A IMPORTÂNCIA E O PAPEL DA FISIOTERAPIA NO FUTEBOL

Leal, Naasser.
Resumo
Esse artigo tem o objetivo de fornecer um melhor conhecimento sobre a atuação da fisioterapia esportiva no futebol, o trabalho que vai desde a prevenção à lesão até sua reabilitação por completa. Foi usada a revisão bibliográfica como forma de metodologia, através dos artigos publicados sobre a fisioterapia esportiva. Foi possível observar que é impossível um clube esportivo não ter a presença de fisioterapeutas, pois eles são extremamente fundamentais. Atualmente esse profissional desempenha um papel muito importante, já que além de reabilitar o atleta, hoje ele trabalha também com prevenção e para prevenir, se necessita de uma grande caminhada. A utilização da prevenção reduz as lesões específicas ou gerais dos membros inferiores, já que o número de lesões nos membros superiores é muito baixo. Por isso entende-se que a prevenção é mais uma alternativa para a redução da incidência de lesões relacionadas à prática esportiva.
Palavras-chave: atuação da fisioterapia; métodos de prevenção; reabilitação.
Introdução
O futebol é o esporte mais praticado e o que atrai cada vez mais pessoas no mundo, de idade e sexo diferentes. Alguns vêem esse esporte como forma de crescer na vida e outros apenas como algo que melhora a qualidade de vida. O crescente aumento de adeptos no esporte vem sendo acompanhado por um aumento no número de equipes e ligas desportivas, principalmente direcionadas aos jovens. Mas muitas destas equipes ou ligas, não têm um treinamento adequado e específico para os praticantes do esporte ou não tem uma equipe responsável pelo tratamento ou prevenção das possíveis lesões que venham acometer seus atletas.
Como conseqüência a tudo isto, um grande número de lesões relacionadas ao esporte torna-se cada vez maior, principalmente as lesões músculo-esqueléticas. Tratamentos incompletos ou lesões não tratadas da forma correta são uma das causas de lesões graves, pois deixam o atleta com acúmulo de sobrecarga na área lesionada, fazendo com que o atleta e a equipe tenham um grande desgaste até que este jogador esteja pronto pra retornar às atividades.
Muito se tem feito para diminuir este grande número de síndromes e o fisioterapeuta, como profissional reconhecido e um integrante importantíssimo em qualquer equipe interdisciplinar, tem a obrigação de, não só realizar o tratamento das lesões, mas também deve buscar meios de prevenção para que menos problemas venham a acontecer e prejudicar o trabalho de uma equipe, pois um atleta estando machucado, o clube deixa de ganhar, de receber propostas por esse jogador e dependendo da equipe, o próprio atleta tem uma redução no seu salário. Logo, todos saem prejudicados, e a fisioterapia preventiva pode evitar que esses problemas e síndromes aconteçam, mas se ocorrer uma lesão em um atleta, o profissional da saúde está ali para começar e acelerar o processo de reabilitação.
A fisioterapia esportiva tem buscado saídas para que cada vez menos lesões venham a acontecer durante estas os treinos ou jogos, e para se conseguir reduzir o índice de lesões, principalmente lesões de joelho e tornozelo, pesquisas vêm sendo feitas nas mais variadas equipes profissionais e amadoras de ambos os sexos. Estas pesquisas são caracterizadas por exercícios designados a dar ênfase à coordenação e equilíbrio e são amplamente utilizados pela fisioterapia traumato-ortopédica e esportiva no tratamento de lesões músculo-esqueléticas.
Desenvolvimento
ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO FUTEBOL
A fisioterapia esportiva tem como objetivo proteger, restaurar e aumentar a capacidade funcional do atleta, para que ele possa desempenhar o seu trabalho com o máximo de êxito (ROSAN, 2003).
Ela tem se diferenciado do que normalmente se realiza na fisioterapia convencional, tanto em assistência, como em estrutura. O uso intenso dos seus inúmeros recursos, envolvidos na recuperação, a torna essencial. Sua principal função é reabilitar, seguindo técnicas e métodos terapêuticos específicos, fazendo com que o atleta volte em um menor espaço de tempo, sempre protegendo a sua integridade física. Geralmente as lesões são de grau leve ou moderado, não deixando os atletas participarem de treinamentos diários. Quando essas lesões ocorrem, é a fisioterapia esportiva que possibilita ministrar os exercícios de manutenção do condicionamento físico do atleta (ROSAN, 2003).
Rosan (2003) mostra que um clube de futebol é formado por uma equipe interdisciplinar, que é formada por médicos, fisiologistas, preparadores físicos, psicólogos e fisioterapeutas, que tem total autonomia para avaliar, programar e executar a reabilitação do atleta. Sempre que se trabalha em conjunto, discutindo casos, a reabilitação do atleta é satisfatória.
MÉTODOS DE PREVENÇÃO
Grande contato físico, movimentos curtos, rápidos e não contínuos, como aceleração, desaceleração, pivotamento, mudanças de direção, saltos, entre outros, provocam um alto número de lesões. As mais comuns encontradas na literatura são entorses de joelho e tornozelo, contusões e lesões musculares (SILVA, 2005).
No futebol, a estatística passou a ter extrema importância na avaliação do grau de sobrecarga de treinamentos e excesso de jogos em função do número e tipos de lesões. E esse esporte vem sofrendo mudanças, principalmente na parte física, que é cada vez mais cobrada, obrigando os atletas a trabalharem no seu limite máximo de exaustão, aumentando a probabilidade de sofrerem lesões (COHEN et al, 1997).
Para diminuir o alto número de lesões, um método específico vem conquistando territórios, são os exercícios proprioceptivos. O termo propriocepção foi primeiramente introduzido por Sherrington (1857-1952) em 1906, que a descreveu como a capacidade de um indivíduo, mesmo estando com os olhos fechados, saber em que posições estão as diversas partes do seu corpo em cada momento, em outras palavras, um tipo de feedback dos membros ao sistema nervoso central (DOVER & POWERS, 2003).
A prática constante destes exercícios proprioceptivos ajuda a manter uma excelente resposta do sistema somatosensorial, comprovando que a utilização destes exercícios auxilia na manutenção do equilíbrio (GAUCHARD et al, 1999).
Para Hewett et al. (2001), o programa de exercícios proprioceptivos deve ter exercícios dinâmicos, multidirecionais e específicos. Estes exercícios trabalham com componentes da estabilidade dinâmica das articulações que, durante os movimentos, mantém os membros e as articulações estáveis. Este tipo de treinamento permite facilitações na adaptação proprioceptiva na articulação do joelho em atletas.
Caraffa et al. (1996), mostra um estudo controlado prospectivo de 600 jogadores de futebol, na qual relacionou os possíveis efeitos preventivos de um treinamento proprioceptivo. Foi pedido a um grupo de trezentos jogadores um treinamento de 20 minutos por dia com cinco diferentes fases de dificuldade aumentada. A primeira fase foi um treinamento equilibrado sem qualquer prancha de equilíbrio, a fase dois de treinamento foi em uma prancha de equilíbrio retangular, a fase três de treinamento foi em uma prancha redonda, a fase quatro de treinamento foi em uma prancha retangular e redonda combinado e a fase cinco de treinamento foi em uma prancha chamada BABS. Um grupo controle de 300 jogadores de outros times comparáveis treinava normalmente e não receberam qualquer treinamento. Ambos os grupos foram observados durante três temporadas e possíveis lesões de ligamento cruzado anterior (LCA) foram diagnosticadas por exames clínicos. Foi encontrado um total de 10 lesões de LCA no grupo preventivo, e 70 lesões nos jogadores que somente realizaram o treinamento normal. Este trabalho concluiu que o treinamento proprioceptivo pode reduzir significativamente a incidência de lesões de LCA nos jogadores de futebol.
Em uma pesquisa feita no futebol suíço, entre 1999 e 2000, Junge et al. (2002) mostra 101 atletas que participaram de um grupo preventivo, realizando diversos exercícios que tinham o intuito de prevenir lesões, entre elas um programa de exercícios que aumentava a estabilidade das articulações do tornozelo e joelho, e outros 93 atletas do grupo controle que continuaram a praticar o esporte normalmente. A incidência de lesões no grupo de intervenção foi de 6.7 a cada 1000 horas de treinamentos ou jogos, enquanto no grupo controle foi de 8.5. Notou-se que o grupo preventivo obteve um número de 21% a menos de lesões do que o grupo controle, comprovando claramente que a incidência de lesões no futebol pode ser reduzida com um programa de prevenção.
Treinamentos em discos de tornozelo influenciaram no tempo de reação de alguns músculos durante um entorse de tornozelo simulado em pessoas sem incidências dessa lesão e sem instabilidade funcional do tornozelo (SHETH et al., 1997).
Os exercícios proprioceptivos são uma parte integral do processo de reabilitação e por isso pode ser usado clinicamente na prevenção de lesões desportivas, pois os estudos realizados comprovaram que a prescrição deles melhora o senso de posição articular e evita que as lesões ocorram (DOVER & POWERS, 2003).
REABILITAÇÃO
Durante o processo de reabilitação, o fisioterapeuta esportivo averigua a melhora do atleta e com a evolução da patologia modifica a forma de tratamento. É importante conscientizar o atleta das aplicações e do porque dos procedimentos fisioterapêuticos. Trabalha-se também o lado psicológico, tentando trazer-lhe de volta a auto-estima e a confiança, já que a dedicação do jogador conta muito na hora da reabilitação (ROSAN, 2003).
Rosan (2003) relatou que vários são os recursos fisioterapêuticos usados durante a fase da lesão, e são eles: crioterapia, hidroterapia, eletroterapia, laserterapia, termoterapia, mecanoterapia, cinesioterapia, massoterapia, e outros.
Dentre as citadas e uma das técnicas mais usadas, é a crioterapia, ou terapia com frio, que segundo Knight (2000) é a utilização de toda e qualquer substância capaz de provocar diminuição da temperatura dos tecidos com finalidades terapêuticas.
Conclusão
Com esse trabalho pode-se concluir que, através de outros artigos pesquisados, um trabalho preventivo no futebol reduz significativamente a incidência de lesões musculares e nas articulações dos joelhos e tornozelos dos atletas profissionais, principalmente trabalhando os exercícios proprioceptivos. Provou-se que tem como se fazer esses exercícios à redução de lesões específicas, como as lesões do ligamento cruzado anterior do joelho, ou de lesões em geral de membros inferiores. Pode-se notar também que as lesões articulares de joelho e tornozelo são realmente as que mais acometem estes atletas.
Este trabalho comprovou que a fisioterapia e a atuação do fisioterapeuta são extremamente imprescindíveis na utilização da prevenção de lesões esportivas e na sua reabilitação. Estas pesquisas podem ser mais uma alternativa para a redução do número de lesões relacionadas à prática do esporte.
Bibliografia
ROSAN, L.A. Como recuperar o craque: Equipe multidisciplinar de saúde precisa trabalhar em conjunto; 2003. [Acesso em nov. 8] Disponível em http://cidadedofutebol.uol.com.br/Cidade07/Site/Artigo/Materia.aspx?idArtigo=12.
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KNIGHT, K.L. Crioterapia no Tratamento das Lesões Esportivas: O que é e o porquê da Crioterapia. São Paulo, Man

4 comentários em “A IMPORTÂNCIA E O PAPEL DA FISIOTERAPIA NO FUTEBOL”

  1. Margareth Caracoci Gomes

    A fisioterapia esportiva é fundamental para que o atleta sinta-se assistido caso haja necessidade de reabilitaçao,mesmo não havendo,ele é fundamental para a prevenção de lesões.

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