REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102502051161
Jaqueline Fagundes Pereira Galvão
Orientador. Prof (a): Ana Carolina Galvão
RESUMO
A nutrição tem ampliado em seus aspectos clínicos e tido avanços em estudos que o fundamenta como um tratamento alternativo/complementar nutricional em pacientes com transtorno mental depressivo. A especificação dos nutrientes que favorecem uma melhor qualidade no âmbito da doença e/ou manutenção da melhora do quadro depressivo alarga o leque de possibilidades junto com uma equipe multidisciplinar de prevenir, como amenizar os sintomas desta doença multifatorial. A pesquisa tem cunho bibliográfico com bases impressas e eletrônicas e espera-se identificar os principais nutrientes, a relevância para o tratamento e a melhora da microbiota intestinal neste processo.
Palavras-Chave: 1.Depressão 2. Nutrição 3. Nutrientes
RESUMO
Nutrition has expanded in its clinical aspects and has made advances in studies that support it as an alternative / complementary nutritional treatment in patients with depressive mental disorder. The specification of the nutrients that favor a better quality in the context of the disease and / or maintenance of the improvement of the depressive condition widens the range of possibilities together with a multidisciplinary team to prevent, how to alleviate the symptoms of this multifactorial disease. The research has a bibliographic nature with printed and electronic bases and it is expected to identify the main nutrients, the relevance for the treatment and the improvement of the intestinal microbiota in this process.
Key words:1.Depression 2. Nutrition 3.Nutrients
INTRODUÇÃO
A nutrição é considerada o estudo dos alimentos e suas composições nutricionais e desbrava hoje em um reconhecimento muito maior que tempos passados. Os alimentos não tem apenas sua funcionalidade ou importância em manter padrões de beleza ou fortalecer o sistema imunológico. Seus inúmeros nutrientes, têm sido estudados ao nível de sua funcionalidade no composto bioquímico, neuroquímico e fisiopatológico, demonstrando em pesquisas o seu poder de regeneração e manutenção da saúde, diminuindo estados de internações, adoecimento e promovendo o bem estar. Além de ser algo representativamente social e de fundo emocional, o alimento além de socializar e nutrir, tem tratado inúmeras complicações de saúde.
Hoje tão bem debatido em pesquisas, a inflamação do trato gastrointestinal se tornou o fator de grande relevância a qual demonstra um desequilíbrio de todo processo de manutenção da saúde.
A depressão é considerada como um transtorno mental que traz grande incapacidade e tem sido mais evidente atualmente sua manifestação devido ao maior percentual de diagnósticos, notificações e desmistificações das doenças emocionais. Hoje, esta patologia se enquadra de forma mais evidente que no passado, como uma manifestação de alteração bioquímica de interligação do eixo intestino-cérebro.
O poder do alimento na saúde tem se tornado um fator importante no tratamento das doenças psiquiátricas. Estudos demonstram que os nutrientes influenciam nos circuitos neuronais e principalmente neurotransmissores como a serotonina a qual possui sua maior produção no intestino e por isso a influência dos nutrientes ingeridos e a qualidade alimentar é hoje comprovada em pesquisas os seus efeitos na melhora dos sintomas depressivos, fortalecendo mais uma área de atuação da nutrição, a saúde mental, chamada hoje de psiquiatria nutricional.
1 PROBLEMA DA PESQUISA
Qual importância têm os nutrientes no tratamento do transtorno emocional depressivo?
1. 1 OBJETIVOS
1.1.2 GERAL:
– Esclarecer a importância dos nutrientes no tratamento da depressão.
1.1.3 – ESPECÍFICOS:
-Compreender o papel dos nutrientes no aspecto de saúde e doença;
-Identificar os nutrientes específicos para o tratamento da depressão;
-Destacar a influência da inflamação no quadro depressivo;
-Destacar a influência do alimento nas vias metabólicas que ajudam na melhora do quadro depressivo;
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1- A ATUAL VISÃO DA DEPRESSÃO
A depressão é considerada uma doença multifatorial e isso generaliza as questões que envolvem todo este mal, porém a alimentação tem demonstrado grande influência na modulação do estado de humor e de estresse.
Os quadros de ansiedade e depressão são afetados por diversos fatores genéticos, hormonais, imunológicos, bioquímicos e neurodegenerativos. Esses fatores são modulados por nutrientes obtidos dos alimentos que afetam a taxa de prevalência dessas enfermidades. Diversos estudos já mostraram que a qualidade da dieta está diretamente relacionada com transtornos clínicos de humor e ansiedade. (YOGI; LOMEU; SILVA 2018).
A depressão tem afetado diversas pessoas independente de idade e classe social. Os grandes problemas desta doença é a incapacidade a qual ela produz, o tratamento que é de difícil adesão e o número de óbitos por suicídio.
No DSM-V traz uma definição clara da sintomatologia da depressão:
A característica essencial de um episódio depressivo maior é um período de pelo menos duas semanas durante as quais há um humor depressivo ou perda de interesse ou prazer em quase todas as atividades. Em crianças e adolescentes, o humor pode ser irritável em vez de triste. O indivíduo também deve experimentar pelo menos quatro sintomas adicionais, extraídos de uma lista que inclui mudanças no apetite ou peso, no sono e na atividade psico-motora; diminuição de energia; sentimentos de desvalia ou culpa; dificuldade para pensar, concentrar-se ou tomar decisões; ou pensamentos recorrentes de morte ou ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio. (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2020, pg 162-163)
Alguns indivíduos deprimidos podem ter alterações no apetite, uns precisam se esforçar para alimentar, enquanto outros comem intensamente alimentos mais específicos como doces e carboidratos, podendo haver perda ou ganho de peso. Este quadro afeta grandemente a sua saúde.
Para Organização Mundial de Saúde – OMS (2020):
“A depressão é um transtorno mental comum que afeta mais de 264 milhões de pessoas em todo o mundo. É caracterizada por tristeza persistente e falta de interesse ou prazer em atividades anteriormente gratificantes ou agradáveis.”
A prevalência da depressão foi avaliada por uma pesquisa entre pessoas hospitalizadas na Etiópia com quadro de insuficiência cardíaca, onde os pacientes depressivos apresentavam comportamento de autocuidado insatisfatório. Eram do sexo feminino, tinham baixo suporte social, tinham histórico atual de tabagismo e tempo de insuficiência cardíaca crônica superior a 1 ano. Observaram-se correlações negativas entre depressão, percepção do estado de saúde, e comportamento promotor da saúde, como alimentação (YAZEW et al., 2019).
Conforme os autores, eles relacionam os sintomas depressivos ao microbioma intestinal:
[…] As pesquisas na última década estão começando a adotar uma abordagem mais holística para compreender a etiologia e o tratamento da depressão, integrando vários sistemas do corpo em conceituações de corpo inteiro dessa aflição de saúde mental. As evidências apoiam a hipótese de que o microbioma intestinal, ou os trilhões coletivos de micróbios que habitam o trato gastrointestinal, é um fator importante que determina tanto o risco de desenvolvimento de depressão quanto a persistência dos sintomas depressivos.(FLUX; LOWRY ,2020)
A microbiota intestinal vem se destacando devido a inúmeros estudos, demonstrando a sua influência a nível neuronal a qual conhecemos como eixo- intestino-cérebro. Isso potencializou a ideia de que as doenças de cunho emocional, vem de um transtorno neuronal, devido aos desequilíbrios bioquímicos a qual o intestino tem uma grande importante influência. Conforme isto, um estudo constatou uma diminuição na abundância relativa de bactérias pertencentes ao filo Firmicutes quando comparadas às não recidivantes. Embora o estudo não tenha medido a depressão, os níveis diminuídos de Firmicutes no intestino, foram associados à depressão, isso estima-se que 25,8% dos indivíduos com doença inflamatória intestinal (DII) tenham sofrido de depressão no ano anterior (FLUX; LOWRY ,2020).
Importante notar a influência da microbiota intestinal no cérebro no que diz respeito aos sintomas depressivos devido às alterações do metabolismo do triptofano e das moléculas neuroativas e isso envolve os sistemas imunológico, endócrino e nervoso central.
A nutrição tem se tornado um tratamento alternativo ou complementar nestes casos de doenças de transtornos mentais como a depressão e a ansiedade. O tratamento nutricional deveria integrar a terapia de todos os pacientes deprimidos, pois, além de ser livre de efeitos colaterais, também propicia uma melhora global na saúde do indivíduo. Deficiências de ácidos graxos ômega-3, vitaminas do complexo B, minerais e aminoácidos precursores de neurotransmissores são as carências nutricionais mais comumente observadas em pacientes depressivos (SEZINI; GIL, 2014).
A alimentação fortaleceu seu espaço na saúde mental devido a estudos que afirmam que a dieta mediterrânea tem sido uma das grandes aliadas para tratamento em pacientes depressivos. A importância da gordura em todo processo de síntese, estabelece benefícios neste quadro, entre estes o ômega 3, assim contendo o ácido docosahexaenóico (DHA) e o ácido eicosapentaenóico (EPA), sendo estes os ácidos graxos poliinsaturados n-3 de cadeia longa (LC) (n-3 PUFAs), referidos como n- 3 LCPUFA.
Van et al. (2021), diz: “Os resultados desta meta-análise apoiam a conclusão de que n-3 LCPUFA com EPA ≥ 60% em uma dosagem de ≤ 1 g/dia pode ter efeitos benéficos na depressão.”
A relação dos nutrientes e os seu efeitos na saúde mental, o correlaciona a um tratamento de acompanhamento multiprofissional, onde os estudos comprovam o poder dos nutrientes na melhora clínica do paciente em estado depressivo e melhora da flora do trato gastrointestinal que ao receberem os fármacos, estes respondem da melhor forma com os resultados esperados.
A alimentação personalizada e individualizada de efeito protetor, antioxidante e antiinflamatório poderá trazer benefícios sobre o humor deprimido.
Conforme Sarris (2015), ele relata que houve um crescimento de pesquisas da qualidade nutricional e saúde mental, do efeito protetor das dietas saudáveis sobre o humor deprimido, crescendo as pesquisas da nutrição relacionada a psiquiatria a qual conhecemos como psiquiatria nutricional. Este tema levanta os desafios da psiquiatria e a evidências nutracêuticas relacionadas a saúde mental, entre eles ômega-3, vitaminas B (como o folato e B12), zinco, ferro, colina, magnésio, vitamina D, aminoácidos e S-adenosil metionina, sendo ideal fazerem parte da alimentação diária e por prescrição adicional quando necessária.
2.2-A INFLUÊNCIA DO PADRÃO ALIMENTAR NA DEPRESSÃO
A psiquiatria nutricional, área que correlaciona os transtornos mentais, as alterações metabólicas e nutricionais e entre elas os transtornos depressivos, têm ganhado grande destaque nestes últimos anos devido a influência a qual os nutracêuticos atuam para com a saúde mental.
Jacka (2017) refere sobre psiquiatria nutricional: “O campo nascente da ‘Psiquiatria Nutricional’ oferece muitas promessas para lidar com a grande carga de doenças associada aos transtornos mentais.”
Estudos sobre a ação nutracêutica e psicobióticas dos alimentos tem sido intensa devido a correlação do aumento dos números de casos de doenças mentais e os padrões alimentares presentes nestes pacientes.
A qualidade das dietas têm influência nos transtornos mentais e uma das observações de evidências é devido uma das vias biológicas como o eixo microbioma-intestino-cérebro:
Uma base de evidências consistente da literatura observacional confirma que a qualidade das dietas dos indivíduos está relacionada ao risco de transtornos mentais comuns, como depressão. […] novos estudos se concentraram em compreender as vias biológicas que medeiam as relações observadas entre a dieta, nutrição e saúde mental estão apontando para o sistema imunológico, biologia oxidativa, plasticidade cerebral e o eixo microbioma-intestino-cérebro como alvos principais para intervenções nutricionais. (JACKA, 2017).
O quadro depressivo tem destacado um padrão dietético de ingestão inadequada, pouco consumo de frutas e verduras, fibras e uma grande ingestão de alimentos processados e ultraprocessados, onde as vitaminas do complexo B, Vitamina D e E e proteínas são minimamente encontrado nos seus hábitos alimentares.
O estilo de vida e particularmente a nutrição, parecem ser passíveis para influenciar o desenvolvimento e o curso da morbidade depressiva. Diferentes nutrientes ou diferentes padrões dietéticos podem influenciar o agravo para os sintomas depressivos, porém ainda não são explorados na insuficiência cardíaca. (MARX et al., 2017; JACKA et al., 2017; OTHMAN et al., 2018).
Os aspectos nutricionais são tão importantes na saúde mental que têm inspirado pesquisadores para investigação aprofundada do consumo alimentar com os inquéritos alimentares padronizados. A avaliação do consumo alimentar tem sido realizada com o objetivo de investigar possíveis relações entre alimentos e nutrientes da dieta, fornecer informações em diversas áreas das ciências da saúde e desta forma os resultados obtidos são utilizados como base para pesquisas epidemiológicas, recomendações nutricionais e políticas de saúde pública.
Em um estudo de revisão sistemática por Ljungberg et al. (2020), ele destaca a importância dos hábitos alimentares aos sintomas depressivos e enumera 5 categorias:
Adesão às recomendações dietéticas como do padrão ocidental, inatividade e o risco de depressão; Dieta pró-inflamatória e depressão, na qual os alimentos processados, o tabaco, ser sobrepeso e a obesidade possuem uma forte associação com a depressão; Baixa ingestão dietética de ácido fólico, magnésio e ácidos graxos estão associados à depressão; As opções dietéticas e o risco de depressão, demonstrou que o índice de sintomas depressivos foi notado em dietas restritivas e mostrou que foi mais prevalente para os veganos e menor entre onívoros. Mulheres que comeram peixe duas vezes na semana ou mais, tiveram risco 25% menor. Já o índice glicemico foi associado a maior risco para depressão em mulheres na pós-menopausa e uma maior ingestão de açúcar foi relacionado a um risco significamente aumentado, porém o alto consumo de frutas, vegetais e fibras, foi associado a um redução significativa do risco de depressão;
Conforme o fascículo 1 do Guia Alimentar, define os marcadores da alimentação saudável e não saudável:
Os marcadores de alimentação saudável são representados pelo consumo de frutas, legumes, verduras e feijão (alimentos in natura ou minimamente processados consumidos per si ou em preparações culinárias). Já os marcadores de alimentação não-saudável são representados pelo consumo de embutidos, bebidas adoçadas, macarrão instantâneo e/ou biscoitos salgados, bem como o consumo de doces, guloseimas e biscoitos recheados (todos alimentos ultraprocessados).Outra informação importante refere-se ao hábito de realizar as refeições assistindo à televisão, um marcador de modo de comer inadequado, relacionado tanto à qualidade quanto à quantidade.(BRASIL, 2021, p.11-12).
O hábito alimentar do brasileiro ressalta o aumento de sobrepeso e obesidade devido a ingestão de alimentos altamente ultraprocessados, porém isso tem acarretado grandes complicações em saúde devido às dislipidemias e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Estas doenças são decorrentes de uma inflamação crônica do trato gastrointestinal, a qual potencializará qualquer outra patologia instalada , entre elas a cronicidade da depressão, como maiores complicações das DCNT.
Conforme DSM-V, fala da associação das doenças crônicas não transmissíveis com a depressão:
Doenças prevalentes como diabetes, obesidade mórbida e doença cardiovascular são frequentemente complicadas por episódios depressivos, e esses episódios têm mais probabilidade de se tornarem crônicos do que os episódios depressivos em indivíduos saudáveis ( AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p. 166).
A ligação causal entre dieta e depressão, mostrou que a adesão a dieta mediterrânea significativa, traz benefícios à saúde mental em adultos com depressão, porém o que favorece o sucesso da manutenção da dieta é o apoio e o acompanhamento profissional. O tratamento a pacientes com estado depressivo precisa ser realizado com uma rede de apoio multidisciplinar, entre eles o psiquiatra, psicoterapeuta, nutricionista e educador físico.
A nutrição ganhou espaço na saúde mental devido aos nutracêuticos presentes principalmente em alimentos in natura e minimamente processados.
Em um estudo foi investigado o perfil dietético (macro e micronutrientes) associado com a depressão na população ambulatorial com pacientes com insuficiência cardíaca. Dentre estes pacientes, os que estavam deprimidos, apresentaram elevado percentual de sobrepeso e obesidade, padrão alimentar inadequado, como: baixo consumo de alimentos “in natura”, fibras, alto consumo de alimentos processados e ultraprocessados (GUERRA, 2018).
Em suas pesquisas Gibson-Smith et al. (2020), comenta que a adesão à dieta mediterrânea tem sido associada a menos sintomas depressivos, mas não se sabe se isso é atribuído a alguns ou a todos os componentes. O maior consumo de grãos não refinados e vegetais foi associado a menor gravidade de depressão e ansiedade, enquanto não beber foi associado a maior gravidade dos sintomas. O maior consumo de frutas e vegetais foi associado a menor severidade do medo. O consumo de grãos não refinados foi associado a menores chances e sendo um não bebedor com maiores chances de transtornos de depressão / ansiedade atuais em comparação com controles saudáveis, e essas associações persistiram após o ajuste para outros grupos de alimentos.
Houve uma grande transição nos hábitos alimentares na sociedade contemporânea, hábitos esses de uma grande prevalência do consumo dos alimentos ultraprocessados. A industrialização, promoveu formas de incluir aditivos químicos, gordura saturada, sal e açúcar. Isso aumentou o aporte calórico, porém são pobres em fibras e vitaminas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). Já o consumo exacerbado dos alimentos ultraprocessados se tem por serem grandemente palatáveis (MONTEIRO et al., 2013). Estes alimentos têm promovido um aumento nas manifestações de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), entre elas a obesidade, as doenças cardiovasculares e a diabetes mellitus tipo 1 e 2 (RAUBER et al., 2018).
Os alimentos definidos como ultraprocessados são hipercalóricos, hiperpalatáveis, ricos em gorduras saturadas e transgênicas, carboidratos refinados, açúcares e sal,baixo em fibras, micronutrientes e além de tudo isso, pobres em proteínas. Há uma associação positiva entre o alto consumo de alimentos ultraprocessados e risco de depressão. Isto foi visto em uma coorte prospectiva a qual acompanhou universitários espanhóis durante 10 anos (GÓMEZ-DONOSO et al., 2020).
A associação dos ultraprocessados com a saúde mental, foi motivo de pesquisas devido a grande incidência de ambos no século XXI. A transição alimentar desde a reforma industrial, o capitalismo e até os dias de hoje favoreceu mudanças em diversas áreas principalmente no aspecto dos padrões alimentares.
Conforme estudos na área da nutrição e saúde mental, estes sugerem que os alimentos ultraprocessados, possuem uma positiva associação com a depressão e no aumento dos seus sintomas (ELIZABETH et al., 2020; ZHENG et al., 2020).
A inserção do padrão alimentar ocidental como hábito alimentar rico em grãos refinados, industrializados e açúcares, encontra-se em todas as classes sociais, assim como a depressão.
O aumento do risco de desenvolver doenças mentais, como a depressão, foi reforçado pelo alto consumo de alimentos hipercalóricos, baixo em vitaminas e fibras e com gordura saturada sendo relacionado ao padrão alimentar ocidental (LI et al., 2017).
Em uma pesquisa foram estudadas 750 meninas iranianas adolescentes em uma avaliação dos padrões alimentares com base em três padrões dietéticos, sendo eles: saudável – a qual tem alta ingestão de legumes, vegetais, ovos, peixes, iogurtes, vegetais crucíferos e de folhas verdes, alho, tomates, azeitonas, frutas, maionese, laticínios com baixo e alto teor de gordura. O padrão tradicional com ingestão de batatas, lanches, óleo vegetal, gorduras hidrogenadas, refrigerantes, açúcar, doces e sobremesas, chá, sal e especiarias. O padrão ocidental – com alta ingestão de grão refinados, salgadinhos, peixes, aves, carnes orgânicas, carnes vermelhas, pizza, sucos de frutas, sucos industriais e compota, nozes, maionese, refrigerantes, doces, sobremesas, salmoura e café. Neste estudo foi percebido que 50% tinham transtornos mentais, eram do sexo feminino e por estarem em um período de grandes mudanças no desenvolvimento do cérebro e biológico, ou seja, físico e emocional no início dos 14 anos tinham a exposição de inúmeros fatores estressores a qual potencializava estes agravamentos. Já 29,1% dos casos diagnosticou depressão. Ainda este estudo demonstrou que a menor probabilidade de sintomas depressivos está num padrão alimentar saudável com um consumo adequado de frutas, vegetais, laticínios e peixes. Foi possível a identificação da deficiência de nutrientes como ácidos graxos ômega 3, ácidos graxos monoinsaturados, zinco e folato a uma associação de risco de depressão. Nos padrões alimentares tradicionais e ocidental, houve a identificação da associação do risco de depressão, já no padrão alimentar saudável, a probabilidade foi menor de 37% de ter sintomas depressivos ou depressão (KHAYYATZADEH et al., 2019).
O estilo de vida modificou ao longo dos anos e o imediatismo tomou conta da rotina diária. Conforme a aceleração das atividades e da economia capitalista, os alimentos passaram a conter mais aditivos e conservantes a fim de preservarem por mais tempo em bom estado sem a produção de microrganismos patológicos.
Em Ribeirão Preto – São Paulo, foi feito um estudo transversal com 784 gestantes adultas com uso do inquérito recordatório de 24h, questionário estruturado, avaliação do padrão alimentar e o percentual energético dos alimentos com o processamento industrial e o sentimento de depressão. Gestantes com maior percentual de energia dos alimentos processados, foram associados com sentimentos de depressão, já as gestantes de padrão alimentar saudável e tradicional, tiveram menor chance de sentimentos depressivos devido ter sua alimentação com percentual de energia em alimentos minimamente processados (BADANAI et al., 2019).
O início da pandemia em 2020 devido ao coronavírus, mais uma vez alterou a rotina e os hábitos e vida de toda população brasileira. O isolamento proporcionou mudanças comportamentais que afetaram a alimentação e a saúde. Isso denota a relação emocional ao comer.
Em maio de 2020 por um link de pesquisa por todo Brasil, com divulgação pela imprensa, foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), uma pesquisa comportamental durante a pandemia do COVID-19. Foi composta de 35.042 casos sem depressão, 6.881 com depressão, tendo no total 41.923 adultos. A incidência de comportamentos não saudáveis foi o maior achado da pesquisa nos adultos com e sem depressão. Os adultos com probabilidade alta na frequência do consumo de alimentos ultraprocessados, mesmo antes da pandemia, sofreram um aumento na ingestão de ultraprocessados na pandemia devido ao sofrimento psicológico. Estes foram os que apresentaram diagnóstico prévio de depressão. Foi demonstrado que a maior ingestão energética (açúcar e gordura), apresentava em pessoas depressivas comparado aos indivíduos saudáveis. Pelas análises identificou que pessoas com depressão tinham uma chance de 49% de uma elevada frequência a ingestão de alimentos ultraprocessados, comparado aos que não tinham depressão. Neste estudo a incidência de baixa frequência de consumo de frutas ou vegetais, inatividade física, alta frequência de TV não houveram diferenças entre as pessoas com depressão comparado com a população em geral (WERNECK et al., 2021).
Uma boa alimentação inclui frutas, verduras, legumes, uma boa fonte de gordura, proteínas de alta qualidade e carboidratos preferencialmente não refinados.
Segundo uma revisão sistemática por Glabska et al. (2020), os aspectos que contribuem positivamente na saúde mental dos adultos, protegendo dos sintomas depressivos, foi destacado o alto consumo de frutas e/ou vegetais, dentre eles as frutas vermelhas, cítricas e folhas verdes. Foi demonstrado os benefícios para a saúde mental na recomendação de no mínimo 5 porções de frutas e vegetais diários. De igual modo, pessoas que tem um estilo de vida mais saudável, consomem adequadamente frutas, verduras e legumes tendem a ausência de distúrbios psiquiátricos quando são comparadas aos que relatam sintomas depressivos, principalmente em mulheres (TRUDEL-FITZGERALD, 2016).
A mudança dos hábitos alimentares como a ingestão de 3 a 5 frutas e de 4 a 6 vegetais diários, tem mostrado através de pesquisas o efeito de minimizar os sintomas depressivos.
Em uma investigação na Austrália entre homens e mulheres com idade menor de 25 anos, foi levantada a relação da ingestão habitual de frutas e verduras e diversidade vegetal com os sintomas depressivos. Demonstrou que a ingestão habitual de frutas e verduras estava inversamente associada aos sintomas depressivos. Com ajustes na ingestão de frutas e verduras, tiveram uma chance de 20% menor de ter qualquer sintoma depressivo. Foram destacados os vegetais amarelos, laranjas, vermelhos e com folhas verdes, onde o consumo de 4 a 6 vegetais diferentes por dia teve uma probabilidade de 24 a 42% menor de sintomas depressivos.(RADAVELLI-BAGATINI et al, 2021)
2.3-NUTRIENTES E DEPRESSÃO
A importância dos nutrientes na qualidade de vida não apenas no quadro depressivo, por serem encontrados nos alimentos essas substâncias químicas, favorecem ao organismo a sobrevivência, o seu adequado funcionamento. O fator nutracêutico dos alimentos comprovam que a suplementação alimentar dos compostos bioativos como o ômega-3 por exemplo, pode ser utilizada como forma complementar de tratamentos em algumas doenças.
A relação protetora dos nutrientes na melhora dos sintomas depressivos, riscos cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2, neoplasias e obesidade têm levantado estudos frente ao estilo de vida dos países banhados pelo Mar Mediterrânico, onde o padrão alimentar influenciou na saúde dos seus habitantes e foi nomeado como Dieta do Mediterrâneo.
Conforme o autor:
A Dieta Mediterrânica (DM) é um estilo de vida característico dos países banhados pelo Mar Mediterrânico, tendo como atributos o elevado consumo de alimentos de origem vegetal (nomeadamente cereais pouco refinados, hortofrutícolas, leguminosas e frutos oleaginosos), consumo frequente de pescado, consumo reduzido de produtos açucarados, carnes processadas e carnes vermelhas, uso do azeite como principal fonte de gordura, água como bebida de eleição, preferência por produtos minimamente processados, confeções culinárias protetoras das características nutricionais dos alimentos e promoção da convivência com a família e amigos à hora da refeição. O possível efeito protetor da DM em algumas neoplasias, obesidade, doenças cardiovasculares e Diabetes Mellitus tipo 2 tem sido estudado, sendo este padrão alimentar também, em alguns estudos, por vezes associado a patologias neurológicas e sintomatologia depressiva (SENRA, 2017).
Estudos destacam que está inversamente associada à dieta do mediterrâneo à depressão. Um maior grau de ansiedade tem sido associado a uma alimentação de alto índice energético e maior tendência à depressão. As dietas de densidade de energia mais baixas, considerada mais saudáveis, estão associadas a menores sintomas depressivos. O maior consumo de vegetais, frutas, grãos não refinados, baixa ingesta de carne vermelha e óleos de peixe foram associados a uma menor incidência de depressão. Já a ingestão de fibras, está associada a uma depressão mais baixa. A dieta ocidental com alto consumo de açúcar e gordura, está associada a sintomas depressivos (GIBSON-SMITH et al., 2020).
Uma alimentação de qualidade com base em frutas e vegetais, têm demonstrado uma diminuição do índice de depressão, como também tem evidências de que alguns nutrientes como magnésio, zinco e antioxidantes como a vitamina C, E, vitamina D, ômega 3 e folato trazem associação aos baixos índices de depressão.
Segundo Sezini e Gil (2014, p.40): “As deficiências de ácido graxo ômega- 3, vitaminas do complexo B, minerais e aminoácidos são as mais frequentemente vistas em pacientes com depressão.”
O termo padrão alimentar é levantado em pesquisas para diferenciar os hábitos alimentares seja decorrentes de um lugar, da cultura, de um grupo de pessoas. Estudos ainda expandem esta visão que a influência de um hábito alimentar pode também ser influenciados pelas condições emocionais a qual altera alguns hormônios peptídicos como a grelina, conhecida como “hormônio da fome” e leptina a qual controla o apetite, reduz a ingestão de alimentos e regula o gasto energético. Estes hormônios se relacionam grandemente com a obesidade a qual é proveniente de um padrão alimentar ocidental “não saudável” sendo possível aumentar os riscos para depressão.
Os autores deste estudo, trazem conclusões sobre a leptina, a grelina e a obesidade:
Os recentes achados, envolvendo a descoberta da leptina, produzida pelo adipócito, e da grelina (produzida pelo estômago), abrem novos campos de estudo para o controle da obesidade, principalmente nas áreas de nutrição e metabolismo. Portanto, o aprofundamento dos conhecimentos sobre esses peptídeos torna-se de grande relevância na manutenção e preservação da qualidade de vida da população, e poderá proporcionar novas abordagens terapêuticas no tratamento da obesidade (ROMERO; ZANESCO, 2006)
De acordo com Li et al. (2018) ele relata que os resultados da sua meta-análise sugerem que o padrão saudável pode diminuir o risco de depressão, enquanto o estilo ocidental pode aumentar o risco de depressão. Ainda comenta que uma alta ingestão de frutas, vegetais , grãos inteiros, azeite, peixe, laticínios com baixo teor de gordura e os alimentos animais de baixa ingestão são associados ao menor risco de depressão, porém o consumo aumentado de carne vermelha e processada, doces, laticínios com alto teor de gordura, batata e molho com alto teor de gordura e manteiga, com a baixa ingestão de frutas e vegetais estão associados ao risco de depressão. Isso configura que a qualidade alimentar, envolve o quadro nutricional adequado e necessário para saúde.
ÔMEGA 3
Conhecido como uma gordura saudável, uma gordura poliinsaturada que possui três tipos de ácidos graxos essenciais, o ácido alfa-linolênico -ALA, eicosapentaenoico – EPA e docosahexaenoico – DHA, o ômega-3 é encontrado em peixes de águas profundas como a sardinha, arenque, salmão, atum e também nas sementes de chia, de linhaça, nozes, nos vegetais de folhas verdes escuras como espinafre, brócolis, agrião, nas leguminosas como o feijão, grão de bico e óleos vegetais como azeite e canola. Mediante ao seu conteúdo lipídico cerebral a complementação alimentar é ideal para o bom funcionamento do cérebro, contribuindo para maior fluidez e atividade cerebral, entre elas temos o aumento da neurotransmissão da serotonina, um hormônio relacionado ao bom humor.
Mahan,Escott-Stump e Raymond (2013, p. 121) diz que: “As fontes do EPA longo e do ácido docosa-hexaenoico (DHA) e ácidos graxos ω-3 são essencialmente marinha, como óleo de fígado de bacalhau, cavala, salmão e sardinha.”
O mesmo autor ainda relata referente aos transtornos depressivos que estes pacientes podem aumentar ou diminuir o apetite e seu estado nutricional pode declinar. Ele ainda destaca que pacientes em estado depressivo podem responder melhor à ingestão aumentada de gorduras ω-3 a 1-3 g/dia.(MAHAN ;ESCOTT-STUMP;RAYMOND, 2013)
Um ensaio clínico randomizado com 152 pacientes com depressão, indicou a possível redução dos sintomas depressivos aliada a uma dieta mediterrânea suplementada com óleos de peixe (GIBSON-SMITH, 2020).
Estudos comprovam que normalmente as refeições diárias do brasileiro não conseguem suprir as necessidades do ômega-3 e por isso a necessidade de suplementação torna-se necessário em alguns casos como nas doenças cardiovasculares e transtornos depressivos, pois a alimentação diária ou mais frequente de peixes, não faz parte dos hábitos alimentares de muitos brasileiros.
Conforme Goel et al. (2018) em uma revisão de pesquisa foi constatado como fonte alimentar a eficácia do consumo de ômega 3 pela suplementação na proteção das doenças cardiovasculares. Já Jayedi e Shab-Bidar (2020) em uma meta-análise de estudos de coorte prospectivos verificaram que evidências de qualidade moderada mostraram que o acréscimo de 100g/dia no consumo de peixe atua como fator protetor para insuficiência cardíaca e depressão.
O ômega-3 atua como um neuroprotetor com seu conteúdo lipídico cerebral e a sua complementação alimentar torna-se ideal para o bom funcionamento do cérebro, contribuindo para maior fluidez e atividade cerebral, entre elas temos o aumento da neurotransmissão da serotonina, um hormônio relacionado ao bom humor.
Os autores relatam a importância do ômega-3:
Visto que o processo inflamatório exacerbado é capaz de afetar negativamente o SNC e as neurotransmissões, consumir alimentos fonte e/ou suplementos de ômega-3 e ômega-6 em quantidade e proporção adequadas pode ser um fator determinante no tratamento da depressão (SEZINI; GIL, 2014, pg.50).
VITAMINA D
A vitamina D é conhecida como uma vitamina lipossolúvel produzida no corpo pela exposição à luz solar, podendo ser obtida pelo consumo de alguns alimentos de origem animal, como peixes, gema de ovo , óleo de fígado de peixe, frutos do mar, leite e derivados. Como o consumo alimentar é insuficiente para suprir as necessidades fisiológicas necessárias, a exposição ao sol é recomendada e até a sua suplementação em casos de carência.
As fontes da vitamina D e sua dosagem é comentada pelos autores:
Vitamina D – leve fortificada, alimentos irradiados,um pouco na gordura do leite, fígado, gema do ovo, salmão, atum, sardinha. A luz do sol converte 7-de-hidrocolesterol para colecalciferol. Homens e Mulheres 600 UI/dia. Acima de 70 anos, 800 UI/dia (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013, p. 160).
30 ng/mL é o nível considerado o mínimo para soro 25-hidroxi de vitamina D suficiente (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013).
Pesquisas realizadas demonstram que os aspectos de transtornos cognitivos, o distúrbio do humor ativo e o risco elevado de depressão maior e menor em adultos e mais velhos, estão associados com a deficiência de vitamina D (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013).
Os aspectos de pacientes com quadro depressivo, favorecem a deficiência de vitamina D mediante a sua falta de exposição ao sol, pois a própria doença o faz manter recluso.
Sezini e Gil (2014, p. 52) relatam que : “Em estudos clínicos, baixos níveis de 25-hidroxicalciferol (que é a forma na qual a vitamina D é armazenada no corpo) foram associados com redução da função cognitiva e depressão.
Estudos a respeito da associação da vitamina D e a depressão, ainda precisam de maiores investigações para compreensão de qual forma elas estão envolvidas nesse processo patológico.
O fator causal da depressão ainda não é esclarecido se é por conta da insuficiência da vitamina D ou se esta insuficiência é secundária ao comportamento depressivo, mesmo sendo evidente nos estudos a correlação de pacientes depressivos e baixos valores de vitamina D (GENG et al., 2019).
TRIPTOFANO
O aminoácido essencial – triptofano, é conhecido pela produção de serotonina (o hormônio da felicidade), niacina e melatonina e por isso relaciona-se ao tratamento dos transtornos depressivos, ansiedade, insônia e emagrecimento. Pode ser encontrado em alimentos como ovo, tofu, queijo, abacaxi, nozes, amêndoas, amendoim, castanha-do-pará, ervilha, batata, abacate, banana e salmão.
O triptofano apresenta relevância clínica por ser um aminoácido precursor da serotonina e estar relacionado às doenças cardiovasculares na condução da ativação pela via do óxido nítrico endotelial e cardíaco, na dilatação de pequenas artérias mesentéricas por inibição dos canais de cálcio, inibição da aterosclerose através da regulação do metabolismo lipídico e da inflamação. A aterosclerose, conhecida como uma consequência patológica da obesidade devido a uma inflamação crônica, por conta desta inflamação associa-se aos baixos níveis de triptofano. As ações deste aminoácido nos circuitos neurais agem na regulação do apetite, humor, sistema neuroendócrino, ansiedade, depressão, sono e sexualidade. (JACKA, 2017).
A obesidade é considerada um fator de inflamação crônica, porém esta inflamação promove uma disbiose intestinal a qual interfere em todo metabolismo realizado pelo trato gastrointestinal podendo interferir na síntese do triptofano e assim na conversão da serotonina.
Os autores dizem a respeito do triptofano que:
O único precursor da serotonina, o triptofano, é um aminoácido essencial, onde sua concentração é determinada pela ingestão e síntese proteica. O triptofano entra pela barreira hematoencefálica e por duas etapas é convertido em serotonina. O L-triptofano converte em 5=hidroxitriptofano pela enzima triptofano hidroxilase. Sendo descarboxilada por outra enzima e formando a serotonina (SEZINI; GIL, 2014, p.49).
COMPLEXO B – Vitaminas Hidrossolúveis
O complexo B está na classificação das vitaminas solúveis em água e é composto por vitaminas e substâncias provenientes da mesma fonte, sendo no total de 8. São elas: Vitamina B1 (Tiamina), Vitamina B2 (Riboflavina), Vitamina B3 (Niacina, Nicotinamida), Vitamina B5 (Ácido pantotênico), Vitamina B6 (Piridoxina), Vitamina B7 (Biotina), Vitamina B9 (Ácido fólico), Vitamina B12 (Cobalamina).
O papel do complexo B na saúde mental dentro dos transtornos psiquiátricos:
As vitaminas do complexo B são conhecidas por apresentarem um efeito na saúde neurológica e cerebral, e a ingestão suficiente é importante para indivíduos com transtornos psiquiátricos. Estudos recentes especificados pelos autores em humanos, identificaram alterações genéticas que alteram a produção e função de serotonina, dopamina, e outros neurotransmissores.(MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013, p. 1879)
As vitaminas do complexo B, algumas delas possuem mais destaque na área de saúde mental como as vitaminas B6, B9 e B12.
Os autores referem sobre as deficiências das vitaminas B:
Uma deficiência de vitaminas B6 (piridoxina), B9 (ácido fólico ou folato) e B12(cobalamina ou cianocobalamina) pode estar relacionada ao aparecimento de sintomas depressivos, pois essas vitaminas possuem um importante papel na via metabólica envolvida nos processos de síntese dos neurotransmissores no SNC, além de participarem do metabolismo da homocisteína (proteína que em altas concentrações aumenta significativamente a oxidação por radicais livres). A ingestão insuficiente dessas vitaminas é um fator de risco para a depressão, seja causando uma queda na síntese de neurotransmissores, seja gerando aumento na concentração de homocisteína. (SEZINI; GIL, 2014, p.51)
Vitamina B6 (PIRIDOXINA)
A vitamina B6 por estar presente em alimentos de fácil acesso e comum na alimentação do brasileiro, a sua deficiência é mais rara, porém pode ser precipitada por medicamentos que possam interferir no seu metabolismo, erros inatos que afetam as vias de transporte de B6, a doença celíaca com má absorção e com diálise renal.
Para o autor, as fontes de vitamina 6 estão na “carne suína, carnes glandulares, farelo e germe de cereais, gema de ovo, mingau de aveia, legumes. Doses para homens: 1,3-1,7 mg e mulheres: 1,3-1,5 mg”(MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013, p. 160).
Conforme definição dos autores sobre a vitamina B6 (Piridoxina):
A vitamina B6 é necessária para a biossíntese dos neurotransmissores serotonina, epinefrina, norepinefrina e ácido γ-aminobutírico e do vasodilatador e secretagogo gástrico histamina e os precursores da porfirina heme. A vitamina é também necessária para a conversão metabólica do triptofano em niacina, a liberação de glicose a partir do glicogênio, a biossíntese de esfingolipídios nas bainhas de mielina das células nervosas e a modulação de receptores de hormônios esteroides (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013, p. 195).
Vitamina B9 (FOLATO)
As melhores fontes de folato são levedo de cerveja, cogumelos, espinafre, brócolis, couve-de-bruxelas, aspargos, couve e outras verduras, legumes, fígado e suco de laranja.
As boas fontes de folato são de vegetais folhosos verdes, frutas e fígado. Podem ser encontrados em alimentos fortificados como a farinha de trigo e a necessidade desta vitamina é muito importante na divisão celular. Em gestantes, mesmo presente na dieta as fontes de vitamina B9, torna-se necessário a suplementação para formação do tubo neuronal.
Para Mahan, Escott-Stump e Raymond (2013, p. 201) a deficiência :
“Os sinais iniciais de deficiência em seres humanos incluem a hipersegmentação nuclear dos leucócitos polimorfonucleares circulantes, seguida da anemia megaloblástica e, então, fraqueza generalizada, depressão e polineuropatia”.
Encontrado em folhas verdes, legumes, feijão e frutas cítricas, o folato desempenha papel crítico na regeneração da tetetrahidrobiopterina (BH4) e na remetilação da homocisteína que leva à produção de S-adenosilmetionina (SAMe). Tanto BH4 quanto SAMe que são cofatores essenciais na produção de neurotransmissores como dopamina, serotonina e epinefrina, todos os quais desempenham um papel crítico na regulação do humor, ligando as deficiências de folato à depressão (DHARMAYANI et al., 2021).
Vitamina B 12 (COBALAMINA)
A vitamina B12 é encontrada apenas em fontes animais, tais como carne de boi, fígado, mariscos, ostras, caranguejos, atum e linguado. Sendo assim, os vegans devem escolher os alimentos e os suplementos sabiamente.
Segundo Mahan, Escott-Stump e Raymond (2013, p.161) “Fígado, rim, leite e alimentos lácteos, carne, ovos. Os vegetarianos precisam de suplementos. Dose para adultos recomendada: 2,4 mcg.”
O consumo em longo prazo de dietas veganas estritas sem a suplementação de vitamina B12 resulta em baixas concentrações plasmáticas. A deficiência de vitamina B12 e fraturas ósseas são comuns em vegetarianos e devem ser tratadas com cuidado. Cirurgias bariátricas também podem agravar ou causar uma deficiência pré-existente de vitamina B12. Para o autor: “A deficiência de vitamina B12 pode estar associada com um aceleramento do declínio cognitivo.”(SENRA, 2017, p. 4)
É definido pelos autores a deficiência da cobalamina:
A deficiência de cobalamina também produz anormalidades neurológicas que se desenvolvem muito depois da anemia, com desmielinização nervosa, que começa perifericamente e progride para o centro. Os sintomas incluem entorpecimento, formigamento e queimação dos pés e rigidez e fraqueza generalizada das pernas, doenças neurológicas incluindo raciocínio prejudicado e depressão.(MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013, p.206).
A importância destas vitaminas está em grande parte no fator do metabolismo do organismo na constituição de produtos hormonais e neurotransmissores.
Os autores Sezini e Gil (2014, p.13) destacam: “Juntamente com o magnésio, as vitaminas B6, B9 e B12 também são necessárias para a enzima hidroxilase, que converte o triptofano em serotonina”.(apud MOURA, 2009).
Tabela 1 – Ingestão Diária Recomendada para Adultos
Nutriente | Unidade | Va l o r |
Proteína (1) | g | 50 |
Vitamina A (2) (a) | micrograma RE | 600 |
Vitamina D (2) (b) | micrograma | 5 |
Vitamina C (2) | mg | 45 |
Vitamina E (2) (c) | mg | 10 |
Tiamina (2) | mg | 1,2 |
Riboflavina (2) | mg | 1,3 |
Niacina (2) | mg | 16 |
Vitamina B6 (2) | mg | 1,3 |
Ácido fólico (2) | micrograma | 240 |
Vitamina B12 (2) | micrograma | 2,4 |
Biotina (2) | micrograma | 30 |
Ácido pantotênico (2) | mg | 5 |
Vitamina K (2) | micrograma | 65 |
Colina (1) | mg | 550 |
Cálcio (2) | mg | 1000 |
Ferro (2) (d) | mg | 14 |
Magnésio (2) | mg | 260 |
Zinco (2) (e) | mg | 7 |
Iodo (2) | micrograma | 130 |
Fósforo (1) | mg | 700 |
Flúor (1) | mg | 4 |
Cobre (1) | micrograma | 900 |
Selênio (2) | micrograma | 34 |
Molibdênio (1) | micrograma | 45 |
Cromo (1) | micrograma | 35 |
Manganês (1) | mg | 2,3 |
Fonte: Ministério da Saúde. ANVISA. Resolução-RDC Nº 269, de 22 de setembro de 2005.
FITOQUÍMICOS
Os fitoquímicos são compostos químicos produzidos por plantas. Possuem função antioxidante e conferem cores aos alimentos.
Conforme os autores, eles especificam as contribuições dos fitoquímicos:
Novas pesquisas sugerem que alimentos à base de plantas ricos em químicos bioativos, fitoquímicos, realizam importantes contribuições nutricionais e bioquímicas para a função normal do cérebro e para a saúde mental. Alimentos tais como frutas vermelhas, frutas cítricas, chá verde e algumas especiarias contêm fitoquímicos, assim como vitaminas e minerais essenciais ((MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013, p.1880).
Pesquisas referente a estes compostos fitoquímicos, certificam que os alimentos em uma dieta rica em leguminosas, vegetais, cereais integrais e frutas, trazem benefícios à saúde e diminui o risco de doenças crônicas degenerativas, por possuírem ação antiinflamatória e antioxidante.
Os autores citam sobre os polifenóis no tratamento da depressão maior e comentam sobre a curcumina:
A curcumina mostrou ação semelhante a um antidepressivo eficaz em vários modelos animais de depressão. Os pesquisadores estão preparando vários análogos de curcumina que poderia aumentar sua biodisponibilidade no sangue e penetrabilidade da barreira cerebral (PATHACK; AGRAWAL; DHIR, 2013, p.11).
A curcumina tem sido estudada devido suas evidências de conseguir atuar na modulação das doenças mentais, pois seu fitoativo tem a capacidade de regulação da concentração dos neurotransmissores, na neuroplasticidade, redução do estresse oxidativo e da inflamação, fatores presente nos transtornos mentais.
Tabela 2- Fitoquímicos e Nutrientes que Auxiliam o Cérebro e a Saúde Mental
Alimentos Ricos em Flavonoides Maçãs Bagas, particularmente vermelhas, azuis e roxas Chocolate Frutas cítricas, como as laranjas, toranjas e limões Uvas e suco de uva Chás, incluindo verde, preto, branco, e oolong Nutrientes Ácido α-lipoico Colina Ácido docosa-hexaenoico Ácido eicosapentaenoico Folato Glutationa Selênio Tiamina Vitamina A Vitamina B6 Vitamina B12 Vitamina C Vitamina D Vitamina E |
Fonte: MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND J.L. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 13ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013, p.1881.
A vitamina C associada a alguns medicamentos antidepressivos, têm o poder de potencializar os efeitos desejados. Esta vitamina hidrossolúvel pode modular a função do sistema nervoso e por este motivo pode influenciar na saúde mental.
A importância da vitamina C na classe de nutriente destaca-se em um processo importante para saúde mental:
A vitamina C é essencial para a oxidação da fenilalanina e da tirosina, para a conversão do folato para FH4 , para a conversão do triptofano para 5-hidroxitriptofano e serotonina neurotransmissora; e para a formação de norepinefrina na dopamina. Enquanto a quantidade de vitamina C no corpo é de 1,5 g, da qual 40 a 60 mg são usadas diariamente, fumantes precisam de pelo menos 140 mg/diárias. As melhores fontes são frutas, vegetais e vísceras, mas o conteúdo real de ácido ascórbico dos alimentos pode variar de acordo com as condições de crescimento e o grau de maturidade no momento da colheita.(MAHAN; ESCOTT-STUMP;RAYMOND, 2013, p.210-211).
Os componentes fitoquímicos têm sido objeto de estudo nos transtornos depressivos, pois são definidos como uma alternativa estratégica para retardar o início e a progressão destes sintomas.
O autor define alguns fitoquímicos e nutrientes importantes no tratamento dos sintomas depressivos:
Entre os compostos naturais que apresentam atividade semelhante a antidepressiva, as catequinas do chá verde têm sido mostrado para diminuir os sintomas depressivos em animais experimentais, possivelmente em parte através da inibição de monoamina oxidase (MAO).[…] Outros estudos sugerem que os extratos de cacau, cujos principais componentes são as procianidinas, atenuam os sintomas depressivos em ratos. O resveratrol, um dos mais importantes estilbenóides naturais, inibe a noradrenalina e a serotonina recaptação em ratos, e diminui significativamente os comportamentos de ansiedade / depressão, enquanto aumenta o hipocampo níveis de serotonina e noradrenalina.[…]No entanto, até o momento, há apenas evidências correlativas entre certos nutrientes, como o ômega-3 ácidos graxos poliinsaturados e vitaminas B, e depressão em estudos de população humana (NABAVI, 2015, p.1).
SELÊNIO
O selênio tem fator antioxidante, coopera com a vitamina E e está presente no metabolismo da gordura.
Mahan, Escott-Stump e Raymond (2013, p. 225) destaca as fontes de selênio: “Grãos, cebolas, carnes, leite; as quantidades dependem do conteúdo de selênio no solo. Doses de 55 mcg para homens e mulheres (RDA).”
O selênio pode ser encontrado no solo e pode estar presente na água. Algumas fontes alimentares estão na farinha de trigo, gema de ovo, castanha do pará. A qualidade do solo é um fator muito importante para garantir essa ingestão adequada.
Estudos com roedores investigaram a relação entre o selênio e a depressão devido ao seu papel neuromodulador. Houve uma associação entre os níveis de selênio e a baixa concentração de BDNF, devido ao fator neurotrófico estar associado a depressão maior. O selênio, um oligoelemento, está envolvido nas defesas antioxidantes do cérebro e do sistema nervoso. Sendo recomendado diariamente a dose de 55 μg / dia e seus níveis séricos são definidos como estando entre 70 μg / L e 90 μg / L. Sua fonte de ingestão é o consumo de grãos, porém depende do conteúdo de selênio dos solos em que é cultivado. Sua baixa concentração foi associada a um nível elevado de citocinas pró-inflamatórias, como interleucina-6 (IL-6), proteína C reativa e fator de diferenciação de crescimento 5 (GDF-5) que podem desempenhar um papel no desenvolvimento da depressão. Por seu papel modulador de neurotransmissores, possui efeitos antidepressivos. Seus efeitos modulatórios significativos nos sistemas dopaminérgico, serotoninérgico e noradrenérgico estão envolvidos na fisiopatologia da depressão e outras doenças psiquiátricas (WANG et al., 2018).
MAGNÉSIO
O magnésio é um mineral envolvido em mais de 300 reações metabólicas, entre eles por meio da ativação de enzimas estão o metabolismo do carboidrato, lipídeos, proteínas e eletrólitos . Sua carência tem sido relacionada à depressão tornando necessário a suplementação. Pode ser encontrado no farelo de trigo, semente de abóbora, nozes, grão de bico, aveia, agrião, beterraba, abacate, carnes, laticínios, tofu, chocolates, frutos do mar e vegetais verdes.
Os autores Mahan, Escott-Stump e Raymond (2013, p.224) definem as fontes de magnésio como : “Cereais de grãos integrais, nozes, tofu, leite, vegetais verdes, legumes,chocolate.Doses de 400-420 mg para homens e de 310-320 mg para mulheres 14-70 ou mais anos de idade (RDA)”.
O magnésio desempenha diversas funções no organismo, entre elas como regular o funcionamento dos nervos e dos músculos, ajudar no controle do açúcar no sangue, no metabolismo da glicose e na modulação dos neurotransmissores.
A relação do magnésio e a depressão é dito pelo autor que:
Alguns mecanismos explanatórios do efeito do magnésio no risco de depressão incluem a sua possível função na regulação dos sistemas de resposta ao stress, o seu efeito de modulação da neurotransmissão, no aumento do BDNF e na diminuição dos níveis de marcadores inflamatórios (SENRA, 2017).
A redução dos níveis de serotonina relaciona a inadequação de magnésio a nível cerebral. Os fármacos antidepressivos têm mostrado que aumentam o Mg²+ cerebral, mostrando que uma suplementação de magnésio beneficiaria a maior parte dos indivíduos que estão em estado depressivo ( SEZINI; GIL, 2014).
A introdução do magnésio nos hábitos alimentares é de suma importância, porém não conseguimos atingir as necessidades diárias principalmente nos quadros de transtornos depressivos mediante as alterações alimentares, precisando ser suplementadas quando possível.
Considerado um micronutriente essencial para qualidade dos processos bioquímicos e fisiológicos, atua como uma coenzima ou ativador de mais de 300 sistemas enzimáticos importantes para o cérebro. As fontes de magnésio são nozes, sementes, grãos inteiros, vegetais folhosos verdes. Seus níveis séricos são de 0,62 a 1,02 mmol / L. Em um ensaio clínico randomizado em uma população de adultos com diagnóstico de depressão leve a moderada descobriu que o consumo durante 6 semanas de 248 mg de magnésio por dia, resultou em uma redução clinicamente nos sintomas depressivos em comparação com os que receberam um tratamento com placebo. Em outro, ensaio clínico randomizado com 60 indivíduos com depressão e hipomagnesemia demonstrou melhorias significativas do consu.O magnésio por meio do aumento da biossíntese de melatonina regula na modulação do ciclo sono-vigília, pode potencialmente exercer efeitos antidepressivos por meio de seu papel na neurotransmissão serotoninérgica, noradrenérgica e dopaminérgica, aumento da expressão de BDNF, de grande efeito na resposta ao estresse e pelo equilíbrio do cálcio e do metabolismo da vitamina D, compostos estes importantes na depressão (WANG et al., 2018).
ZINCO
O Zinco é um mineral que realiza várias funções bioquímicas, entre elas sendo componente de inúmeras enzimas, na função imune, defesa, crescimento, desenvolvimento e antioxidante. Encontrado nos ovos, leite, frango, peixe, mariscos, ostras e carnes vermelhas.
Os protocolos das DRIs estabelecem valores recomendáveis por idade referente ao zinco:
As DRIs do zinco estabelecidas para adolescentes e adultos do sexo masculino são de 11 mg/dia. Devido ao menor peso corporal das adolescentes e mulheres adultas, sua DRI é de 8 a 9 mg/dia. As DRIs para pré-adolescentes são estimadas em 8 mg/dia. As DRIs para os lactentes são de 2 mg/dia para os primeiros seis meses e de 3 mg/dia para os seis meses seguintes (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013, p.258).
A ingestão do zinco pode ser proveniente do leite e seus derivados, carnes, peixes, aves, fígado, ostras, mariscos, cereais de grãos integrais, nozes, sabendo que sua ingestão associa-se com as proteínas.
Conforme Sezini e Gil (2014, p. 48)” a suplementação de zinco em humanos tem sido associada a uma significativa redução em diversos marcadores inflamatórios, tais como interleucina-6, proteína C reativa e fator de necrose tumoral.”
A modulação da inflamação intestinal tem como componente participativo o zinco. Conforme evidenciado já em estudos a grande relação da inflamação aos sintomas depressivos, o zinco só tem a acrescentar na redução destes sintomas.
Considerado um oligoelemento essencial importante, o zinco participa de processos bioquímicos e fisiológicos que estão relacionados ao crescimento e função cerebral. Por conter propriedades anti inflamatória e antioxidante seus efeitos em quadros depressivos são satisfatórios, porém sua deficiência pode favorecer a vulnerabilidade ao estresse psicológico, devido a alta concentração do cortisol sérico. Estudos trazem a relação dos efeitos sobre a depressão quando o zinco é associado ao cobre (WANG et al., 2018).
O fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) é uma proteína que estimula a produção de novas células cerebrais e fortalece as já existentes, uma neurotrofina presente no sistema nervoso central importante nas doenças psiquiátricas. Uma dieta regulada de BDNF inclui mirtilos, chocolate, chá verde, azeite, especiarias, pimenta-do-reino e a cúrcuma.
Senra (2017, p.10) afirma que : “O zinco pode diminuir os efeitos do stress na depressão, aumentar os níveis de BDNF e mediar a inflamação e stress oxidativo.”
PROBIÓTICOS
Os probióticos têm sido material de estudo e demonstram uma possibilidade de alteração da microbiota intestinal por serem organismos vivos que exercem um grande benefício à saúde. Desta forma torna-se possível ajuda no tratamento para depressão. Estudos em animais, comprovou que os probióticos podem alterar as funções cerebrais e reduzir a ansiedade ou comportamentos semelhantes à depressão, melhorando os sintomas de humor na depressão leve a moderada (GOH et al., 2019).
Os psicobióticos conhecidos como “probióticos para o cérebro”, é considerada como a ingestão de organismos vivos benéficos que possuem influência na saúde cerebral e no tratamento de doenças psiquiátricas e neurológicas, atuando entre eles na produção e fornecimento de substâncias neuroativas como a serotonina e o ácido gama-aminobutírico atuantes no eixo intestino cérebro.
Em uma metanálise e revisão sistemática por Huang (2016), ele destaca o papel da microbiota intestinal e sua relação com probióticos. Ele afirma que a microbiota intestinal, pode ativar o sistema imunológico e nervoso central, incluindo microrganismos comensais e patogênicos no trato gastrointestinal, uma vez que os microrganismos intestinais são capazes de produzir e distribuir substâncias neuroativas como serotonina e ácido gama-aminobutírico. Em um estudo levantado por ele, foi analisado amostras fecais de 55 indivíduos (37 pacientes e 18 controles não deprimidos) e encontraram correlações entre a microbiota fecal humana (como um substituto para a microbiota intestinal) e a depressão, já em outra, foi analisado amostras fecais de 46 pacientes com depressão e 30 controles saudáveis e encontraram aumento de bactérias fecais no grupo de controle deprimido versus saudável. Numa pesquisa em ratos, a administração de uma bactéria, fidobacterium infantis, pode reverter quadros depressivos. Testes em animais, mostram que o uso de probióticos podem levar a um aumento nos níveis de triptofano plasmático e concentrações reduzidas de serotonina no córtex frontal e de metabólitos de dopamina corticais, melhorando assim os sintomas depressivos. Em um outro estudo os escores de depressão de ratos tomando Lactobacillus rhamnosus por 28 dias diminuíram . Em outro estudo levantado por ele, voluntários saudáveis tomaram Lactobacillus helveticus R0052 e Bifidobacterium longum por 30 dias e os resultados mostraram que os níveis de estresse psicológico, incluindo escores de depressão, diminuíram em indivíduos que tomaram os probióticos regularmente e indicaram que consumir um iogurte probiótico ou uma cápsula probiótica multiespécie por seis semanas teve efeitos benéficos sobre os biomarcadores de saúde mental de trabalhadores e melhorou o humor das pessoas com um humor inicialmente ruim.
Tabela 3 – Mecanismos potenciais, fontes alimentares e níveis séricos normais de zinco (Zn), magnésio (Mg) e selênio (Se).
Mecanismos Potenciais | Fontes de alimentos | Níveis normais de soro em adultos | ||
Desenvolvimento de Depressão | Ação Antidepressiva | |||
Zn | Cortisol aumentado; diminuição da neurogênese e da plasticidade neural; interrupção da homeostase do glutamato | Antagonista de N- metil- d- aspartato (NMDA); expressão elevada do hipocampo e fator neurotrófico derivado do cérebro cortical (BDNF) | Ostras, feijão, nozes, carne vermelha, certos tipos de frutos do mar (caranguejo e lagosta), grãos inteiros, cereais matinais fortificados, laticínios | 0,66-1,10 μg / mL |
Mg | Desregulação do hipotálamo-hipófise-adrenal (eixo HPA); aumento de Ca 2+ no cérebro; aumento da resposta inflamatória | Antagonista de NMDA; serotonina, dopamina, modulação de noradrenalina; aumento da expressão de BDNF; modulação do ciclo vigília-sono | Vegetais de folhas verdes (espinafre), alguns legumes (feijão e ervilha), nozes e sementes, grãos inteiros | 0,62-1,02 mmol / L |
Se | Desregulação da função tireoidiana; desregulação das vias oxidativas e inflamatórias | Modulação de serotonina, dopamina, noradrenalina; atenuação da inflamação | Frutos do mar, pão, grãos, carnes, aves, peixes, ovos | 70–90 μg / L |
Fonte: WANG, J; UM; DICKERMAN, B .A; LIU, J. Zinco, Magnésio, Selênio e Depressão: Uma Revisão das Evidências, Mecanismos Potenciais e Implicações. Nutrientes . 2018.
2.4- INFLAMAÇÃO INTESTINAL E DEPRESSÃO
O intestino é composto de uma microbiota rica e favorável para todo funcionamento adequado metabólico. A alteração desta flora intestinal, com uma microbiota diferente do seu meio, ocasionará complicações a qual poderão acarretar uma inflamação intestinal com produção de citocinas.
Conforme o autor, ele relata que existe uma relação da depressão e os ácidos graxos na ingestão a quão são mediados por marcadores inflamatórios:
Os antioxidantes e os ácidos graxos estão associados à depressão e à inflamação, e a inflamação parece predizer o risco de depressão; portanto, as associações entre esses nutrientes e a depressão podem ser mediadas pela inflamação. Nossa hipótese é que os marcadores inflamatórios interleucina (IL) -6 e proteína C reativa (PCR) medeiam as associações entre a ingestão de antioxidantes e ácidos graxos e depressão.(LAI et al., 2016, p.234).
Sabe-se que 80% da microbiota do nosso corpo está no trato gastrointestinal, principalmente no cólon a qual a microbiota benéfica produz o butirato por fermentação de amidos resistentes, fibras e polissacarídeos.
O estado da flora bacteriana em disbiose, é o desequilíbrio da microbiota entérica que afeta a imunidade e a digestão.
No American Psychiatric Association – DSM-V (2014) é destacado que os testes laboratoriais não possuem resultados de especificidade, como diagnóstico para este transtorno, porém menciona alguns destes testes, condições a qual são evidentes em pacientes com depressão maior e entre eles, este chama a atenção por evidenciar sobre a relação da inflamação quando ele diz que nos estudos moleculares implicaram fatores periféricos, incluindo variantes genéticas em fatores neurotróficos e citocinas pró-inflamatórias.
Segundo Marx et al. (2017): “As possíveis vias biológicas relacionadas a transtornos mentais incluem inflamação, estresse oxidativo, microbioma intestinal, modificações epigenéticas e neuroplasticidade.”
A dieta mediterrânea é hoje considerada padrão ouro referente a prevenção das doenças cardiovasculares, doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e transtornos depressivos devido seu fator antiinflamatório e antioxidante contido nos alimentos que a compõem.
Estudos demonstram que a adesão a esta dieta, é associada a menores sintomas depressivos, porém ainda é necessário estudos que consigam atribuir se os benefícios são de alguns ou todos os componentes desta dieta.
Define Lai et al. (2016) que a proteína C reativa, um marcador inflamatório, mediou significativamente a relação entre a ingestão de gordura total, gordura saturada e gordura monoinsaturada e depressão em mulheres, e ingestão de gordura saturada e depressão em homens.
Torna-se evidente a ligação entre depressão e distúrbios cardiometabólicos mediante aos processos metabólicos e inflamatórios, como as elevações nos níveis plasmáticos de homocisteína, redução da sensibilidade à insulina e, mais importante, aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias e disfunção endotelial.
Segundo Li et al. (2017), ele defende que a dieta alimentar está relacionada à inflamação oxidativa, estresse e plasticidade na função do cérebro e todos influenciam na depressão. Delimita que a dieta tem grande relação com a saúde mental.
3. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica com realização de um levantamento bibliográfico nas bases de dados: PubMed, Scielo, Bireme,Portal Capes e Google Acadêmico considerando-se preferencialmente os trabalhos científicos publicados nos últimos dez anos e livros, sendo assim, fontes impressas e eletrônicas. Foram utilizados os seguintes descritores em português e inglês: depressão, nutrientes e nutrição.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Mediante o alcance de informações bibliográficas a respeito da importância nutricional no paciente em estado depressivo, tornou possível a identificação de alguns nutrientes envolvidos na melhora dos sintomas depressivos. Os efeitos destes nutrientes com ação nutricional, nutracêutica e psicobióticas, principalmente de ordem antiinflamatória e antioxidante, possibilitou uma microbiota intestinal saudável a qual tornou favorável a manutenção da qualidade de vida destes pacientes frente aos sintomas depressivos por conta da melhor absorção nutricional no trato gastrointestinal e assim melhores resultados do tratamento farmacológico.
O fator de importância nutricional é que os nutrientes são substâncias químicas encontradas nos alimentos que favorecem o melhor funcionamento do organismo, seja no crescimento, desenvolvimento, manutenção e reprodução. A função dos nutracêuticos que também são provenientes dos alimentos através dos seus compostos bioquímicos, são utilizados de forma de suplementação no tratamento de diversas doenças, entre elas as psiquiátricas e neurológicas. Já a ação psicobiótica dos alimentos, está na introdução de microorganismos vivos benéficos à flora intestinal a qual promovem uma relação no eixo intestino-cérebro com suas funções neuroativas, conhecido como probióticos do cérebro.
Os nutrientes dos alimentos estão presentes em todas as suas formas, utilizados in natura, na suplementação como os nutracêuticos e probióticos nos psicobióticos e dentre todas elas no tratamento dos quadros depressivos a qual passaram por comprovação científica, estão os fitoquímicos, ômega-3, complexo B, vitamina D, magnésio, zinco, selênio, triptofano e probióticos.
A depleção do triptofano, o precursor da serotonina, favorece a indisponibilidade da serotonina a qual ocasionará a depressão. O ômega-3 tem efeito de melhora do funcionamento cerebral por fazer parte da membrana das células nervosas e por terem ação anti inflamatória. A vitamina D, um hormônio proveniente da exposição à luz solar e alimentos gordurosos, correlacionou por estudos a sua depleção a associação aos transtornos depressivos, pela sua participação na manutenção das funções neuronais.
O Magnésio e zinco são cofatores de mais de 300 enzimas no metabolismo dos componentes alimentares e atuam em receptores dos sistemas serotoninérgicos, adrenérgicos e dopaminérgicos.
As deficiências das vitaminas B6, B9 e B12 estão relacionadas ao aparecimento de sintomas depressivos por serem importantes na via metabólica, da síntese dos neurotransmissores como a serotonina. O folato tem efeito neuroprotetor principalmente nos casos depressivos recidivantes.
O padrão alimentar da população de risco aos transtornos depressivos, evidenciou um hábito alimentar de produtos industrializados, com aumento da ingestão de ultraprocessados, considerado assim um padrão alimentar estilo ocidental.
A influência do padrão alimentar desfavorável de nutrientes no microbioma intestinal, tem ocasionado um quadro inflamatório pelo qual afeta diretamente a saúde desta população. O estado de sobrepeso e obesidade é também notável em pesquisas com pacientes com sintomas depressivos. Esta transição alimentar decorrente desde a revolução industrial, do capitalismo, até os dias atuais, trouxeram mudanças no padrão alimentar a qual geram alterações na membrana celular, o aumento de mediadores inflamatórios prejudicando a transmissão de serotonina e dopamina, afetando a neurotransmissão.
A importância nutricional está diretamente ligada ao tratamento da depressão, pela ativação das vias hormonais, a síntese de neurotransmissores, dentre outros.
5. CONCLUSÃO
Conforme pesquisas identificadas no levantamento do presente estudo, há evidências que a qualidade do padrão alimentar e a suplementação de alguns nutrientes no tratamento nos transtornos depressivos evidenciou resultados positivos na modulação intestinal, como também nas vias metabólicas de respostas dos neurotransmissores.
A importância dos nutrientes no tratamento do transtorno emocional depressivo, se tem pela influência nas funções cerebrais.
A relação do alimento com as doenças psiquiátricas e neurológicas deve-se à relação do eixo intestino-cérebro.
O consumo alimentar proveniente de hábitos saudáveis diários e a suplementação quando necessária, evidencia o poder dos nutrientes não só apenas no funcionamento do organismo, como na prevenção e melhora de diversas doenças como nos transtornos depressivos.
A depressão é uma doença incapacitante e crescente atualmente, possui diversos fatores influentes para sua manifestação por isso requer pesquisas contínuas referente aos efeitos dos nutrientes e as suas dosagens nas suplementações. O efeito neuroprotetor, antiinflamatório e antioxidante do alimento, estão atuantes no mecanismo metabólico como melhoria da função endotelial, redução dos marcadores inflamatórios, diminuição do stress oxidativo, na qualidade da síntese e produção da serotonina e na impermeabilidade da mucosa intestinal e por isso, é necessário mudanças nos padrões alimentares e no estilo de vida.
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