A INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO NO TRATAMENTO DA SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7817814


Barbara dos Santos Muniz  
Caroline Barbosa do Nascimento 
Isabella Moreira Alves
Orientadora: Profª Izabela Alves Gomes


RESUMO 

A síndrome de ovários policísticos (SOP) é a endocrinopatia mais  comum nas mulheres em idades reprodutivas. Os principais sinais e  sintomas da doença são o hiperandrogenismo, irregularidade menstrual  e anovulação. Além disso, a SOP é frequentemente associada a outras  comorbidades, tendo maior prevalência resistência insulínica, obesidade,  risco de doença cardiovascular e doença hepática gordurosa não  alcoólica. Tendo em vista o quadro geral da doença, este trabalho tem  como objetivo revisar a literatura disponível dos últimos dez anos sobre a  contribuição da alimentação na qualidade de vida em mulheres com  SOP, bem como as estratégias que estão sendo estudadas como  primeira linha de tratamento. Com base nos dados analisados, pôde-se  concluir que a alimentação associada ao tratamento medicamentoso e exercício físico trazem uma melhora no quadro geral da doença, bem  como o controle ou até mesmo remissão das comorbidades associadas;  à mudança do estilo de vida de um modo geral pode ser considerada  uma linha de tratamento quando levada a sério, e devendo ser  acompanhada por uma equipe multiprofissional. 

Palavras-chave: síndrome dos ovários policísticos, alimentação,  comorbidades 

ABSTRACT 

Polycystic ovary syndrome (PCOS) is the most common endocrinopathy  in women of reproductive age. The main signs and symptoms of the  disease are hyperandrogenism, menstrual irregularity and anovulation. In  addition, PCOS is frequently associated with other comorbidities, with a  higher prevalence of insulin resistance, obesity, risk of cardiovascular  disease and non-alcoholic fatty liver disease. In view of the general  picture of the disease, this study aims to review the literature available  over the past ten years on the contribution of food to quality of life in  women with PCOS, as well as the strategies being studied as the first line  of treatment. Based on the analyzed data, it was concluded that the food  associated with drug treatment and physical exercise improves the  general condition of the disease, as well as the control or even remission  of the associated comorbidities; lifestyle change in general can be  considered a line of treatment when taken seriously, and must be  monitored by a multidisciplinary team. 

Key Words: ovarian polycystic syndrome, food, comorbidities

INTRODUÇÃO 

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é considerada a  endocrinopatia mais frequente em mulheres em idade reprodutiva,  acometendo cerca de 6 a 19% dessa população, dependendo do critério  diagnóstico adotado (SIRMANS; 2013). Em 1935, o Dr. Stein e Dr.  Leventhal observaram que sete pacientes, sendo quatro delas obesas,  apresentavam amenorréia, hirsutismo, infertilidade e ovários com volume  aumentado. Essas pacientes foram submetidas à cirurgia de retirada de  uma parte de seus ovários, que foram enviados para estudo  microscópico. Então perceberam que havia múltiplos cistos foliculares  nessas superfícies estudadas, e após a sua retirada, as pacientes  voltaram a menstruar com regularidade e conseguiram engravidar  (STEIN, 1935). 

Somente em 1990 foi elaborado pela National Institutes of Health  (NIH) o primeiro consenso com relação ao diagnóstico desse distúrbio.  Segundo o NIH, era necessária a presença de dois critérios para  diagnóstico da SOP sendo eles a presença clínica e/ou bioquímica de  hiperandrogenismo e disfunção menstrual. 

Em 2003, o critério de Rotterdam adicionou o aparecimento de  ovários policísticos confirmados por ultrassom como o terceiro critério, pois considerava que o distúrbio ocorria em virtude da produção  aumentada de andrógenos pelo ovário. Esse consenso sugere que a  presença de dois dos três critérios definidos anteriormente é suficiente  para diagnóstico (MARCONDES et.al, 2011). Ainda que considerado  controverso por diversos estudos, o critério de Rotterdam é o método  mais adotado por diferentes diretrizes (TEEDE et.al, 2011), (LEGRO  et.al, 2013), (SPRITZER, 2014) e muito utilizado por  ginecologistas e outros especialistas. 

O consenso de 2006 da The Androgen Excess and PCOS Society  sugeriu que o excesso androgênico deve estar obrigatoriamente  presente para o diagnóstico da síndrome, adicionando a ele a disfunção  menstrual e/ou ovários policísticos (MARCONDES et.al, 2011). 

A síndrome é um distúrbio multifatorial que surge das interações  entre fatores genéticos, ambientais e até mesmo intrauterinos, como  sugerem alguns estudos (MELO, 2015;FEBRASGO, 2018). Por sua  etiologia não estar totalmente esclarecida, e não haver teste específico  para esta condição, o seu diagnóstico é realizado por exclusão de outras  doenças (MELO, 2015). 

As principais características clínicas desta síndrome são a  presença de hiperandrogenismo, que pode se manifestar por: hirsutismo,  acne, alopecia, seborréia, irregularidade menstrual, cistos ovarianos e a  anovulação crônica e infertilidade (CALIXTO, 2012). As principais  manifestações metabólicas relatadas são: obesidade, estima-se que pelo  menos metade dessas mulheres possuem índice de massa corporal  (IMC) maior do que 25; resistência insulínica, detectada em 50 a 90%  das portadoras de SOP; acanthosis nigricans, manifestação associada à  resistência à insulina (RI); apnéia obstrutiva do sono e elevação da  relação hormônio luteinizante / folículo estimulante (LH/FSH)  (FEBRASGO, 2018;CONITEC, 2019) 

Embora não façam parte dos critérios diagnósticos, a resistência à  insulina e obesidade são frequentes nessas mulheres e potencializam as  diferentes manifestações da síndrome (CONITEC, 2019). A RI ocorre  com maior prevalência entre as pacientes com obesidade associada,  apesar de ser detectada independente da massa corporal (MAHAN E  RAYMOND, 2018). 

A SOP é conhecidamente uma patologia de mulheres adultas,  porém alguns estudos demonstraram que a síndrome pode manifestar-se em qualquer fase da vida, desde a infância até a fase adulta. Apesar  disso, a prevalência da SOP em crianças ainda permanece  desconhecida (KAMANGAR et al., 2015). Alguns fatores fazem com que  a síndrome seja comum na adolescência, como as alterações hormonais  e alterações morfológicas ovarianas (FARIA, 2013), porém, existem  algumas características normais da puberdade que se assemelham aos  sintomas clínicos da SOP, como acne e menstruação irregular (HAYEK  et al, 2016). A presença de RI e obesidade tem estado cada vez mais  presente na população adolescente. Essas comorbidades provocam  efeitos deletérios à saúde e podem perpetuar-se ao longo da vida. Os  dados reforçam a necessidade de adotar estratégias de prevenção para a SOP nesta fase da vida, tendo em vista a diminuição dos fatores de risco  para a SOP, uma vez que poderão refletir na vida adulta (FARIA, 2013). 

Os tratamentos envolvem o controle das manifestações clínicas,  regularização dos ciclos menstrual e hormonal,  reduzindo o hiperandrogenismo (CONITEC, 2019). 

A primeira escolha de tratamento medicamentoso é geralmente o  uso dos anticoncepcionais hormonais combinados (AHC), principalmente  em mulheres que não têm o desejo de gestar. Porém deve-se levar em  consideração a presença de comorbidades metabólicas e fatores de risco cardiovasculares que podem contraindicar o uso de AHC (WHO, 2015). A metformina é  recomendada como agente sensibilizador da ação da insulina, além  disso, estudos evidenciam seu efeito paralelo na redução de da  secreção de androgênios pelos ovários e melhora na ciclicidade  menstrual. Os efeitos são mais evidentes se associados a medidas de  alterações de estilo de vida (NADERPOOR, et al, 2015). 

Em 2013, a Endocrine Society publicou a diretriz global de  diagnóstico e tratamento da SOP. Apesar de a maioria das diretrizes  serem medicamentosas, exercícios e intervenção dietética com objetivo  de perda de peso eram sugeridos para mulheres com sobrepeso ou  obesas, por seus benefícios na saúde reprodutiva e disfunções  metabólicas, redução do risco cardiovascular (RCV) e de diabetes  (LEGRO, 2013). 

O tratamento não medicamentoso consiste na modificação do  estilo de vida. A diretriz brasileira, aprovada em 2019 pelo Ministério da  Saúde, recomenda a modificação do estilo de vida para todas as  pacientes, contemplando as seguintes medidas: cessação do tabagismo  e do uso abusivo de álcool, prática de atividade física regular e  alimentação saudável. Em caso de sobrepeso ou obesidade,  principalmente associados à comorbidades metabólicas, recomenda-se  a redução de peso corporal (CONITEC, 2019). Essa redução de massa  corporal propiciada pela modificação de estilo de vida, especialmente a  prática de atividade física e alimentação saudável, é capaz de melhorar  a RI, diminuir a quantidade de androgênios, atenuar o hirsutismo, e, em  alguns casos, restaurar a ovulação (MAHAN E RAYMOND, 2018). 

Por isso, a escolha da alimentação como abordagem principal  nesse trabalho é de extrema importância. Intervenções alimentares  apropriadas nestas mulheres baseadas em ingestão energética  adequada e conteúdo adequado de macronutrientes não apenas  melhoram os distúrbios metabólicos, mas também podem contribuir para  a normalização da hiperandrogenia (KOWALIK; RACHON, 2014). A fim de conscientizar, minimizar os sintomas clínicos e melhorar a qualidade  de vida dessas mulheres, serão apresentadas, de forma simplificada e  acessível, as principais estratégias nutricionais que estão sendo  estudadas como primeira linha de tratamento. 

Sendo assim, os objetivos deste trabalho foram avaliar a  contribuição da alimentação na qualidade de vida em mulheres com  síndrome dos ovários policísticos, avaliar, em mulheres com síndrome do  ovário policístico, a influência dos hábitos alimentares, no desenvolvimento e tratamento da doença, na  qualidade de vida, no controle dos sintomas e no controle de  comorbidades associadas. 

MATERIAIS E MÉTODOS 

Trata-se de estudo elaborado a partir da revisão de publicações  de artigos, protocolos e orientações clínicas referentes ao distúrbio da  Síndrome dos Ovários Policísticos. A busca bibliográfica foi realizada nas  bases de dados PubMed, SciELO, e em sites e publicações do Ministério  da Saúde e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e  Obstetrícia. Foram selecionados artigos publicados entre 2010 e 2020,  nos idiomas inglês e português. As palavras-chave utilizadas foram  “síndrome do ovário policístico”, “hábitos alimentares” “resistência  insulínica”, e seus equivalentes em inglês “ovarian polycystic syndrome”,  e “insuline resistance”. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Um total de 107 publicações foram identificadas nas bases de dados pesquisadas. Após analisar títulos e resumos, 29 foram excluídas  por discordância do assunto. Os 78 restantes foram examinados para  avaliar sua elegibilidade, e entre eles, 15 foram excluídos por não  corresponderem à discussão proposta por este trabalho. 

Para a montagem dessa revisão, foram utilizados 63 artigos,  dentre os quais diretrizes nacionais e internacionais. Somente 12 artigos  dentre os selecionados se tratavam de revisão de literatura, e 8 se  tratavam de diretrizes nacionais e internacionais; todos os demais foram  oriundos de ensaios clínicos. 

O gráfico 1 mostra o percentual das diferentes abordagens de  estudo utilizadas: 

Gráfico 1 – Percentual dos tipos de estudo utilizados para esta  revisão. 

Para a discussão da mudança no estilo de vida e impacto da  alimentação, foram selecionados 48 artigos que faziam parte da  temática. Esses artigos analisaram ou revisaram dados sobre  aproximadamente 48.391 mulheres, a maioria portadoras de SOP: 38  foram realizados somente com mulheres com SOP, 6 foram realizados  utilizando mulheres sem SOP para o grupo controle e 5 deles não se  aplicam a nenhum desses critérios. 

Dentre os artigos discutidos, foram identificadas diferentes  abordagens, as quais se destacam: estratégia dietética, modificação de  estilo de vida, comorbidades associadas e suplementação. Os temas  principais e suas respectivas referências podem ser vistos na Tabela 1: 

Tabela 1 – Principais temas e suas referências. 

A partir dos temas principais, nas tabelas seguintes foram  apresentados os temas mais específicos discutidos neste artigo. 

A quantidade de publicações que tinha como objetivo analisar as  diferentes comorbidades que associadas à SOP pode ser consultada no  Gráfico 2, assim como qual das comorbidades foi tema do estudo: 

Gráfico 2 – Estudos que abordaram comorbidades associadas à  doença. 

No Gráfico 3 foram incluídos os artigos referentes à pesquisa  sobre os impactos da modificação de estilo de vida e suas  diferentes abordagens dietéticas. Os variados temas podem ser conferidos abaixo: 

Gráfico 3 – Estudos que abordaram intervenções dietéticas.

A última abordagem desse estudo se referiu à pesquisas sobre  utilização de diferentes tipos de suplementação por portadoras de SOP,  como pode ser visualizado abaixo no Gráfico 4: 

Gráfico 4 – Estudos que abordaram suplementação. 

No que se refere à massa corporal, nos ensaios clínicos com  mulheres com SOP foi visto que em 12 deles o IMC médio indicou que  as participantes possuíam sobrepeso ou obesidade, 2 foram realizados  em mulheres com IMC eutrófico e em 35 deles o IMC não foi utilizado  como critério de seleção. 

Entre os 9 artigos que analisaram as comorbidades associadas, 4  se tratavam de doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), e 3  de riscos cardiovasculares (RCV) e 1 de obesidade e 1 se tratou de  análise de diferentes comorbidades. 

Tratando especificamente de mudança de estilo de vida como  tratamento para SOP, 7 ensaios clínicos analisaram o impacto de  restrição calórica e/ou redistribuição de refeições nas mulheres  participantes, e incentivo de exercício físico. Todos verificaram o impacto  da mudança de hábitos alimentares e de estilo de vida em sintomas  clínicos e exames bioquímicos das mulheres portadoras de SOP. Dos 15  estudos em que a principal abordagem foi dietética, foram revisadas as  seguintes estratégias: restrição de carboidratos (Low Carb), abordagem  dietética DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), dieta com alta proteína (High Protein), dieta mediterrânea, dieta cetogênica, controle do índice  glicêmico e impacto da gordura saturada. 

Foram 17 os artigos selecionados sobre suplementação, sendo  distintos os temas abordados. Dentre eles, 6 analisaram o uso da  Coenzima Q10 (CoQ10) no controle de comorbidades associadas à  SOP, 6 verificaram o impacto do uso de mio-inositol associado ou não a  outros medicamentos, 3 verificaram a influência da utilização de vitamina  D no controle da SOP em pacientes que possuíam deficiência da  vitamina, e 2 verificaram a eficácia do picolinato de cromo na diminuição  da resistência insulínica. 

A fim de encontrar o tratamento que melhor atenda as pacientes  com SOP, os estudos relacionados têm sido cada vez mais frequentes.  Devido ao perfil metabólico quase sempre alterado nessas pacientes, o  cuidado com alimentação pode ser um fator determinante para a melhora da saúde. Comportamentos relacionados a um estilo de vida  saudável devem ser recomendados para todas as portadoras de SOP. A  intervenção no estilo de vida deve buscar auxiliar o controle ou perda de  peso corporal, especialmente em casos de excesso de peso, resistência  à insulina e obesidade central. De acordo com as diretrizes  internacionais, a obesidade tende a piorar a apresentação clínica da  SOP, e esse controle do peso deve ser uma das principais estratégias  de tratamento nesses casos (TEEDE et al, 2018). 

As manifestações metabólicas associadas à SOP têm sido  interesse de estudos, já que as comorbidades acometem mulheres de  variados índices de massa corporal. Em um estudo observacional, foi  avaliada a associação entre a SOP e o risco de doença arterial  coronariana (DAC), levando em conta os fatores de risco tradicionais. A população foi selecionada aleatoriamente do National Health Insurance  Research Database, obedecendo aos seguintes critérios: mulheres entre 15 e 49 anos, recém-diagnosticadas com SOP, sem histórico de DAC. Após a avaliação dos dados coletados, foi observado que não somente  incidência geral de DAC como de outros distúrbios metabólicos como  obesidade, hirsutismo, menstruação irregular, infertilidade, diabetes e  hipertensão foram mais prevalentes nas mulheres com SOP do que no  grupo controle, e que a DAC pode aumentar ainda mais nas pacientes  com comorbidades associadas. Com base nesses dados, o estudo  destaca a importância de intervenções preventivas para reduzir o risco  de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DING, 2018). 

Em um estudo transversal com 78 mulheres diagnosticadas com  SOP, estratificadas segundo o IMC, foram avaliadas variáveis que  pudessem indicar risco cardiovascular (RCV). Após coleta de dados  inicial, foi verificada a média de idade de 26,3 anos, 79,5% foram  classificadas como sedentárias e 68% com hiperandrogenismo,Os  resultados indicaram que a presença de marcadores de RCV foi  diretamente proporcional ao IMC, enquanto que os níveis de lipoproteína  de alta densidade (HDL) e de globulina ligadora de hormônios sexuais  (SHBG) foram inversamente proporcionais ao IMC, sugerindo que o  perfil metabólico das mulheres obesas com SOP tende a ser mais  desfavorável do que em mulheres que não possuem a síndrome  (SOUSA, 2013). O gerenciamento do estilo de vida é recomendado para  prevenção primária de doenças cardiovasculares, com associação de  medicamentos se os fatores de risco persistirem (WILD, 2010). 

Outra condição clínica associada frequentemente à SOP é a  doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). Assim como a SOP,  a DHGNA está associada à diabetes mellitus, resistência à insulina,  obesidade e síndrome metabólica. Estudos demonstram que a DHGNA em mulheres não obesas é mais prevalente se associada à SOP, e que  a hiperandrogenemia pode ser um fator de risco para não obesos (KIM,  2017). Em mulheres com obesidade, a prevalência de DHGNA é maior  se associada à SOP, e também à síndrome metabólica, RI e/ou  hiperandrogenismo (ROMANOWSKI, 2015, ROCHA 2017). Apesar de  não ser claro como a perda de peso afeta as características histológicas  do fígado, foi observado em um estudo prospectivo que os participantes  que foram encorajados a adotar mudança de estilo de vida com objetivo  de redução de peso obtiveram melhora nas características histológicas  da DHGNA. Após as 52 semanas do estudo, houve regressão da fibrose  e melhora na DHGNA, com a redução de peso de cada participante  variando entre 5% a 10% do peso corporal total (VILLAR- GOMEZ,  2015). 

A composição da dieta ideal depende de muitos fatores, nem  todas as portadoras da síndrome apresentam os mesmos sintomas  clínicos e distúrbios hormonais. Porém, em um estudo de revisão, foi  indicado que a perda de peso deve ser direcionada para todas as  mulheres com sobrepeso e com SOP através da diminuição da ingestão  de energia dietética no contexto de ingestão nutricional adequada e  escolhas alimentares saudáveis, independentemente da composição da  dieta (MORAN et al, 2013). 

Modificações na dieta habitual e no estilo de vida podem ser  muito vantajosas em qualquer estágio dos sintomas, são mudanças  consideradas seguras e possuem poucos efeitos colaterais  (O’CONNOR, 2010). 

A redução de peso corporal por meio da restrição de energia  demonstrou exercer influências positivas nos aspectos metabólicos e  hormonais de mulheres portadoras de SOP (O’CONNOR, 2010). Em  ensaios clínicos realizados com adolescentes classificadas com sobrepeso ou obesidade, o objetivo era avaliar os efeitos da orientação  nutricional sobre os hábitos alimentares (CAROLO, 2017) e investigar o  efeito da perda de peso sobre a regularidade menstrual nessas  adolescentes (MARZOUK, 2015). Foram observados em ambos os  estudos uma boa aderência às orientações nutricionais, e pelo menos  metade das adolescentes orientadas perderam peso, por meio da  mudança de estilo de vida, adoção de dietas hipocalóricas e maior  fracionamento das refeições ao dia, o que resultou em diminuição  significativa de circunferência da cintura (CC), apesar da diminuição não  significativa de peso (CAROLO, 2017). Quanto à avaliação de  regularidade menstrual, as adolescentes que seguiram a dieta orientada  com restrição de energia registraram redução de peso corporal e mais  episódios menstruais em comparação ao grupo controle, e também  diminuição significativa de IMC, CC e pontuação de hirsutismo  (MARZOUK, 2015). 

Sabemos o quão difícil pode ser introduzir ou até mesmo  modificar padrões alimentares no dia a dia. Então, um grupo de  pesquisadores decidiu avaliar o efeito da frequência das refeições nos  níveis de glicose e insulina em uma dieta de manutenção de peso. O  estudo foi randomizado, cruzado, de 24 semanas, em mulheres com  SOP. Seis refeições tiveram um efeito mais favorável na sensibilidade à  insulina após o teste oral de tolerância à glicose em mulheres com SOP,  em comparação com as três refeições isocalóricas  (PAPAKONSTATINOU et al, 2016). 

Além da frequência, a organização com relação à distribuição de  energia ao longo do dia pode significar pequenos benefícios em  mulheres com SOP. Um estudo randomizado avaliou exatamente isso:  se a ingestão calórica cronometrada influência diferencialmente a  resistência à insulina e o hiperandrogenismo em mulheres magras com  SOP. Dois grupos foram randomizados entre duas dietas de manutenção isocalórica. Com a distribuição de horário de refeição  diferente, uma concentrando a maior parte das calorias no almoço e o  outro grupo no jantar, durante 90 dias. O grupo que ficou com a alta ingestão calórica no  período da manhã resultou em melhores índices de sensibilidade à  insulina e redução da atividade do citocromo P450c17α, que melhora o  hiperandrogenismo e melhora a taxa de ovulação (JAKUBOWICZ et al, 2013). Mais uma vez, um estudo demonstrou que a mudança nos  hábitos alimentares influencia significativamente a qualidade de vida em  mulheres com SOP. 

Em um ensaio clínico com 57 mulheres com SOP e com IMC  acima de 27 kg/m², as participantes foram aleatoriamente divididas em  três grupos: dieta(1), exercício(2) ou dieta e exercício(3). O grupo 1  recebeu aconselhamento nutricional para redução de 600 kcal/dia, o  grupo 2 recebeu orientações para exercícios e o grupo 3 recebeu ambas  as intervenções. Ao final das 16 semanas, os grupos 1 e 3 apresentaram  os melhores resultados de redução de peso corporal e distúrbios  metabólicos, indicando que o aconselhamento nutricional e diminuição  da ingestão calórica são claramente eficazes em mulheres com SOP e  com sobrepeso ou obesas (NYBACKA, 2017). 

O objetivo principal dos primeiros estudos de hábitos alimentares  na SOP, eram referentes à perda de massa corporal; e o interesse na  composição da dieta na SOP é relativamente recente (RODRIGUES,  2009). Ainda hoje, a composição dietética mais adequada para essas  pacientes permanece controversa, e mesmo as recentes diretrizes  internacionais carecem de evidências ou possuem evidências limitadas  sobre a composição alimentar específica para melhorar a qualidade de  vida e sinais e sintomas das mulheres portadoras da síndrome (KAZEMI,  2018). 

Com o objetivo de avaliar se o índice glicêmico (IG) alimentar  impactaria no processo ovulatório das mulheres portadoras de SOP, um  ensaio clínico se dividiu aleatoriamente em um grupo participantes que  receberam uma dieta com baixo IG, e em outro grupo para receber dieta  com IG normal. Foi observado que 14 de 57 dos ciclos do grupo que  recebeu a dieta com baixo IG foram ovulatórios, contra 4 de 54 no grupo  controle. O consumo de índice glicêmico controlado pareceu melhorar a  RI, auxiliando no perfil hormonal e proporcionando o aumento da  ovulação nas pacientes (SORDIA-HERNÁNDEZ, 2016). 

Em uma metanálise foram analisados vinte e cinco estudos para  avaliar os efeitos de uma dieta com baixos níveis de carboidratos (CHO)  em relação a melhora da sensibilidade à insulina, e o efeito que o grau  de sensibilidade inicial tem na redução da resistência insulínica induzida por dieta em mulheres  com SOP. Foram considerados os estudos de mulheres que receberam  apenas o tratamento dietético sem receber qualquer outro tipo de  tratamento. Diante dos resultados, estima-se que as dietas hipocalóricas  por si só podem melhorar a RI; no entanto, este efeito foi mais  proeminente para sujeitos com RI severa ou dieta prescritas com baixo  percentual de carboidratos, sugerindo que as dietas têm maior  probabilidade de melhorar a RI nas mulheres com SOP e com RI grave  (PORCHIA et al, 2020). 

Em um outro projeto controlado, realizado com 30 mulheres em  8 semanas, teve como principal objetivo comparar o efeito de uma dieta  baixa em carboidratos (CHO) em relação à dieta padrão, ambas para  manutenção de peso. A principal descoberta neste estudo foi que a  intervenção dietética onde o consumo de uma dieta para manutenção de  peso baixa em CHO obteve melhorias na composição corporal e distribuição de gordura, especialmente em depósitos adiposos ectópicos,  que são considerados fatores de risco para o desenvolvimento de RI. No  geral, os resultados fornecem evidências substanciais de que a  estratégia alimentar de redução de carboidratos pode ser benéfica para  mulheres com SOP (GOWE e tal, 2013). 

Em uma metanálise de ensaios clínicos randomizados que  analisam os efeitos da dieta baixa em carboidratos em pacientes com  SOP, os resultados demonstraram diminuição no IMC, melhora no  metabolismo da glicose, no perfil lipídico e no perfil hormonal em  comparação ao grupo controle. Os dados analisados indicam que a dieta  baixa em carboidrato e baixa em teor de gordura pode ser recomendada  para redução do IMC e da RI no tratamento da SOP (ZHANG, 2019). 

Alguns estudos que utilizaram de intervenções com dieta  reduzida em carboidratos concluíram que o baixo CHO resultou em  perda preferencial de tecido adiposo e diminuição de peso corporal,  mudanças benéficas no perfil lipídico e diminuição dos níveis de insulina,  se comparados a dieta normoglicídica utilizada pelo grupo controle  (GOSS, 2015; PERELMAN, 2017). 

Outra estratégia bastante utilizada como paliativa ao tratamento  medicamentoso tem sido a dieta cetogênica, que consiste em uma dieta  rica em gordura, proteína adequada e baixo teor de carboidratos. A  revisão teve como objetivo atualizar as perspectivas da estratégia em  doenças endócrinas. Nas mulheres com SOP, baixo teor de carboidratos são evidenciados por  melhorias no peso corporal, porcentagem de testosterona livre, razão de  LH/FSH e níveis de insulina em jejum. Isso leva à diminuição da  secreção de andrógenos e aumento de SHBG, melhorando a  sensibilidade à insulina e, assim, contribuindo para a normalização das funções endócrinas (GUPTA et al, 2017). 

Estudos têm sugerido que dietas com baixo teor de carboidratos e  alto teor de proteínas possuem vantagens metabólicas que contribuem na  perda de peso corporal e na diminuição da resistência à insulina. Com o  objetivo de comparar o efeito das dietas ricas em proteínas com dietas  normoproteicas, um estudo foi conduzido por 6 meses, onde as  mulheres foram divididas em um grupo com proteína alta, e um grupo  controle. Ambos os grupos receberam aconselhamento dietético mensal,  e dietas sem restrição calórica. Ao final do estudo, foram constatadas  mudanças corporais e metabólicas mais favoráveis no grupo que fez a  dieta com proteína elevada, do que no grupo controle, confirmando que  a maior oferta de proteína parece proporcionar um melhor tratamento  para mulheres com SOP (SORENSEN et al, 2011). 

Já em outro estudo realizado com mulheres do sul do Brasil, a  estratégia utilizada foi de oferecer dietas hipocalóricas para dois grupos:  um grupo recebeu uma dieta rica em proteínas, e o outro recebeu uma  dieta normoproteica. Houve a diminuição significativa do peso corporal,  IMC, e testosterona total em ambos os grupos. A conclusão foi de que a  redução de calorias, e não a proteína ofertada, contribuiu para a  composição corporal e o perfil hormonal neste estudo de curto prazo  (TOSCANI et al, 2011). 

Apesar dos trabalhos sugerirem que as dietas hipocalóricas por si  só já trazem benefícios como a redução de peso e redução dos níveis de  androgênio, em mulheres com sobrepeso e obesas, em grande parte  dos estudos, é importante ressaltar que a combinação de alimentos com  alta proteína e baixa carga glicêmica pode causar um aumento  significativo na sensibilidade à insulina e uma diminuição no nível de  proteína C reativa quando comparada com uma dieta convencional  (MEHRABANI et al, 2013). 

O estado de saúde, assim como marcadores inflamatórios em  mulheres com SOP pode variar bastante. Observar a rotina dessas  mulheres assim como traçar recordatórios alimentares, pode ser o início  de um tratamento não medicamentoso e muito eficaz, já que  determinados alimentos pró-inflamatórios podem comprometer de maneira negativa um quadro não grave. Entre esses  alimentos, podemos mencionar a gordura saturada, que promove  inflamação mediada por lipopolissacarídeo (LPS) e RI. Mulheres que  apresentam SOP por sua vez já se encontram em um estado próoxidante e pró-inflamatório. A ingestão de gordura saturada, em  particular, promove alterações no microbioma intestinal em relação ao  observado na obesidade e aumenta a permeabilidade intestinal a nível  de LPS, um componente solúvel em gordura, abundante na membrana  externa das bactérias gram-negativas relacionadas ao intestino. Na  verdade, níveis elevados de LPS circulante têm sido observados na  obesidade e estão associados a componentes da síndrome metabólica.  Na SOP, a inflamação provocada pela ingestão de gordura saturada  pode aumentar diretamente o hiperandrogenismo, e o aumento dos  níveis circulantes de LPS foram maiores em mulheres obesas quando a  SOP estava presente (GONZÁLEZ et al, 2018). 

Indo na contramão das dietas ocidentais tradicionais, ricas em gorduras saturadas, que fazem parte da realidade da maioria das  pessoas, encontramos a dieta mediterrânea. A dieta mediterrânea  consiste em um padrão alimentar anti- inflamatório, rica em carboidratos  complexos e fibras, e rica em gordura monoinsaturada. Dentre as  diferentes estratégias nutricionais, a dieta mediterrânea é comumente  reconhecida como um padrão alimentar promotor da saúde devido às  suas características peculiares, incluindo o consumo regular de gorduras  insaturadas, carboidratos de baixo índice glicêmico, fibras, vitaminas, antioxidantes e uma quantidade moderada de proteínas derivadas de  animais. É claro que um padrão alimentar baseado nesses alimentos  pode favorecer a todos. No entanto, não existem evidências robustas na  literatura sobre a associação entre a adesão à dieta mediterrânea e a  gravidade da SOP (BARREA et al, 2019). 

Foi realizado um estudo randomizado e controlado para avaliar a intervenção da Dieta Para Combater a Hipertensão (DASH) em mulheres com sobrepeso ou obesas e com SOP e seus efeitos nos perfis  metabólicos das pacientes. Ambos os grupos receberam dietas  equicalóricas, com proporção de macronutrientes aproximadas;  entretanto, a dieta DASH foi desenvolvida para ser rica em frutas,  vegetais, grãos inteiros, laticínios com baixo teor de gordura, bem como  pobre em gorduras saturadas, colesterol, grãos refinados e doces.  (AZADI- YAZDI, 2016). Foram observados resultados satisfatórios no  grupo de intervenção, com redução significativa do IMC, melhora no  perfil hormonal e no metabolismo da glicose. Muitos mecanismos podem  explicar o efeito favorável da dieta DASH em indivíduos com SOP, como a menor ingestão de açúcar simples e maior ingestão de fibras, arginina, vitamina C, magnésio e cálcio  (FOROOZANFORD et al, 2017). 

É sabido que a maioria dos benefícios dos efeitos da dieta DASH são mediados por seu efeito no peso. No entanto, quando controlamos a  perda de peso, descobrimos que o efeito da dieta DASH na sensibilidade  à insulina permaneceu significativo, indicando que o efeito da dieta  DASH na resistência à insulina foi independente de seu efeito no peso  corporal (ASEMI et al, 2015). A dieta DASH também contém grandes  quantidades de alimentos ricos em arginina, incluindo peixe, soja, feijão,  lentilhas, grãos inteiros e nozes, salsa e manjericão fresco. Essa  concentração de arginina em quantidade mais elevada pode ser atribuída na participação de nutrientes para promover ganho de músculo  em vez de gordura, e pode, por sua vez, fornecer um tratamento útil para  melhorar o perfil metabólico. O alto teor de arginina da dieta DASH pode  explicar seus efeitos benéficos na resistência à insulina e nos níveis de  triglicerídeos séricos (ASEMI et.al, 2014). 

Em termos de suplementação, é comum associar alguns nomes  ao tratamento da SOP, como é o caso dos produtos à base de inositol. O  inositol é um importante constituinte celular, está presente em diferentes  processos bioquímicos, e é encontrado de modo mais abundante na  forma de mio-inositol. O mio-inositol (MI) pode ser convertido em D quiro-inositol (DCI), dependendo das necessidades específicas do tecido  requisitante. Diferentes tecidos demandam diferentes taxas de  conversão, e apresentam diferentes relações MI/ DCI: nos ovários, por  exemplo, a relação é de 100:1 (UNFER, 2017). O recomendado é que,  em caso de necessidade, seja suplementado MI em combinação com  DCI na proporção de 40:1 (ROSEFF, 2020), mas outras investigações  podem ser necessárias. Há evidências de que a taxa de conversão é  prejudicada em pacientes com SOP, e ainda pior se associada à  diabetes, aumentando a RI e a hiperinsulinemia compensatória  (LAGANÀ, 2015). A administração de DCI com MI pode ter um efeito  benéfico maior quando essa taxa é prejudicada em tecidos resistentes à  insulina, mas, diferente dos outros tecidos, os ovários nunca se tornam  resistentes. A partir disso, foi especulado que pacientes com SOP e com  hiperinsulinemia poderiam ter conversão acelerada de MI para DCI,  ocasionando em uma superprodução de DCI, e deficiência de MI. Por  isso existe a hipótese de que apenas o MI teria um efeito benéfico sobre  os ovários (UNFER, 2017). 

Um ensaio clínico randomizado buscou avaliar se o tratamento  com DCI seria efetivo na síndrome: 48 mulheres com SOP, com características biofísicas homogêneas e irregularidades menstruais  foram submetidas ao tratamento com suplementação de 1g de DCI e  400 µg de ácido fólico por via oral, durante 6 meses. As avaliações  clínicas e bioquímicas evidenciaram redução da pressão arterial sistólica,  relação LH/FSH, testosterona total, testosterona livre, androstenediona,  prolactina e índice HOMA e o aumento significativo do SHGB e da razão  glicemia/insulinemia. Além disso, houve a regularização do ciclo menstrual  pós tratamento. Sendo assim, o DCI se mostrou eficaz na melhora da  função ovariana e do metabolismo nas mulheres afetadas pela SOP  (LAGANÀ, 2015). Mais estudos são necessários para confirmar a  eficácia da suplementação individual de DCI na função ovariana. 

Um estudo randomizado com 27 mulheres com SOP e com  diagnóstico de sobrepeso ou obesidade avaliou os efeitos do tratamento  de MI na função ovariana e composição corporal. As pacientes foram  divididas em 3 grupos e receberam as seguintes orientações: o primeiro  recebeu exclusivamente orientação dietética, o segundo recebeu dieta e  1000mg/dia de metformina, e o terceiro foi tratado com dieta, 500mg/dia  de metformina, 4g de mio-inositol e 400µg de ácido fólico. O tratamento  teve duração de 3 meses, e ao final foi constatada redução de peso  corporal, IMC e CC nos três grupos, sendo a perda de peso maior nos  grupos que receberam metformina. A regularidade menstrual somente foi  observada no terceiro grupo, o qual foi adicionado ao tratamento a  suplementação com mio- inositol (LE DONNE, 2012). 

Mais uma vez com objetivo de avaliar o desempenho do meio inositol sozinho ou associado a outros tratamentos no controle da SOP, uma metanálise selecionou para revisão apenas ensaios clínicos  randomizados. Nos nove estudos selecionados, 247 mulheres  receberam MI sozinho ou combinado com DCI ou ácido fólico, e 249  mulheres receberam outros tratamentos, como DCI, ácido fólico ou AHC. Diminuições significativas na insulina em jejum e no índice HOMA foram identificados após a suplementação de MI, assim como uma pequena  redução nos níveis de testosterona, em comparação aos outros  tratamentos. Não houve mudança significativa nos níveis circulantes de  androstenediona. Houve aumento significativo dos níveis séricos de SHBG nos ensaios que suplementam MI por pelo menos 24 semanas,  e em geral os resultados demonstraram efeito benéfico do uso de MI no  perfil endócrino e metabólico das mulheres avaliadas (UNFER,2017). Até o momento, os dados avaliados confirmam a hipótese do mio inositol ter um papel fundamental no bom funcionamento das funções  ovarianas, regulando o ciclo menstrual, a ovulação e contribuindo para a fertilidade. 

Dessa vez buscando traçar o desenvolvimento da alteração  glicêmica em mulheres com SOP, uma metanálise avaliou diversas  estratégias medicamentosas e de mudanças de estilo de vida no  tratamento da SOP e constatou que, nessas mulheres, a suplementação  de MI foi a melhor associada à menores níveis de insulina, glicose e RI,  quando comparada com placebo, metformina e estrogênio (PANI, 2020).  Em outra revisão de literatura, foram comparados os efeitos do  tratamento com metformina ou com mio-inositol nas mulheres com SOP,  e o resultado de ambas as linhas se mostrou similar tanto nos  marcadores bioquímicos quanto no perfil metabólico. Porém, houveram  fortes evidências de risco de efeitos adversos aumentados nas pacientes  que fizeram uso da metformina, em comparação com as que receberam  mio-inositol (FACCHINETTI, 2019). 

Outra suplementação bastante estudada é a vitamina D. A sua  deficiência pode estar associada ao desenvolvimento de RI, impactar  negativamente no perfil metabólico, aumentar a gordura visceral e  diminuir a chance de gravidez em mulheres com diagnóstico de SOP  (DASTORANI, 2018; SEYYED, 2018) 

Um estudo controlado por placebo foi realizado em mulheres com  SOP e deficiência de vitamina D, candidatas à fertilização in vitro. As  participantes receberam 50.000 UI de vitamina D ou placebo a cada  duas semanas, por 8 semanas. O grupo que recebeu a suplementação  teve melhora no metabolismo da insulina e do perfil lipídico  (DASTORANI, 2018). Outro ensaio clínico randomizado e controlado por  placebo, também em mulheres com SOP e deficiência de vitamina D,  utilizou a dose oral de 50.000 UI de suplementação, uma vez por  semana, por 8 semanas. O grupo de intervenção também apresentou  melhora na resistência à insulina e gordura visceral em comparação ao  grupo controle (SEYYED, 2017). 

Com o objetivo de identificar se a suplementação de vitamina D  possui um papel realmente relevante na SOP, um estudo prospectivo  comparou os efeitos da suplementação em um grupo composto por  indivíduos com SOP, e um grupo controle composto por indivíduos sem  SOP, ambos os grupos com deficiência de vitamina D. Todos os  participantes receberam 50.000 UI por semana de suplementação oral,  durante 8 semanas, e 1.500 UI por dia durante 4 semanas. Ao final do  estudo, foi observado que o grupo SOP aumentou significativamente a sensibilidade à insulina e diminui os níveis de androgênio, enquanto no  grupo controle não houve nenhuma alteração significativa, confirmando  um possível papel importante da vitamina D em mulheres com SOP  (KARADAG, 2017). Porém, como avaliado anteriormente, a  suplementação de vitamina D nessas pacientes só parece ser  significativa caso haja deficiência nos níveis séricos da vitamina. 

O picolinato de cromo foi outra suplementação que demonstrou  exercer influência no aumento da sensibilidade à insulina. Em um estudo  prospectivo, 64 mulheres foram selecionadas aleatoriamente para receber 200 µg de suplemento de picolinato de cromo ou placebo por 8  semanas. Ao final do estudo, a suplementação teve efeitos favoráveis  sobre os marcadores do metabolismo da insulina e perfil lipídico das  mulheres (JAMILIAN, 2015). 

Um segundo ensaio clínico, também duplo-cego randomizado e  controlado por placebo, corroborou com o resultado apresentado  anteriormente. Dessa vez, as participantes selecionadas foram divididas  em dois grupos, e receberam 1000 μg de picolinato de cromo ou placebo  durante 6 meses. Também foram acompanhados mensalmente para  encorajamento de mudança de hábitos alimentares e planos de  exercícios físicos. Ao final dos 6 meses, o uso da suplementação foi  associado à redução significativa do IMC e insulina sérica em jejum,  aumento significativo nas chances de ovulação e menstruação regular  (ASHOUSH, 2015). O uso de picolinato de cromo se mostrou  interessante como estratégia para auxiliar a redução da resistência à  insulina em ambos os estudos. 

A Coenzima Q10 (CoQ10) é conhecida por seu papel fundamental  na bioenergética mitocondrial, por sua presença em membranas  celulares e no plasma sanguíneo, e seu papel antioxidante. O tratamento  oral com CoQ10 não causa efeitos adversos graves em humanos, e tem  sido utilizado como energizante mitocondrial e estratégia antioxidante em  diversas doenças (GARRIDO- MARAVER, 2014). 

Muito se tem estudado sobre um possível efeito benéfico da  suplementação de CoQ10 no metabolismo de pacientes com síndrome  metabólica e diabetes mellitus 2 (RAYGAN, 2015; AMIN, 2014), o que  justifica o crescente interesse em abordagens que avaliem o impacto  desse suplemento em relação à SOP. 

Nesse ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por  placebo, 60 mulheres portadoras de SOP, entre 18 e 40 anos,  classificadas com sobrepeso ou obesidade, foram divididas entre o grupo que recebeu a suplementação  diária de 100 mg de coenzima Q10, e o grupo controle. O estudo durou  12 semanas, e marcadores do metabolismo da insulina e perfil lipídico  foram avaliados na primeira e última semana após a intervenção. Em  comparação ao grupo controle, os indivíduos que receberam  suplementos de CoQ10 diminuem significativamente a glicose  plasmática em jejum, níveis séricos de insulina, HOMA-IR, HOMA-B,  níveis séricos de colesterol total e LDL; sugerindo que a suplementação  de CoQ10 provocou efeitos benéficos no metabolismo da glicose, e nos  níveis séricos de colesterol total e LDL (SAMIMI, 2017). 

Outros dois ensaios mediram os efeitos da suplementação de CoQ10 sozinha ou em combinação com vitamina E, em comparação  com o placebo. A todas as pacientes foi orientado o uso de 1500mg de  metformina diário, independente do grupo ao qual foram designados.  Participaram do ensaio clínico mulheres com idade entre 20 e 40 anos, e  IMC classificado como sobrepeso ou obesidade grau I. Os resultados  demonstraram que a suplementação de CoQ10, sozinha ou em  combinação com a vitamina E, teve efeitos significativos sobre a glicemia  em jejum, reduzindo significativamente o índice HOMA-IR (IZADI, 2019).  Também levaram à diminuição dos níveis séricos da testosterona total, e  dos triglicerídeos. Apenas a co-suplementação melhorou  significativamente os níveis da globulina ligadora de hormônio sexual  (SHBG), e também apenas combinação resultou em uma redução  significativa do colesterol total, do LDL, e aumento do HDL (IZADI,  2019). 

CONCLUSÃO 

O desenvolvimento da presente revisão nos possibilitou discorrer  mais sobre diversos temas dentro do principal assunto abordado. A SOP  é uma síndrome multifatorial que pode acarretar em diferentes  comorbidades metabólicas, dependendo da individualidade da mulher,  como vimos ao decorrer do estudo. Resistência à insulina, sobrepeso e  obesidade, são as principais queixas dessas mulheres. 

A alimentação pode ser considerada uma das alternativas mais  eficazes aliada ao tratamento medicamentoso para melhora do quadro  nas mulheres que apresentam a síndrome. Entre todas as estratégias exploradas nesta  revisão, a restrição calórica é a que mais destaca nos estudos, obtendo  a melhora nos fatores bioquímicos e de perda de peso. 

A distribuição dos macronutrientes em horários estratégicos,  assim como o fracionamento das refeições, também mostraram algum  benefício, pois o objetivo principal era avaliar se havia ou não relação  entre a melhora da sensibilidade à insulina nesses pacientes, mesmo  sem alterar a composição da dieta. Os dois modelos podem ser muito  bem-vindos quando adotados em mulheres sedentárias que relatam  maior dificuldade na mudança para um estilo de vida mais saudável. 

O controle dos carboidratos em diversos estudos sugeriu melhora  na RI em mulheres com SOP e com RI grave, mas não se mostrou  superior a uma restrição calórica convencional. Porém, quando  aplicamos a redução de carboidratos em dietas de manutenção de peso,  a intervenção demonstrou melhorar a composição corporal e a  distribuição de gordura, sendo assim, a redução de carboidratos pode  ser uma boa estratégia para mulheres com SOP. 

Quando falamos de diminuição de carboidratos e aumento da  quantidade de proteínas, podemos chegar a algumas vantagens  metabólicas. O aumento de proteínas indica mudanças corporais e metabólicas mais favoráveis, como diminuição de peso corporal, IMC e  testosterona. Porém, mais estudos são necessários. 

Os marcadores inflamatórios em mulheres com SOP devem ser  observados e podem variar bastante. Alimentos com poder pró inflamatório devem ser evitados. Vimos que a gordura saturada pode ser  considerada inflamatória, e, dependendo do contexto alimentar, pode  causar permeabilidade a nível intestinal. Com base no estudo abordado,  a ingestão de gordura saturada ajuda no aumento do  hiperandrogenismo, o que justamente desejamos controlar. 

Por outro lado, dietas anti-inflamatórias também foram avaliadas,  como é o caso da dieta mediterrânea e dieta para combater a  hipertensão (DASH). Ambas estratégias podem promover melhora no  perfil metabólico, através da ingestão de maior quantidade de alimentos  ricos em antioxidantes, baixo índice glicêmico, baixo consumo de  gordura saturada e pobre em doces. Especialmente na dieta DASH, os  estudos demonstraram redução significativa do IMC, melhora no perfil  hormonal e no metabolismo da glicose das pacientes avaliadas. 

Em termos de suplementação, foram destacados os que mais são  utilizados no auxílio do tratamento da SOP. O inositol, por exemplo,  costuma ser deficiente em mulheres com SOP, principalmente se houver  prevalência de RI ou diabetes. A sua suplementação auxilia na  diminuição de peso corporal, na restauração da regularidade menstrual e  ovulação, e na fertilidade. Também possui a vantagem de desencadear  menos efeitos colaterais do que os medicamentos comumente utilizados  para a mesma finalidade. 

Outra suplementação bastante estudada é a vitamina D. Sua  deficiência pode impactar negativamente no perfil metabólico, aumentar a gordura visceral e diminuir a chance de gravidez em mulheres com  diagnóstico de SOP. A manipulação da suplementação parece ser  eficiente caso haja deficiência nos níveis séricos da vitamina. Os estudos  apontam melhora significativa da sensibilidade à insulina e diminuição  dos níveis de androgênio. 

O picolinato de cromo também demonstrou exercer influência no  aumento da sensibilidade à insulina. Da mesma forma que a Coenzima  Q10, que além disso é conhecida por seu papel fundamental na  bioenergética mitocondrial e por sua ação antioxidante. Os estudos  mostram que o uso da suplementação melhora a RI e o perfil metabólico  em mulheres que apresentam síndrome metabólica. De maneira geral,  podemos dizer que todas as suplementações revisadas resultaram em  melhora da resistência insulínica. 

Além da mudança nos hábitos alimentares, a prática de atividade  física deve ser incentivada. A redução do peso corporal em casos de  sobrepeso e obesidade devem ser criteriosamente avaliados, devido sua  significativa importância no controle da síndrome. Como vimos ao longo  da revisão, o controle dos sintomas e a melhora na qualidade de vida  através da alimentação é possível para as mulheres portadoras de SOP.  As diferentes estratégias alimentares podem ser muito bem articuladas,  respeitando a individualidade de cada mulher e a fase em que a SOP se  encontra. Para o sucesso no tratamento, o trabalho deve ser realizado  por uma equipe multiprofissional e qualificada. 

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LISTA DE ABREVIATURAS 
AHC – Anticoncepcionais Hormonais  
Combinados CC – Circunferência da Cintura 
CHO – Carboidratos  
CoQ10 – Coenzima Q10 
DAC – Doenças Arterial Coronariana 
DASH – Dietary Approaches to Stop  
Hypertension DHGNA – Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica
HDL – Lipoproteína de alta densidade 
HOMA – Modelo de Avaliação da Homeostase 
HOMA-B – Modelo de Avaliação de Atividade das células Beta pancreáticas
HOMA-IR – Modelo de Avaliação de Resistência à Insulina 
IG – Índice Glicêmico 
IMC – Índice de Massa Corporal 
LDL – Lipoproteína de baixa densidade 
LH/FSH – Hormônio luteinizante/Folículo estimulante
LPS – Lipopolissacarídeo 
NIH – National Institutes of Health 
RCV – Risco Cardiovascular
RI – Resistência à Insulina 
SHBG – Globulina ligadora de hormônios sexuais
SOP – Síndrome dos  Ovários Policísticos