A INCIDÊNCIA DE DESVIOS POSTURAIS EM ESTIVADORES DE SANTARÉM- PA

THE INCIDENCE OF POSTURAL DEVIATIONS IN STEVEDORES FROM SANTARÉM-PA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10138863


Ana Camila Alves Costa¹
Giselle do Carmo dos Reis¹
Mateus Pinheiro Cativo¹
Jorge Carlos Menezes Nascimento Júnior²


RESUMO

Introdução: Os desvios posturais são alterações causadas a nível musculoesquelético que alteram o padrão corporal, causando problemas como dores, encurtamentos e até mesmo lesões irreversíveis, corroborando para o surgimento de outras patologias associadas. Em paralelo a isso, temos a profissão de estiva, que trabalha diretamente com transporte e elevação de cargas pesadas, um dos fatores que facilita o surgimento de desvios posturais. Objetivo: Avaliar a incidência de desvios posturais em estivadores de Santarém-PA. Métodos: Trata-se de uma pesquisa quantitativa, de caráter transversal e análise campo. Foram realizadas as avaliações com 31 voluntários, dos quais 29 foram incluídos na pesquisa. Resultados: Os voluntários foram avaliados de acordo com a Escala Visual Analógica (EVA), e através de testes ortopédicos, e foi obtido resultados significantes evidenciados através da amostra P<0,05 na análise estatística, com intervalo de confiança de 95%. Conclusão: Foi concluído que os estivadores estão mais predispostos ao acometimento de desvios posturais, porém, isso se deve ao fato da atividade laboral associada à outros fatores como maus hábitos da vida diária.

Palavras-chave: profissão, laboral, patologia.

ABSTRACT

Introduction: Postural deviations are changes caused at the musculoskeletal level that alter the body pattern, causing problems such as pain, shortening and even irreversible injuries, corroborating the emergence of other associated pathologies. In parallel to this, we have the stevedoring profession, which works directly with the transport and lifting of heavy loads, one of the factors that facilitates the emergence of postural deviations. Objective: To evaluate the incidence of postural deviations in stevedores in Santarém-PA. Methods: This is a quantitative, cross-sectional study with field analysis. The evaluations were carried out with 31 volunteers, of which 29 were included in the research. Results: The volunteers were evaluated according to the Visual Analogue Scale (VAS) and through orthopedic tests, and significant results were obtained through the P<0.05 sample in the statistical analysis, with a 95% confidence interval. Conclusion: It was concluded that stevedores are more predisposed to postural deviations, however, this is due to the fact that work activity is associated with other factors such as bad habits of daily life.

Keywords: profession, labor, pathology.

1. INTRODUÇÃO

A coluna vertebral e os músculos relacionados a ela são responsáveis pela sustentação do corpo humano, e representam um dos fatores determinantes em seu desenvolvimento (MOREIRA; CORNELIAN; LOPES, 2013). Portanto a má postura durante o dia em casa, no trabalho, e em qualquer momento de diversão ou durante atividades como dirigir, estudar ou dormir, por exemplo, pode afetar significativamente a coluna. Isso cria desalinhamentos associados ao uso indevido de outras articulações, como ombros, braços, quadris, joelhos e pés. Ocasionando um desequilíbrio postural, visto que o corpo busca uma compensação para manter o indivíduo equilibrado podendo normalmente fazer com que os músculos fiquem tensos e encurtados.

O desgaste do corpo pelas atividades ocupacionais do trabalho pode ser agravado por posturas inadequadas, desvios de posições anatômicas que tencionam os tecidos moles e sobrecarregam as estruturas esqueléticas. A carga de trabalho é definida como a tensão ou esforço mental necessário para concluir uma tarefa. Baseia-se nos campos da psicologia do trabalho e da ergonomia da atividade, que examinam as questões de saúde física e mental dos trabalhadores. (TEDESCHI, 2005).

Geralmente as pessoas sentem dores quando sua postura se desvia do alinhamento normal, e essa sensação serve a um propósito importante, alertando o corpo para possíveis problemas de saúde e questões que requerem atenção. Na literatura em artigos científicos disponíveis na integra, podemos observar que a dor crônica é comumente aliviada com exercícios terapêuticos ou outras formas de atividade física, a causa raiz de muitas dessas dores é a postura inadequada, que se desenvolve devido ao longo tempo sentado. É por isso que atletas profissionais e estudantes que ficam sentados por longos períodos desenvolvem problemas dolorosos na região lombar e no pescoço. É também por isso que os exercícios corretivos aliviam essas dores.

A economia brasileira depende do trabalho dos estivadores que realizam um trabalho coletivo que ajuda o país a prosperar, o porto de Santarém é visto como um dos principais portos da região Norte, sempre transportando grandes quantidades de matérias de origem vegetal, fertilizantes, combustíveis à base de petróleo, passageiros tanto em barcos fluviais quanto em navios de cruzeiro além disso, transporta outras cargas gerais. Os estivadores realizam tarefas especializadas, trabalham exclusivamente no convés dos navios e em seus porões enquanto descarregam e carregam cargas. Eles também verificam a carga, arrumam-na nos porões e reparam quaisquer mercadorias danificadas dentro do navio (NAJAR; MORRONE; MACHIN; COUTO; ROSSI, 1985). O estivador suporta dores antigas, eles labutam no porto descarregando ou carregando navios que habitam entre suas dores e sofrimentos, suportam o barulho ensurdecedor, as vibrações estridentes e o mau tempo de seu trabalho.

A fisioterapia dispõe de um papel fundamental para os pacientes na recuperação da dor e na prevenção da qualidade de vida, é uma poderosa aliada no combate aos desconfortos e limitações causados pela dor, logo a ocorrência de dores na coluna representa um problema sério recorrente uma vez que é a principal causa de invalidade causando impacto psicológico, social e econômico, e até mesmo muitas das vezes levando a interrupções do trabalho, das atividades diárias, e da qualidade de vida.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL

A coluna vertebral é formada por 33 vertebras, sendo 7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 coccígeas, e a sua principal função e a de sustentação do corpo e proteção da medula espinhal. E, entre cada uma das vertebras estão os discos intervertebrais, que são estruturas cartilaginosas em formato de anel, e são responsáveis por evitar o atrito entre os ossos vertebrais e amortecer o impacto (OLIVEIRA, 2016).

Além disso, a coluna vertebral é revestida de músculos responsáveis pela ereção da espinha, movimentação (flexão/ extensão e rotações), sustentação e proteção, estabilidade e mobilidade para as atividades funcionais, e entre outras funções fundamentais (OLIVEIRA, 2016).

Sendo assim, na postura padrão, a coluna apresenta curvaturas normais e ossos dos membros inferiores ficam em alinhamento. Então, quando o componente estrutural é alterado, o corpo humano modifica-se para desempenhar tal situação da melhor forma possível, o que pode ocasionar um desvio postural (TIBÚRCIO LIMA, Giselle et al, 2020).

2.2. CAUSAS QUE GERAM DESVIOS POSTURAIS.

Segundo SILVA, 2016, os desvios posturais são alterações na coluna que provocam acentuação das curvas dessa região. Dessa forma, essas anormalidades contribuem para que os discos intervertebrais fiquem comprimidos, aumentando a pressão nas vertebras, fazendo com que a pessoa sinta dores na coluna, e, conforme a gravidade, evolua para um quadro mais grave.

Durante o período estudantil são desenvolvidas muitas adaptações posturais, que, na maioria das vezes, são deletérias à qualidade de vida, tornando-se verdadeiros “vícios” de postura. E, com a evolução postural ao logo da vida, esses vícios não são corrigidos, resultando em adultos com desvios posturais graves, e, em grande parte das vezes, irreversíveis (TEIXEIRA e FERREIRA, 2019).

Porém, claramente, também é possível adquirir um desvio postural já na fase adulta, por diversos fatores. São eles: transporte ou elevação de cargas pesadas, posição laboral inadequada, uso de bolsas ou mochilas de forma incorreta e entre outros (FERREIRA e TEIXEIRA, 2019). Neste sentido, os hábitos pouco saudáveis como o estilo de vida pouco ativo e atividades repetitivas parecem disseminadas nas mais diversas comunidades. O que contribui na elevação do peso corporal e alterações na postura (SILVA et al., 2011).

Nesse cenário, o reflexo de uma postura incorreta ocasiona desvios que afetam as articulações como braços, joelhos, ombros pés e quadris. Isso é consequência da falta de equilíbrio postural, onde o corpo tenta, de alguma forma, suprir as suas funções, podendo enrijecer e encurtar músculos (LIMA, 2020).

Diante do exposto, é possível classificar os desvios posturais em: escoliose, que implica em uma curvatura lateral da coluna vertebral no meio ou nos lados; hipercifose, que é caracterizada pelo aumento anormal da concavidade da curva torácica, conhecida como “corcunda”; e hiperlordose, que é a acentuação da curvatura lombar. No que diz respeito ao diagnóstico, pode ser feito tanto pelo médico quanto pelo fisioterapeuta, através de uma avaliação postural, aplicando testes ortopédicos específicos, como o Teste de Schober, o Teste de Adams e o Teste de Cifose, ou através de softwares de análise corporal, como o APPID (avaliação postural a partir de imagens digitais) por exemplo (FURLANETTO et al., 2011).

2.3. RELAÇÃO ENTRE DOR E CARREGAMENTO DE PESO

Estima-se que a lombalgia é uma condição que pode atingir até 65% das pessoas anualmente e até 84% das pessoas em algum momento da vida, representando um percentual de 11,9% da população mundial, o que, consequentemente, gera uma grande demanda para o sistema de saúde. Porém, esses dados são subestimados uma vez que menos de 60% dessas pessoas acometidas procuram tratamento (NASCIMENTO, 2015).

No que diz respeito às causas, alguns autores (MARRAS e SCHEIDER) relacionam a presença da dor lombar a um conjunto de causas, como por exemplo, fatores sociodemográficos (idade, sexo, renda e escolaridade), estado de saúde, estilo de vida ou comportamento (tabagismo, alimentação e sedentarismo) e ocupação (trabalho físico pesado, movimentos repetitivos). Com base nesses fatores, o Ministério do Trabalho institui Normas Regulamentadoras (NR) para regimentar as ocupações que exigem esforço físico e movimentos repetitivos, com a finalidade de evitar lesões e desconfortos. Sendo assim, a NR 11 discorre as maneiras certas de movimentação, armazenagem e manuseio de cargas pesadas, bem como o limite de peso aceitável para homens e mulheres em diferentes faixas etárias. Porém, é fato que a maioria das pessoas que praticam atividades informais não tem acesso à esse tipo de informação, aumentando ainda mais o número de incidência de dores, por exemplo.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa foi realizada em julho de 2023, na cidade de Santarém- PA, no Sindicato dos Estivadores de Santarém, com estivadores voluntários com idades entre 31 e 60 anos. No contato inicial, foi explicado como ocorreria a pesquisa, incluindo os testes que seriam aplicados e quais os objetivos, e em seguida foi feita a avaliação. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), com o parecer 6.042.394 e C.A.A.E. n° 68041323.7.0000.0171.

A pesquisa contou com 31 voluntários, dos quais 29 foram incluídos de acordo com os seguintes critérios: sexo masculino, idade entre 30 e 60 anos, e estar disposto à participar do estudo. Após isso, os colaboradores passaram por uma avaliação, que durou em média de 15 a 30 minutos, uma única vez.

Os dados foram armazenados em uma ficha que foi criada pelos autores, contendo itens como: idade; história da doença atual (se há presença de dores, local em que costuma dormir, e se costuma carregar peso); história da doença pregressa (identificação de fraturas, tratamentos, cirurgias ortopédicas anteriores, e presença de histórico familiar de problemas relacionados à coluna); inspeção e palpação do local analisado; identificação do quadro álgico (quantificação através da escala EVA de dor); avaliação postural em todas as vistas anatômicas; e aplicação de testes ortopédicos específicos (Schober, Adams e teste de cifose).

Para dar início a pesquisa, os colaboradores foram levados para uma sala reservada, onde a avaliação foi feita. Antes do início da avaliação, durante e após o término foi explicado todo o processo, sempre esclarecendo quaisquer dúvidas, e informando previamente quando foi necessário despir-se ou ter contato físico.

Inicialmente, o voluntário foi submetido à um exame físico de inspeção, onde foi observado se havia alguma alteração no local a ser avaliado (feridas, cicatrizes, cortes, irritações de pele, ou qualquer outro tipo de anormalidade), e logo após isso foi feita a palpação, com o intuito de verificar se havia inchaços, alterações ósseas ou qualquer outro tipo de deformações palpáveis. Em seguida, na avaliação postural, o colaborador ficou sem camisa em pé em frente ao banner, e nessa fase ele foi avaliado nas quatro posições (de frente, de costas e dos dois lados), com a finalidade de observar a existência de desvios posturais (desvios a esquerda ou à direita, pescoço, quadril e ombros desalinhados, presença de gibosidades, e assim por diante).

Ao final, foram aplicados três testes ortopédicos da seguinte maneira: o teste de Schober foi realizado através de uma pequena marcação (com uma caneta ou com um papel adesivo) de dez centímetros da crista ilíaca (osso do quadril) em direção à cabeça, e em seguida foi solicitado que o avaliado tentasse tocar o chão sem dobrar os joelhos, e foi feita uma nova medição entre os pontos, e o teste seria positivo para mobilidade limitada se a distância desse menor que 15 centímetros; o teste de Adams foi feito com o voluntário de costas para o examinador, e foi solicitado que o mesmo tentasse tocar o chão sem dobrar os joelhos, e nessa posição foi observado qualquer tipo de assimetria a nível de tórax, e o resultado seria positivo para escoliose se houvesse desigualdades entre os dois lados da costa; e o teste de cifose estrutural e retificada foi feito de duas formas: a primeira foi feito o teste de Adams e se durante o teste a cifose permanecesse (protuberância na parte de cima da coluna) ela seria classificada como retificada, e a segunda forma é colocando o voluntário deitado em uma maca com a barriga para baixo, solicitando que ele tente descolar o peito da maca, e se a cifose permanecer, ela seria classificada como estrutural.

Depois disso, com os testes feitos, foi dado o diagnóstico postural, onde foi explicado ao avaliado se o mesmo possuía ou não algum tipo de desvio postural. Vale ressaltar que a coleta dos dados foi realizada com o máximo de clareza das informações que foram coletas, buscando proporcionar maior veracidade a pesquisa.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES:

Durante a avaliação, os entrevistados foram questionados a respeito do nível de dor, em Escala Visual Analógica (EVA), que sentiam durante a atividade laboral, e foi observado que 31% relatam EVA maior que 5, e 69%referem EVA menor que 5, conforme a Tabela 1, logo abaixo. Isso ocorre pelo fato que, de acordo com estudos de Pastre et al., 2007, o estresse imposto pelas longas jornadas de trabalho, geralmente em más posturas e mobílias inadequadas, somados à movimentos repetitivos, em algumas profissões, resultam em alta prevalência de lombalgia e problemas posturais em trabalhadores.

Tabela 1 – EVA

Escala de dorN%
MENOR QUE 52069
MAIOR QUE 5931

Fonte: Protocolo de pesquisa.

Na tabela 2 descrita abaixo, é possível observar uma relação entre a EVA e o local em que costuma dormir, evidenciando que 100% das pessoas que dormem em rede referem EVA menor que 5 em região da coluna, enquanto que 40,9% das pessoas que dormem em cama relatam EVA maior que 5. Em paralelo a isso, segundo Duton 2006, é possível perceber que quando adotado uma posição que flexione o pescoço durante o sono (posição dorsal ou fetal sobre um travesseiro alto), além de impedir o descanso das cadeias musculares envolvidas, ocorre uma sobrecarga muscular durante o sono e provocando uma inclinação permanente da cabeça para frente, produzindo assim dor miofascial referida no pescoço ou na coluna cervical. Em contraponto, como normalmente não se usa travesseiros em rede, essa sobrecarga acaba sendo diminuída.

Tabela 2 – Comparação de dor com o local que costuma dormir

Local que costuma dormirMenor que 5Maior que 5Valor de p
CAMA13 (59,1%)9 (40,9%)0,42
REDE7 (100%)0 (0%)

Fonte: protocolo de pesquisa.

Além disso, apesar de 34,5% dos avaliados informarem que costumam carregar peso no dia a dia, e 51,7% mencionarem que exercem, predominantemente, a atividade laboral na posição sentada, não foi possível achar uma correlação entre esses dados e a incidência de dor ou desvios posturais. Em contraponto, o estudo de Schneider et al. (2006), descreve que a descarga de peso e o trabalho manual foram associados a um risco significativamente maior de queixa de dores na coluna entre trabalhadores em diferentes funções. Isso, se deve ao fato de que o manejo de cargas durante a atividade laboral pode apresentar riscos ao sistema musculoesquelético quando exceder os limites individuais, que segundo a Norma Regulamentadora n° 17 das Leis Trabalhistas, são de até 60kg para homens e 25kg para mulheres.

Paralelo a isso, foi realizada a análise postural dos voluntários, no qual foi observado, conforme a tabela 3, que a anormalidade mais incidente, à vista lateral, foi o aumento da lordose torácico lombar, com 82,8% dos avaliados, enquanto que 41,4% manifestam aumento da cifose torácica, e 44,8% aumento da lordose da coluna cervical. Ademais, foi constatado que, à vista posterior, 41,4% apresentaram convexidade direita/esquerda em coluna torácica, 31% convexidade direita/ esquerda em coluna lombar, e apenas 24,1% com convexidade direita/esquerda em coluna cervical. E, no que diz respeito à vista anterior, grande parte (51,7%) apresentou alinhamento normal das espinhas ilíacas ântero-superiores (EIAS), 55,2% com tronco alinhado, e 62,1% com a cabeça alinhada. Esses dados reforçam os achados por Graup (2008), através da análise postural de alunos do ensino médio de uma instituição, onde 53,8% da amostra apresentou desvios posturais, desses 90,9% manifestou retificação com diminuição da mobilidade torácica e lombar, e alunos no sexo masculino apresentaram prevalência maior do que alunas do sexo feminino.

Tabela 3 – Análise descritiva da Avaliação postural



N%
Vista Lateral – Coluna Lombar

AUMENTO DA LORDOSE TORÁCICO LOMBAR2482,8
CURVATURA NORMAL517,2




Vista Lateral – Coluna Torácica

AUMENTO DA CIFOSE1241,4
CURVATURA NORMAL1655,2
RETIFICAÇÃO DA CIFOSE13,4




Vista Lateral – Coluna Cervical

AUMENTO DA LORDOSE1344,8
CURVATURA NORMAL1551,7
RETIFICAÇÃO DA LORDOSE13,4




Vista Posterior – Coluna Lombar

ALINHADA2069,0
CONVEXIDADE DIREITA E ESQUERDA931,0




Vista Posterior – Coluna Torácica

ALINHADA1758,6
CONVEXIDADE DIREITA/ESQUERDA1241,4




Vista Posterior – Coluna Cervical

ALINHADA2275,9
CONVEXIDADE DIREITA/ESQUERDA724,1




Vista Anterior – EIAS

ALINHADA1551,7
DESALINHADAS1448,3




Vista Anterior – Altura das cristas ilíacas

ALINHADAS1448,3
DESALINHADAS1551,7




Vista Anterior – Alinhamento do tronco

ALINHADO1655,2
INCLINAÇÃO LATERAL517,2
ROTAÇÃO DA CINTURA ESCAPULAR13,4
ROTAÇÃO DA CINTURA ESCAPULAR E PÉLVICA26,9
ROTAÇÃO DA CITURA PÉLVICA13,4
ROTAÇÃO DE CINTURA ESCAPULAR13,4
ROTAÇÃO DE CINTURA ESCAPULAR E PÉLVICA310,3




Vista Anterior – Cabeça

ALINHADA1862,1
INCLINAÇÃO LATERAL1137,9

Fonte: protocolo de pesquisa.

Diante disso, foram aplicados três testes ortopédicos com a finalidade de diagnosticar (quando necessário) os desvios posturais encontrados. Sendo assim, conforme a tabela 4, 31% dos avaliados apresentam uma diminuição da mobilidade de coluna torácica, evidenciado pelo Teste de Schober. Essa patologia implica em alterações na estrutura óssea, onde os segmentos saem da linha média do corpo, adotando uma conformação tortuosa, que, consequentemente, modifica o centro de gravidade do corpo e diminui a mobilidade articular (Bienfait, 1995; Knoplich, 2003). Também foi constatado que, 82,8% tiveram o Teste de Adams positivo, indicando a presença de escoliose. Isso pode ser explicado pelo fato de que, quando um peso externo assimétrico é carregado ao lado do corpo, ocorre compensações afim de equilibrar a carga, ocasionando em desalinhamento de ombros e desvio lateral da coluna, que a longo prazo pode resultar em uma escoliose (NEGRINI e NEGRINI, 2006).E, 58,6% manifestaram cifose, revelada pelo teste de cifose. Esse desvio, de acordo com a pesquisa de Másculo (2011), é uma curvatura anterior da coluna vertebral no nível cervical, e costuma ser causada por demandas visuais durante atividades de trabalho, que, em conjunto com a má postura, podem ser intensificados por longos períodos na posição sentada.

Tabela 4 – Análise descritiva dos Testes ortopédicos



N%
Teste de Schober

NEGATIVO2069,0
POSITIVO931,0




Teste de Adams

NEGATIVO517,2
POSITIVO2482,8




Teste de cifose estrutural x retificada




NEGATIVO1241,4
POSITIVO1758,6

Fonte: Protocolo de pesquisa.

Os dados dessa pesquisa foram submetidos à análise através de estatística descritiva, apresentando valores em variáveis categóricas que estão representadas em frequência e porcentagem, e variáveis numéricas em média e desvio padrão, com indicação de valor mínimo e máximo. E tais análises foram realizadas através do software GraphPad Prism versão 9.0, e foi considerado um valor de p<0,05 para diferenças estatisticamente significativas (intervalo de confiança de 95%).

5. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos dados expostos, não possível correlacionar a incidência de desvios posturais com a profissão, pois para tal afirmativa é necessária uma análise ergométrica avançada no ambiente de trabalho dos voluntários, a fim de que sejam observadas, minuciosamente, as posturas durante a atividade laboral, e relacionar aos achados dessa pesquisa. No entanto, é plausível afirmar que os estivadores estão suscetíveis à presença de desvios posturais, que podem ser ou não causados pelos hábitos diários e pela atividade de trabalho. Em suma, novos estudos se fazem necessários com o intuito de aprimorar e dar maior ênfase aos resultados obtidos.

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1 Discentes do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES) e-mail: ana.nascimento@aluno.iespes.edu.br, anacamila.c.n@icloud.com

2 Docente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES). Mestre em Ensino em Saúde na Amazônia (UEPA-PA). e-mail: jcmnj@hotmail.com