A INCLUSÃO DO ALUNO COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) NO ESPAÇO ESCOLAR

INCLUSION OF STUDENTS WITH ATTENTION DEFICIT DISORDER AND HYPERACTIVITY DISORDER (ADHD) IN SPACE SCHOOL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202412272103


Fabiani Keiko Matsumoto1
Maria Neuma Gonçalves Aguiar2
Fabiana Martins Rodrigues3


RESUMO

A realização desta pesquisa visou o levantamento da história  do Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH), o texto tenta compreender o problema, os sintomas, a legislação, e o processo de inclusão do aluno, já que o direito de aprender e da diferença é de todos o principal local de apresentação do problema é a escola, portanto a pesquisa demonstrou por meio de gráficos qual a atual situação de alunos com o transtorno nas escolas brasileiras. Observou-se que o TDAH é um dos problemas psiquiátricos mais comuns durante a infância e costuma trazer transtornos e problemas na escola até mesmo na vida adulta, entretanto quando diagnosticado conta com tratamento médico, e a criança obtêm a melhora em sua vida escolar e de sua autoestima, bem como na socialização e na concentração e no aprendizado. Observa-se ainda que os alunos portadores de TDAH necessitam de professores que compreendam o problema e estejam preparados para lidar com as limitações de atenção dos mesmos, portanto a inclusão destes alunos necessita de profissionais voltados para a questão em si, ou pelo menos preparados para atendê-los da melhor forma possível. A pesquisa apresenta dados quanto a porcentagem de portadores de TDAH diagnosticados, ao gênero destes, a idade do diagnóstico dos alunos entre outros dados de suma importância acerca do tema.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Inclusiva. Transtornos. Legislação. Formação Continuada.

ABSTRACT

This research aims to survey the history of ADHD, the text tries to understand the problem, symptoms, legislation, and the process of inclusion of students, since the right to learn and the difference is all of the principal place of presentation the problem is the school, so the research demonstrated through graphs which the current situation of students with the disorder in country schools. It was observed that ADHD is the most common psychiatric problems in childhood and usually brings trouble and problems in school even in adulthood, but when has diagnosed medical treatment, and the child get improvement in their school life and their self-esteem and socialization and concentration and learning. It is also observed that students with ADHD need teachers who understand the problem and are prepared to deal with the limitations of attention, as such the inclusion of these students needs professionals focused on the question itself, or at least prepared to serve them in the best possible way. The research presents data on the percentage of patients diagnosed with ADHD, these gender, age at diagnosis of students among other data of great importance about the topic.

KEYWORDS: Inclusive education. Disorders. Legislation. Continuing Training.

1 INTRODUÇÃO

O TDAH é um dos problemas psiquiátricos mais comuns durante a infância e costuma trazer transtornos e problemas na escola, tanto para o portador quanto para o professor e colegas, já que o comportamento do mesmo acaba afetando os demais, o problema deve ser tratado caso contrário persiste até a idade adulta.

De acordo com dados da Revista Profissão Mestre (2012) o problema afeta cerca de 5,29% da população e é mais comum no sexo masculino, e ainda afirma que a atuação do problema se dá geralmente em dois ambientes, em casa e na escola, ou em outros grupos. O diagnóstico é realizado após relatos, ou seja, clínico, baseia-se na descrição dos sintomas por pais, outras pessoas de seu convívio e até mesmo pelo próprio portador, é necessário que sejam identificados seis sintomas de desatenção e ou hiperatividade e impulsividade, além disso, os sintomas devem ser frequentes e severos, já que são comuns para a faixa etária da educação infantil.

Na escola a criança portadora de TDAH é mais facilmente identificada, os professores podem ser inclusive os primeiros a levantar a suspeita do problema, a questão principal desta pesquisa visa demonstrar como o professor deve agir diante de um aluno com o TDAH, como incluí-lo, como tratá-lo, como evitar que este prejudique os demais. O direito a educação é de todos, portanto é obrigatório que o aluno seja aceito em qualquer instituição de ensino do Brasil, no podendo ser discriminado, entretanto, o professor deve contar com a ajuda dos pais, e estes com a ajuda de um profissional da psiquiatria infantil, melhor ainda se este for especialista ou obtiver experiência no problema em questão.

O tratamento médico especializado e o uso de medicamentos são indispensáveis para que a criança ou adolescente portadora do TDAH leve uma vida saudável e consiga se desenvolver bem no ambiente escolar, os pais não podem simplesmente exigir que o professor lide sozinho com a situação complexa e cujo comportamento diferenciado atinge a vários envolvidos.

Quando o aluno começar a apresentar dificuldade em manter-se sentada, quieta, obedecer a regras, a manter-se em silêncio o primeiro passo do professor seve ser solicitar a presença dos pais ou responsáveis na unidade escolar e apresentar-lhe o problema juntamente com a hipótese de tratar-se de uma doença e sugerir-lhe a ajuda especializada, já que em muitos casos, pessoas mal informadas chegam a agredir e até mesmo a castigar a criança mediante a alegação de indisciplina.

Após o início do tratamento médico, a melhora da criança e de sua vida escolar é social é bastante visível. Um dos principais benefícios obtidos com o tratamento do transtorno é a melhora da autoestima, na socialização e da concentração e aprendizado.

A problemática desta pesquisa trata de como ocorre à inclusão do aluno com TDAH no espaço escolar? A pesquisa volta-se para a situação destas crianças no Brasil.

O objetivo geral desta pesquisa é realizar um levantamento quanto ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, conhecendo sua história partindo para a inclusão deste no ambiente escolar.

Entre os objetivos específicos desta pesquisa, buscou-se a compreensão do TDAH, quais os sintomas, a legislação pertinente ao problema, e o direito de aprender, e como ocorre a inclusão dos alunos com TDAH nas escolas brasileiras.

A justificativa para a escolha do tema que delimita-se ao TDAH e sua inclusão no ambiente escolar, deve-se ao fato de que há cada vez mais casos de crianças com este transtorno nas escolas e estes acabam por ser incompreendidos, as reclamações são as mesmas, e frequentes, falta de atenção as aulas, impaciência, inquietação, não segue orientações, não obedece as regras, tem uma memória falha e consegue distrair ou chamar a atenção dos colegas devido a suas atitudes impulsivas, estes sintomas são indícios de que a criança seja portadora do Transtorno de Déficit de atenção e Hiperatividade (TDHA).

Embora os sintomas sejam comuns o diagnóstico só pode ser confirmado por um médico, caso não haja diagnóstico e tratamento a criança acaba sofrendo durante anos, muitas vezes é castigado, perseguido por outros adultos, até mesmo por familiares, portanto, ao primeiro sinal este problema deve ser investigado, este trabalho visa levantar informações precisas que possa futuramente servir como material para outras pesquisas e apoio para aqueles que o pesquisarem.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Histórico da hiperatividade

Para tentarmos entender o que é hiperatividade é preciso conhecer um pouco da sua origem e da sua história. De acordo com as literaturas utilizadas não teve uma data certa para a descoberta do TDAH.

Conforme Alamini (2010), buscando na história científica, a terminologia da Disfunção Cerebral Mínima (DCM) surgiu primeiramente com o nome de Lesão Cerebral Mínima por volta de 1947, através do neurologista americano Strauss e Lehtinen, levando em consideração o outro autor, chamado Dupré já havia pressuposto em 1925, ressaltando determinadas características de crianças desajeitadas e inquietas. Desta forma, nascia então, o conceito Lesão Cerebral Mínima, considerando que estas crianças demonstravam alterações funcionais e dificuldades na aprendizagem.

No decorrer dos anos seguintes mais especialistas investigaram esse assunto, mas cada um fazia seu diagnóstico, ou seja, cada um usava métodos diferentes e, assim, havendo equívocos para o entendimento do déficit de atenção/hiperatividade.(ROHDE; BENZIK, 1999 apud ALAMINI, 2010).

De acordo com Cypel (2003 apudALAMINI, 2010) em 1962, em Oxford, na Inglaterra, foi realizado um simpósio para uma aprovação de critérios unanimes, onde todos os especialistas precisariam se referir a mesma expressão, que se estabeleceu como DCM, “disfunção cerebral mínima”, pois não era mais considerada uma lesão, por não apresentar alterações orgânicas. Mas resultando uma “imaturidade”, que poderia se estabelecer uma melhora funcional de acordo com sua evolução.

Observou-se também a predominância no sexo masculino. Conforme o autor citado acima, a qualificação foi de grande valia no marco histórico da neuropediatria, ao qual estava estritamente ligada a doenças clássicas do sistema nervoso e manifestações neurológicas mais graves. Houve, então, um empenho por essas agora discretas alterações ligadas às atividades nervosas superiores, realizando-se estudos intensos sobre o aprendizado escolar, linguagem, atenção, percepções, memória e outras funções importantes do desenvolvimento da criança. (ALAMINI, 2010)

Somente em 1970 surgiram propostas de exames neurológicos mais sensíveis para o diagnóstico.

2.1.1 Compreendendo o TDAH

No Brasil, em 1972, após estafante pesquisa Lefévre(et al) realizaram o ENE (exame neurológico evolutivo) com a finalidade de determinar padrões considerados normais de funções neurológicas para crianças de 3 a 7 anos. Assim permitindo se fazer investigações e a possibilidade de firmar analogias entre resultados e alterações funcionais, dando ênfase a dificuldade do aprendizado (FABRIS, 2003 apud  ALAMINI, 2010).

Navas (2013) afirma que os recentes resultados de estudantes do Brasil nas avaliações do desempenho em Português e Matemática causam sérias preocupações de especialistas de diversas áreas. Essa defasagem entre o desempenho esperado para a idade e escolaridade, e o desempenho observado tem origem em questões pedagógicas, socioculturais, ambientais entre outras.

Considerar todos estes fatores é sem dúvida, necessário para que ocorra uma mudança significativa neste quadro da Educação brasileira. Investir na formação de professores, melhorar as condições de trabalho e de remuneração dos educadores, bem como adotar práticas educacionais baseadas em evidências científicas são algumas das prioridades. 

De acordo com ESNCER (2005, p. 1), “os Distúrbios de Aprendizagem e de Comportamento são os responsáveis pelas principais causas de abandono da escola, em consequência exclusão social da criança”.

No entanto, ainda há um contingente de crianças e jovens que, mesmo se estas condições educacionais fossem ideais, ainda assim, teriam dificuldades para acompanhar o processo de aprendizagem. Esse grupo de crianças corresponde de 4 a 6% da população escolar, meninos e meninas que têm Transtornos do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e/ou Transtornos Específicos de Aprendizagem (TEA). Os sinais destes transtornos são identificados na escola, mas não são restritos ao ambiente escolar. (Ibidem, 2013)

Embora o ENE deixasse claras as alterações nos casos de DCM, ainda não era especifica para caracterizá-la, pois estudos que foram realizados com crianças que tinham dificuldades, exibiram o ENE normal e, em contrapartida, outras com ENE alterado se encontravam em boas condições na escola em relação ao aprendizado.

De acordo com Benczik (2000 apud ALAMINI, 2010), em 1980 a APA (Associação Americana de Psiquiatria através do DSM-III (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais) em sua 3ª edição, redefiniu o DCM e agora com um diagnóstico de critério rigoroso baseava-se em três condições comportamentais: desatenção, impulsividade e hiperatividade.

Nas palavras do mesmo autor, na edição de 1987, o DSM-III-R modificou novamente a nomenclatura, passando a referir-se a Déficit de Atenção e ou Distúrbio de Hiperatividade (DADH). Em 1991, o DSM-IV considerou a diversidade dos sintomas, sendo adotado o termo Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade TDAH. (ALAMINI, 2010)

A nomenclatura foi estabelecida e adaptando-se a períodos diferentes conforme estudos desenvolvidos por pesquisadores da área da medicina até chegar aos dias atuais utilizando a sigla TDAH.

Mesmo tendo sido conhecido desde o último século XX e sido estudado exaustivamente, ainda hoje não se conhecem as causas concretas que o ocasionam. (ALAMINI, 2010)

De acordo com Cypel (2003 apud  ALAMINI, 2010) acredita-se que a causa mais provável é a hereditariedade e que a doença atinge mais meninos que meninas. Não tem cura, mas pode ser controlada desde a infância e o problema atenua-se na adolescência e, quando isso não acontece, esses indivíduos tornam-se adultos instáveis e depressivos, com tendência à marginalidade.

As neurociências têm mostrado que os Transtornos do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) estão associados a uma alteração do sistema Dopaminérgico e Serotonérgico. Existem na população gens diferentes que controlam a quantidade de produção/recaptação da dopamina e da serotonina. Quando alguns desses gens são transmitidos para um indivíduo, mudam a dinâmica dos sistemas de dopamina e serotonina e acarretam a TDAH. O conhecimento dessa dinâmica ajuda o professor a entender o aluno TDAH o que permite a ele planejar um trabalho efetivo para promover o desenvolvimento escolar dessa criança. Por outro lado, o desconhecimento desses fatos em geral levam à criação de preconceitos com a criança TDAH (a criança sem limite; mentirosa, etc), que acabam facilitando a evasão escolar. (ENSCER, 2005, p. 1)

O termo hiperativo é estudado, discutido e pesquisado como um desvio comportamental, e tem se intensificado a procura de soluções dentro da área de medicina-psiquiatria infantil. (ALAMINI, 2010)

2.1.2 Sintomas do TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é uma variação de sintomas, que se dá por uma deficiência mínima no cérebro, ficando mais evidente nos anos iniciais do ensino fundamental, quando a criança ingressa na escola para realização do ensino formal, segundo Rohde e Benczik(1999, p. 55 apud ALAMINI, 2010).

Os achados científicos tem indicado claramente a presença de disfunção em uma área do cérebro conhecida como região orbital frontal em crianças e adolescentes com TDAH. Essa região situada na parte da frente do cérebro, logo atrás da testa. É uma das regiões mais desenvolvidas em seres humanos comparativamente com outras espécies e parecer ser a responsável pela inibição do comportamento, pela atenção sustentada, pelo autocontrole e pelo planejamento para o futuro. (ALAMINI, 2010)

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade – TDAH é conceituado com base em dezoito sintomas. Existe uma subdivisão nos sintomas em três tipos de TDAH – desatenção, hiperatividade (agitação) e impulsividade e o tipo combinado. As características do TDAH aparecem bem cedo para a maioria das pessoas, na infância. O distúrbio é caracterizado por comportamentos crônicos, com duração de no mínimo seis meses, que se instalam definitivamente antes dos sete anos. (ALAMINI, 2010)

De acordo com Goldstein e Goldstein (2006 apud  ALAMINI, 2010), o TDAH é classificado a partir de três formas:

A primeira é a desatenção:

– Dificuldade em manter a atenção;

– Corre sem destino ou sobe excessivamente nas coisas;

– Distrai-se com facilidade, “vive no mundo da lua”;

– Não enxerga detalhes ou comete erros por falta de cuidado;

– Parece não ouvir;

– Dificuldade em seguir instruções;

– Evita/não gosta de tarefas que exigem um esforço mental prolongado;

– Dificuldade na organização;

– Frequentemente perde ou esquece objetos necessários para uma atividade;

– Esquece rápido o que aprende.

Ressaltando que as crianças desatentas têm dificuldades de se concentrarem em tarefas e prestar atenção, se comparados com os colegas em sala de aula, tem grandes dificuldades de focalizar e manter a atenção de forma apropriada, comprometendo, assim, o aprendizado. (ALAMINI, 2010)

A segunda forma de classificação envolve a hiperatividade:

– Dificuldade em permanecer sentada ou parada;

– Corre sem destino ou sobe excessivamente nas coisas;

– Inquietação, mexendo com as mãos e/ou pés, ou se remexendo na cadeira;

– Age como se fosse movida a motor, “elétrica”;

– Fala excessivamente;

– Dificuldade em engajar-se numa atividade silenciosamente;

– Responde a perguntas antes mesmo de serem formuladas totalmente;

– Interrompe frequentemente as conversas e atividades alheias;

– Dificuldade em esperar sua vez (fila, brincadeiras).

Sabe-se que a criança com esta forma do distúrbio tem grande dificuldade de seguir regras, mesmo entendendo e conhecendo as regras propostas. (ALAMINI, 2010)

A terceira forma de classificação é definida pelo tipo combinado. É caracterizada quando a criança apresenta os dois conjuntos das formas hiperativo-impulsiva e desatenta. (ALAMINI, 2010) Existem ainda outros critérios que devem ser levados em conta, tais como:

• Persistência do comportamento há pelo menos seis meses. Início precoce (antes dos 7 anos);

• Os sintomas têm que ter repercussão na vida pessoal, social ou acadêmica;

• Tem que estar presente em pelo menos dois ambientes;

• Frequência e gravidade maiores em relação a outras crianças da mesma idade;

• Idade de 5 anos para diagnóstico.

De acordo com Rohde e Benczik (1999  apud ALAMINI, 2010), pesquisas recentes apontam que é necessário que a criança apresente no mínimo seis sintomas de desatenção, hiperatividade/impulsividade e o tipo combinado. A partir dessa sintomatologia é que se deve pensar na possibilidade do diagnóstico de TDAH, ressaltando que o educando deve apresentar esses sintomas em mais de um ambiente, como em casa e na escola.

Outros sintomas apresentados são: dificuldade de prestar atenção na aula, distração, pouca paciência para estudar e fazer os deveres, agitação, inquietude e uma capacidade incrível de fazer milhões de coisas ao mesmo tempo e quase nenhuma delas associada à aula.

Para Cypel (2003 apud ALAMINI, 2010), a descrição dos sintomas não é atribuída a uma demonstração clara no comportamento, é uma soma de sinais que vem aparecendo deste o início da vida da criança. A sintomatologia da criança com distúrbio é variada. Não estando presente em todas as crianças, variando de criança para criança.

Nas palavras de Benczik (2000 apud ALAMINI, 2010) a definição das causas ainda é discutida entre os pesquisadores da área de psiquiatria e neurologia, mas os seus sintomas está amplamente associada a diversas ações comportamentais.

2.2 A  legislação do TDAH

Navas (2013) diz que em 2010, o então Senador Gerson Camata apresentou um projeto de lei que dispõe sobre a necessidade do poder público garantir o diagnóstico e o apoio educacional das crianças e jovens com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Dislexia, um dos Transtornos Específicos de Aprendizagem.

O projeto visa corrigir esta lacuna no Brasil, já que a ausência de reconhecimento da dislexia e do TDAH nas políticas educacionais, dificulta que uma família consiga apoio na escola, e que tenha acesso aos recursos didáticos adequados para melhorar a vida escolar de seu filho. A falta de diretrizes explícitas também faz com que muitos professores rotulem crianças sem o devido encaminhamento aos profissionais de saúde que devem fazer o diagnóstico correto. Há ainda aqueles professores que encaminham estas crianças para as salas do AEE, o que não está previsto pela resolução do Conselho Nacional de Educação. (ibidem, 2013)

Essas são as razões para que parte essencial deste projeto em relação à Educação seja a proposta de que os sistemas de ensino devem garantir a formação aos educadores. Professores da educação básica deverão ter amplo acesso à informação, tanto para que possam identificar precocemente os sinais indicativos da presença de transtornos de aprendizagem ou do TDAH, bem como para que possam desenvolver estratégias para o apoio educacional escolar desses educandos. (ibidem, 2013)

Vale ressaltar que alguns profissionais devem auxiliar os professores no estabelecimento de projetos para o acompanhamento para estas crianças, como o psicólogo e/ou o fonoaudiólogo educacional.

Navas (2013) argumenta que já em relação á área da Saúde, o projeto de lei recomenda um programa de formação continuada para melhorar a qualidade de precisão dos diagnósticos realizados nos equipamentos de saúde e garantir o acesso ao atendimento especializado por equipe multidisciplinar. Destacam-se nesta equipe os neuropsicólogos e fonoaudiólogos clínicos.

O projeto já tramitou no Senado e foi aprovado em todas as comissões em que passou (Seguridade Social e Família; Educação e Cultura; Finanças e Tributação; e Constituição, Justiça e Cidadania). No momento (dezembro 2012), o PL encontra-se na Câmara dos Deputados e já foi aprovado na  Comissão de Seguridade Social e Família. (ibidem, 2013)

Na Comissão de Educação, o projeto de Lei 7081/2010, teve como relatora a Dep. Mara Gabrilli, e recebeu voto favorável, com apresentação de um novo substitutivo que especifica melhor as atribuições de cada setor, Educação e Saúde, para lograr o acompanhamento integral destas crianças e jovens. Ainda faltam duas comissões para a aprovação final, a Comissão de Finanças e Tributação e Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. (ibidem, 2013)

O Projeto de Lei 7081/2010 clama pelo estabelecimento de políticas públicas que reconheçam as crianças com TDAH e transtornos de aprendizagem como população que precisa de apoio pedagógico em sala de aula. Caso seja aprovado caberá ao Poder executivo regulamentar esta lei, estabelecendo as suas diretrizes e inserindo estas ações em programas intersetoriais de Saúde e Educação. (ibidem, 2013)

Com esta aprovação, o Brasil estaria corrigindo um equívoco e com isso melhorando as condições de sucesso de aprendizagem para este grupo de crianças que estão à margem deste processo. Infelizmente, ainda não é o bastante para sanar todas as dificuldades que o sistema educacional enfrenta, mas sem dúvida já representará um grande avanço e pelo menos esta parcela da população escolar terá condições mais justas de conseguir o sucesso no processo de aprendizagem. (NAVAS, 2013)

2.3 TDAH E o processo de inclusão

O TDAH, assim como demais problemas psiquiátricos que exigem um cuidado especial para a aprendizagem dependem dos sistemas de inclusão. A educação inclusiva é um assunto muito importante para o desenvolvimento humano mundial, trata-se do início de um novo tempo onde as pessoas com qualquer tipo de diferença, limitação ou deficiência seja de qualquer tipo, não sejam mais vistos como incapazes e assim consigam viver de uma forma digna com direitos iguais desde a infância inclusive direito a educação.

A educação inclusiva como o nome já diz veio para incluir crianças especiais, junto ás crianças que não possuem necessidades especiais, para que elas tenham as mesmas oportunidades e o mesmo ensino do que as outras crianças. Quando surgiu a inclusão na educação surgiram polêmicas, muitos pais de crianças com necessidades especiais temiam colocá-las em escolas inclusivas, pois havia receio do que poderiam vir a sofrer como preconceitos, ou violência, porém a educação inclusiva veio para acabar com o preconceito e pra criar novos conceitos a respeito dessas crianças, pois elas apesar de suas limitações e dificuldades têm muito a ensinar.

Embora o TDAH não seja uma necessidade especial restrita a dificuldade de acesso físico, a deficiência está no déficit de aprendizagem, que embora possa ser melhorado com a medicação ainda assim exige uma inclusão deste aluno. É inclusão é definida como

Processo pelo qual a sociedade e o portador de deficiência procuram adaptar-se mutuamente, tendo em vista a equiparação de oportunidade e, consequentemente, uma sociedade para todos (…) A inclusão significa que a sociedade deve adaptar-se às necessidades da pessoa com deficiência para que esta possa desenvolver-se em todos os aspectos de sua vida (SASSAKI, 2010, p. 167).

Ainda segundo Sassaki a inclusão é “Um processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir em seus sistemas sociais gerais pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade”.(2010, p. 167) A inclusão supera a ação de oferecer educação a um portador de necessidades especiais, incluir vai muito além, é entender, respeitar e valorizar, destruir as barreiras importas pelas dificuldades as crianças que necessitam de cuidados especiais para serem alfabetizadas.

Para FERREIRA (2005, p. 44) a inclusão compreende:

[…] uma filosofia que valoriza diversidade de força, habilidades e necessidades [do ser humano] como natural e desejável, trazendo para cada comunidade a oportunidade de responder de forma que conduza à aprendizagem e do crescimento da comunidade como um todo, e dando a cada membro desta comunidade um papel de valor.

Na sala de aula o professor tem que saber lidar e aproveitar as diferentes habilidades com as quais se depara e que fazem parte da diversidade da constituição humana. Pensando logicamente, se existem várias inteligências, também existem diversas maneiras de aprender e por isso várias maneiras de ensinar, esse é um dos grandes desafios de qualquer professor, e se tratando da inclusão o desafio é maior ainda. Mas, mesmo na atualidade, ao olhar para dentro de nossas escolas percebemos que nem todas as habilidades são conhecidas, reconhecidas e valorizadas, há muito a ser explorado.

A Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994, p. 6) demonstra a inserção dos indivíduos com dificuldades ou necessidades especiais como uma questão de política de justiça social de conforme se nota:

[…] as escolas se devem ajustar a todas as crianças, independentemente das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou outras. Neste conceito, terão de incluírem-se crianças com deficiência ou sobredotados, crianças da rua ou crianças que trabalham crianças de populações remotas ou nômades, crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais. Todavia, é percebido que ao final do século XX até os dias atuais os avanços sociais, pedagógicos e tecnológicos, por uma sociedade inclusiva no Brasil, vêm sendo mais valorizada, contando com salas de recursos, atendimentos diferenciados, métodos tecnológicos como computadores adaptados, sintetizadores de fala, programas e aplicativos, dentre outros diversos modelos tecnológicos e inclusão social de um público que sofreu arduamente com discriminações e preconceitos e hoje busca a garantia dos seus direitos perante a sociedade, promovendo o desenvolvimento social, sem se esquecer de suas potencialidades e peculiaridades.

Embora haja escolas inclusivas no Brasil, públicas e isso vem crescendo consideravelmente, devemos destacar que há falta de profissionais capacitados para lidar com as necessidades de cada um. Silva e Retondo (2008) afirmam que:

“de um lado, os professores do ensino regular não possuem preparo mínimo para trabalhar com crianças que apresentem deficiências evidentes e, por outro, grande parte dos professores do ensino especial tem muito pouco a contribuir com o trabalho pedagógico desenvolvido no ensino regular, na medida em que têm calcado e construído sua competência nas dificuldades específicas do alunado que atendem” (SILVA e RETONDO, 2008, p. 28).

Por este motivo é necessário que o quanto antes alunos de Pedagogia, de Psicologia, e outras licenciaturas e profissionais trabalharão com alunos portadores de necessidades especiais, obtenham especialização e preparo para lidar com estas crianças. É preciso que todos estejam “atentos para propostas pedagógicas que auxiliem os docentes no melhoramento de suas concepções e fazeres escolares” (SILVEIRA e SOUZA, 2011, p. 37).

 Por Educação Inclusiva, entende-se o processo de inclusão dos portadores de necessidades especiais, ou de distúrbios de aprendizagem na rede de comum de ensino em todos os seus graus. Da pré-escola ao quarto grau. Através dela se privilegiam os projetos de escola, que apresenta as seguintes características: Na escola inclusiva o processo educativo é entendido como um processo social, onde todas as crianças portadoras de necessidades especiais e de distúrbios de aprendizagem  têm o direito à  escolarização o mais próximo possível do normal. O alvo a ser alcançado é a integração da criança portadora de deficiência na comunidade. Uma escola inclusiva é uma escola líder em relação às demais. Ela se apresenta como a vanguarda do processo educacional. (APAE, 2005)

De um modo geral é possível afirmar que o aluno portador de TDAH necessita de inclusão na escola, tendo em vista sua necessidade especial de aprendizado, o que resta questionar é se há profissionais nas redes de ensino capacitadas para incluir este aluno e se há ambientes suficientes que o recebam. Em muitas escolas os profissionais da educação simplesmente fazem o que podem, os salários são baixos e há poucas opções de especialização para a área em questão, bem como falta de tempo e recursos para que o professor se especialize.

2.3.1 O direito de aprender e de ser diferente é de todos

A educação inclusiva já é realidade no Brasil, e embora o TDAH não seja facilmente identificado como uma necessidade especial, nem sequer diagnosticado facilmente podemos afirmar que a inclusão evoluiu nos últimos anos, foi visto que a escola ofereceu-se a atender o aluno com necessidade especial aprendendo a fazer isto, sem qualquer preparação específica, os profissionais da educação que recebem alunos com necessidades especiais ainda e se sentem despreparados e sozinhos, sem recursos ou formação para realizar um trabalho eficiente. Realizar a inclusão escolar demanda profundas mudanças nas concepções e práticas educacionais além de criar grandes expectativas.

A Constituição Brasileira (1988) Art. 205 enfatiza que:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade. Visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

A mesma Constituição Brasileira de 1988, que afirma que a educação é direito de todos, também assegura a todas as crianças brasileiras tenham o direito de receber educação nas escolas e de ser diferente dos demais recebendo direitos iguais, instituindo como um dos princípios do ensino a igualdade de condições de acesso e permanência na escola (art. 206, inciso I). Ao eleger como fundamento da República a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso II e III), e como um dos seus objetivos fundamentais (…) a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, inciso IV) ela se antecipou à Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) que aponta:

(…) de que escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Aquelas deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos desavantajados ou marginalizados. Tais condições geram uma variedade de diferentes desafios aos sistemas escolares. No contexto desta Estrutura, o termo “necessidades educacionais especiais” refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem.

Montoan (2003), afirma que inúmeras escolas não atendem a questão dos alunos com necessidade especial de aprendizado, voltando a inclusão apenas para limitações físicas, e estas limitam à adequação de seus espaços físicos, portanto é importante observar dentro do contexto que incluir não trata-se de garantir apenas o acesso a escola, porém, garantir a permanência, o aprendizado e o convívio do alunos independente de sua limitação ou necessidade especial.

Num momento em que o direito ganha novos espaços e abre novas áreas por meio das grandes transformações pelas quais passa o mundo contemporâneo, é importante ter o conhecimento de realidades que, no passado, significaram e no presente ainda significam passos relevantes no sentido da garantia de um futuro melhor para todos. O direito à educação escolar é um desses espaços que não perderá sua atualidade (CURY, 2002, p. 07).

De um modo geral a inclusão escolar traz esperança a vida de crianças com TDAH, portanto, é necessário que tanto a família quanto a comunidade escolar se conscientizem a respeito do problema e da questão tão séria quanto é, e que preocupem-se em realizar uma inclusão real, não apenas a integração como no passado e como atualmente ainda ocorre em algumas escolas regulares.

Uma sociedade inclusiva vai bem além de garantir apenas espaços adequados para todos. Ela fortalece as atitudes de aceitação das diferenças individuais e de valorização da diversidade humana e enfatiza a importância do pertencer, da convivência, da cooperação e da contribuição que todas as pessoas podem dar para construírem vidas comunitárias mais justas, mais saudáveis e mais satisfatórias (SASSAKI, 2010, p. 172).

Os alunos portadores de TDAH necessitam de professores que compreendam o problema e estejam preparados para lidar com as limitações de atenção dos mesmo, portanto a inclusão destes alunos necessita de profissionais voltados para a questão em si, ou pelo menos preparados para atendê-los da melhor forma possível. A declaração de Salamanca defende quanto a inclusão que

Inclusão e participação são essenciais à dignidade humana e ao desfrutamento e exercício dos direitos humanos. Dentro do campo da educação, isto se reflete no desenvolvimento de estratégias que procuram promover a genuína equalização de oportunidades (…). Ao mesmo tempo em que as escolas inclusivas preveem um ambiente favorável à aquisição da igualdade de oportunidades e participação total, o sucesso delas requer um esforço claro, não somente por parte dos professores e dos profissionais na escola, mas também por parte dos colegas, pais, família, voluntários. A reforma das instituições sociais não constitui somente uma tarefa técnica, ela depende, acima de tudo, de convicções, compromisso e disposição dos indivíduos que compõem a sociedade (UNESCO, 1994, p. 5).

Quando a inclusão na escola realmente acontece, há uma aversão ao conceito de que as pessoas devem ser “normais”, as pessoas começam a valorizar as diferenças e observar que há capacidades e habilidades especiais em todos os seres humanos, bem como limitações.

2.3.2 O TDAH nas escolas brasileiras

A inclusão de crianças com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) nas escolas brasileiras é um tema que exige uma análise cuidadosa e multifacetada, dado o crescente reconhecimento das necessidades educacionais especiais no contexto escolar. O TDAH é um dos transtornos mais comuns na infância, afetando aproximadamente 5% das crianças em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa condição, marcada por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, pode dificultar o aprendizado e a interação social das crianças, exigindo adaptações no ambiente escolar e uma abordagem pedagógica diferenciada.

No Brasil, as estatísticas relacionadas à inclusão de crianças com TDAH nas escolas revelam um quadro desafiador. Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019 mostrou que apenas 31,6% das crianças com deficiência estão matriculadas em escolas regulares, enquanto 68,4% frequentam instituições especiais ou não estão na escola. Embora esses números incluam todas as deficiências, estima-se que a situação de alunos com TDAH não seja muito diferente. A falta de dados específicos sobre TDAH ainda limita a compreensão da realidade enfrentada por essas crianças nas escolas.

A legislação brasileira, por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, estabelece que todas as crianças, independentemente de suas condições, têm direito à educação. No entanto, as práticas ainda não refletem completamente essa garantia. Um estudo realizado por Silva et al. (2020) apontou que 70% dos educadores entrevistados relataram não ter formação específica para lidar com alunos com TDAH, o que evidencia a necessidade de capacitação e formação continuada para os profissionais da educação.

Os desafios relacionados à inclusão de crianças com TDAH nas escolas brasileiras são múltiplos e interações complexas entre fatores individuais, sociais e institucionais. Um dos principais obstáculos é a falta de reconhecimento e compreensão do TDAH por parte de educadores, pais e gestores escolares. Muitos educadores ainda veem o transtorno como uma questão de disciplina, ao invés de uma condição neuropsicológica que requer suporte e estratégias educacionais adaptadas.

Outro desafio significativo é a escassez de recursos e apoio nas escolas. A inclusão efetiva requer um ambiente escolar que forneça acomodações adequadas e favoreça a individualização do ensino. A escassez de profissionais especializados, como psicopedagogos e terapeutas ocupacionais, impacta diretamente a qualidade do atendimento oferecido. Além disso, o estigma e a desinformação sobre o TDAH podem levar a preconceitos, dificultando a aceitação e a convivência dos alunos com a turma.

Em resposta a esses desafios, diversas políticas educacionais foram implementadas com o intuito de promover a inclusão de crianças com TDAH. Entre essas iniciativas, destaca-se a política de Educação Inclusiva, estabelecida pela Resolução nº 2/2001 do Conselho Nacional de Educação (CNE), que orienta as instituições a desenvolver práticas que assegurem a aprendizagem de todos os alunos. Outro marco importante é a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) nº 13.146/2015, que reforça o direito de todos à educação e à necessidade de adaptações razoáveis.

Entretanto, a implementação dessas políticas enfrenta barreiras estruturais e culturais. A formação de professores e a capacitação de profissionais da educação são cruciais para a concretização das diretrizes legais. Diversas universidades brasileiras têm investigado o impacto de programas de formação continuada para educadores na inclusão de pessoas com TDAH, com resultados positivos. A formação deve incluir não apenas o entendimento do TDAH, mas também abordagens pedagógicas que promovam um ensino mais inclusivo e acessível.

As perspectivas de inclusão da criança com TDAH nas escolas brasileiras são promissoras, mas dependem de um esforço conjunto de governantes, educadores, pais e sociedade. A conscientização sobre o TDAH e a promoção de uma educação inclusiva devem ser prioritárias na agenda educacional. A formação de professores deve ser uma prioridade nas políticas públicas, uma vez que a capacitacão adequada pode mudar a forma como os educadores abordam o ensino e a gestão da sala de aula.

Outra perspectiva importante é o fortalecimento da rede de apoio às famílias, promovendo um diálogo aberto e constante entre escola e casa. O envolvimento dos pais na educação dos filhos, especialmente aqueles com TDAH, é fundamental para o sucesso da inclusão escolar. Programas que incentivem a participação das famílias em iniciativas educacionais têm se mostrado eficazes na promoção do bem-estar e do desenvolvimento das crianças.

Em suma, a inclusão de crianças com TDAH nas escolas brasileiras apresenta desafios significativos, mas também oportunidades para transformar o ambiente escolar em um espaço mais acolhedor e inclusivo. A análise estatística, os desafios identificados e as políticas existentes mostram que, embora o caminho seja repleto de obstáculos, uma abordagem colaborativa pode conduzir a avanços significativos na inclusão dessas crianças no sistema educacional brasileiro.

As crianças que sofrem com o TDAH enfrentam dificuldades para se ajustar diante das exigências escolares comuns. Cerca de 30% das crianças portadoras de TDAH acabam sofrendo com a repetência escolar, com reprovação de no mínimo uma série em sua vida escolar, sendo que um terço destas jamais chegará ao ensino superior sequer concluindo o ensino médio. Suas notas serão significativamente abaixo das de seus colegas. Existe ainda o fato negativo de que os portadores da TDAH apresentam problemas de comportamento sendo pessimistas e opositivos. O que talvez explique que 15 a 25% destes são suspensas e expulsas das escolas por indisciplina e problemas de conduta. (RAMBALDI, 2012)

É necessário que os alunos portadores de TDAH sejam motivados, os professores devem ser orientados nesse sentido, a impaciência com relação ao aprendizado para estes alunos é uma grande barreiras para eles próprios, é muito comum encontrar crianças com um grau de dificuldade bastante elevado, com problemas de relacionamento, com mau comportamento e principalmente aprendizagem, esses podem apresentar melhora quando são ensinados por professores diferentes. A matéria escolar já é um grande desafio para o aluno com TDAH, quando o professor que a ministra é inflexível, severo e rígido, ou mesmo despreparado para lidar com o mesmo a dificuldade se multiplica.  A inconstância de atenção que muitas vezes não chega a ser um déficit,  apresenta uma melhora importante mediante a motivação.(RAMBALDI, 2012)

Uma grande dificuldade, professores, diretores, e toda uma equipe de apoio, sem o devido conhecimento sobre o TDAH, classes cheias de crianças com TDAH, com os professores sem saber o que fazer nem como lidar com elas, professores desmotivados, mal pagos, salas de aula super lotadas, vamos encontrar turmas e mais turmas de “alunos especiais”, que não conseguem nem ao menos serem alfabetizados, que inevitavelmente ao faltar estrutura familiar que possa funcionar como seus “freios inibitórios”, vão evoluir para evasão escolar, droga e delinquência. Temos constantemente orientado as escolas para selecionarem (pelo menos de 1ª a 4ª série) professores que tenham perfil para lidarem com crianças portadoras de TDAH, que sejam democráticos, solícitos, amigos, compreensivos e empáticos e não desorganizados, hiperativos e impulsivos como ela. Crianças com TDAH não tem que estar em turmas separadas, elas não tem problemas cognitivos, aprendem muito bem quando tratados adequadamente por uma equipe interdisciplinar.(RAMBALDI, 2012, p.02)

Em geral a criança portadora de TDAH em seus graus maiores PE extremamente desatenta, porém também trata-se de uma criança doce, de bom temperamento, fácil de lidar, até mesmo amorosa e extrovertida, entretanto apresenta dificuldade de aprendizagem desde os primeiros anos da vida escolar, “lenta ao copiar do quadro, lenta para fazer o dever de casa, necessidade de acompanhamento dos pais ou orientadores a vida toda; isto contribuirá para que tenha uma baixa auto-estima”(2012, p. 03), esta pode ainda desenvolver na adolescência problemas com a ansiedade generalizada e depressão, além de outros problemas psicológicos. (RAMBALDI, 2012)

 É comum que pais, professores e diretores entendam o comportamento desta criança como indisciplina, desobediência e desinteresse, desvalorizando este aluno, menosprezando-o, impondo a ele o rótulo de incapaz.

O professor é um personagem muito importante na vida desta crianças desde que saiba valorizá-la, se ajusta às necessidades do portador de TDAH o professor flexível, dinâmico, democrático, solícito, compreensivo, que seja objetivo, que se dispõe a ajudá-lo que o trata como aos demais, que é otimista, amigo e empático, que valoriza suas pequenas conquistas, que consegue lhe oferecer respostas consistentes fáceis de entendimento, que compreende o comportamento inadequado do mesmo, que oferte-lhe atividades diferentes das comuns, que não manifesta quanto a este raiva ou insultos, que consegue administrar o tempo e que o ajuda a compreender a disciplina e a matéria escolar. (RAMBALDI, 2012)

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa foi de extrema importância, nela ficou claro que o TDAH é um dos problemas psiquiátricos mais comuns durante a infância e costuma trazer transtornos e problemas na escola, entretanto quando diagnosticado conta com tratamento médico, e a criança obtêm a melhora em sua vida escolar, um dos principais benefícios obtidos com o tratamento do transtorno é a melhora da autoestima, na socialização e da concentração e aprendizado.

Embora os sintomas sejam comuns o diagnóstico só pode ser confirmado por um médico, caso não haja diagnóstico e tratamento a criança acaba sofrendo durante anos, muitas vezes é castigado, perseguido por outros adultos, até mesmo por familiares, portanto, ao primeiro sinal este problema deve ser investigado, este trabalho visa levantar informações precisas que possa futuramente servir como material para outras pesquisas e apoio para aqueles que o pesquisarem.

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade – TDAH é principalmente diagnóstica com a prevalência dos seguintes sintomas:  desatenção, hiperatividade (agitação) e impulsividade e o tipo combinado. As características do TDAH aparecem bem cedo para a maioria das pessoas, na infância. A terceira forma de classificação é definida pelo tipo combinado. É caracterizada quando a criança apresenta os dois conjuntos: das formas hiperativo-impulsiva e desatenta.

Os alunos portadores de TDAH necessitam de professores que compreendam o problema e estejam preparados para lidar com as limitações de atenção dos mesmos, portanto a inclusão destes alunos necessita de profissionais voltados para a questão em si, ou pelo menos preparados para atendê-los da melhor forma possível.

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1Mestranda em Educação Especial, graduada em Ciências Biológicas, Bacharel e Licenciada em Educação Física, pós graduada em Orientação Educacional, pós graduada em Ecoturismo: interpretação e Educação Ambiental. E-mail: fabianikeikomatsumoto@yahoo.com.br

2Mestranda em Educação Especial, Licenciada em Matemática pela UEG, licenciatura em Pedagogia- Faculdade Alfa América e  Licenciada em Artes Vusuais UFG. Pós graduação em Estatística e Matemática- Universidade de Rio Verde, Psicopedagogia – Faculdade UniBF, e Neuropsicopedagogia – Faculdade Play. E-mail: neumaguiar@gmail.com

3Mestranda em Educação Especial, Possui Licenciatura Plena em Geografia, Licenciatura em Pedagogia, pós-graduada em  Orientação Educacional E-mail: fabiana_shego@hotmail.com.