A IMPORTÂNCIA NA MUDANÇA NO ESTILO DE VIDA PARA PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 E HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: UM RELATO DE CASO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch102024242159


César Henrique da Silva; Walber da Silva Duarte; Cosmo de Sousa Costa; Laise Lourrany da Silva; Benedito Rosa da Silva; Eva Gonçalves e Silva; Kellyany da Silva Gomes; Naiara Pereira dos Reis Viana; João Victor Rocha de Oliveira; Gildeone da Silva Farias


RESUMO

Introdução: Hábitos de vida inadequados, como má alimentação, inatividade física e obesidade visceral, estão diretamente relacionados a doenças crônicas não transmissíveis como diabetes e hipertensão arterial sistêmica, além de desfechos cardiovasculares. Objetivo: Relatar o caso de um paciente com hipertensão e diabetes com má adesão ao tratamento não farmacológico. Metodologia: Relato de caso desenvolvido no Eixo PIESC do 7º semestre do Curso de Medicina, envolvendo um paciente masculino, 58 anos, com hipertensão arterial sistêmica e diabetes há 20 anos. Resultados: O paciente, com antecedentes de AVE e histórico familiar de diabetes, apresenta alimentação rica em sal, gordura e carboidratos, além de não consumir frutas e legumes regularmente. Não pratica atividades físicas e é tabagista. Durante o exame físico, apresentava pressão arterial de 135/85 mmHg, frequência cardíaca de 88 bpm, índice de massa corporal de 30,8 e glicemia de jejum de 200 mg/dl. Foi reforçada a importância da mudança de estilo de vida e ajustadas as doses de medicamentos. Conclusão: O paciente apresenta fatores de risco elevados, como hipertensão, idade superior a 55 anos e histórico de tabagismo. A adesão ao tratamento não farmacológico é essencial para controlar fatores de risco modificáveis e melhorar a adesão a longo prazo. A redução do IMC e da circunferência abdominal, além de uma alimentação saudável. A prática regular de atividades físicas e dieta tem papel essencial no controle da DM2. É crucial que os profissionais de saúde enfatizem a importância da adesão ao tratamento e a qualidade de vida dos pacientes.

Palavras-chave: Relato de caso, diabetes, estilo de vida, adesão ao tratamento.

ABSTRACT

Introduction: Inadequate lifestyle habits, such as poor diet, physical inactivity, and visceral obesity, are directly related to chronic non-communicable diseases like diabetes and systemic arterial hypertension, as well as cardiovascular outcomes. Objective: To report the case of a patient with hypertension and diabetes with poor adherence to non-pharmacological treatment. Methodology: Case report developed in the PIESC Axis of the 7th semester of the Medical Course, involving a 58-year-old male patient with systemic arterial hypertension and diabetes for 20 years. Results: The patient, with a history of stroke and family history of diabetes, has a diet high in salt, fat, and carbohydrates, and does not regularly consume fruits and vegetables. He does not engage in physical activities and is a smoker. During the physical examination, he presented with blood pressure of 135/85 mmHg, heart rate of 88 bpm, body mass index of 30.8, and fasting blood glucose of 200 mg/dl. The importance of lifestyle changes was reinforced, and medication doses were adjusted. Conclusion: The patient has high-risk factors, such as hypertension, age over 55, and a history of smoking. Adherence to non-pharmacological treatment is essential to control modifiable risk factors and improve long-term adherence. Reducing body mass index and abdominal circumference, along with a healthy diet, is crucial. Regular physical activity and diet play an essential role in controlling diabetes. It is crucial for health professionals to emphasize the importance of treatment adherence and the quality of life of patients.

Keywords: Case report, diabetes, lifestyle, treatment adherence.

INTRODUÇÃO

As condições dos hábitos de vida como má qualidade na dieta, inatividade física e a obesidade visceral tem correlação direta com doenças crônicas não transmissíveis como diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e hipertensão arterial sistêmica (HAS) paralelo a desfechos cardiovasculares (LÖNNBERG, 2022). 

Assim, as doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de mortalidade no Brasil e no mundo, além de ocasionar aumento da morbidade que gera incapacidade e custeio elevados à saúde de forma direta e indireta (PRÉCOMA, 2019). 

Tais fatores de riscos para doenças crônicas não transmissíveis podem ser reduzidos pela adoção de um estilo de vida adequado, com a prática regular de atividades físicas e a ingestão de dieta balanceada e variada de tal forma que essas medidas são mais eficientes em duas vezes que o tratamento farmacológico no controle do DM2. Dessa forma, é de suma importância a concomitância do estilo de vida aliada ao tratamento (COSTA, 2011). 

A prevenção de desfechos de DCV é obtida pelo aprimoramento dos indicadores de saúde de proteção e promoção à saúde, sobretudo as que promovem hábitos de vida saudável, aliada ao monitoramento, a vigilância dos fatores de risco na população, assim, esses indicadores devem ser prioritários para análise de detecção mais precoce da doença pois permitem estratégias de intervenção com mais efetividade (PRÉCOMA, 2019).

Além disso, vale destacar a preponderância das políticas públicas e econômica, visando amenizar as desigualdades sociais para garantir assim um acesso igualitário e universal aos serviços e postos de saúde (MALTA, 2018). 

O objetivo deste trabalho é relatar o caso de um paciente portador de HAS e DM2 que não adere ao tratamento não farmacológico. 

RELATO DE CASO. 

Este relato trata de atividade desenvolvida no Eixo PIESC (Projeto de Integração, Educação Saúde e Comunidade) do 7º semestre do Curso de Graduação de Medicina onde foi realizada anamnese e exame físico de paciente do sexo masculino, 58 anos, casado, católico, natural de Altamira – Pará e residente deste município que procurou a Unidade Básica de Saúde para consulta médica com objetivo de renovar receita médica dos medicamentos para Hipertensão arterial sistêmica (HAS) e para Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2). Possui HAS e DM2 há cerca de 20 anos e faz uso continuo de losartana (50mg), nifedipino (10mg), hidroclorotiazida(12,5mg), metformina (750mg) e glibenclamida (5mg). Antecedente de acidente vascular cerebral (AVC) e refere que sua mãe e irmã possuem DM2. Refere possuir alimentação com alto teor de sal e gordura, além de referir consumir uma quantidade elevada de carboidratos através da grande ingesta de farinha e relata não consumir frutas e legumes com frequência. Refere não fazer atividade física e se diz indisposto a alterar sua alimentação e a começar a realizar algum tipo de exercício físico. Tabagista e atualmente não faz uso de bebidas alcoólicas, mas fez uso dessas substâncias entre a idade de 18 até a idade de 35 anos. 

Durante o exame físico, o paciente encontrava-se em bom estado geral, lúcido e orientado no tempo e espaço, hidratado e normocorado. Pressão arterial: 135/85 mmhg, frequência cardíaca: 88 bpm, frequência respiratória: 18 irpm, pulsos radiais rítmicos e simétricos e com frequência de 77 bpm, circunferência abdominal: 115, altura: 1,68 m, massa corporal: 87 kg, IMC: 30,8. Tórax plano e abdome globoso. Apresentava exame de Glicemia de jejum com resultado 200mg/dl. Na consulta médica foi reforçada a importância da mudança do estilo de vida e esclarecido que a alimentação adequada com a prática de atividades físicas são fundamentais para que ocorra controle adequado da HAS e dos níveis glicêmicos. Dessa feita, foi aumentado a dose da hidroclorotiazida para 25 mg e da metformina para 850mg e solicitado o retorno do paciente após um mês.

DISCUSSÃO. 

Paciente de 58 anos relata ser hipertenso e possuir DM2 há 20 anos e fazendo uso de três medicamentos para tratar hipertensão e de dois medicamentos para tratar a DM2. Segundo Brasil (2021), pacientes que possuem pressão arterial normal alta (PAS: 130-139; PAD: 85-89) e possuem DM recebem classificação de risco alta relacionado a estratificação de risco global do paciente hipertenso. Outros fatores de riscos relevantes para homens são compostos por uma idade superior a 55 anos e tabagismo. Dessa forma, é possível constatar que tal paciente possui ambos os fatores de risco citado, e isso reflete a gravidade do caso desse paciente. Vale ressaltar que o tratamento da hipertensão é composto por três pilares, sendo o primeiro o autocuidado, seguido por ações educativas e terapêuticas não medicamentosas com enfoque interdisciplinar e, por fim, pelo tratamento medicamentoso, ressaltando que tais pilares se complementam entre si (BRASIL, 2021). 

O tratamento não medicamentoso é recomendado a todos os hipertensos com objetivo de controlar fatores de risco modificáveis e melhorar a adesão a longo prazo. Entretanto, observa-se que o paciente em questão não adere a tal componente do tratamento da HAS, esperando, somente, que os medicamentos controlem os valores pressóricos e a glicemia. Ainda de acordo com Brasil (2021), é aconselhável que o índice de massa corporal (IMC) dos pacientes que possuem idade até 65 anos seja reduzido- de forma saudável- para menor de 25 kg/m²; é aconselhável também que a circunferência abdominal seja mantida inferior a 94 cm nos homens. O padrão alimentar deve ser a base de frutas, verduras, legumes, produtos lácteos com baixo teor de gordura, cereais integrais, peixes, aves e nozes; diminuindo o consumo de carnes vermelhas e processadas, sódio, bebidas açucaradas e alimentos ultraprocessados. Em contraste a essas recomendações, tem-se que o IMC do paciente estudado é de 30,8 e a circunferência abdominal é de 115, tais parâmetros, especificamente a circunferência abdominal aumentada, traz um elevado risco para as consequências deletérias da síndrome metabólica, como aumento do risco de eventos cardiovasculares. O paciente ainda se mostra indisposto a alterar seu hábito alimentar, tendo em vista que a alimentação do mesmo apenas corrobora para o difícil controle da HAS e da DM2, visto que os alimentos que são adequados para o consumo não são ingeridos pelo paciente de forma rotineira, pois o mesmo relata que é de costume consumir alimentos com alto teor de sal e gordura. É importante destacar que tais fatores de risco podem ser reduzidos pela adoção de um estilo de vida saudável, e que a prática regular de atividades físicas e a ingesta adequada de alimentos saudáveis são cerca de duas vezes mais eficazes que o tratamento farmacológico no controle da DM2 (COSTA, 2011), dessa forma, tem-se que o comprometimento do paciente para com a adesão do tratamento não farmacológico é de suma importância para que haja a obtenção do controle de tais patologias. Por isso a importância de o profissional de saúde esclarecer que o autocuidado através da alimentação e da prática de atividade física tem uma eficácia superior à da medicação, e que a medicação é apenas um dos meios para que ajude a controlar os níveis glicêmicos e os valores da pressão arterial. Dessa forma é possível que mais pacientes se comprometam a mudarem seus estilos de vida para melhor e a realizarem o tratamento adequado para tais patologias, tendo em vista que são doenças muito comuns nas Unidade Básicas de Saúde (UBS). 

CONCLUSÃO: 

Para solucionar os problemas apresentados pelo paciente, é crucial que ele adote um estilo de vida mais saudável, focando na redução do índice de massa corporal (IMC) e da circunferência abdominal. A adesão a uma dieta balanceada, rica em frutas, verduras, legumes e alimentos com baixo teor de gordura, além da prática regular de atividades físicas, é essencial. O Sistema Único de Saúde (SUS) pode desempenhar um papel fundamental ao oferecer programas de educação em saúde e suporte interdisciplinar para incentivar mudanças de hábitos. Além disso, é importante que os profissionais de saúde reforcem a importância do autocuidado e das terapias não medicamentosas, que são comprovadamente eficazes no controle da hipertensão e do diabetes tipo 2. A integração de ações educativas e terapêuticas no atendimento das Unidades Básicas de Saúde (UBS) pode melhorar a adesão ao tratamento e, consequentemente, a qualidade de vida dos pacientes.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Saúde da Família. Linha de cuidado do ADULTO COM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de Saúde da Família. – Brasília: Ministério da Saúde, 2021.

COSTA, Jorge de Assis et al. Promoção da saúde e diabetes: discutindo a adesão e a motivação de indivíduos diabéticos participantes de programas de saúde. Ciência & Saúde Coletiva [online]. 2011, v. 16, n. 3 [Acessado 24 Maio 2022] , pp. 2001-2009. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1413-81232011000300034>. Epub 15 Abr 2011. ISSN 1678-4561. https://doi.org/10.1590/S1413-81232011000300034.

LÖNNBERG, L., Damberg, M. & Revenäs, Å. Aconselhamento de estilo de vida – um compromisso de longo prazo baseado em parceria. BMC Prim. Cuidados 23, 35 (2022). https://doi.org/10.1186/s12875-022-01642-w

MALTA DC, Duncan BB, Barros MBA, Katikireddi SV, Souza FM, Silva AGD, et al. Fiscal austerity measures hamper noncommunicable disease control goals in Brazil. Cien Saude Colet. 2018;23(10):3115-122. https://doi.org/10.1590/1413-812320182310.25222018.

PRÉCOMA DB, Oliveira GMM, Simão AF, Dutra OP, Coelho OR, Izar MCO, et al. Updated Cardiovascular Prevention Guideline of the Brazilian Society of Cardiology – 2019. Arq Bras Cardiol. 2019 Nov 4;113(4):787- 891. https://doi.org/10.5935/abc.20190204