidante, anti-câncer e, principalmente, anti-inflamatória por onde ganha seu maior destaque na indústria (BRASIL, 2009).
3.2.3. Ácidos Graxos Ômega 3 e 6
Martin et al. (2006) diz que ácidos graxos são componentes lipídicos que desenvolvem importantes funções nas membranas celulares e está envolvido em importantes processos metabólicos e podem ser encontrados em diversas formas de vida. Ômega 3 e 6 são denominados ácidos graxos poli-insaturados devido a sua estrutura possuir mais de duas insaturações e, são ainda, considerados ácidos graxos de cadeia longa.
Os ácidos graxos de cadeia longa tem função importante para a formação, desenvolvimento e função das ativa cerebrais e da retina e, por serem altamente insaturados, atuam nas propriedades físicas das membranas cerebrais, nas características dos receptores, interações celulares e nas atividades enzimáticas (MARTIN et al., 2006).
3.2.4. Fibras
As fibras são as partes comestíveis de plantas que são resistentes à digestão e a absorção com fermentação parcial ou completa no intestino humano (CATALANI et al., 2003).
As fibras têm a capacidade de melhorar o funcionamento intestinal, auxilia no processo de emagrecimento devido a sensação de saciedade que causa e, ainda, ajuda na regulamentação da glicemia (BRASIL, 2009).
3.2.5. Probióticos
Segundo a FAO/OMS, probióticos são seres vivos que, quando consumidos, ingeridos e/ou aplicados em quantidades suficientes, trazem um ou mais benefícios a saúde dos consumidores. Os probióticos estão em estudos constantes para maior evolução do conhecimento em relação a eles visto que é um assunto muito recente, sabendo-se apenas que eles podem causar diversos benefícios e diversas partes do corpo (VANDENPLAS; HUYS; DAUBE, 2015).
3.3 Desenvolvimento neuropsicomotor e cognitivo na primeira infância e a influência da alimentação
O desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) que, também, é chamado de desenvolvimento neurossensoriomotor ou, ainda, como desenvolvimento motor normal (CASTILHO; FORTI BELLANI; 2011), é um processo sequencial e contínuo relacionado a idade cronológica, porém, não depende exclusivamente dela, pois, somente com a estimulação correta, da família e do ambiente em que as crianças se encontram inseridas, é que as habilidades motoras e cognitivas aparecerão e serão aperfeiçoadas (GETCHELL; HAYWOOD, 2004).
O DNPM é, ainda, considerado uma série de alterações comportamentais da criança que decorre das interações estruturais do corpo, sendo considerados fatores biológicos, com o meio ambiente (PEREIRA, JULIANA et. al., 2017). Uma vez que interferem apenas na formação e maturação dos sistemas, os fatores biológicos, podem ter influência no desenvolvimento a curto e a longo prazo, enquanto as influências do meio familiar e escolar, nos diferentes ciclos da vida, poderão definir as competências da criança em definitivo (BRITO, CILEIDE, 2011).
Abrangendo quatro principais componentes, o DNPM, considera: a motricidade ampla, referindo-se ao controle motor sobre a musculatura do eixo corporal; a motricidade fina-adaptativa, referindo-se aos movimentos que ficam cada vez mais precisos, envolvendo a capacidade de manipular diferentes objetos; a linguagem que se desenvolve em ritmo pessoal, sofrendo maior influência do meio; e por último, ao comportamento pessoal-social (DE MATOS, PAULA; 2009).
O desenvolvimento neuropsicomotor da criança pode ser afetado negativamente por vários fatores nos períodos pré, peri e/ou pós natais, aumentando a probabilidade de a criança manifestar alterações na aquisição de habilidades motoras, cognitivas e psicossociais (Do Nascimento, Andreia G. et al., 2018).
O estado nutricional da criança merece destaque na primeira infância, pois caso haja um agravo do mesmo em alguma fase de extrema importância do desenvolvimento cerebral, poderá haver lesões permanentes irreversíveis como o comprometimento da divisão dentrítica neuronal, alteração na produção e dos receptores dos neurotransmissores, atraso na mielinização e, ainda, alterações na divisão celular. Como causas do agravo do estado nutricional, pode-se citar as mais frequentes: anemia ferropriva, deficiência de zinco e vitamina E e a deficiência de ácidos graxos poliinsaturados (LOPEZ, JÚNIOR, 2015).
Pelo fato de o crescimento e desenvolvimento na primeira infância ser considerado o mais importante, podendo ser influenciado de várias formas, sabe-se que a nutrição adequada é de extrema importância nesse período, principalmente, nos primeiros anos de vida, onde o crescimento cerebral encontra-se sensível ao nutriente. É importe salientar que todos os nutrientes são importantes para o desenvolvimento neuronal, porém, existem alguns que possuem maiores efeitos nesse processo, como os macronutrientes e micronutrientes, dando destaque ao ferro, zinco, iodo, cobalamina e folato. (DE MACEDO, 2019)
Entre os nutrientes destacados, pôde-se ver identificar a presença de um nutriente encontrado nos alimentos funcionais, a cobalamina, também conhecida como vitamina B12. Os alimentos funcionais possuem compostos bioativos que possuem atividades fisiologicamente específicas, podendo ser usados como coenzimas, antioxidantes, indutores de síntese protéica específica e como pré-hormônios (FIGUEIREDO, 2015).
A vitamina B12 é uma importe vitamina hidrossolúvel no processo das funções neurológicas e cognitivas. Essa vitamina faz parte de aspectos fisiológicos neuronais, incluindo a síntese de neurotransmissores de dopamina, norepinefrina e serotonina, assim como, participando também, no metabolismo de axônio e mielina. A deficiência da cobalamina pode ter efeitos diretos na fisiologia das funções cerebrais com implicações diretas na função cognitiva (NGUYEN, GRACELY E LEE; 2013).
O ferro também é um micronutriente que vem ganhando espaço de estudo e tem sido destaque como problema nutricional com grande impacto, tanto em relação ao desenvolvimento psicossocial, quanto em relação ao desenvolvimento neuropsicomotor e cognitivo. Crianças anêmicas têm sido consideradas as mais vulneráveis em relação a agravos no desenvolvimento neuropsicomotor devido ao comprometimento dos processos fisiológicos da produção de hemoglobina, sendo assim, afetando negativamente o transporte de oxigênio ao cérebro, alterando os aspectos fisiológicos da neurotransmissão e mielizinização (MACHADO; LEONE; SZARFARC; 2011).
3.4 DNPM em lactentes desnutridos e a alergia à proteína do leite
Uma das principais causas de atraso motor da criança, pode-se citar o baixo peso ao nascer (DO NASCIMENTO, A.; 2018) e a desnutrição energético-proteica (DEP) que, relaciona-se ainda com, pelo menos, 40% das mortes em crianças menores de um ano (MANSUR, S.; 2006).
Mansur (2006) relatou, ainda, em seus estudos que, no Brasil, pelo menos 32% das crianças menores de cinco anos, sofrem com a desnutrição energético-proteica e que, 5% delas, apresentam situação grave ou moderada perante a DEP. Constatou ainda que, mesmo que não haja a presença de sequelas mais graves, a criança em questão poderá apresentar algum tipo de comprometimento e retardo no desenvolvimento neuropsicomotor e, consequentemente, afetando o desenvolvimento cognitivo.
A partir do sexto mês de vida, com a alimentação complementar ao AME, pode haver diagnóstico de alergia a proteína do leite de vaca (APLV) e, com isso, a dieta da criança pode ser ainda mais difícil a partir das adaptações, podendo assim, haver um déficit energético-proteico e de alguns micronutrientes importantes no desenvolvimento neuronal, sendo necessária uma dieta de substituição e adequação acompanhada de orientação nutricional para evitar impacto negativo da APLV no crescimento da população infantil (ALVES, MENDES; 2013).
A alergia a proteína do leite de vaca é o tipo de intolerância alimentar com maior incidência nas crianças, cerca de 3%, com maior prevalência no primeiro ano de vida e, caso ainda não tenha sido desenvolvida nenhuma tolerância, pelo menos até o quinto ano de vida, a criança desenvolverá alguma reação alérgica alimentar (SEKITA, S., 2015).
Estudos mostraram que, a maioria das crianças que apresentavam baixo peso e DEP, eram crianças que não estavam mais em AME e usavam fórmula láctea não especial para APLV pela falta de conhecimento da família, sendo constatado a presença de distúrbios gastrointestinais como a diarreia apresentando-se com coloração esverdeada (POLTRONIEIRI et. al., 2015).
3.5 Hábitos saudáveis na primeira infância
Sabe-se que alimentação é um fator importante em qualquer faixa etária, pois é através dela que o estilo de vida será definido. Porém, a alimentação nos primeiros dois anos de vida tem o poder de definir os hábitos alimentares de anos subsequentes tendo repercussões pelo resto da vida do indivíduo (LIMA, D. et. al., 2015).
Os problemas nutricionais, hoje, são considerados um grande problema de de saúde pública no Brasil, pois vêm mostrando um crescente perfil epidemiológico com causa de extrema desigualdade social (APARÍCIO, G., 2016).
Geralmente, crianças se interessam por coisas que aguçam seus sentidos e lhes chamam atenção como cores, texturas e alguns sons. Portanto, a nutrição tem um forte aliado durante a educação nutricional nos pré-escolares, pois ela conta com uma grande diversidade de alimentos ricos em cores e texturas. Em 2017, um estudo realizado em uma escola do Rio de Janeiro, constatou um bom resultado com as crianças no que diz respeito à prática alimentar após três semanas de atividades interativas de educação nutricional, relatando um maior aceite de uma dieta mais saudável (LOPES; DELLA LÍBERA; 2017).
A família tem importante papel na construção de hábitos alimentares das crianças, porém, durante esse processo, o maior destaque é voltado para as escolas, pois, na grande maioria dos casos, é onde as crianças passam a maior parte do tempo. Por esse motivo, possuem lugar privilegiado para a implementação da promoção da saúde, devido a variedade de possibilidades lúdicas para o maior entendimento das crianças (ACCIOLY, E., 2009).
A relação da alimentação saudável com o ambiente escolar e familiar, é pouco discutido e estudado no meio científico, portanto, ainda se faz necessário a implementação de políticas públicas visando a promoção da saúde, não somente da população infantil, mas também, a sociedade como um todo (CERVATO-MANCUSO, A. M.,2013).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com essa revisão de literatura, espera-se mostrar, não só as mães, mas a família como um todo, a importância do aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida e, posteriormente, da alimentação complementar saudável para o bom e adequado desenvolvimento neuropsicomotor e cognitivo da população infantil.
Espera-se, ainda, sanar dúvidas de como o aleitamento materno e os alimentos funcionais agem no DNPM e de como a falta de macro e a deficiência de alguns micronutriente agem e afetam negativamente esse importe momento da vida da criança.
Contribuir, também, para um maior conhecimento de futuras mamães e mostrar a importância de diagnósticos precoces quanto a fatores alergênicos, trazendo formas de prevenção de patologias e de promoção da saúde dos pequenos.
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1Graduanda do curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO.
2Orientadora do TCC, Doutora em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas. Docente do curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO.
3Co-Orientador do TCC, Mestre em Ciências do alimento pela Universidade Federal do Amazonas, docente do curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO